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Sumario del 29/04/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Papa e Santa Sé



Papa: "O único extremismo permitido aos cristãos é o da caridade"

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Cairo (RV) – Depois de uma programação intensa em seu primeiro dia de visita ao Cairo, com encontros com o Presidente egípcio Al-Sisi, o discurso na Universidade Al-Azhar e a visita ao Patriarca copta-ortodoxo Tawadros II, neste sábado o Papa conclui a viagem dedicando-se inteiramente ao aspecto pastoral, recebendo o abraço da pequena, mas muito ativa, comunidade copta-católica

O dia começou com a despedida da Nunciatura e a saudação de um grupo de crianças alunas da Escola Comboniana do Cairo. Em seguida, em automóvel fechado, Francisco se deslocou ao estádio de futebol “Air Defense” e com o ‘golf-car’, (pequeno carro aberto) deu uma volta no campo, em meio aos fiéis. Cerca de 30 mil aguardavam o Pontífice.

A liturgia foi celebrada em latim e árabe, com as orações dos fiéis em várias outras línguas.

Em sua homilia, proferida em italiano, o Papa dissertou sobre o itinerário dos discípulos de Emaús, descrito no Evangelho de Lucas, e que se pode resumir em três palavras: morte, ressurreição e vida.

“Aquele sobre quem construíram a sua existência morreu, derrotado, levando consigo para o túmulo todas as suas aspirações. Na realidade, eram eles os mortos no sepulcro da sua limitada compreensão”.

“Ressuscitado, Jesus transforma o seu desespero em vida, porque, quando desaparece a esperança humana, começa a brilhar a divina”, prosseguiu o Pontífice, explicando: “Quando o homem toca o fundo do fracasso e da incapacidade, quando se despoja da ilusão de ser o melhor, ser o autossuficiente, ser o centro do mundo, então Deus estende-lhe a mão para transformar a sua noite em alvorada, a sua tristeza em alegria, a sua morte em ressurreição, o seu voltar atrás em regresso a Jerusalém, isto é, regresso à vida e à vitória da Cruz”.

Enfim, “a experiência dos discípulos de Emaús ensina-nos que não vale a pena encher os lugares de culto, se os nossos corações estiverem vazios do temor de Deus e da sua presença; não vale a pena rezar, se a nossa oração dirigida a Deus não se transformar em amor dirigido ao irmão; não vale a pena ter muita religiosidade, se não for animada por muita fé e muita caridade; não vale a pena cuidar da aparência, porque Deus vê a alma e o coração e detesta a hipocrisia. Para Deus, é melhor não acreditar do que ser um falso crente, um hipócrita!”

A fé verdadeira é a que nos torna mais caridosos, mais misericordiosos, mais honestos e mais humanos; é a que anima os corações levando-os a amar a todos gratuitamente, sem distinção nem preferências; é a que nos leva a ver no outro, não um inimigo a vencer, mas um irmão a amar, servir e ajudar; é a que nos leva a espalhar, defender e viver a cultura do encontro, do diálogo, do respeito e da fraternidade; é a que nos leva a ter a coragem de perdoar a quem nos ofende, a dar uma mão a quem caiu, a vestir o nu, a alimentar o faminto, a visitar o preso, a ajudar o órfão, a dar de beber ao sedento, a socorrer o idoso e o necessitado. A verdadeira fé é a que nos leva a proteger os direitos dos outros, com a mesma força e o mesmo entusiasmo com que defendemos os nossos. Na realidade, quanto mais se cresce na fé e no seu conhecimento, tanto mais se cresce na humildade e na consciência de ser pequeno”.

O Papa terminou a homilia com uma lembrança: “Deus só aprecia a fé professada com a vida, porque o único extremismo permitido aos cristãos é o da caridade. Qualquer outro extremismo não provém de Deus nem Lhe agrada”.

E um pedido: “Não tenham medo de amar a todos, amigos e inimigos, porque, no amor vivido, está a força e o tesouro do crente”. 

(CM)

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Papa conclui viagem internacional ao Egito

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Cairo (RV) - O Papa Francisco concluiu, na tarde deste sábado (29/04), sua 18ª viagem apostólica internacional que desta vez o levou ao Egito. 

Após a cerimônia de despedida no Aeroporto Internacional do Cairo, o avião da Alitalia que traz o Pontífice de volta a Roma decolou às 17h locais (meio-dia no horário de Brasília). 

A chegada do Papa a Roma está prevista para às 20h30 locais (15h30 de Brasília) ao aeroporto romano de Ciampino.

(MJ)

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Mídia, segurança e multidão: o segundo dia do Papa no Cairo

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Cairo (RV) – As imagens, os gestos e as palavras do primeiro dia da visita do Papa Francisco ao Cairo ecoaram por todo o país.

Os jornais mais importantes do Egito dão amplo destaque - positivo - à chegada do Pontífice e as palavras que lhe foram dirigidas pelo Grande Imã Al-Tayyeb e Presidente Al-Sisi, cujo texto foi publicado integralmente. Mas também os discursos do Papa ganharam as páginas dos jornais, sobretudo quando ressaltou a gloriosa história religiosa do Egito, sua posição estratégica no panorama médio-oriental e sua vocação à paz.

Eis algumas manchetes:

- Mensagens de paz e de caridade; al-Sisi: O Egito permanece sempre o protótipo do Islã moderado

- Papa Francisco: apoiar os esforços realizados para deter a violência e realizar o desenvolvimento                       

- Al-Tayyeb: os atos terroristas estão distantes dos valores que professa mas religiões celestes

- O Papa em Al-Azhar: não à violência em nome da religião

- O Papa convoca o Egito a salvar o mundo da fome do amor

A curiosidade é que nenhum jornal menciona o encontro entre Francisco e o Patriarca copta Tawadros II, sendo os cristãos uma minoria no país.

Assim como no primeiro dia, o tema da paz esteve presente também na homilia da missa celebrada pela manhã no Estádio da Aeronáutica militar, com a participação de aproximadamente 25 mil pessoas.

“O único extremismo tolerado é o da caridade”, disse o Papa, na presença também de alguns muçulmanos e coptas ortodoxos. A missa foi a primeira ocasião que Francisco teve de ter contato com a multidão, que saudou a bordo de um golf-car no início da celebração.

