Noticiário da Rádio Vaticano Noticiário da Rádio Vaticano
RedaÇão +390669883895 e-mail: brasil@vatiradio.va

Sumario del 01/05/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: respeito pelos trabalhadores deve marcar processo produtivo

◊  

Cidade do Vaticano (RV) -  “Que São José dê aos jovens a capacidade de sonhar, de se arriscar por grandes coisas, as coisas que Deus sonha para nós”. Com este tweet, o Papa Francisco dirige-se neste Dia de São José Operário e Dia do Trabalhador aos jovens do mundo inteiro, justamente eles que seguidamente sofrem com o desemprego. 

Um convite, portanto, a não se desencorajarem diante das dificuldades, mas em renovarem a confiança e unirem-se em iniciativas e projetos criativos, como um novo estilo, o da fraternidade.

A crise no trabalho afeta todo o mundo. O Papa Francisco propõe portanto, uma receita antiga, mas sempre nova, a fraternidade. O faz em uma mensagem dirigida à Pontifícia Academia das Ciências Sociais, que até a terça-feira, 2 de maio, realiza no Vaticano sua Assembleia Plenária. O organismo da Santa Sé é presidido por Margaret Archer.

O Santo Padre defendeu a necessidade de uma reflexão global sobre o “trabalho justo” e o respeito pela dignidade humana, a começar no “processo produtivo”.

“O trabalho justo é aquele que não só assegura uma remuneração com equidade mas também o que corresponde à vocação da pessoa e, por isso, é capaz de desenvolver as suas capacidades”, refere o Pontífice na mensagem.

O Papa observa que o trabalho transforma a pessoa e, por isso, tem uma dimensão moral.

“O trabalho não é um mero fator da produção que, como tal, deva adequar-se às exigências do processo produtivo, para lhe aumentar a eficiência. Pelo contrário, é o processo produtivo que tem de ser organizado de forma a permitir o crescimento humano das pessoas, a harmonia dos tempos de vida familiar e laboral”, escreve.

Francisco propõe o alargamento da noção de “justiça” para além do “momento distributivo da riqueza”, para que esta possa chegar ao momento da “produção”.

“É preciso também perguntar se o processo produtivo se desenvolve ou não no respeito pela dignidade do trabalho humano, se respeita os direitos humanos fundamentais, se é compatível com a norma moral”, acrescenta.

O Papa recorda a Doutrina Social da Igreja e o ensinamento dos seus predecessores para apresentar a fraternidade como “princípio regulador da ordem econômica”.

“É preciso remediar o erro da cultura contemporânea, que fez crer que uma sociedade democrática pode progredir mantendo separados o código da eficiência e o código da solidariedade”,  sublinha.

Francisco refere que é necessário procurar um “caminho de saída da sufocante alternativa” entre teses do neoliberalismo e do neoestatismo.

“É urgente intervir sobre as causas do mau funcionamento, sobretudo no campo financeiro, em vez de limitar-se a corrigir os seus efeitos.”

O Papa diz que as guerras, as mudanças climáticas e as desigualdades são as causas da “maior migração forçada” da história da humanidade, que atinge hoje “mais de 65 milhões de pessoas”.


(MJ/Agência Ecclesia)

inizio pagina

Confira a entrevista integral do Papa aos jornalistas ao retornar do Egito

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - Ao retornar a Roma vindo do Egito, o Papa Francisco encontrou os jornalistas presentes no voo A331 da Alitália, a quem respondeu às perguntas, tendo como moderador o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke. Eis a íntegra de sua entrevista:

Greg Burke:

Obrigado, Santo Padre. Há alguns jornalistas que fazem a viagem pela primeira vez e outros que já fizeram quase uma centena de viagens, mais de uma centena! Não sei se o Santo Padre sabe quantas viagens internacionais fez...

Papa Francisco:

Dezoito.

Greg Burke:

Dezoito. E a décima nona está à porta, pelo que também o Santo Padre já tem um bom número de viagens papais. Obrigado por este momento, que é sempre um momento importante para nós.

Começamos pelo grupo italiano: Paolo Rodari. Mas não sei se o Santo Padre quer dizer alguma coisa antes.

Papa Francisco:

Sim. Boa tarde! Agradeço o vosso trabalho, porque foram 27 horas – creio eu – de muito trabalho. Muito obrigado pelo que fizestes. Obrigado. E estou à vossa disposição.

Greg Burke:

Obrigado, Santo Padre.

Paolo Rodari, de «República»:

Santo Padre, obrigado. Queria fazer-lhe uma pergunta a propósito do seu encontro de ontem com o Presidente Al Sisi: De que falaram? Acenou-se ao tema dos direitos humanos e, concretamente, houve oportunidade de falar do caso de Giulio Regeni? Na sua opinião, chegar-se-á à verdade sobre isso?

Papa Francisco:

A propósito disto, darei uma resposta geral para, depois, chegar ao caso particular. Geralmente, quando estou com um Chefe de Estado, em diálogo privado, este permanece privado. A não ser que, de comum acordo, se diga: «Tudo o que dissermos sobre este ponto, torná-lo-emos público». Nesta viagem, tive quatro diálogos privados: com o Grande Imã de Al-Azhar, com o Presidente Al Sisi, com o Patriarca Tawadros e com o Patriarca Ibrahim; e acho que, se o diálogo é privado, por respeito se deve manter a confidencialidade. É reservado. Depois, há a pergunta sobre Regeni. Estou preocupado. Por parte da Santa Sé, eu intervim sobre este assunto, porque os próprios pais mo pediram; a Santa Sé interveio. Não direi como nem onde, mas interviemos.

