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Sumario del 10/04/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

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Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa Francisco: atenção ao uso distorcido das biotecnologias

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (10/04), na Sala dos Papas, no Vaticano, trinta membros da Comissão Nacional de Biossegurança, Biotecnologia e Ciências da Vida. 

O Pontífice agradeceu a comissão italiana pelo trabalho desempenhado na Presidência do Conselho de Ministros nos vinte e cinco anos de sua criação. “Os temas e questões que essa comissão aborda são importantes para o homem atual, seja como indivíduo seja na dimensão relacional e social, começando da família até as comunidades local, nacional e internacional, e o cuidado da criação”, disse Francisco. 

“Javé Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden, para que o cultivasse e guardasse”, diz o Livro do Gênesis (2, 15). O Papa citou o livro bíblico para ressaltar que a cultura à qual os membros da comissão “são representantes críveis no campo das ciências e tecnologias da vida, traz consigo a ideia de cultivação”. 

“Ela expressa bem a tensão para fazer crescer, florir e frutificar, através do engenho humano, o que Deus colocou no mundo. Não podemos nos esquecer que o texto bíblico nos convida também a custodiar o jardim do mundo”, destacou.  

“Conforme escrevi na Encíclica ‘Laudato si’, enquanto cultivar significa arar ou trabalhar um terreno, custodiar significa proteger, cuidar, preservar, conservar e vigiar. Isso requer uma relação de reciprocidade responsável entre ser humano e natureza. A tarefa dessa comissão não é somente a de promover o desenvolvimento harmonioso e integral da pesquisa científica e tecnológica relativa aos processos biológicos da vida vegetal, animal e humana; ela tem também a tarefa de prever e prevenir as consequências negativas que o uso distorcido dos conhecimentos e capacidades de manipulação da vida pode provocar.”

“O princípio de responsabilidade é um pilar imprescindível da ação humana que deve responder os próprios atos e omissões perante a si, aos outros e a Deus. Corre-se o risco de que os cidadãos, seus representantes e governantes não sintam plenamente a seriedade dos desafios que se apresentam, a complexidade dos problemas a serem resolvidos, e o perigo de usar mal a potência que as ciências e as tecnologias da vida colocam em nossas mãos.” 

“Quando a interação entre poder tecnológico e poder econômico se torna mais estreita, os interesses podem condicionar os estilos de vida e as tendências sociais na direção do lucro de certos grupos industriais e comerciais, em detrimento das populações e nações mais pobres. Não é fácil alcançar uma composição harmoniosa das diferentes instâncias científicas, produtivas, éticas, sociais, econômicas e políticas, promovendo o desenvolvimento sustentável que respeite a ‘casa comum’. Esta composição harmoniosa requer humildade, coragem e abertura ao confronto entre as diferentes posições, na certeza de que o testemunho dado pelos homens de ciência em prol da verdade e do bem comum, contribui para o amadurecimento da consciência social.”

O Papa finalizou o seu discurso, recordando que “as ciências e as tecnologias são feitas para o homem e não o homem e o mundo para as ciências e as tecnologias. Elas estão a serviço de uma vida digna e saudável para todos, no presente e no futuro, e tornam a nossa casa comum mais habitável e solidária, mais cuidada e protegida”.

(MJ)

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Confirmada viagem do Papa Francisco ao Egito

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Cidade do Vaticano (RV) – A viagem do Papa Francisco ao Egito, dias 28 e 29 de abril, está confirmada. “O que aconteceu provoca confusão e grande sofrimento, mas não pode impedir o desenvolvimento da missão de paz do Papa”, afirmou Dom Angelo Becciu, arcebispo substituto da Secretaria de Estado.

O Domingo de Ramos no Egito (09/04) foi manchado pelo sangue inocente, com dois atentados em localidades diferentes. Um deles teve como alvo a Igreja Copta de São Jorge, na cidade de Tanta, no norte do país, onde 27 pessoas perderam a vida. Horas depois, a polícia conseguiu impedir que um outro bombista entrasse na Igreja Copta de São Marcos, em Alexandria, também no norte; o homem acabou por detonar o seu colete de explosivos fora do templo, provocando 17 mortos, entre eles vários agentes da polícia.

Os dois atentados constituem “um ataque ao diálogo e à paz; além de ser uma mensagem indireta a quem governa o país contra uma minoria cristã que encontrou alguma liberdade nos últimos tempos”, analisa Dom Becciu, em entrevista ao jornal italiano ‘Corriere dela Sera’. “As autoridades egípcias garantem que tudo correrá pelo melhor, por isso vamos confiantes”, acrescentou o arcebispo, que irá ao Egito com o Pontífice.

A agenda do Pontífice no Cairo prevê uma reunião com representantes do governo do Egito e com o imame Ahmed Mohamed el-Tayeb, além de um discurso aos participantes da Conferência Internacional sobre a Paz. O Papa também terá uma reunião com o Patriarca de Alexandria, Tawadros II. O logotipo oficial da viagem de Francisco ao Egito retrata o Papa, uma pomba branca que simboliza a paz, as pirâmides esfinges e o delta do rio Nilo. Ao centro da imagem, há uma cruz e uma meia-lua. O lema é "O Papa da paz no Egito da paz".

Depois de ter conhecimento dos atentados, o Papa expressou sua dor durante o encontro com os fiéis na Praça São Pedro, para a oração do Angelus. Ouça aqui

“Rezemos pelas vítimas do atentado perpetrado, infelizmente, no Cairo, numa igreja copta. Ao meu querido irmão, Sua Santidade Tawadros II, à Igreja copta e a toda a querida nação egípcia expresso o meu profundo sentimento de pesar. Rezo pelos mortos e feridos. Estou próximo aos familiares e a toda comunidade. Que o Senhor converta o coração das pessoas que semeiam terror, violência e morte, e também o coração daqueles que fazem e traficam armas”.

Entretanto, o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, anunciou a implementação do estado de emergência em todo o país por um período mínimo de três meses. A medida vai permitir que as autoridades façam buscas a casas de pessoas e detenções de suspeitos sem mandados emitidos por tribunais.

O duplo atentado foi reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico (Daesh), depois de avisos à minoria cristã ortodoxa majoritariamente concentrada no Egito e na sequência de anteriores ataques aos coptas. Cerca de 10% dos 92 milhões de egípcios pertencem à comunidade copta, em um país onde os muçulmanos sunitas representam a imensa maioria.