Pelas ruas do Cairo, mantêm-se as imponentes medidas de segurança do primeiro dia. O policiamento reforçado impediu que os fiéis pudessem levar bolsas, mochilas e até mesmo os celulares para a missa da manhã. Os fiéis deveriam levar consigo somente o passaporte.

Tatiana Santos, brasileira, a caminho do estádio nos deu o seu testemunho: 

Do Cairo para a Rádio Vaticano, Bianca Fraccalvieri

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Celebração do Papa com coptas-católicos: íntegra da homilia

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Cairo (RV) - O Papa Francisco celebrou na manhã deste sábado, 29 de abril, com a comunidade copta-católica egípcia no Estádio da Aeronáutica Militar. Eis a íntegra de sua reflexão:

"Al Salamò Alaikum (A paz esteja convosco)!

Hoje, o Evangelho do terceiro domingo de Páscoa fala-nos do itinerário dos dois discípulos de Emaús que deixaram Jerusalém. Um Evangelho que se pode resumir em três palavras: morte, ressurreição e vida.

Morte. Os dois discípulos voltam à sua vida quotidiana, repletos de desânimo e desilusão: o Mestre morreu e, por conseguinte, é inútil esperar. Sentiam-se desorientados, enganados e desiludidos. O seu caminho é um voltar atrás; é um afastar-se da experiência dolorosa do Crucificado. A crise da Cruz – antes, o «escândalo» e a «loucura» da Cruz (cf. 1 Cor 1, 18, 2, 2) – parece ter sepultado todas as suas esperanças. Aquele sobre quem construíram a sua existência morreu, derrotado, levando consigo para o túmulo todas as suas aspirações.

Não podiam acreditar que o Mestre e Salvador, que ressuscitara os mortos e curara os doentes, pudesse acabar pregado na cruz da vergonha. Não podiam entender por que razão Deus Todo-Poderoso não O tivesse salvo duma morte tão ignominiosa. A cruz de Cristo era a cruz das suas ideias sobre Deus; a morte de Cristo era uma morte daquilo que imaginavam ser Deus. Na realidade, eram eles os mortos no sepulcro da sua limitada compreensão.

Quantas vezes o homem se autoparalisa, recusando-se a superar a sua ideia de Deus, um deus criado à imagem e semelhança do homem! Quantas vezes se desespera, recusando-se a crer que a omnipotência de Deus não é omnipotência de força, de autoridade, mas é apenas omnipotência de amor, de perdão e de vida!

Os discípulos reconheceram Jesus no ato de «partir o pão» (Lc 24, 35), na Eucaristia. Se não deixarmos romper o véu que ofusca os nossos olhos, se não deixarmos romper o endurecimento do nosso coração e dos nossos preconceitos, nunca poderemos reconhecer o rosto de Deus.

Ressurreição. Na obscuridade da noite mais escura, no desespero mais desconcertante, Jesus aproxima-Se dos dois discípulos e caminha pela sua estrada, para que possam descobrir que Ele é «o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6). Jesus transforma o seu desespero em vida, porque, quando desaparece a esperança humana, começa a brilhar a divina: «O que é impossível aos homens é possível a Deus» (Lc 18, 27; cf. 1, 37). Quando o homem toca o fundo do fracasso e da incapacidade, quando se despoja da ilusão de ser o melhor, ser o autossuficiente, ser o centro do mundo, então Deus estende-lhe a mão para transformar a sua noite em alvorada, a sua tristeza em alegria, a sua morte em ressurreição, o seu voltar atrás em regresso a Jerusalém, isto é, regresso à vida e à vitória da Cruz (cf. Heb 11, 34).

Com efeito, depois de ter encontrado o Ressuscitado, os dois discípulos retornam cheios de alegria, confiança e entusiasmo, prontos a dar testemunho. O Ressuscitado fê-los ressurgir do túmulo da sua incredulidade e tristeza. Encontrando o Crucificado-Ressuscitado, acharam a explicação e o cumprimento de toda a Escritura, da Lei e dos Profetas; acharam o sentido da aparente derrota da Cruz.

Quem não faz a travessia desde a experiência da Cruz até à verdade da Ressurreição, autocondena-se ao desespero. Com efeito, não podemos encontrar Deus, sem crucificar primeiro as nossas ideias limitadas dum deus que reflete a nossa compreensão da omnipotência e do poder.

Vida. O encontro com Jesus ressuscitado transformou a vida daqueles dois discípulos, porque encontrar o Ressuscitado transforma toda a vida e torna fecunda qualquer esterilidade.[1] De facto, a Ressurreição não é uma fé nascida na Igreja, mas foi a Igreja que nasceu da fé na Ressurreição. Diz São Paulo: «Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a nossa fé» (1 Cor 15, 14).

O Ressuscitado desaparece da vista deles, para nos ensinar que não podemos reter Jesus na sua visibilidade histórica: «Felizes os que creem sem terem visto!» (Jo 21, 29; cf. 20, 17). A Igreja deve saber e acreditar que Ele está vivo com ela e vivifica-a na Eucaristia, na Sagrada Escritura e nos Sacramentos. Os discípulos de Emaús compreenderam isto e voltaram a Jerusalém para partilhar com os outros a sua experiência: «Vimos o Senhor... Sim, verdadeiramente ressuscitou!» (cf. Lc 24, 32).

A experiência dos discípulos de Emaús ensina-nos que não vale a pena encher os lugares de culto, se os nossos corações estiverem vazios do temor de Deus e da sua presença; não vale a pena rezar, se a nossa oração dirigida a Deus não se transformar em amor dirigido ao irmão; não vale a pena ter muita religiosidade, se não for animada por muita fé e muita caridade; não vale a pena cuidar da aparência, porque Deus vê a alma e o coração (cf. 1 Sam 16, 7) e detesta a hipocrisia (cf. Lc 11, 37-54; At 5, 3.4).[2] Para Deus, é melhor não acreditar do que ser um falso crente, um hipócrita!