Greg Burke:

Darío Torres Menor, «El Correo» espanhol:

Darío Torres Menor, "El Correo":

Obrigado, Santidade. O Santo Padre disse ontem que a paz, a prosperidade e o desenvolvimento merecem todo o sacrifício e, depois, sublinhou a importância do respeito pelos direitos inalienáveis do homem. Significa isto um apoio ao governo egípcio, um reconhecimento pelo seu papel no Médio Oriente, pelo modo como tenta defender os cristãos, apesar de serem insuficientes as garantias democráticas?

Papa Francisco:

Não. Devem-se interpretar literalmente como valores em si mesmos. Eu disse isto: defender a paz, defender a harmonia dos povos, defender a igualdade dos cidadãos, seja qual for a religião que professem, são valores. Falei dos valores. Se um governante defende este valor ou aquele, é outro problema. Fiz dezoito visitas a vários países. Às vezes ouvi dizer: «O Papa, indo lá, dá apoio àquele governo». Porque um governo tem sempre as suas fraquezas ou os seus adversários, cada qual diz a sua... Não me intrometo. Falo dos valores e cada um veja e julgue se este governo ou este Estado, este ou aquele, promove tais valores.

Darío Menor Torres:

Ficou com o desejo de visitar as Pirâmides?

Papa Francisco:

Mas queres saber que hoje, às seis horas da manhã, os meus dois assistentes foram visitar as Pirâmides?

Darío Torres Menor:

Ai sim? Gostaria de ter ido com eles?

Papa Francisco:

Sim, verdadeiramente sim...

Darío Torres Menor:

Muito obrigado.

Greg Burke:

Procuremos cingir-nos aos temas da viagem... Virginie Riva, do grupo francês, «Radio Europe 1»:

Virginie Riva, «Radio Europe 1»:

Santo Padre, uma pergunta que parte da viagem, mas – se o Santo Padre aceitar – para envolver a França. Na Universidade de Al-Azhar, falou dos populismos demagógicos. Os católicos franceses, neste período, sentem-se tentados pelo voto populista ou nos extremos: estão divididos e desorientados. Que elementos de discernimento poderia dar a estes eleitores católicos?

Papa Francisco:

Bem, há uma dimensão de «populismo» entre aspas, porque esta palavra, como sabeis, tive de a reaprender na Europa, pois na América Latina tem outro significado. Há o problema da Europa e há o problema da União Europeia. O que disse sobre a Europa, não o repetirei aqui. Já falei quatro vezes: duas em Estrasburgo, uma no Prémio Carlos Magno e outra no início da comemoração do sexagésimo aniversário [dos Tratados de Roma]. Lá está tudo aquilo que disse sobre a Europa. Cada país é livre de fazer as escolhas, sobre isso, que julgue convenientes; não posso julgar se faz esta escolha por este motivo ou por outro, porque não conheço a política interna. É verdade que a Europa está em perigo de desintegrar-se; isto é verdade. Disse-o suavemente em Estrasburgo, disse-o mais forte no Prémio Carlos Magno e, ultimamente, sem nuances. Sobre isto, devemos apenas meditar: a Europa vai do Atlântico aos Urais... Há um problema que assusta a Europa e, talvez, alimente os populismos: o problema das migrações. Isto é verdade. Mas não esqueçamos que a Europa foi feita por migrantes: séculos e séculos de migrantes... somos nós! Mas é um problema que se deve estudar bem, e é preciso também respeitar as opiniões; as opiniões honestas dum debate Político com maiúscula, em grande: uma Política grande, não com a pequena política do país que no fim acaba por cair. Quanto à França, eu – digo a verdade – não estou a par da política interna francesa. Procurei ter boas relações, mesmo com o Presidente atual, com quem houve uma vez um conflito, mas depois pude falar claramente sobre o assunto, respeitando a sua opinião... Dos dois candidatos políticos [Le Pen e Macron], não conheço a história, não sei donde vêm... Sei, sim, que um é representante da direita forte, mas o outro verdadeiramente não sei donde vem. Por isso, não posso formular uma opinião clara sobre a França. Falando dos católicos, aqui no Egito, num dos encontros, ao saudar as pessoas, disse-me alguém: «Porque não pensa na política em grande?» - «Que quer dizer?». Respondeu-me, como que pedindo ajuda: «Fazer um partido para os católicos». Este senhor é bom, mas vive no século passado! Relativamente aos populismos, há uma relação com os migrantes, mas isto não faz parte da viagem. Se houver tempo, posso voltar ao tema. Se houver tempo, voltarei.

Vera Shcherbakova, Itar-Tass:

Santo Padre, antes de mais nada agradeço-lhe a bênção que me deu: o Santo Padre abençoou-me, quando, há poucos minutos, me ajoelhei aqui na frente. Sou ortodoxa, e não vejo nisso qualquer contradição... Queria perguntar: Quais são as perspetivas [de desenvolvimento] nas relações com os ortodoxos – claro – russos? Mesmo ontem se referia, na Declaração Comum com o Patriarca Copta Ortodoxo, a data da Páscoa em comum e falava-se também do reconhecimento do Batismo... Com os ortodoxos russos, a que ponto se está? E outra coisa: Como avalia, Santo Padre, as relações entre o Vaticano e a Rússia enquanto Estado, inclusive à luz da defesa dos valores dos cristãos do Médio Oriente, sobretudo na Síria?

Greg Burke:

Esta é Vera Shcherbakova, da agência russa Itar-Tass.