(CM)

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Inalterado programa da viagem do Papa ao Egito. Segurança será reforçada

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Cidade do Vaticano (RV) - A viagem do Papa Francisco não sofrerá qualquer alteração em função dos atentados perpetrados este domingo contra duas igrejas coptas, e que provocaram dezenas de mortes.

O Santo Padre tomou conhecimento do ataque durante a Missa do Domingo de Ramos que presidia na Praça São Pedro, na presença de 50 mil fiéis. No Angelus, pediu "a conversão daqueles que semeiam o terror, produzem e traficam armas".

Se por um lado os atentados reivindicados pelo Estado Islâmico não provocarão "nenhuma variação" no denso programa que o Pontífice deverá cumprir nos dois dias em que estará no Cairo, por outro as medidas de segurança serão aumentadas.

De fato, o Papa será protegido num primeiro nível pela Gendarmeria Vaticana. Depois, por um sistema de vigilância e controle em toda a cidade sob responsabilidade das forças de ordem locais e do exército egípcio.

Deslocamentos

Toda a preparação do esquema de segurança realiza-se em estreito contato entre o Vaticano e o Cairo. Agentes da segurança vaticana visitaram todos os locais por onde o Pontífice passará.

Nos deslocamentos pela cidade, como normalmente ocorre em países não-católicos e onde não existem multidões de fiéis pelas ruas, o Papa não usará o papamóvel aberto, à exceção do centro esportivo onde encontrará a comunidade copta-católica no sábado, 29 de abril. Visto a situação do país, usar um automóvel fechado servirá para aumentar as medidas de segurança.

Al-Azhar

Um dos momentos cruciais da estadia de Bergoglio no Egito será a visita à Universidade de Al-Azhar - o maior e mais reconhecido centro do islã sunita - onde encontrará o Grão Imame de Al-Azhar, Ahmed Al Tayyeb.

Os dois líderes concluirão conjuntamente uma Conferência internacional de Paz que estará se realizando no local. As milhares de pessoas que terão acesso ao à Universidade são conhecidas da referida instituição e das forças de segurança e passarão por um controle rigoroso antes de ingressarem no local.

Mensageiro de paz

Esta nova explosão de violência no Egito contra os cristãos coptas, pouco antes da visita de Francisco, apenas aumenta a motivação do Papa em levar uma mensagem de proximidade à Igreja Copta atingida e o seu apelo em favor do diálogo, da paz e da reconciliação às instituições islâmicas e a toda a sociedade egípcia.

Tawadros II

O Patriarca da Igreja Copta, Tawadros II, estava dentro da Igreja de São Marcos em Alexandria no momento da explosão, ocorrida do lado externo. Mais tarde, ao receber um telefonema do Premier Shrif Ismail para apresentar as condolências pelas vítimas dos ataques contra as duas igrejas, afirmou que "estes atos não destruirão a unidade deste povo e a sua coesão. Os egípcios estão unidos diante deste terrorismo até que tenha sido erradicado. Estas tentativas vis de atingir pessoas em paz em lugares de culto, demonstram que o terrorismo não tem religião".

Durante a coletiva de imprensa para a apresentação da viagem do Papa, o Bispo copta-católico de Luxor, Dom Emanuele, assegurava que para os cristãos no Egito, a situação está "mais segura" com o Presidente Abdel Fattah al-Sisi se comparada com aquela sob a presidência do islamista Mohamed Morsi. (JE)

 

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Pe Samir: viagem do Papa ao Egito irá melhorar as relações com os muçulmanos

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Cidade do Vaticano (RV) - "A visita do Papa ao Egito irá melhorar as relações com os muçulmanos, mas sobretudo a situação dos cristãos. Apresentará uma imagem positiva dos cristãos. Penso que em um certo sentido, ajudará também a imagem do governo".

Esta é a análise do Padre Samir Khalil sobre a visita do Papa Francisco ao país norte-africano. O jesuíta é o fundador do Centro de Documentação e Pesquisa árabe-cristã em Beirute (CEDRAC), nasceu e cresceu no Egito e dedica a sua vida aos estudos nesta área, ensinando na universidade e escrevendo livros sobre o tema.

Na entrevista ao "Il Messaggero", o sacerdote inicia fazendo uma avalliação do governo do general Al Sisi, que "não é pior do que os governos precedentes", com o detalhe de que ele "realmente quer apoiar os cristãos como cidadãos", que tenham os mesmos direitos que todos os outros habitantes do país.

"Na região,  grupos fanáticos ou mesmo a Irmandade Muçulmana - explica Padre Samir  - fomentam o ódio e a revolta em todo o país e nas igrejas. Eles consideram os cristãos como cidadãos de série B, consideram até mesmo que deveriam pagar uma taxa, a jizya".

Perguntado se defendia al Sisi, o jesuíta respondeu considerando que "todos os líderes no Oriente Médio são mais ou menos ditadores. Assad é pintado como um monstro. Mas, o que pensar então da Arábia Saudita que coloca na cadeia até mesmo um blogger? Ou daquilo que acontece nas sextas-feiras, dia de apedrejamento de mulheres acusadas de adultério? O mesmo acontece no Irã. Al Sisi - observa - é um muçulmano praticante e leva em frente uma sociedade em que o Islã e a política representam campos bem distintos".

Para exemplificar, cita que no "novo Cairo que está nascendo, a 10 km da cidade, há duas semanas Sisi decidiu construir lado a lado a maior igreja copta e a maior mesquita do Egito. Sisi - explica o sacerdote - tenta colocar a laicidade no centro, como Nasser. Neste sentido pensamos que seja melhor do que os outros".

Padre Samir observa que "a grande maioria dos muçulmanos, em todo o mundo, não aprova o Isis e a sua ideologia radical. Quem está por trás do Estado Islâmico?, pergunta. Estão Catar e Arábia Saudita, que financiam com dinheiro e armas. Grande parte das armas, do tráfico de armas para estas realidades radicais é proveniente de fabricantes dos Estados Unidos, e depois a Alemanha, França, Itália e Inglaterra. O dinheiro não tem cheiro, costuma se dizer! Que pena que, pelo contrário, tenham um forte cheiro as bombas".