A fé verdadeira é a que nos torna mais caridosos, mais misericordiosos, mais honestos e mais humanos; é a que anima os corações levando-os a amar a todos gratuitamente, sem distinção nem preferências; é a que nos leva a ver no outro, não um inimigo a vencer, mas um irmão a amar, servir e ajudar; é a que nos leva a espalhar, defender e viver a cultura do encontro, do diálogo, do respeito e da fraternidade; é a que nos leva a ter a coragem de perdoar a quem nos ofende, a dar uma mão a quem caiu, a vestir o nu, a alimentar o faminto, a visitar o preso, a ajudar o órfão, a dar de beber ao sedento, a socorrer o idoso e o necessitado (cf. Mt 25, 31-45). A verdadeira fé é a que nos leva a proteger os direitos dos outros, com a mesma força e o mesmo entusiasmo com que defendemos os nossos. Na realidade, quanto mais se cresce na fé e no seu conhecimento, tanto mais se cresce na humildade e na consciência de ser pequeno.

Queridos irmãos e irmãs, Deus só aprecia a fé professada com a vida, porque o único extremismo permitido aos crentes é o da caridade. Qualquer outro extremismo não provém de Deus nem Lhe agrada.

Agora, como os discípulos de Emaús, voltai à vossa Jerusalém, isto é, à vossa vida diária, às vossas famílias, ao vosso trabalho e à vossa amada pátria, cheios de alegria, coragem e fé. Não tenhais medo de abrir o vosso coração à luz do Ressuscitado e deixai que Ele transforme a vossa incerteza em força positiva para vós e para os outros. Não tenhais medo de amar a todos, amigos e inimigos, porque, no amor vivido, está a força e o tesouro do crente.

A Virgem Maria e a Sagrada Família, que viveram nesta terra abençoada, iluminem os nossos corações e vos abençoem a vós e ao amado Egito que, ao alvorecer do cristianismo, recebeu a evangelização de São Marcos e, ao longo da história, deu muitos mártires e uma longa série de Santos e Santas!

Al Massih kam; bilhakika kam (Cristo ressuscitou; ressuscitou verdadeiramente)!"

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[1] Cf. Bento XVI, Audiência-Geral de Quarta-feira, 11 de abril de 2007.

[2] Santo Efrém exclama: «Arrancai a máscara que cobre o hipócrita e não vereis nele senão podridão» (Serm.). «Ai do coração débil (…) que segue dois caminhos»: diz o Eclesiástico (2, 12; cf. 2, 14 Vulg.).

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Papa ao clero: a inveja é um câncer que arruína o corpo

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Cairo (RV) - O Papa Francisco encontrou-se, na tarde deste sábado (29/04), no Seminário Patriarcal, no Cairo, com o clero, religiosos e seminaristas para um encontro de oração

Francisco manifestou a alegria de estar ali naquele lugar “onde se formam os sacerdotes e que representa o coração da Igreja Católica no Egito”. O Pontífice saudou os sacerdotes, consagrados e consagradas do pequeno rebanho católico no Egito – “o «fermento» que Deus prepara para esta terra abençoada, a fim de que, juntamente com os nossos irmãos ortodoxos, cresça nela o seu Reino” .

O Papa os encorajou e agradeceu pelo “testemunho e pelo bem que fazem a cada dia, trabalhando no meio de muitos desafios e, frequentemente, poucas consolações”.

“Não tenham medo do peso do dia-a-dia, do peso das circunstâncias difíceis que alguns de vocês têm de atravessar. Veneramos a Santa Cruz, instrumento e sinal da nossa salvação. Quem escapa da cruz, escapa da Ressurreição”, disse Francisco.
 
“Trata-se de crer, testemunhar a verdade, semear e cultivar sem esperar pela colheita. Na realidade, nós recolhemos os frutos de muitos outros, consagrados e não consagrados, que generosamente trabalharam na vinha do Senhor: a sua história está cheia deles!”

“No meio de muitos motivos de desânimo e por entre tantos profetas de destruição e condenação, no meio de numerosas vozes negativas e desesperadas, sejam uma força positiva, sejam luz e sal desta sociedade; sejam a locomotiva que faz o trem avançar para a meta; sejam semeadores de esperança, construtores de pontes, obreiros de diálogo e de concórdia”, sublinhou o Papa.

“Isto é possível se a pessoa consagrada não ceder às tentações que todos os dias encontra no seu caminho”, como “a tentação do deixar-se arrastar e não guiar, a tentação de lamentar-se continuamente, a tentação da crítica e da inveja, a tentação de se comparar com os outros, a tentação do «faraonismo, a tentação do individualismo e a tentação de caminhar sem bússola nem objetivo”.

A propósito da inveja, o Papa disse que "o perigo é sério, quando a pessoa consagrada, em vez de ajudar os pequenos a crescer e a alegrar-se com os sucessos dos irmãos e irmãs, se deixa dominar pela inveja tornando-se uma pessoa que fere os outros com a crítica. A inveja é um câncer que arruína qualquer corpo em pouco tempo". 

Em relaçao ao «faraonismo», Francisco sublinhou que isso significa "endurecer o coração e fechá-lo ao Senhor e aos irmãos. É a tentação de se sentir acima dos outros e, consequentemente, de os submeter a si por vanglória; de ter a presunção de ser servido em vez de servir".

“Queridos consagrados, não é fácil resistir a estas tentações, mas é possível se estivermos enxertados em Jesus: quanto mais enraizados estivermos em Cristo, tanto mais vivos e fecundos seremos. Só assim a pessoa consagrada pode conservar a capacidade de maravilhar-se, a paixão do primeiro encontro, o fascínio e a gratidão na sua vida com Deus e na sua missão. Da qualidade da nossa vida espiritual depende a da nossa consagração.”

O Papa concluiu, afirmando que “o Egito contribuiu para enriquecer a Igreja com o tesouro inestimável da vida monástica. Exorto-os a beber do exemplo de São Paulo o Eremita, de Santo Antão, dos Santos Padres do deserto, dos numerosos monges que abriram, com a sua vida e o seu exemplo, as portas do céu a muitos irmãos e irmãs; e assim também vocês poderão ser luz e sal, isto é, motivo de salvação para si mesmos e para todos os outros, fiéis e não fiéis, de modo especial para os últimos, os necessitados, os abandonados e os descartados”.

(MJ)

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Patriarca Sidrak: "Papa, como São Francisco, levando paz aonde vai"

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Cairo (RV) – “A sua presença entre nós nos alegra e abençoa. Em nome da Igreja Católica no Egito e em nome de todo o querido povo egípcio, apresento-lhe imensa gratidão e apreciação por ter aceito o convite a visitar o nosso amado país”.