Papa Francisco:

Christòs anèsti [Cristo ressuscitou]! Sempre mantive uma grande amizade com os ortodoxos, já desde Buenos Aires. Por exemplo, anualmente no dia 6 de janeiro, ia às Vésperas na vossa catedral, presidia o Patriarca Platon (agora está na área da Ucrânia, é arcebispo): 2 horas e 40 minutos de oração numa língua que eu não compreendia, mas podia-se rezar bem! E depois a ceia com a comunidade, trezentas pessoas, a ceia da vigília de Natal – não a ceia de Natal, mas a da vigília – em que ainda não se podia comer laticínios nem carne, mas era uma ceia boa... E depois o sorteio, a lotaria... amizade. O mesmo com os outros ortodoxos. Às vezes, precisavam de ajuda legal: vinham à Cúria Católica, porque são comunidades pequenas e iam aos advogados... Tive sempre uma relação fraterna: somos Igrejas irmãs. Com Tawadros, tenho uma amizade especial: para mim, é um grande homem de Deus. Tawadros é um Patriarca, um Papa que fará avançar a Igreja, fará avançar o nome de Jesus... Possui um grande zelo apostólico. Ele é um dos mais – deixai-me usar a palavra, mas entre aspas – «fanáticos» [propugnadores] de se encontrar a data fixa da Páscoa. Eu também, mas… procuremos o modo. Ele diz: «Lutemos, lutemos!» É um homem de Deus. É um homem que, quando era bispo longe do Egito, ia dar de comer às pessoas com deficiência; é um homem que foi enviado numa diocese com cinco igrejas e, com o seu zelo apostólico, deixou vinte e cinco, não sei quantas famílias cristãs. Sabes como se faz entre eles a eleição? Procuram-se, escolhem-se três; depois colocam-se os seus nomes numa saca, chama-se uma criança, vendam-se-lhe os olhos e a criança escolhe o nome... E ali está o Senhor! Ele é claramente um grande Patriarca. Na unidade do Batismo, vai-se avançando. A culpa a propósito do batismo deve-se a um facto histórico, porque, na época dos primeiros Concílios, estávamos em comum. Depois, como os cristãos coptas batizavam as crianças nos santuários, quando queriam casar-se com uma católica vinham ter connosco; pedia-se-lhes a prova [do Batismo] e não a tinham… então fazia-se o Batismo sob condição. Assim quem começou fomos nós, não eles. Mas agora abriu-se a porta e estamos na boa estrada para [resolver] este problema, para o podermos superar. Na Declaração Comum, fala-se disto no penúltimo parágrafo.

Os ortodoxos russos reconhecem o nosso batismo, e nós reconhecemos o deles. Dava-me muito bem com o bispo em Buenos Aires, com os russos. E também, por exemplo, com os georgianos. O Patriarca dos georgianos, Elias II, é um homem de Deus, é um místico! E nós, católicos, devemos aprender também desta tradição mística das Igrejas Ortodoxas. Nesta viagem, fizemos o encontro ecuménico: estava presente também o Patriarca Bartolomeu, estava o Patriarca greco-ortodoxo, e participavam outros cristãos: os anglicanos, inclusive o Secretário do Conselho Ecuménico das Igrejas de Genebra... No ecumenismo, tudo se faz em caminho. O ecumenismo é feito em caminho, com as obras de caridade, com as iniciativas de entreajuda… fazer as coisas juntos, quando se podem fazer juntos. Não existe um ecumenismo estático. É verdade que os teólogos devem estudar e porem-se de acordo, mas isto não poderá ser bem-sucedido, se não se caminha. «Que podemos fazer agora?» Façamos aquilo que podemos fazer: orar juntos, trabalhar juntos, praticar juntos as obras de caridade... Mas juntos! E isto é avançar. As relações com o Patriarca Kirill são boas. O Arcebispo Metropolita Hilarion veio também várias vezes falar comigo, e temos um bom relacionamento.

Vera Shcherbakova:

E quanto ao Estado russo? Os cristãos, os valores comuns?

Papa Francisco:

Sim, eu sei que o Estado russo fala disto, da defesa dos cristãos do Médio Oriente. Sei disto e creio que é uma coisa boa falar, lutar contra a perseguição. Hoje há mais mártires do que nos primeiros séculos, sobretudo no Médio Oriente.

Greg Burke:

Phil Pullella.

Phil Pullella, agência Reuters:

O Santo Padre falou ontem, no primeiro discurso, do perigo de ações unilaterais e que todos devem ser construtores de paz. No primeiro discurso de ontem, falou muito da «terceira guerra mundial aos pedaços». Mas parece que hoje este medo e esta ansiedade estejam concentradas em torno da Coreia do Norte, naquilo que lá está a acontecer.

Papa Francisco:

Sim, é o ponto de concentração.

Phil Pullella:

Precisamente: é o ponto de concentração. O Presidente Trump posicionou um esquadrão de navios militares ao largo da costa da Coreia do Norte; o líder da Coreia do Norte ameaçou bombardear a Coreia do Sul, o Japão e até os Estados Unidos, caso eles consigam construir mísseis de longo alcance; as pessoas têm medo, ao verem falar da possibilidade duma guerra nuclear, como se nada fosse. Santidade, se vir o Presidente Trump, mas também outras pessoas, que gostava de dizer a estes líderes que têm a responsabilidade pelo futuro da humanidade? É que estamos num momento bastante crítico…

Papa Francisco:

Convido-os – e continuarei a fazê-lo, como aliás tenho convidado os líderes de diferentes lugares – a trabalhar para resolver os problemas pelo caminho da diplomacia. E temos os facilitadores – muitos no mundo -, temos mediadores que se oferecem: há países, como a Noruega, por exemplo. Ninguém pode acusar a Noruega de ser um país ditatorial. Está sempre pronta a ajudar... Isto, para citar um exemplo, mas há muitos... Entretanto o caminho é o das negociações: o caminho da solução diplomática. Esta «guerra mundial aos pedaços», de que tenho falado desde há dois anos mais ou menos, é «aos pedaços», mas os pedaços têm-se ora alargado, ora concentrado. Concentraram-se em pontos que já eram «quentes»; com efeito, há um ano que se vem desenrolando este caso dos mísseis da Coreia, mas agora parece que o problema se esteja a exacerbar demais. Convido sempre a resolver os problemas pelo caminho diplomático, através de negociações... Porque está em jogo o futuro da humanidade. Hoje uma guerra alargada destruirá, não digo metade, mas certamente uma boa parte da humanidade e da cultura... tudo, tudo. Seria terrível. Creio que hoje a humanidade não seria capaz de suportar. Mas debrucemo-nos sobre os países que padecem uma guerra interna, no seu seio, onde há focos de guerra: o Médio Oriente, por exemplo; mas também, na África, o Iémen... Paremos [com a guerra]! Procuremos uma solução diplomática. E creio que as Nações Unidas tenham o dever de reafirmar um pouco mais a sua liderança nisto, porque está diluída, aguada: um pouco aguada.

Phil Pullella:

O Santo Padre quer encontrar o presidente Trump quando vier à Europa? Houve algum pedido em ordem a este encontro?

Papa Francisco:

Ainda não fui informado pela Secretaria de Estado que tenha havido um pedido; mas eu recebo todo o Chefe de Estado que peça audiência.

Greg Burke:

Penso que acabaram as perguntas sobre a viagem. Será possível aceitar ainda uma? Depois temos de jantar, às seis e meia... Temos Antonio Pelayo, de Antena 3, que o Santo Padre conhece…

Antonio Pelayo:

Santo Padre, ultimamente a situação na Venezuela tem degenerado gravemente, havendo já muitas mortes. Queria perguntar-lhe se a Santa Sé e o Santo Padre, pessoalmente, pensam relançar uma ação, uma intervenção pacificadora? E que formas poderia assumir esta ação.

Papa Francisco:

Houve uma intervenção da Santa Sé a pedido insistente dos quatro Presidentes que estavam a trabalhar como facilitadores, e... não resultou. Ficou-se por aí. Não resultou, porque as propostas não eram aceites: ou se esbatiam ou havia um «sim, sim» que depois era um «não, não»... Todos conhecemos a situação difícil da Venezuela, um país que muito amo. E sei que agora estão a insistir – não sei bem donde [vem], mas creio que dos quatro Presidentes – para se relançar esta facilitação; andam à procura dum lugar bom. Eu creio que tem de partir já com condições; condições muito claras. Parte da oposição não quer isto: é curioso, que a própria oposição está dividida. E, por outro lado, parece que os conflitos se intensificam cada vez mais. Mas algo se move; fui informado que algo está em movimento, mas ainda muito no ar. Entretanto tudo o que se possa fazer pela Venezuela, há que fazê-lo. Com as garantias necessárias. Senão estamos a jogar ao tintin piruleiro, e não resulta. Obrigado.

Greg Burke:

Obrigado, Santo Padre. E agora temos que ir...

Papa Francisco:

Mais uma.

Greg Burke:

Mais uma. Temos um alemão... Jörg Bremer, de Frankfurter Allgemeine:

Jörg Bremer, de Frankfurter Allgemeine:

Há poucos dias, o Santo Padre falou do tema dos refugiados na Grécia, em Lesbos, e usou a expressão «campo de concentração», porque superlotado de pessoas. Claro, para nós, alemães, trata-se duma designação muito, mas muito séria e muito próxima à de «campo de extermínio». Há quem diga que se tratou de um seu lapsus linguae… que pretendia dizer?

Papa Francisco:

Primeiro, deveis ler bem tudo o que eu disse. Disse que os mais generosos da Europa eram a Itália e a Grécia: e têm sido... É verdade que são os mais próximos da Líbia e da Síria. Quanto à Alemanha, sempre admirei a capacidade de integração. Quando eu lá estudava, havia muitos turcos, integrados, em Francoforte. Muitos... integrados, e faziam uma vida normal. Não foi um lapsus linguae: há campos de refugiados que são verdadeiros campos de concentração. Talvez haja algum na Itália, há-os noutros lados... Na Alemanha não, de certeza. Tu pensa: Que fazem as pessoas que estão fechadas num campo e não podem sair? Pensa naquilo que aconteceu no Norte da Europa, quando queriam atravessar o mar para ir para a Inglaterra: fecharam-nos dentro! Deu-me vontade de rir – mas a cultura italiana é um pouco assim – deu-me vontade de rir ao ouvir o que sucedeu num campo de refugiados na Sicília (contou-mo o delegado da Ação Católica da diocese de Agrigento; naquela área, existem dois ou três de tais campos). Não sei em qual diocese, mas as autoridades daquela terra, onde está o campo, falaram às pessoas do campo de refugiados dizendo-lhes: «A vós, o facto de permanecerdes aqui dentro prejudicar-vos-á a saúde mental; deveis sair. Mas, por favor, não façais asneiras. Não vos podemos abrir a porta, mas fazemos um buraco, nas traseiras. E vós saí, fazei um belo passeio...» E, deste modo, se criaram relações com os habitantes daquela aldeia, relações boas... Estes não praticam delinquência, não praticam criminalidade. Mas o simples facto de estarem fechados, sem fazer nada, isto é um lagher, não? Mas não tem nada a ver com a Alemanha; isso não. Obrigado!

Greg Burke:

Obrigado ao Santo Padre...