(JE / Il Messaggero)

 

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Via Sacra no Coliseu: O amor é mais forte do que o mal

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Cidade do Vaticano (RV) - A Via Sacra escrita pela teóloga francesa Anne-Marie Pelletier para a Sexta-feira Santa no Coliseu, poderia ser considerada como "não tradicional". As Estações, de fato, espelham os momentos que a autora considerou como os mais significativos no caminho de Jesus ao Gólgota, como a negação de Pedro, o sofrimento de Cristo no qual são reconhecidos homens, mulheres e até mesmo "crianças violentadas, humilhadas, torturadas, assassinadas", o silêncio do sábado.

Nas reflexões, Anne-Marie Pelletier quis dar um espaço particular às mulheres. Cita, por exemplo, Santa Catarina de Sena e Etty Hillesum e, entre as testemunhas de nosso tempo, recorda os monjes trapistas de Tibhirine, Argélia, assassinados em 1998. A Rádio Vaticano conversou com ela. Vamos ouvir o que disse:

"Eu diria que não pensei naquilo que gostaria de dizer ou que queria transmitir. A minha idéia foi, isto sim, a de colocar-me neste caminho, de tentar colocar-me nos passos de Jesus que sobe ao Gólgota. Trata-se de uma dimensão do pensamento de Deus e não do nosso, então procurei ter uma atitude de escuta e de silêncio, por mim mesma e pelos outros, ao extraordinário paradoxo que se realiza na hora da Paixão, aquele que as Escrituras definem como o inaudito da hora de Deus e que toca intensamente e profundamente todo o agir de nosso mundo contemporâneo".

RV: As 14 Estações que você escreveu, não são aquela tradicionais. Por que esta escolha?

"Inspirei-me no fato de que a Via Sacra tem diversas referências e que não tem um esquema vinculante e escolhi aqueles momentos que me pareciam particularmente significativos. Assim, decidi inserir a negação de Pedro e a cena em que Pilatos, consultado pelas autoridades judaicas, declara também ele que Cristo deveria ser crucificado. Para mim era muito importante querer recordar, nesta circunstância, judeus e pagãos unidos na cumplicidade da condenação à morte de Jesus. Sabemos que no decorrer dos séculos os cristãos foram tentados a atribuir a responsabilidade pela morte de Jesus somente ao povo hebreu. Os textos, porém, na forma como foram escritos, nos ajudam a entender que, na realidade, nos encontramos diante de um enorme drama espiritual, no qual judeus e pagãos estão unidos na mesma rejeição de Cristo, na mesma violência que leva a sua condenação à morte".

RV: Quais foram as fontes de sua inspiração para escrever as meditações?

"Eu diria, fundamentalmente, a minha experiência de crente, a experiência da luta da fé. Porque quando nos encontramos lá - como no caso da paixão de Jesus - diante deste extremo do pensamento de Deus, cada um de nós se sente perdido e tem dificuldades em entrar nesta lógica das Escrituras, do "devia ser assim"".

RV: Mas, existe uma mensagem que você gostaria de transmitir por meio de seus textos?

"Eu diria que fundamentalmente busquei sensibilizar sobre o fato de que os trágicos eventos da Paixão têm de humano: Cristo é condenado à morte, submetido à violência dos homens. Tais acontecimentos nos ensinam que devemos  conseguir alcançar aquilo que o Papa chama na Evangelii Gaudium, "a alegria do Evangelho". Estamos diante de um grande paradoxo, porque aquilo que temos sob os olhos é a realidade de um fracasso, do sofrimento triunfante, do reino da morte. É muito importante tomar consciência do fato de que ser cristãos é o oposto desta chantagem da violência, da morte, e que o amor é mais forte. O amor que vem de Deus tem a vitória sobre tudo. Penso que seja tarefa dos cristãos de hoje ser testemunhas disto".

RV: Na última estação você dá destaque à presença das mulheres...

"Eu quis que a XIV Estação fosse dedicada ao Sábado Santo. O Evangelho oferece poucas palavras a respeito de tal dia, e elas dizem respeito às mulheres. Somente as mulheres que, vindas do sepulcro após o sepultamento de Jesus, foram preparar os panos para poder envolver o corpo depois do Shabbat. Ainda que a nossa liturgia não reserve a ele uma grande ressonância, penso que o Sábado Santo seja um momento fundamental. É um momento de recolhimento, de silêncio; nos prepara para reconhecer a ressurreição. E é também um momento feminino, que nos mostra as mulheres colocadas à prova pela morte de Jesus, mas que ao mesmo tempo continuam a ter uma postura de vida: preparam os panos com os quais irão honrar o corpo de Cristo e têm um comportamento muito diferente daquele dos discípulos de Emaús. Estes estão desiludidos e desorientados, enquanto as mulheres não se mostram assim; simplesmente, sobriamente, preparam os panos e se dispõe assim a receber a grande surpresa do anúncio da Ressurreição". (TC/JE)

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Meditações da Via Sacra: era preciso que Cristo "entrasse nesta impotência"

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Cidade do Vaticano (RV) – A Via Sacra da Sexta-feira Santa a ser presidida pelo Papa Francisco no Coliseu, terá em 2017 as meditações das XIV Estações escritas pela biblista francesa Anne-Marie Pelletier. 

Ao longo do percurso, a teóloga procura explicar o extremo amor de Deus que morre na Cruz para derrotar o mal e descreve os gestos de alguns personagens que aparecem na Paixão.

Nos temas tratados, ecoam as vozes, entre outros, de Santa Catarina de Sena e da hebreia  Etty Hillesum, do teólogo ortodoxo Christos Yannaras e de Dietrich Bonhoerffer.

Anne-Maria Pelletier escreve: “O caminho de Jesus nas estradas poeirentas da Galileia e da Judéia ....encontro aos corpos e aos corações sofredores (...) para (...) na colina do Gólgota”. E é lá que “o amor de Deus recebe (...) a sua plena medida, sem medida” e nós “não temos mais palavras (...). estamos desorientados, a nossa religiosidade é ultrapassada pelo excesso dos pensamentos de Deus”.

A chave de leitura das meditações da biblista francesa para a Via Sacra no Coliseu é esta. Em seus textos, estão contidas profundas reflexões teológicas, mas sob a cruz “trata-se de nosso mundo, com todas as suas quedas e as suas dores, os seus apelos e as suas revoltas, tudo aquilo que grita a Deus, hoje, das terra de miséria ou de guerra, nas famílias dilaceradas, nas prisões, nas embarcações superlotadas de migrantes”.