Com estas palavras, o Patriarca de Alexandria dos Coptas, Abramo Isacco Sidrak, dirigiu-se ao Papa Francisco no final da missa celebrada na manhã deste sábado. 

"Sua visita e o acolhimento do povo, em geral, à sua querida pessoa, se resumem no lema escolhido para a viagem, “O Papa da paz no Egito da paz”. Esta mensagem ao mundo confirma a natureza do Egito, que ama a paz e que continuamente se esforça em afirmá-la no Oriente Médio e no mundo inteiro”, prosseguiu.

“O Egito, berço de religiões, é o país anfitrião de profetas e abrigo da Sagrada Família em sua busca de segurança. Será, até quando Deus quiser, a terra da paz. É também uma mensagem ao mundo que demonstra que Sua Santidade é uma pessoa que leva a paz aonde quer que vá e cujos gestos, viagens e palavras têm como objetivo difundir a paz na terra”, acrescentou.

Ainda nesta saudação, diante de 30 mil fiéis no Air Defence Stadium, o Patriarca copta-católico lembrou que “em breve, serão celebrados 800 anos da visita de São Francisco de Assis ao Egito, realizada como um chamado à paz”.

“Também o Sr., seguindo o exemplo de Francisco, optou por uma vida de pobreza e simplicidade. A partir do momento em que foi escolhido como sucessor de São Pedro e Pastor da Igreja Católica no mundo, não poupou esforços para consolidar tudo o que edifica o homem espiritual, humana e socialmente”.

(CM)

 

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Declaração conjunta: amizade entre as Igrejas católica e copta-ortodoxa

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Cairo (RV) - O Papa Francisco e o Patriarca copta-ortodoxo, Tawadros II, assinaram uma declaração conjunta, nesta sexta-feira (28/04), no Cairo, na qual se comprometem em promover a comunhão plena entre as duas comunidades, separadas desde o século V.

“O nosso vínculo profundo de amizade e fraternidade tem sua origem na plena comunhão que existia entre as nossas Igrejas nos primeiros séculos tendo-se expressado de várias maneiras nos primeiros Concílios Ecumênicos, começando pelo Concílio de Nicéia em 325 e a contribuição de Santo Atanásio, corajoso Padre da Igreja que mereceu o título de «Protetor da Fé». A nossa comunhão manifestava-se através da oração e práticas litúrgicas semelhantes, na veneração dos mesmos mártires e santos, e no fomento e difusão do monaquismo, seguindo o exemplo do grande Santo Antão, conhecido como o pai de todos os monges”, destaca o texto.

“Esta experiência comum de comunhão, anterior ao tempo de separação, assume um significado especial em nossa busca atual de restabelecimento da plena comunhão. A maior parte das relações que existiam nos primeiros séculos continuaram, apesar das divisões, entre a Igreja Católica e a Igreja Copta-ortodoxa até o dia de hoje e recentemente foram mesmo revitalizadas. Estas nos desafiam a intensificar os nossos esforços comuns, perseverando na busca duma unidade visível na diversidade, sob a guia do Espírito Santo.”

Papa Francisco e Tawadros II recordaram também o encontro fraterno realizado em Roma, em 10 de maio de 2013, e a instituição do dia 10 de maio, como Dia da Amizade copta-católica.

“Alguns acontecimentos trágicos e o sangue derramado pelos nossos fiéis, perseguidos e mortos pelo simples motivo de serem cristãos, nos recordam mais do que nunca que o ecumenismo dos mártires nos une e nos encoraja a prosseguir no caminho da paz e da reconciliação”, lê-se na declaração. 

“Este renovado espírito de proximidade permitiu-nos discernir ainda melhor como o vínculo que nos une foi recebido de nosso único Senhor no dia do Batismo. Com efeito, é através do Batismo que nos tornamos membros do único Corpo de Cristo que é a Igreja  Esta herança comum é a base da peregrinação que juntos realizamos rumo à plena comunhão, crescendo no amor e na reconciliação.”

O documento, com 12 itens, apresenta o Egito como “terra de mártires e de santos”, na qual os cristãos se encontram e dialogam sob a “herança comum” do Batismo.

“Esforcemo-nos em promover a tranquilidade e a concórdia através da coexistência pacífica entre cristãos e muçulmanos, testemunhando que Deus deseja a unidade e a harmonia de toda a família humana e a igual dignidade de cada ser humano”, ressaltam ainda os dois líderes no documento, defendendo o direito da “liberdade religiosa, que engloba a liberdade de consciência e está enraizada na dignidade da pessoa. Esta é a pedra angular de todas as outras liberdades. É um direito sagrado e inalienável”.

(MJ)

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Papa no encontro Ecumênico no Cairo - discurso integral

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Cairo (RV) - Íntegra do pronunciamento do Papa Francisco no encontro com Tawadros II, Papa da Igreja Copta Ortodoxa e Patriarca da Sé de São Marcos.

"Al Massih kam, bilhakika kam (O Senhor ressuscitou; ressuscitou verdadeiramente)!

Santidade, Irmão caríssimo!

Ocorreu há poucos dias a grande solenidade da Páscoa, centro da vida cristã, que, este ano, tivemos a graça de celebrar no mesmo dia. Assim proclamamos em uníssono o anúncio da Ressurreição, revivendo de certo modo a experiência dos primeiros discípulos, que naquele dia, juntos, «se encheram de alegria por verem o Senhor» (Jo 20, 20). Hoje, esta alegria pascal é enriquecida pelo dom de adorarmos, juntos, o Ressuscitado na oração e por trocarmos novamente, em seu nome, o ósculo santo e o abraço de paz. Sinto-me muito grato por isto: ao chegar aqui como peregrino, tinha a certeza de receber a bênção dum Irmão que me esperava. Grande era a expectativa de nos encontrarmos: com efeito conservo bem viva a lembrança da visita de Vossa Santidade a Roma, pouco depois da minha eleição no dia 10 de maio de 2013, uma data que felizmente se tornou ocasião para celebrar anualmente o Dia da Amizade Copto-Católica.