Papa Francisco:

Obrigado a todos vós pelo trabalho que fazeis e que ajuda tantas pessoas. Não imaginais o bem que podeis fazer com as vossas crónicas, os vossos artigos, as vossas ideias... Devemos ajudar as pessoas e ajudar também a comunicação, para que a comunicação e a própria imprensa nos levem para coisas boas e não para despistes que não nos ajudam. Muito obrigado! E bom jantar. E rezai por mim!

 

inizio pagina

Eleito Tenente de Grão Mestre da Soberana Ordem Militar de Malta

◊  

Roma (RV) -  Fra’ Giacomo Dalla Torre, do Templo de Sanguinetto foi eleito Tenente de Grão Mestre da Soberana Ordem Militar de Malta.

O Conselho Completo de Estado - órgão responsável pela eleição do Grão-Mestre, teve lugar no último sábado,  29 de abril, na Vila Magistral - sede extraterritorial da Ordem - em Roma.

O novo eleito prestou juramento no dia seguinte diante do Delegado Especial de Sua Santidade, o Arcebispo Giovanni Angelo Becciu. Após o juramento, o Grão Comendador, Fra’ Ludwig Hoffmann von Rumerstein, impôs a insígnia de Grão Mestre ao Tenente e sucessivamente o Grão Chanceler Albrecht Boeselager declarou concluído o Conselho Completo de Estado. Seguiu-se a celebração da Santa Missa na Igreja da Ordem Santa Maria no Aventino, presidida por Dom Becciu. Na conclusão, a bandeira de Grão Mestre foi içada na Vila Magistral.

Fra’ Giacomo Dalla Torre sucede a Fra’ Matthew Festing, o 79º Grão Mestre, que apresentou a sua renúncia em 28 de janeiro de 2017. O Papa Francisco foi informado da eleição por meio de uma carta. Sucessivamente foram informados todos os Grão Priorados, os Sub Priorados e as Associações Nacionais da Ordem no mundo, junto aos 106 Estados com os quais a Soberana Ordem de Malta mantém relações diplomáticas.

Interino, por um ano

O Tenente do Grão Mestre permanece no cargo por um ano, ao final do qual será convocado novamente um novo Conselho Completo de Estado.

Ao ser eleito, Fra’ Giacomo expressou a vontade de trabalhar junto ao Soberano Conselho da Ordem, para promover as atividades diplomáticas, sociais e humanitárias e para fortificar a vida espiritual e o compromisso dos seus 13.500 membros e de seus mais de 100 mil voluntários e funcionários.

Perfil

Fra’ Giacomo Dalla Torre nasceu em Roma em 1944. Formado em Letras e Filosofia pela Universidade de Roma, com especialização em Arqueologia Cristã e História da Arte, desempenhou cargos acadêmicos na Pontifícia Universidade Urbaniana, ensinando grego clássico.

Ademais, foi responsável pela Biblioteca e Arquivista para importantes coleções da Universidade. Publicou ensaios e artigos sobre história da arte medieval.

Passou a fazer parte da Soberana Ordem de Malta em 1985, pronunciando os votos solenes em 1993. De 1994 a 1999 foi Grão Prior da Lombardia e Veneza e de 1999 a 2004, membro do Soberano Conselho.

O Capítulo Geral de 2004 o elegeu Grão Comendador da Ordem e na morte do 78º Grão Mestre Fra’ Andrew Bertier, foi o Tenente interino. Desde 2008 Fra’ Giacomo Dalla Torre desempenha o cargo de Grão Prior de Roma

Agenda

O primeiro compromisso oficial do Tenente de Grão Mestre será a 59ª Peregrinação internacional da Ordem de Malta a Lourdes, de 5 a 9 de maio. Anualmente, mais de 7 mil membros e voluntários provenientes de todo o mundo participam da peregrinação, assistindo cerca de 1.500 peregrinos doentes e com necessidades especiais.

A peregrinação a Lourdes representa um dos momentos mais significativos da vida espiritual dos membros e dos voluntários da Ordem

Reforma constitucional

Uma das tarefas mais importantes de Fra’ Giacomo Dalla Torre durante o ano de seu mandato – refere um comunicado da Ordem – será o de trabalhar no processo de reforma da Constituição e do Código da Ordem de Malta. A Carta Constitucional foi promulgada em junho de 1961 e reformada em 1997.

Em particular, a reforma constitucional tratará de eventuais carências institucionais. A recente crise – sublinha a nota – revelou algumas falhas no sistema de controle e no equilíbrio da governança. A reforma levará isto em consideração e se concentrará na exigência da Ordem de fortalecer a sua vida espiritual e de aumentar o número de seus membros professos. Já foram iniciadas consultas e todos os membros da Ordem foram convidados a propor sugestões.

O tenente de Grão Mestre

Segundo a Constituição da Ordem, o Tenente de Grão Mestre permanece no cargo por um ano, com os mesmos poderes de um Grão Mestre.

O Tenente do Grão Mestre deve convocar novamente o Conselho Completo de Estado antes da conclusão de seu mandato. O Tenente de Grão Mestre, como Soberano e Superior religioso, deve dedicar-se inteiramente ao incremento das obras da Ordem e servir de exemplo para todos os membros na observância religiosa.

Ele tem a suprema autoridade. Junto ao Soberano Conselho, emana os procedimentos legislativos não previstos pela Carta Constitucional. Promulga atos de governo e ratifica os acordos internacionais. O Tenente de Grão Mestre reside na sede da Ordem de Malta, o Palácio Magistral, em Roma.