Na paixão de Cristo, homens mulheres e crianças violentadas, humilhadas, torturadas, assassinadas

As 14 estações não são as tradicionais, mas descrevem momentos da Paixão onde se encontra a maldade do mundo, o mal que “deixa sem voz” os homens, as mulheres e as crianças violentadas, humilhadas, torturadas, assassinadas.

No desconcerto destas realidades está o amor de Cristo para a vontade do Pai e o seu desejo de salvação para todos, há o Deus que desce “no profundo da nossa noite”, humilhando-se para nos oferecer a sua misericórdia. Mas há também a vocação dos monges assassinados em Tibhirine, que conscientes da crueldade humana, rezavam “Desarma-os!” e “Desarma-nos!”.

Era preciso que Cristo “entrasse nesta obediência e nesta impotência”

Jesus morre na Cruz e deixa consternação e perplexidade, mas “era necessário que (…) Cristo trouxesse a infinita ternura de Deus no coração do pecado do mundo”, porque “era preciso” que (…) entrasse nesta obediência e nesta impotência, para alcançar-nos na impotência em que nos colocou a nossa desobediência”.

A doçura de Deus, de José de Arimatéia

No final de tudo, com a morte de Jesus, resta sim o silêncio, mas se abre espaço para a doçura da ternura e da compaixão: é a “doçura de Deus e daqueles que pertencem a ele”, de José de Arimatéia, que cuida do corpo de Jesus, e das mulheres que Anne-Marie Pelletier descreve na última Estação, intencionadas a preparar os perfumes e os aromas para prestar a Ele a última homenagem. Confiantes que, no alvorecer de domingo, encontrariam o sepulcro vazio e que a elas teria sido confiado o anúncio da Ressurreição de Jesus. (TC/JE)

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"A Lavanderia do Papa Francisco"

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Cidade do Vaticano (RV) – Começa a funcionar segunda-feira, 10 de abril, a “Lavanderia do Papa Francisco”: um serviço oferecido gratuitamente às pessoas pobres, especialmente moradores de rua, para que possam lavar, enxugar e passar suas roupas e lençóis.

A iniciativa surgiu a partir do convite do Papa para concretizara experiência de graça do Ano Jubilar da Misericórdia. “Querer estar perto de Cristo exige fazer-se próximo dos irmãos, porque nada é mais agradável ao Pai do que um sinal concreto de misericórdia. Por sua própria natureza, a misericórdia torna-se visível e palpável numa ação concreta e dinâmica” (n. 16), portanto, “é hora de dar espaço à imaginação a propósito da misericórdia para dar vida a muitas obras novas, fruto da graça”. (n. 18). Ouça: 

A Lavanderia é a resposta da Esmolaria Apostólica ao convite do Papa: uma forma concreta de caridade, para restituir dignidade a estes nossos irmãos e irmãs. Situada na sede do “Centro Gentes de Paz” da Comunidade de Santo Egídio, e administrada por estes voluntários, a estrutura possui seis máquinas de lavar e de secar, com seis ferros de última geração; doação da multinacional Whirlpool.

O “Centro” já oferece, há mais de dez anos, acolhimento e assistência aos pobres e nos próximos meses terá ainda duchas, barbeiro, armários, ambulatório médico e distribuição de bens de primeira necessidade.

Outra multinacional, Procter & Gamble, coordena o projeto. Há tempos, doa lâminas de barbear e espuma de barba para a ‘barbearia dos pobres’ nas Colunas de São Pedro e a partir de agora, garante também o fornecimento completo e gratuito de sabão para as máquinas de lavar. 

(CM)

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Dom Fragnelli: "a ministerialidade laical é a nova fronteira"

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Roma (RV) - A “ministerialidade laical” é a nova fronteira para a família: essa é a convicção do bispo de Trapani e presidente da Comissão da Conferência Episcopal Italiana (CEI) para a família, os jovens e a vida, Dom Pietro Maria Fragnelli, ao traçar um balanço da Amoris Laetitia no primeiro aniversário da Exortação apostólica do Papa Francisco.

Passado um ano de sua publicação, segundo o prelado “se pode certamente dizer que teve início uma mudança de mentalidade tanto do episcopado, quanto de nossas dioceses, como algo que, porém, ainda deve ser feito, vivido e procurado. Podemos dizer: trabalho em andamento – afirma Dom Fragnelli em entrevista à agência católica Sir.

Todos nos damos conta de que a pastoral não pode mudar de uma hora para outra: a Amoris Laetitia nos manterá empenhados por alguns anos. É aquilo que o Papa escreve no início da Exortação apostólica, convidando não a uma leitura apressada ou improvisada, mas a ser assumida na ótica da mudança mediante uma tomada de consciência gradual que certamente dará frutos no futuro”.

Em particular, para Dom Fragnelli, “se está tomando consciência da possibilidade de existir muitas outras ministerialidades e experiências que nos ajudem a ler a condição atual das famílias”:

“As relações com os filhos, a situação dos casais, a condição dos anciãos”, partindo da tomada de consciência de que “a situação da família se encontra hoje num cenário totalmente mudado e nos obriga a estabelecer objetivos a médio e longo prazos.”

Hoje, “a ministerialidade laical não é mais somente uma aquisição teológico-pastoral, mas um chamado a reestruturar a pastoral dando dignidade a figuras não somente competentes em sentido técnico-científico, mas de vida”, conclui Dom Fragnelli. (Sir / RL)

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Igreja no Brasil



Cardeal Tempesta: a jornada dos jovens

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Rio de Janeiro (RV) – Neste dia 09 de abril, Domingo de Ramos a Igreja Católica do Brasil celebrou também, no âmbito do Ano Mariana, a Jornada Diocesana da Juventude (JDJ). O tema escolhido para a JDJ, foi “O poderoso fez para mim coisas grandiosas” (Lc 1, 49).

O Papa São João Paulo II começou as jornadas mundiais primeiro com uma jornada diocesana, em Roma. E de lá pra cá, as jornadas mundiais têm acontecido de tempos em tempos. Mas todos os anos acontece a JDJ em âmbito diocesano. O bispo se reúne com os seus jovens. Esse encontro é para mostrar que a juventude está viva, quer algo a mais para viver.

O Arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta dirigiu o seu pensamento para este Domingo de Ramos e o início da Semana Santa. (SP)

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Dom Eraldo: Igreja em saída tem sido grande riqueza para evangelização

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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, o quadro “O Brasil na Missão Continental” traz a participação do bispo da Diocese de Patos, Dom Eraldo Bispo da Silva. Na edição passada nosso convidados destes dias ressaltou, entre outras coisas, que “a missionariedade é um modo de os discípulos se comportarem no mundo de hoje”. 

Nesta edição, dando prosseguimento a suas considerações, na esteira da Conferência de Aparecida, o bispo desta Igreja particular da Paraíba afirma-nos que sua diocese está num processo, isto é, um caminho contínuo de missão, atitude essa vinculada ao pensamento da Igreja em todo o Brasil, que se une a toda a Igreja latino-americana com esta proposta de uma Igreja em constante saída, uma Igreja acolhedora fortalecida por esta mensagem do Ano da Misericórdia.

Dom Eraldo diz-nos que este espírito de uma Igreja em saída missionária tem sido uma grande riqueza para a ação evangelizadora da Igreja no Brasil. Vamos ouvir (ouça clicando acima).

(RL)

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Igreja na América Latina



Card. Urosa Sabino convida venezuelanos a não perderem a esperança

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Caracas (RV) - Durante a celebração do Domingo de Ramos, o Cardeal Arcebispo de Caracas Dom Jorge Urosa Sabino exortou os venezuelanos a não perderem a esperança diante da atual situação do país.

"Temos que controlar nossas paixões e agir com serenidade, de uma maneira racional, buscando o entendimento com os demais. Dissemos isto em nossas últimas mensagens da Conferência Episcopal, temos que defender os nossos direitos e os direitos dos demais, porém, fazer isto sem violência, acatando a Constituição e as leis", sublinhou.

O Cardeal também fez um chamado aos fieis católicos para que frequentem as igrejas e rezem pela atual situação vivida no país.

A tensão na Venezuela não dá trégua. Por dois dias houve manifestações em diversas localidades do país, algumas violentas.

Para esta segunda-feira, a oposição convocou manifestações em 23 cidades para apoiar o processo da Câmara para remover os sete magistrados da Corte Suprema acusados de terem organizado um golpe de Estado. (JE)

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JMJ do Panamá 2019 acolherá todos os jóvens, também os marginalizados

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Cidade do Vaticano (RV) - Ao final da celebração da Missa do Domingo de Ramos,  jovens poloneses entregaram a Cruz e o ícone da Jornada Mundial da Juventude aos jovens panamenhos, "um momento sempre emocionante, de horizontes abertos", disse o Papa no Angelus.

Já em sua homilia, o Papa Francisco havia recordadoa 32ª  JMJ celebrada em nível diocesano este domingo como "mais uma etapa da grande peregrinação, iniciada por São João Paulo II, que no ano passado nos reuniu em Cracóvia e que nos convoca ao Panamá, em janeiro de 2019”. 

O grupo dos jovens panamenhos estava acompanhado pelo Arcebispo do Panamá, Dom José Domingo Ulloa Mendieta. Ele afirmou que a Jornada Mundial da Juventude do Panamá em 2019 acolherá os jovens de todas as partes do mundo, especialmente os marginalizados, como deseja o Papa Francisco.

"O Santo Padre quer que esta seja uma Jornada em que a maior parte dos jovens que tomarão parte nela sejam jovens marginalizados. Não podemos esquecer dos marginalizados, dos excluídos", declarou o prelado aos jornalistas reunidos na Sala de Imprensa da Santa Sé.

O Arcebispo também antecipou que estão sendo ultimados os detalhes para a escolha do local em que os jovens irão se reunir com o Pontífice na JMJ, a ser celebrada em janeiro de 2019, e aproveitou a ocasião para comentar as palavras do Papa pronunciadas na Vigília na Basílica de Santa Maria Maior, na noite anterior, que que afirmava não saber se estará presente na JMJ no Panamá.

"Francisco é sábio", disse Dom Mendieta, antes de assinalar que estando ou não, o certo é que o apóstolo "Pedro sempre tem um encontro combinado com os jovens" nestas Jornadas.

Já o Bispo da cidade panamenha de David, o Cardeal José Luis Lacunza, reconheceu que o Panamá além de ser um país rico, também tem grandes dificuldades e necessidades.

"Existe um outro Panamá, com uma grande necessidade, de uma grande pobreza, sobretudo nas comarcas indígenas, onde não se pode afirmar que vivam, mas sobrevivem", lamentou.

Neste sentido, durante a JMJ as autoridade panamenhas tratarão também de mostrar solidariedade e favorecer a integração destas pessoas, oferecendo todos os meios para que possam participar do evento, cujo mensagem principal é "a paz, a humildade e a partilha", disse o jovem panamenho Edgar Dotari, participante no encontro com os jornalistas. (JE)

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JMJ 2019: as Américas se encontram no Panamá

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Cidade do Vaticano (RV) – A Jornada Mundial da Juventude de 2019, na Cidade do Panamá, será uma grande oportunidade para jovens das três Américas se encontrarem no “meio” do caminho.

Nós conversamos com o responsável pelo setor Juventude do Dicastério vaticano para os leigos, p. João Chagas.

Ele nos fala das diferenças entre a jornada de Cracóvia e aquela que os jovens viverão na América Central e de que cidade encontrarão. 

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Igreja no Mundo



Atentados no Egito: reações dos bispos

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Cairo (RV) – “É uma tragédia. Diante de tais fatos não existem outras palavras. Somente oração e esperança.” Falou com a voz embargada pela emoção, Dom Adel Zaki, Vigário Apostólico de Alexandria do Egito, para os católicos de rito latino. Ele comentou como o duplo atentado, reivindicado pelo Estado Islâmico, em 09/04, Domingo de Ramos, que afetou na cidade de Tanta (norte do Cairo), a igreja copta de Mar Girgis deixando 27 mortos e 78 feridos, e Alexandria, catedral de São Marcos, com 16 mortos.

“O ataque foi contra a unidade do país, contra os cristãos para lembrá-los que eles não têm direitos e contra toda a minoria cristã que espera ansiosamente a visita do Papa Francisco”, disse Dom Antonios Aziz Mina, bispo emérito copta-católico de Guizeh.

Para o bispo, “atacar os cristãos garante aos terroristas uma grande cobertura da mídia, mais do que ataques ao Exército ou à Policia na fronteira do Sinai. Basta lembrar quantos cristãos foram mortos recentemente, na península. Eles atacaram num dos dias de maior frequência na igreja.”
   