Na alegria de continuar fraternalmente o nosso caminho ecuménico, desejo recordar, antes de mais nada, aquele marco nas relações entre a Sé de Pedro e a de Marcos que é a Declaração Comum assinada pelos nossos Predecessores, há mais de quarenta anos, em 10 de maio de 1973. Naquele dia, depois de «séculos de história difícil», em que «surgiram diferenças teológicas, que foram alimentadas e acentuadas por fatores de caráter não-teológico» e por uma difidência cada vez mais generalizada nas relações, com a ajuda de Deus chegou-se a reconhecer, juntos, que Cristo é «perfeito Deus, quanto à sua divindade, e perfeito homem, quanto à sua humanidade» (Declaração Comum, assinada pelo Santo Padre Paulo VI e por Sua Santidade Amba Shenouda III, 10 de maio 1973). Mas, não menos importantes e atuais são as palavras imediatamente anteriores, com que reconhecemos «Nosso Senhor e Deus e Salvador e Rei de todos nós, Jesus Cristo». Com estas expressões, a Sé de Marcos e a de Pedro proclamaram o domínio de Jesus: juntos, confessamos que pertencemos a Jesus e que Ele é o nosso tudo.

Além disso compreendemos que, sendo seus, já não podemos pensar em avançar cada um pela sua estrada, porque trairíamos a sua vontade: que os seus «sejam todos um só (...), para que o mundo creia» (Jo 17, 21). Na presença do Senhor, que nos deseja «perfeitos na unidade» (Jo 17, 23), já não podemos esconder-nos atrás de desculpas de divergências de interpretação, nem atrás de séculos de história e tradições que nos tornaram estranhos. Como aqui disse Sua Santidade João Paulo II: «Não devemos perder tempo a este propósito! A nossa comunhão no único Senhor Jesus Cristo, no único Espírito Santo e no único Batismo já representa uma realidade profunda e essencial» (Discurso durante o Encontro Ecumênico, 25 de fevereiro de 2000, 4-5). Neste sentido, há não só um ecumenismo feito de gestos, palavras e compromisso, mas uma comunhão já efetiva, que cresce dia-a-dia no relacionamento vivo com o Senhor Jesus, está enraizada na fé professada e funda-se realmente no nosso Batismo, em sermos n’Ele «novas criaturas» (cf. 2 Cor 5, 17): em suma, «um só Senhor, uma só fé, um só Batismo» (Ef 4, 5). Daqui havemos de partir sempre de novo, para apressar o dia tão desejado em que estaremos em comunhão plena e visível no altar do Senhor.

Neste caminho apaixonante, que – como a vida – nem sempre é fácil e linear, mas no qual o Senhor nos exorta a prosseguir, não estamos sozinhos. Acompanha-nos uma série enorme de Santos e Mártires que, já plenamente unidos, nos impelem a sermos aqui na terra uma imagem viva da «Jerusalém do Alto» (Gl 4, 26). Dentre eles, hoje certamente se alegram de modo particular com o nosso encontro São Pedro e São Marcos. Grande é o vínculo que os une. Basta pensar no facto de São Marcos ter colocado no coração do seu Evangelho a profissão de fé de Pedro: «Tu és o Messias». Foi a resposta à pergunta, sempre atual, de Jesus: «E vós quem dizeis que Eu sou?» (Mc 8, 29). Ainda hoje há muitas pessoas que não sabem responder a esta pergunta; falta até mesmo quem a suscite e sobretudo quem ofereça, em resposta, a alegria de conhecer Jesus, a mesma alegria com que temos a graça de O confessarmos juntos.

Assim, juntos, somos chamados a testemunhá-Lo, a levar ao mundo a nossa fé, antes de tudo segundo o modo que é próprio da fé: vivendo-a, porque a presença de Jesus transmite-se com a vida e fala a linguagem do amor gratuito e concreto. Possam coptas ortodoxos e católicos falar juntos, sempre mais, esta língua comum da caridade: antes de empreender uma iniciativa benfazeja, seria bom perguntar-nos se a poderemos realizar com os nossos irmãos e irmãs que compartilham a fé em Jesus. Assim, construindo a comunhão com o testemunho vivido na existência diária concreta, o Espírito não deixará de abrir caminhos providenciais e inesperados de unidade.

É com este espírito apostólico construtivo que Vossa Santidade continua a reservar uma atenção genuína e fraterna para com a Igreja Copta Católica: uma proximidade de que lhe estou muito grato e que encontrou louvável expressão no Conselho Nacional das Igrejas Cristãs, que criou a fim de os crentes em Jesus poderem agir cada vez mais unidos em benefício de toda a sociedade egípcia. Muito apreciei também a generosa hospitalidade oferecida ao 13º encontro da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais, que aqui teve lugar no ano passado por vosso convite. É um bom sinal que o sucessivo encontro se tenha realizado este ano em Roma, como que a expressar uma particular continuidade entre as Sés de Marcos e de Pedro.

Na Sagrada Escritura, Pedro parece retribuir de algum modo o afeto de Marcos designando-o por «meu filho» (1 Ped 5, 13). Mas os laços fraternos do Evangelista e a sua atividade apostólica têm a ver também com São Paulo, que, antes de morrer martirizado em Roma, fala de Marcos como prestando grande ajuda no ministério (cf. 2 Tm 4, 11) e cita-o mais de uma vez (cf. Flm 24; Col 4, 10). Caridade fraterna e comunhão de missão: tais são as mensagens que nos confiam a Palavra divina e as nossas origens. São as sementes do Evangelho, que temos a alegria de continuar a regar e, com a ajuda de Deus, fazer crescer juntos (cf. 1 Cor 3, 6-7).

O amadurecimento do nosso caminho ecumênico é sustentado, de modo misterioso e muito atual, também por um verdadeiro e próprio ecumenismo do sangue. São João escreve que Jesus veio «com água e com sangue» (1 Jo 5, 6); quem acredita n’Ele, assim «vence o mundo» (1 Jo 5, 5). Com água e sangue: vivendo uma vida nova no nosso Batismo comum, uma vida de amor incessante e por todos, mesmo à custa do sacrifício do sangue. Desde os primeiros séculos do cristianismo, nesta terra, quantos mártires viveram a fé heroicamente e até ao extremo, preferindo derramar o sangue que negar o Senhor e ceder às adulações do mal ou mesmo só à tentação de responder ao mal com o mal! Bem o testemunha o venerável Martirológio da Igreja Copta. Ainda há pouco, infelizmente, o sangue inocente de fiéis inermes foi cruelmente derramado: o seu sangue inocente nos une. Caríssimo Irmão, assim como é única a Jerusalém celeste, assim também é único o nosso martirológio, e os vossos sofrimentos são também os nossos sofrimentos. Fortalecidos pelo vosso testemunho, trabalhemos por nos opor à violência, pregando e semeando o bem, fazendo crescer a concórdia e mantendo a unidade, rezando a fim de que tantos sacrifícios abram o caminho para um futuro de plena comunhão entre nós e de paz para todos.