O Conselho Completo de Estado

Este Conselho é composto pelos representantes máximos da Ordem ao nível do Soberano Conselho em funções, dos Grão-Priorados, Associações Nacionais e Cavaleiros eleitos pelos seus pares, num total de 56 eleitores.

À semelhança do Estado do Vaticano, a Ordem Soberana e Militar de Malta é uma Monarquia Eletiva, pelo que o Grão-Mestre é eleito, para vida, pelo Conselho Completo de Estado, entre os Cavaleiros Professos com pelo menos dez anos em votos perpétuos, se forem menores de cinquenta anos de idade. No caso dos Cavaleiros Professos que são mais velhos, mas que têm sido membros da Ordem durante pelo menos dez anos, três anos em votos perpétuos são suficientes.

Desta vez, havia 12 candidatos elegíveis. Os Cavaleiros Professos que participam no Conselho Completo de Estado têm o direito de propor três candidatos no primeiro dia do Conselho, o chamado "terna". Na sequência desta decisão, inicia-se o processo eleitoral. Para eleger um Grão-Mestre, é necessária uma maioria mais um voto dos presentes com direito a voto. Se não se conseguir a eleição nesta primeira volta, os membros passam a ter liberdade de escolha relativamente aos 12 candidatos elegíveis nas votações seguintes.

A Ordem

A Ordem de Malta ou Cavaleiros Hospitalários (oficialmente Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta) é uma organização internacional católica que começou como uma ordem beneditina fundada no século XI na Palestina, durante as Cruzadas, mas que rapidamente se tornaria numa ordem militar cristã, numa congregação de regra própria, encarregada de assistir e proteger os peregrinos àquela terra e de exercer a Caridade.

Tinha como padroeiro São João Esmoler (550-619), patriarca de Alexandria.

Face às derrotas e consequente perda pelos cruzados dos territórios na Palestina, a Ordem passou a operar a partir da Ilha de Rodes, onde era soberana, e mais tarde desde Malta, como Estado vassalo do Reino da Sicília.

Atualmente, a Ordem de Malta é uma organização humanitária soberana internacional, reconhecida como entidade de direito internacional. A ordem dirige hospitais e centros de reabilitação. Possui 12.500 membros, 80.000 voluntários permanentes e 20.000 profissionais da saúde associados, incluindo médicos, enfermeiros, auxiliares e paramédicos. Seu objetivo é auxiliar os idosos, os deficientes, os refugiados, as crianças, os sem-teto e aqueles com doença terminal e hanseníase (esta a par com a Ordem de São Lázaro), atuando em cinco continentes do mundo, sem distinção de raça ou religião.

inizio pagina

Igreja no Brasil



Aparecida: Dom Paulo Mendes e o trabalhador brasileiro

◊  

Aparecida (RV) – Mais de 350 bispos estão reunidos em Aparecida, SP, desde a última quarta-feira na 55ª Assembleia Geral da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. 

Os encontros se realizam no complexo do Santuário Nacional, divididos entre reuniões no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, e missas na Basílica de Nossa Senhora Aparecida.

Neste final de semana tivemos o Retiro dos bispos que se concluiu neste domingo com a celebração Eucarística. O pregador do Retiro foi o Abade trapista Dom Bernardo Bonowitz. As atividades foram retomadas nesta segunda-feira com a celebração da Santa Missa no Santuário Nacional, presidida por Dom Guilherme Werlang, Arcebispo de Goiania. Recordamos que a Assembleia Geral termina na sexta-feira próxima, dia 5 de maio.

O tema central do encontro é a iniciação cristã, tema baseado nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora para o Brasil, documento que define as necessidades de trabalho da Igreja Católica no país para o período de 2015 a 2019.

Ainda durante os trabalhos outros assuntos estão ganhando a atenção dos bispos como temas relacionados à realidade socioeconômica e política do Brasil.

Outro ponto importante para os trabalhos da Assembleia é a apresentação de documentos sobre os ritos católicos. Ao menos dois subsídios que tratam do tema devem ser apreciados e debatidos pelos bispos ainda nesta semana.

A programação conta ainda com uma celebração Ecumênica amanhã, dia 2 de maio, recordando os 500 anos da Reforma Protestante. Na quinta-feira, dia 4 de maio, será realizada uma Sessão Mariana, em comemoração pelos 300 anos do Encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida e 100 anos das Aparições de Fátima.

Mas sobre os trabalhos, nós conversamos com Dom Paulo Mendes, Arcebispo de Uberaba.

inizio pagina

Igreja na América Latina



Venezuela: oposição diz ao Papa que único diálogo aceito no país é o voto

◊  

Caracas (RV) – A oposição venezuelana, reunida no domingo (30/05) na “Mesa de la Unidad Democrática (MUD)”, respondeu ao Papa Francisco, assegurando que se encontram “mais unidos do que nunca” em relação à exigência de mudança política no país, enfatizando que o “único diálogo” a ser aceito na nação é “o do voto”. 

No Regina Coeli de domingo, de fato, o Santo Padre havia manifestado sua preocupação em relação à grave situação vivida no país, pedindo que fosse evitada “qualquer nova forma de violência”, que “os direitos humanos fossem respeitados e que fossem buscadas  “soluções negociadas para a crise humanitária, social, política e econômica que está castigando a população”.

Também no voo de retorno do Egito, ao ser interpelado por jornalistas sobre a questão, o Pontífice havia assegurado que a Santa Sé está disposta a interferir, mas apenas com “condições claras, com as garantias necessárias”, reiterando que “tudo o que for possível fazer, tem de ser feito”.