Dom Antonios Aziz Mina foi o representante da Igreja copta-católica na Assembleia Constituinte que elaborou o novo texto da Constituição egípcia aprovada por referendo em janeiro de 2014. Por isso, ficou claro que a matança foi intencional. “Eles atacaram três semanas antes da chegada do Papa Francisco ao Egito, enviando uma mensagem de morte para o povo egípcio e, em particular, ao povo cristão.”

O bispo copta-católico disse ainda: “Durante décadas, como Igreja, sentimos o risco que a propagação do fanatismo e extremismo religioso trazem. Há muitos jovens que sofrem lavagem cerebral reais nas mãos de correntes fundamentalistas islâmicas. Agora, as autoridades políticas e religiosas devem remediar esta situação para evitar que tais fatos aconteçam novamente”. 

Sobre a viagem Papa Francisco ao Egito, agendada para 28 e 29 próximos, Dom Mina diz que está convencido de que “não está em risco. As medidas de segurança serão grandes e tenho certeza de que não terá nenhum problema”. 

Mas antes da visita do Papa, os cristãos são chamados a celebrar a Páscoa, “que é de todos os cristãos, e este ano terá mais do que nunca o gosto de sangue e uma tristeza amarga” - ressaltou o bispo. “Muitas famílias após os dois ataques de ontem choram seus mártires. No entanto, nunca devemos perder a esperança. Estes atos abomináveis nos tornam mais firmes e fortes na fé. Nós não estamos derrotados. Vamos celebrar a Páscoa e confiar à visita do Papa Francisco o crescimento de nossa Igreja que chora outros mártires. O Papa nos pediu para orar a Deus para converter os corações dos terroristas e para a paz. Os cristãos do Egito são lutadores de esperança”.

O ataque terrorista deste domingo é o segundo contra uma igreja copta nos últimos meses. Em 11 de dezembro, um ataque suicida na Igreja dos Santos Pedro e Paulo, perto da catedral copta de São Marcos, no Cairo, deixou 28 mortes e mais de 40 feridos. Os cristãos coptas são cerca de 10% da população do Egito e são vítimas de violência e assassinatos por milícias jihadistas ativas no Sinai e de grupos da Irmandade Muçulmana, que após a expulsão de seu líder Mohamed Morsi, atacaram igrejas, casas, lojas  e propriedade de cristãos. 

(MD)

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Patriarcado Latino: pesar pela Igreja copta, atingida em seu coração

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Jerusalém (RV) - O Patriarcado Latino de Jerusalém expressa “profunda solidariedade à Igreja copta, mais uma vez atingida em seu coração”. A manifestação de solidariedade foi feita num comunicado após o dúplice atentado, este domingo no Egito, contra duas igrejas em plena celebração da missa do Domingo de Ramos.

“O Patriarcado Latino se faz partícipe da terrível dor da Igreja copta; deseja fazer chegar a esta toda sua proximidade e sua oração ardente nessa nova provação”, lê-se no texto. 

“Em 1º de janeiro de 2011 um atentado explosivo matou 21 pessoas reunidas, com tantas outras, para festejar o novo ano numa igreja copta de Alexandria. Domingo, 11 de setembro de 2016, outro atentado ceifou a vida de mais de 25 fiéis coptas enquanto participavam da missa na igreja dos Santos Pedro e Paulo. Estes inocentes, mártires por sua fé, possam interceder ao Senhor crucificado e ressuscitado, a fim de que cesse a violência e surja a paz no país e em toda a região”, lê-se ainda.

Os dois atentados com dinamites, reivindicados pelo autoproclamado Estado Islâmico (EI) foram perpetrados o primeiro na igreja de Mar Girgis (São Jorge) em Tanta, a 100Km ao norte do Cairo, e o outro diante da igreja de São Marcos, em Alexandria, onde estava celebrando o Patriarca copta ortodoxo Tawadros II. O balanço total é de ao menos 47 mortos e mais de 120 feridos. (Sir / RL)

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Bispo de Aleppo: há muitos interesses na guerra na Síria

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Damasco (RV) - Os Estados Unidos preparam-se para adotar novas sanções contra o regime de Bashar al-Assad e estão prontos a realizar novos ataques, "se necessário". Com o lançamento de 59 mísseis Tomahawk contra a base aérea síria Khan Shaykun - de onde decolaram os aviões que teriam usado armas químicas contra a população na Província de Idlib - a Casa Branca lançou uma dura advertência a Damasco. Nos Estados Unidos, no entanto, há manifestações contrárias à decisão do Presidente Trump.

A Rússia condenou o ataque estadunidense e enviou uma navio de guerra para a região. Os Estados Unidos - afirma Moscou - atacaram quem está combatendo os integralistas do Estado Islâmico. A União Europeia e Israel alinharam-se com Trump. Apoio também da Arábia Saudita e Turquia, que querem a queda de Assad.

Já para o Irã, o ataque dos Estados Unidos é perigoso, destrutivo, viola os princípios da lei internacional, fortalece os terroristas e complica ulteriormente a situação na Síria.

Alguns analistas afirmam, que o recado não foi só para Assad, mas também para a Coréia do Norte e o Irã.

O Substituto da Secretaria de Estado, Dom Angelo Becciu, em entrevista ao canal TG2000 expressou a preocupação da Santa Sé: "Estamos atônitos" com os acontecimentos na Síria, quer pelo ataque químico contra a população indefesa", quer pelos desdobramentos que poderá ter, com "contra-ataques sucessivos".

Sobre a situação no país, após a intervenção dos EUA, eis o que afirmou aos microfones da Rádio Vaticano o Bispo caldeu de Aleppo e Presidente da Caritas Síria, Dom Antoine Audo:

"Foi realmente uma surpresa para todos. É uma coisa nova: parece uma mudança na política militar em nível internacional... e não se sabe para onde iremos. Aqui na Síria, as pessoas se perguntam - não é o meu pensamento - se esta história das armas químicas não foi uma preparação para esta intervenção, para preparar a opinião internacional. Dizem isto".

RV: Qual é o sentimento da população?

"Aqueles que estão com os grupos armados, geralmente estão contentes em ver esta destruição do Estado sírio: e são muitos. Os outros, pelo contrário, esperam para ver o que acontecerá: existe um projeto de divisão da Síria. Tudo isto prepara o modelo do Iraque, que é sempre uma referência para nós. Pensávamos que as coisas ocorridas no Iraque não poderiam acontecer na Síria, mas agora estamos vendo isto".