A maravilhosa história de santidade desta terra não é peculiar só pelo sacrifício dos mártires. Logo que terminaram as perseguições antigas, surgiu uma forma nova de vida que, doada ao Senhor, nada retinha para si: no deserto, começou o monaquismo. Assim, aos grandes sinais que antigamente Deus realizara no Egito e no Mar Vermelho (cf. Sal 106/105, 21-22), seguiu-se o prodígio duma vida nova, que fez o deserto florir de santidade. Com veneração por este património comum, vim como peregrino a esta terra, onde o próprio Senhor gosta de vir: aqui, glorioso, desceu sobre o Monte Sinai (cf. Ex 24, 16); aqui, humilde, encontrou refúgio quando era criança (cf. Mt 2, 14).

Santidade, Irmão caríssimo, o mesmo Senhor nos conceda a graça de recomeçar hoje, juntos, como peregrinos de comunhão e arautos de paz. Neste caminho, tome-nos pela mão Aquela que aqui acompanhou Jesus e que a grande tradição teológica egípcia aclamou, desde a antiguidade, como Theotokos, Mãe de Deus. Neste título, unem-se admiravelmente a humanidade e a divindade, porque, na Mãe, Deus fez-Se para sempre homem. A Virgem Santa, que sempre nos leva a Jesus, sinfonia perfeita do divino com o humano, traga ainda um pouco de Céu sobre a nossa terra".

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Patriarca Sidrack agradece esforços ecumênicos e pela paz de Francisco

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Cairo (RV) – Ao final da celebração presidida pelo Papa Francisco no Estádio da Aeronáutica militar no Cairo, Sua Beatitudine Ibrahim Isaac Sidrak, Patriarca de Alexandria dos Coptas Católicos e Presidente do Conselho dos Patriarcas e dos Bispos Católicos no Egito, dirigiu uma saudação ao Santo Padre, onde enfatiza, entre outros, os seus esforços pela paz e pela unidade dos cristãos..

“Santidade, Sumo Pontífice, Santidade,

A sua presença entre nós nos alegra e nos abençoa. Em nome da Igreja Católica no Egito e em nome de todo o querido povo egípcio, apresento ao senhor o imenso agradecimento e estima por ter aceito o convite em visitar o nosso amado país.

A sua visita e a acolhida por parte do povo egípcio - em todos os seus componentes - à sua querida pessoa, estão resumido no lema que foi escolhido para a viagem, ou seja “O Papa da Paz, no Egito da paz”.

É uma mensagem ao mundo que confirma a natureza do Egito, que ama a paz e que continuamente se esforça para afirmá-la no Oriente Médio e no Mundo inteiro; confirma também a sua predisposição à convivência comum entre os crentes das diversas religiões e a sua capacidade de assimilar as diversas culturas.

O Egito, berço de religiões, é o país hóspede dos profetas e o refúgio da Sagrada Família na sua busca de segurança, e permanecerá, até quando Deus quiser, a terra da Paz. É também uma mensagem ao mundo que atesta que Sua Santidade é uma pessoa que leva a paz aonde quer que vá e que suas ações, as suas viagens e as suas Palavras tem por objetivo difundir a paz sobre a terra.

Santidade, o senhor escolheu por nome “Francisco” seguindo o exemplo de São Francisco de Assis, de quem em breve celebraremos os 800 anos da visita ao Egito, feita para fazer um chamado à paz, como a sua.

Também o senhor, seguindo o exemplo de Francisco, escolheu a vida de pobreza e simplicidade. A partir do momento em que o senhor foi escolhido como sucessor de São Pedro e como Pastor da Igreja Católica no mundo, não poupou nenhum esforço para consolidar tudo o que edifica o homem, espiritualmente, humanamente e socialmente.

 

No mundo ainda se sente o eco de seu convite para consagrar um ano à Misericórdia. A Misericórdia é a mensagem mais forte do Senhor dirigida ao homem. “Deixemo-nos renovar pela Misericórdia de Deus”.

A nossa Igreja Católica no Egito procurou viver o Ano da Misericórdia, na oração, na meditação e em colocar em prática o Evangelho.

Estávamos, nós, Sínodo da Igreja Copta Católica, no mês de fevereiro passado, em visita à Sua Santidade, Sucessor de Pedro, para proclamar a nossa comunhão com o senhor, e eis que hoje o senhor está aqui, no Egito, para confirmar o seu amor e a sua comunhão para com a nossa Igreja. Ela une na sua tradição o pensamento teológico do Oriente e do Ocidente e a abertura às diversas culturas, e aquilo que enriquece na sua vida espiritual, na sua fé e na sua liturgia, de forma que seja uma manifestação da Igreja Católica Apostólica Romana, a ajuda também na sua abertura à nossa sociedade egípcia e ao mundo, para que seja pioneira no pensamento e uma serva no campo da educação e da formação para o desenvolvimento do homem em todos os aspectos da sua vida.

Santidade, o senhor trabalhou tanto pela unidade da Igreja, seguindo os mandamentos do Mestre de que “todos sejam um”, realizando numerosos encontros com os líderes das Igrejas no mundo por uma maior aproximação e para superar todos os obstáculos à unidade. Não esquecemos o seu encontro com Sua Santidade Papa Tawadros II, no Vaticano, que teve um grande impacto sobre a relação entre as duas Igrejas.

Também dirigimos um grande agradecimento à Sua Excelência, o Senhor Presidente Abd Al-Fattah Al-Sisi, pela sua iniciativa em convidá-lo para vir ao Egito e por tudo aquilo que ofereceu para apoiar a realização desta visita e pelos eu sucesso.