Na carta aberta, a MUD agradece ao Papa a preocupação pela Venezuela e assinala que, além de estarem unidos “com respeito a estas demandas e ações” e com respeito por sua afirmação “sobre a necessidade de um diálogo com condições, a Unidade faz suas as condições apresentadas pelo Secretário de Estado Pietro Parolin”, ao governo de Nicolás Maduro.

De fato, o Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin havia enviado uma carta ao governo venezuelano em dezembro último, onde fazia quatro pedidos: autorização para o envio de assistência humanitária; um calendário eleitoral claramente estabelecido; restituição das prerrogativas ao Parlamento e libertação dos prisioneiros políticos.

“A Unidade, de maneira unitária e sem exceções – continua a nota -  deixou claro diante dos venezuelanos e diante do mundo que o único diálogo aceito hoje na Venezuela é o diálogo dos votos, como único caminho para destravar a crise e reestabelecer a democracia hoje sequestrada na Venezuela”, afirma a MUD, na carta aberta dirigida ao Papa.

A MUD assegura que a última evidência de sua união “é o recente manifesto, assinado por unanimidade e sem exceção alguma por todos os partidos políticos da Unidade, nesta mesma semana”.

No manifesto são especificados os objetivos, entre os quais destacam-se a restituição “de maneira imediata do exercício do direito às eleições, com um Conselho Nacional (CNE) imparcial que respeite as leis, com a participação dos líderes políticos que estão presos ou inabilitados e com a presença de observadores internacionais”.

Pedem, ademais, que sejam ativados “os distintos mecanismos que permitam a celebração de uma eleição presidencial antecipada ainda em 2017”, por considerarem que o mandatário Nicolás Maduro rompeu com a ordem constitucional do país.

No manifesto também é pedido o reestabelecimento de um cronograma eleitoral para os comícios de governadores e prefeitos; que seja permitida a implementação de um canal humanitário para a entrada de medicamentos e alimentos; que sejam libertados os presos políticos e sejam desarmadas e desmobilizadas as “forças paramilitares”.

A MUD também pede respeito à Assembleia Nacional como “poder independente” e que sejam devolvidas a ele “as competências usurpadas pelo Governo e pelo Supremo Tribunal de Justiça”.

A aliança opositora considera que os venezuelanos foram “defraudados” por ter tido “um diálogo sem resultados, na qual a intenção governamental foi mais propagandística que substancial”.

Os Governos de oito países latino-americanos, no entanto, deram respaldo às recentes declarações do Papa Francisco sobre sua proposta para se mediar “com condições claras” a situação na Venezuela: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru, Paraguai e Uruguai

“Concordamos com o Papa Francisco de que “tudo o que se possa fazer pela Venezuela, deve ser feito, porém com as garantias necessárias”, pelo qual reiteramos que cessem os atos de violência, a plena vigência do estado de Direito, a libertação dos presos políticos, a plena restituição das prerrogativas da Assembleia Nacional e a definição de um cronograma eleitoral.

(Je com Agências)

 

 

inizio pagina

Dom Porras: o caminho da paz é possível na convulsionada Venezuela

◊  

Venezuela (RV) -  “A paz nos pede em tempos difíceis, uma atitude muito própria dos cristãos: o perdão e a reconciliação. As tradições religiosas têm uma sabedoria especial que podemos e devemos compartilhar”. O Arcebispo de Mérida (Venezuela), Dom Baltazar Porras, divulgou uma reflexão sobre o papel da paz na situação vivida na Venezuela. Eis a íntegra do texto:

“A mensagem de paz do Papa Francisco deste ano foi intitulada "A não-violência: um estilo de política para a paz". Precisamos incentivar uma cultura com atitudes pessoais e ações públicas, políticas que sigam por esse caminho. A simples ausência de violência não significa que exista paz, mas a não-violência é o princípio necessário para que a paz seja possível.

Na Venezuela, a maior parte da ação política das últimas duas décadas tem sido marcada pelo espectro da guerra. A linguagem ordinária é a de amigos-inimigos, estamos em uma revolução pacífica, porém armada, todos os conflitos comuns em uma sociedade plural e democrática são tratados como ameaças de invasão, guerra, golpe. Os cidadãos são classificados como cooperadores ou apátridas. Criou-se uma milícia e pretende-se que todos os cidadãos devam ter um uniforme militar e armas para "defender a pátria".

Existem grupos paramilitares denominados "coletivos" que atuam como comandos bem treinados, armados até os dentes e agindo à revelia, destruindo facilidade e propriedade. As quantidades de dinheiro gastas em armas de guerra e em arsenais anti-motim atingem valores astronômicos. É um negócio enorme que favorece a corrupção porque se trata de investimentos "secretos" que não passam pelos crivos controle político comum e cidadão.

Vivemos em um ambiente permanente de confronto "quase bélico", o que não é saudável sob nenhum aspecto. Embora seja possível identificar os interesses geoeconômicos e geopolíticos que alimentam o uso da força bruta a serviço de um objetivo político, deslizamos em um tobogã  em que a dinâmica da violência converte-se em um fim em si mesmo.

Aspiramos que não seja imposta pela força da vontade do mais fortes. Porém a chave está na eliminação das desigualdades e da exclusão que alimentam as lutas de classes e a imposição de sistemas políticos obsoletos.

Que a visão cristã do Papa Francisco nos ajude a conduzir os espíritos nos caminhos da paz. Ele escolheu o nome de Francisco pelo amor deste santo pelos pobres e por seus esforços em construir a paz.

Diante do drama das migrações forçadas, exclamou em Lampedusa "Quero fazer-me intérprete do grito que sobe de todas as partes da terra. É o grito de paz! O grito que diz fortemente: Queremos um mundo de paz, queremos que em nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, exploda a paz!