RV: De fato, o governo sírio retomou o controle de boa parte do país...

"Sim, parece que tenha retomado o controle da linha que vai de Damasco até Aleppo. As cidades mais importantes são Damasco, Aleppo, Homs, Hama e as cidades que se encontram no litoral, geralmente. Mas os ataques continuam: a cada pouco há bombardeios sobre Damasco, sobre bairros de Aleppo, de Homs. Não acabou".

RV: Dom Audo, por que a comunidade internacional está tão concentrada sobre a Síria?

"Penso que existam interesses em nível internacional. E penso que se trate de interesses de natureza sobretudo econômica, que giram ao redor de toda a questão do gás e do petróleo. E depois penso que em nível islâmico, do Oriente Médio, toda esta luta entre xiitas e sunitas seja usada para manter em andamento estas guerras e levar em frente o comércio de armas. Em nível interno, a fragilidade da Síria consiste também no usar o desequilíbrio entre minorias e maiorias. Penso que este seja o problema.

RV: Como a comunidade de Aleppo se prepara para viver a Semana Santa?

"São momento importantes. Fiquei muito surpreso na noite de sexta-feira. Na Catedral, a cada sexta-feira, fazemos a Via Sacra após a Eucaristia. E a igreja está mais cheia do que o normal! Isto costuma acontecer depois dos bombardeios e nesta situação de inquietude e de medo. As pessoas vêm de novo para a igreja: a fé é algo extraordinário! É a única coisa que permanece, porque não temos meios políticos, nem econômicos. Fazemos todo o possível para assegurar esta presença cristã. Tudo o que fazemos como bispos, como sacerdotes e como cristãos, o fazemos para permanecer presentes aqui e para dar testemunho de nossa fé. Não temos nenhum interesse. Todos têm interesses nesta guerra na Síria, em nível internacional, regional e local. Nós cristãos da Síria somos os primeiros a perder tudo". (SC/LC/JE)

 

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No Paquistão, cristãos e muçulmanos trabalham juntos pela paz

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Islamabad (RV) – Cristãos e muçulmanos no Paquistão querem construir a paz social e religiosa na nação, e com esta intenção, lançam uma campanha que escolheu a oliveira como símbolo para indicar o compromisso comum.

O objetivo é promover a paz e a harmonia e para tal foi iniciada em todas as Dioceses do Paquistãouma simbólica campanha de plantação de oliveiras em escolas, igrejas, mesquitas, madrassas, seminários, instituições e islâmicas.

A informação é da Comissão Nacional para o Diálogo Inter-religioso e o Ecumenismo, da Conferência Episcopal do Paquistão, presidida pelo Arcebispo Sebastian Francis Shaw.

“A oliveira é uma árvore sempre verde. O ramo de oliveira é um símbolo de abundância, glória e paz. A oliveira é o símbolo de paz, sabedoria, glória, fertilidade, força e pureza. A pomba trouxe o ramo de oliveiras à Noé para demonstrar que o dilúvio havia acabado. A oliveira e o azeite de oliva são mencionados sete vezes no Alcorão e a oliveira é louvada como uma fruta preciosa”, recorda Padre Francis Nadeem, Secretário Executivo da Comissão.

“Os líderes islâmicos – refere o sacerdote – quiseram que as oliveiras fossem plantadas em diversos seminários onde os estudantes muçulmanos estudam e aprendem a tornarem-se seres humanos amantes da paz. Neste sentido, queremos e podemos fazer brotar o desejo inato de cada ser humano de viver em paz”.

Para isto, “pretendemos promover a paz e a harmonia em particular entre as crianças, disse o Padre Nadeem. Além disto, como as oliveiras crescem a cada dia no jardim de um seminário, da mesma forma esperamos que as atitudes e as relações de amor e de paz cresçam”.

É significativo que esta campanha tenha iniciado na Quaresma, e prosseguirá por todo o tempo da Páscoa, observa a Comissão. Ao menos cinco escolas islâmicas em cada diocese aderiram à iniciativa.

Entre os outros eventos que estão caracterizando de modo positivo as relações inter-religiosas no país, está o convite da “Majlias Wahadat Muslimin”, congregação religiosa islâmica de caráter político-social, que organizou recentemente um encontro com a Comissão Nacional para o Diálogo Inter-religioso e o Ecumenismo, anunciando querer dar vida a uma ala interconfessional da congregação, para promover regulamente iniciativas de diálogo entre cristãos e muçulmanos. (JE)

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Papa encontra representantes leigos na audiência de 30 de abril

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Cidade do Vaticano (RV) – Representantes da Ação Católica, uma das mais antigas entre as associações católicas leigas no mundo, encontrarão o Papa Francisco no domingo, 30 de abril. A ocasião vai dar início às celebrações dos 150 anos da entidade italiana que dará prosseguimento a outras iniciativas inclusive durante todo o ano de 2018. 

O vice-presidente nacional da Ação Católica para o setor dos jovens, Michele Tridente, se diz orgulhoso e grato pelo encontro com  o Papa. “Esses são os sentimentos com os quais vou entrar na Praça São Pedro, com a simplicidade de quem deseja fazer festa, junto a muitos amigos provenientes de toda a Itália e que estarão juntos em Roma, cada um fazendo parte de maneira única dessa história”, comentou ele.

De 27 de abril a 1 de maio, a entidade estará reunida em Roma com os 100 mil sócios provenientes de toda Itália, além de representantes de outros países. No primeiro dia de encontro, no Vaticano, está marcado o Congresso Internacional sobre a Ação Católica com previsão da participação do Papa.

A partir do dia 28, as atividades serão realizadas na “Casa tra noi”, em Roma, inclusive com assembleias para eleger os novos componentes das secretarias da entidade e da representação italiana. “Que os pequenos passos de cada um se transformem em sentimento para muitos, para todos nós que hoje nos encontramos entre as mãos dessa grande herança”. (AC)  

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Semana Santa: diocese de Portugal promove “DIRETAmente com Deus”

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Cidade do Vaticano (RV) – A Pastoral Juvenil e Vocacional da diocese de Brangança-Miranda, de Portugal, vai realizar mais uma vez a iniciativa “DIRETAmente com Deus”. Na noite da Quinta-feira para a Sexta-feira Santa, de 13 pra 14 de abril, os jovens farão turnos de Adoração na Catedral da cidade de Bragança, no norte do país.