Por fim, a Sua visita Santo Padre, mesmo sendo de breve duração, encheu os nossos corações com alegria e a nossa vida com a bênção. Nós, enquanto celebramos esta Eucaristia com Sua Santidade, experimentamos um grande sustento espiritual, que será para a nossa Igreja um suporte em seu caminho espiritual, apostólico e social.

Rezamos a Deus para que conceda ao senhor a saúde e a força para permanecer sempre apóstolo do amor e da paz. Pedimos isto por intercessão da Nossa Mãe Maria Virgem. Amém”

 

 

 

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Íntegra do discurso do Papa Francisco aos religiosos

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Cairo (RV) - Segue a íntegra do discurso do Papa Francisco aos religiosos, na tarde deste sábado (28/04), no Seminário Patriarcal, no Cairo.


DISCURSO DO SANTO PADRE
AO CLERO, RELIGIOSOS E SEMINARISTAS
(Cairo: Seminário Patriarcal, 29 de abril de 2017)


Beatitudes,
Queridos irmãos e irmãs,
Al Salamò Alaikum (a paz esteja convosco)!

«Este é o dia que o Senhor fez, alegremo-nos n’Ele! Cristo venceu a morte para sempre, alegremo-nos n’Ele!»

Sinto-me feliz por me encontrar entre vós neste lugar, onde se formam os sacerdotes e que representa o coração da Igreja Católica no Egito. Sinto-me feliz por saudar em vós – sacerdotes, consagrados e consagradas do pequeno rebanho católico no Egito – o «fermento» que Deus prepara para esta terra abençoada, para que, juntamente com os nossos irmãos ortodoxos, cresça nela o seu Reino (cf. Mt 13, 33).

Desejo, antes de mais nada, agradecer o vosso testemunho e todo o bem que fazeis cada dia, trabalhando no meio de muitos desafios e, frequentemente, poucas consolações. Desejo também encorajar-vos. Não tenhais medo do peso do dia-a-dia, do peso das circunstâncias difíceis que alguns de vós têm de atravessar. Nós veneramos a Santa Cruz, instrumento e sinal da nossa salvação. Quem escapa da cruz, escapa da Ressurreição. «Não temais, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino» (Lc 12, 32).

Trata-se, pois, de crer, testemunhar a verdade, semear e cultivar sem esperar pela colheita. Na realidade, nós recolhemos os frutos de muitos outros, consagrados e não consagrados, que generosamente trabalharam na vinha do Senhor: a vossa história está cheia deles!

No meio de muitos motivos de desânimo e por entre tantos profetas de destruição e condenação, no meio de numerosas vozes negativas e desesperadas, sede uma força positiva, sede luz e sal desta sociedade; sede a locomotiva que faz o comboio avançar para a meta; sede semeadores de esperança, construtores de pontes, obreiros de diálogo e de concórdia.

Isto é possível se a pessoa consagrada não ceder às tentações que todos os dias encontra no seu caminho. Gostaria de evidenciar algumas dentre as mais significativas.

1– A tentação de deixar-se arrastar e não guiar. O bom pastor tem o dever de guiar o rebanho (cf. Jo 10, 3-4), de o conduzir a pastagens verdejantes e até à nascente das águas (cf. Sal 23/22, 2). Não pode deixar-se arrastar pelo desânimo e o pessimismo: «Que posso fazer?» Aparece sempre cheio de iniciativas e de criatividade, como uma fonte que jorra mesmo quando vem a seca; sempre oferece a carícia da consolação, mesmo quando o seu coração está alquebrado; é um pai quando os filhos o tratam com gratidão, mas sobretudo quando não lhe são agradecidos (cf. Lc 15, 11-32). A nossa fidelidade ao Senhor nunca deve depender da gratidão humana: «teu Pai, que vê o oculto, há de recompensar-te» (Mt 6, 4.6.18).

2– A tentação de lamentar-se continuamente. Sempre é fácil acusar os outros: as faltas dos superiores, as condições eclesiais ou sociais, as escassas possibilidades… Mas a pessoa consagrada é alguém que, pela unção do Espírito, transforma cada obstáculo em oportunidade, e não cada dificuldade em desculpa! Na realidade, quem se lamenta sempre é uma pessoa que não quer trabalhar. Por isso o Senhor, dirigindo-Se aos pastores, disse: «Levantai as vossas mãos fatigadas e os vossos joelhos enfraquecidos» (Heb 12, 12; cf. Is 35, 3).

3– A tentação da crítica e da inveja. O perigo é sério, quando a pessoa consagrada, em vez de ajudar os pequenos a crescer e a alegrar-se com os sucessos dos irmãos e irmãs, se deixa dominar pela inveja tornando-se numa pessoa que fere os outros com a crítica. Quando, em vez de se esforçar por crescer, começa a destruir aqueles que estão crescendo; em vez de seguir os bons exemplos, julga-os e diminui o seu valor. A inveja é um câncer que arruína qualquer corpo em pouco tempo: «Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode perdurar; e se uma família se dividir contra si mesma, essa família não pode subsistir» (Mc 3, 24-25). Com efeito, «por inveja do diabo é que a morte entrou no mundo» (Sab 2, 24). E a crítica é o seu instrumento e a sua arma.

4– A tentação de se comparar com os outros. A riqueza reside na diferença e na unicidade de cada um de nós. Comparar-nos com aqueles que estão melhor, leva-nos frequentemente a cair no rancor; comparar-nos com aqueles que estão pior, leva-nos muitas vezes a cair na soberba e na preguiça. Quem tende sempre a comparar-se com os outros, acaba por se paralisar. Aprendamos de São Pedro e São Paulo a viver a diferença dos caráteres, dos carismas e das opiniões na escuta e docilidade ao Espírito Santo.

5– A tentação do «faraonismo», isto é, de endurecer o coração e fechá-lo ao Senhor e aos irmãos. É a tentação de se sentir acima dos outros e, consequentemente, de os submeter a si por vanglória; de ter a presunção de ser servido em vez de servir. É uma tentação comum, desde o início, entre os discípulos, os quais – diz o Evangelho –, «no caminho, tinham discutido uns com os outros, sobre qual deles era o maior» (Mc 9, 34). O antídoto para este veneno é o seguinte: «Se alguém quiser ser o primeiro, há de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35)

6– A tentação do individualismo. Como diz o conhecido provérbio egípcio: «Eu e, depois de mim, o dilúvio». É a tentação dos egoístas que, ao caminhar, perdem a noção do objetivo e, em vez de pensar nos outros, pensam em si mesmos, sem sentir qualquer vergonha; antes, justificando-se. A Igreja é a comunidade dos fiéis, o corpo de Cristo, onde a salvação de um membro está ligada à santidade de todos (cf. 1 Cor 12, 12-27; Lumen gentium, 7). Ao contrário, o individualista é motivo de escândalo e conflitualidade.