Cada grupo de jovens irá desenvolver um tema, seguindo um “guia de Adoração”, com orações e cantos específicos para: Início da Adoração, No Espírito Santo, Eis-me aqui, Fala Senhor, Diante de Ti, Faça-se em mim, Envia-me e Fim da Adoração. Deve-se dar prioridade, porém, “aos tempos de silêncio entre os vários momentos de cada intervenção”.

A organização diocesana explica ainda que a iniciativa foi escolhida “pelo extraordinário momento de Adoração Eucarística da Quinta-feira Santa”. Segundo o comunicado sobre a iniciativa, os jovens são “convidados a dedicar o tempo a quem se deu totalmente a nós e a contemplar, como Maria, e junto a ela, o extremo amor de Deus para nós”. (AC)

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Atualidades



Estocolmo: sinos de todas as igrejas tocam pelas vítimas de atentado

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Estocolmo (RV) – A segunda-feira (10) foi de luto em toda a Suécia, com bandeiras hasteadas a meio mastro nos edifícios públicos. Ao meio-dia, o minuto de silêncio “para homenagear as vítimas do terror tanto de Estocolmo como do resto do mundo” foi acompanhado do som de sinos que tocaram em todas as igrejas.

No atentado de sexta-feira (7) passada, no centro da capital, quatro pessoas morreram e 15 ficaram feridas. Um suspeito de ter sido o motorista do caminhão que atropelou um grupo de pedestres no centro da capital foi detido pela polícia.

Segundo explica um comunicado oficial no site da cidade, os sinos tocaram em sintonia e, nos jardins de Estocolmo, foi realizada uma cerimônia comemorativa e transmitida ao vivo pela televisão. Na ocasião estava presente a família real, o primeiro-ministro Stefan Lofven e a prefeita Karin Wanngard. Segundo ela, “o medo não vai reinar, o terror não poderá vencer. Devemos continuar a construir com gentileza e com a abertura que caracterizam a nossa cidade. Se assim o fizermos, o terrorismo perderá.”

No domingo (9), a praça central da cidade, a Sergels Torg, foi invadida por 20 mil pessoas para uma grande “manifestação para o amor”. Às 14h53, exatamente 2 dias depois do atentado, os participantes se deram as mãos numa longa rede humana para um outro minuto de silêncio. (SIR/AC)

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Muolo: Bento XVI, Papa da coragem e do diálogo com todos

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Cidade do Vaticano (RV) - “O Papa da coragem”: esse é o título do último volume do vaticanista do diário “Avvenire” (da Conferência Episcopal Italiana), Mimmo Muolo, publicado estes dias por ocasião do 90º aniversário de Joseph Ratzinger (a ser celebrado neste 16 de abril). No prefácio, o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella ressalta que o Papa emérito “colocou diante de nós o drama de sua existência como homem e como fiel, como professor e como Papa” e que “as interrogações que suscitou não ficaram sem resposta”. Entrevistado pela Rádio Vaticano, Muolo detém-se sobre o título de seu livro que ressalta, justamente, a dimensão da coragem do Papa Bento XVI:

Mimmo Muolo:- “Em primeiro lugar, Papa da coragem porque, é claro, a sua decisão da renúncia é uma decisão quase sem precedentes, historicamente falando, e, por conseguinte, é uma decisão que implica coragem. Ademais, porque, apesar de tudo aquilo que se disse e se escreveu sobre ele, foi um Papa que permaneceu de pé, enfrentando uma tempestade após outra, muitas vezes suscitadas pelos meios de comunicação que tinham uma posição preconceituosa em relação a ele. Recordemos que ele sempre disse: ‘o verdadeiro pastor não foge diante dos lobos’. Penso que Bento XVI fez exatamente isso, e quando depois as águas se acalmaram, quando considerou que o perigo imediato não mais existia, teve a coragem de dizer: ‘Não sou mais o pastor apropriado para proteger este rebanho – devo passar o cajado para outro’.”

RV: No livro, o senhor escreve que Bento XVI foi o Papa do essencial, “focalizou a atenção na questão da fé”...

Mimmo Muolo:- “‘O Papa do essencial’ porque há dois grandes eixos que perpassam a sua vida e o seu Pontificado. Em primeiro lugar, a questão da fé. Com grande veemência, ele colocou essa questão dentro da Igreja: se falta a fé, todo o resto se torna supérfluo. Entre outras – e este é o outro grande eixo cartesiano –, em relação ao mundo, o tema do diálogo com o cristianismo: o seu convite à racionalidade alargada, seu convite ao diálogo com os que não creem, o Pátio dos Gentios, todas as iniciativas que vão nessa direção. Vê-se também ai uma grande distância entre o Papa real e o Papa como lera percebido. O Papa real, que como homem de cultura sempre buscou o diálogo, apaixonado pelo Evangelho e por Jesus Cristo, e o Papa que, ao invés, era apresentado como refratário ao diálogo: penso que desse ponto de vista Bento XVI tenha ainda hoje muito a ensinar-nos. E o seu magistério está passando também no Pontificado do Papa Francisco, o qual obviamente o interpreta segundo seu estilo e segundo seu cânones.”

RV: No prefácio de seu livro, Dom Fisichella escreve que as interrogações suscitadas por Joseph Ratzinger em toda a sua vida de serviço à Igreja, portanto, não somente como Papa, não ficaram sem resposta. Existe a sensação de que nestes anos, desde quando Bento XVI renunciou ao ministério petrino, haja talvez uma maior e melhor compreensão daquilo que foi o seu Pontificado?

Mimmo Muolo:- “Penso que sim. O ato da renúncia de certo modo o despojou daquela aura preconcebida da qual falei. Fez-nos ver o verdadeiro Joseph Ratzinger, e, justamente, o verdadeiro Joseph Ratzinger é o que diz à Igreja: ‘A fé é importante – sem a fé, todo o resto se reduz – diria o Papa Francisco – a uma ong piedosa’, e o verdadeiro Joseph Ratzinger é o que buscou constantemente dialogar com os homens e as mulheres de seu tempo. É a mesma coisa que – repito, com um estilo diferente do ponto de vista humano – está fazendo o Papa Francisco.” (RL / AG)

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