7– A tentação de caminhar sem bússola nem objetivo. A pessoa consagrada perde a sua identidade e começa a «não ser carne nem peixe». Vive com o coração dividido entre Deus e a mundanidade. Esquece o seu primeiro amor (Ap 2, 4). Na realidade, sem uma identidade clara e sólida, a pessoa consagrada caminha sem direção e, em vez de guiar os outros, dispersa-os. A vossa identidade como filhos da Igreja é ser coptas – isto é, radicados nas vossas raízes nobres e antigas – e ser católicos – isto é, parte da Igreja una e universal: como uma árvore que quanto mais enraizada está na terra tanto mais alta se eleva no céu.

Queridos consagrados, não é fácil resistir a estas tentações, mas é possível se estivermos enxertados em Jesus: «Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós. 

Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em Mim» (Jo 15, 4). Quanto mais enraizados estivermos em Cristo, tanto mais vivos e fecundos seremos. Só assim pode a pessoa consagrada conservar a capacidade de maravilhar-se, a paixão do primeiro encontro, o fascínio e a gratidão na sua vida com Deus e na sua missão. Da qualidade da nossa vida espiritual depende a da nossa consagração.

O Egito contribuiu para enriquecer a Igreja com o tesouro inestimável da vida monástica. Exorto-vos, pois, a beber do exemplo de São Paulo o Eremita, de Santo Antão, dos Santos Padres do deserto, dos numerosos monges que abriram, com a sua vida e o seu exemplo, as portas do céu a muitos irmãos e irmãs; e assim também vós podereis ser luz e sal, isto é, motivo de salvação para vós próprios e para todos os outros, crentes e não-crentes, e de modo especial para os últimos, os necessitados, os abandonados e os descartados.

A Sagrada Família vos proteja e abençoe a todos vós, ao vosso país com todos os seus habitantes. Do fundo do meu coração, desejo tudo de melhor a cada um de vós e, por vosso intermédio, saúdo os fiéis que Deus confiou aos vossos cuidados. O Senhor vos conceda os frutos do seu Santo Espírito: «amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio» (Gal 5, 22).

Sempre vos terei presente no meu coração e na minha oração. Coragem e avante, com o Espírito Santo! «Este é o dia que o Senhor fez, alegremo-nos n’Ele!» E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim.

 

 

 

 

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Igreja no Brasil



Aparecida: hoje o Retiro dos bispos

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Aparecida (RV) – Neste quarto dia de trabalhos da 55ª Assembleia Geral da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, as atividades tiveram início com a Santa Missa no Santuário Nacional presidida pelo Arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo. 

Na parte da tarde deste sábado tem início o Retiro dos bispos que se conclui neste domingo com a celebração Eucarística. O pregador do Retiro será o Abade trapista Dom Bernardo Bonowitz. As atividades serão retomadas na segunda-feira. Recordamos que a Assembleia Geral termina na sexta-feira próxima, dia 5 de maio.

Nas várias entrevistas coletivas da semana, vários bispos se encontraram com a imprensa presente em Aparecida para esclarecer temas que estão sendo discutidos no plenário. O tema central é a iniciação da vida cristã.

Em uma das conversas com os jornalistas o Bispo auxiliar de Porto Alegre (RS), Dom Leomar Brustolin destacou a preocupação do episcopado com o tema da iniciação da vida cristã. Ele abordou algumas preocupações, por exemplo, como a questão da transmissão da fé às novas gerações e a grande preocupação da Igreja em formar não só adeptos, mas discípulos. “É preciso avaliar e dizer quais caminhos retomar”, disse.

Por isso, a missão dos bispos é traduzir toda a linguagem que for técnica de forma acessível e concreta para a pastoral, por isso o texto tem sido encarado por uma comissão, que constatou que muitas paróquias do Brasil já conhecem a iniciação da vida cristã, mas também o fato de que muitas ainda não chegaram neste ponto, e por isso, o texto visa uma retomada dessa caminhada. “Percebeu-se que o texto deveria ser conciso e que fosse dirigido a um público que seria os catequistas em primeiro lugar, com linguagem acessível, direta e com mudança de prática. Uma renovação paroquial, não é uma reforma de catequese, mas uma conversão pastoral de toda comunidade para acolher, inserir, e comprometer os novos cristãos”.

Já o Bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ), Dom Joel Portela Amado ao falar dos 10 anos da Conferência de Aparecida, Dom Joel disse que não é simplesmente momento de fazer memória, mas refletir o quanto é importante. Para ele é importante saber que o Documento de Aparecida é uma mudança não no sentido de como a Igreja se anuncia, mas como exerce sua missão.

Ele também refletiu sobre a questão da transmissão da fé, que assim como tem sido refletida nesta assembleia, também já se apresentava no Documento de Aparecida, o que mostra uma igreja preocupada em cumprir a missão. “Aparecida também assume publicamente que não é mais tão tranquila a transmissão da fé naqueles que foram durante séculos os mecanismos tradicionais de transmissão e propõe recomeçar a partir de Jesus Cristo”, aponta.

Um aspecto relevante é o fato de não pressupor que Jesus seja conhecido pelas pessoas, mas apresentar a pessoa de Jesus e ajudar a tirar consequências disso. Aparecida mostra que esses 10 anos precisam de mais tempo, porque tudo se transforma com rapidez absurda, no mundo econômico, social, político e cultural. O que servia pra fazer a ponte entre fé e vida foi se mostrando frágil”, disse.

O Bispo auxiliar do Rio de Janeiro também lembrou que o Cardeal Bergoglio foi o presidente da comissão de redação do documento. “Ali tem o suor, o emprenho e o esforço daquele homem”, relembrou.

Sobre os trabalhos desta semana da Assembleia nós conversamos com o Bispo de Itaguai, RJ, Dom José Ubiratan Lopes.

De Aparecida, SP, para a Rádio Vaticano, Silvonei  José.

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