Na Exortação "Evangelii Gaudium" (n. 185) - dedicada à dimensão social da evangelização - desenvolve amplamente a questão da inclusão dos pobres, a paz e o diálogo social. Vale a pena não ignorá-lo. E, finalmente, nas suas mensagens para o Dia Mundial da Paz, o Papa nos dá chaves importantes para alimentar uma boa cultura de paz: a fraternidade, fundamento e caminho da paz (2014), não escravos, mas irmãos (2015) , vencer a indiferença e conquistar a paz (2016), e não-violência: um estilo de política para a paz (2017).

A paz nos pede em tempos difíceis, uma atitude muito própria dos cristãos: o perdão e a reconciliação. As tradições religiosas têm uma sabedoria especial que podemos e devemos compartilhar. A experiência de misericórdia e de reconciliação de Deus conosco torna possível o impossível: uma tríplice reconciliação: com nós mesmos, com os outros e com a natureza. É o caminho da paz, todavia, estamos nesta convulsionado Venezuela.

Dom Baltazar Porras, Arcebispo de Mérida (Venezuela)

inizio pagina

Igreja no Mundo



Pe. Samir: Papa no Egito uniu cristãos e muçulmanos

◊  

Roma (RV) - A visita do Papa ao Egito continua provocando comentários positivos. Para o jesuíta Pe. Samir Khalil Samir, egípcio e professor de Islamismo no Pontifício Instituto Oriental de Roma, a visita foi de grande importância, uniu e encorajou cristãos e muçulmanos na construção da paz e no combate à violência.
 
Eis o que disse Pe. Khalil Samir à nossa emissora. 

Pe. Khalil: “Certamente, uma viagem de sucesso. Foi muito importante porque o Egito encontra-se numa situação de isolamento. Isso abre, dá um pouco de ar. Os muçulmanos se sentem em dificuldade por causa do terrorismo. O fato de poder encontrar um homem que apoia, que simpatiza, como no caso do Papa, isso dá coragem e força ao presidente, como à instituição de Al Azhar, mas também a todos os cristãos do Egito, pois sofrem esse terrorismo. Esta viagem teve também outra importância: os muçulmanos se sentem unidos aos cristãos nessa provação dos atentados. Os muçulmanos nos ajudaram e há quem diz: “Vocês são nossos irmãos”. Este testemunho é também o resultado desta viagem ao Egito.” 

Em relação ao diálogo inter-religioso, o novo encontro entre o Papa e o Grão-Imame Al Tayeb. Qual foi o progresso no diálogo entre cristãos e muçulmanos?

Pe. Khalil: “A coisa essencial é que o Papa tem confiança em Al Tayeb e Al Azhar, os encoraja, os apoia, pois diz:  continuem nesta linha da não violência. Al Azhar o proclama, e a gente diz: “Sim, mas o que fazem para realizá-la?”. Isso poderia ser um encorajamento: podem contar com o apoio dos cristãos considerando o apoio trazido pelo Papa.” 

Pe. Samir, para a comunidade copta e também para a pequena minoria católica estas horas transcorridas pelo Papa no Cairo que significado tiveram, segundo o senhor?

Pe. Khalil: “Para a comunidade copta-católica que é muito pequena, significa: o Papa se interessa também por nós que somos menos de 300 mil. Isso é muito importante. Significa também que o Papa é o ‘pai’ de todos os cristãos não somente os católicos, mas todos os cristãos. Testemunhou uma fraternidade com todos, sem excluir ninguém. Isso foi mostrado concretamente no seu abraço ao imame Al Tayeb, como também ao presidente, de forma sinceramente afetuosa, que fala mais do que os discursos. Depois, o diálogo com os ortodoxos até chegar a um acordo em relação ao Batismo. Este é um passo avante que não se poderia imaginar! Enfim, como dizia, em relação à pequena comunidade católica, ou seja, em todos os níveis, esta viagem mostra que nós somos uma família, um povo, o povo egípcio: diferentes, mas a diversidade é um enriquecimento, não um empobrecimento. Esta parece ser a mensagem tripla que esta rápida viagem trouxe ao Egito. Cabe a nós agora implementá-la na vida cotidiana.” 

(MJ)

inizio pagina

Declaração Comum é um "sinal de esperança", diz Sec. do Conselho Mundial de Igrejas

◊  

Genebra (RV) – O Papa Francisco e o Papa Tawadros II da Igreja Copta Ortodoxa deram um passo significativo rumo à unidade com a assinatura da Declaração Comum no Cairo. Para o Conselho Mundial de Igrejas (WCC, sigla em inglês), o documento é “um sinal de esperança”.

“Hoje nós, Papa Francisco e Papa Tawadros II, para alegrar o coração do Senhor Jesus bem como os corações dos nossos filhos e filhas na fé, declaramos mutuamente que, com uma só mente e coração, procuraremos sinceramente não repetir o Batismo administrado numa das nossas Igrejas a alguém que deseje juntar-se à outra”, diz o texto da Declaração assinada  em 28 de abril.

O ato foi seguido por uma oração ecumênica na Igreja de São Pedro e São Paulo, local de um trágico  atentado  em 11 de dezembro de 2016.

O Secretário Geral do Conselho Mundial de Igrejas (WCC, sigla em inglês), Rev. Dr. Olav Fykse Tveit, também esteve na capital egípcia, acompanhado por uma delegação do organismo, para reunir-se com as Igrejas-membro e o Grande Imame de Al-Azhar e para participar da oração ecumênica. A Igreja Copta Ortodoxa é membro do WCC.

A respeito da Declaração Comum, o Dr. Tveit afirmou ser "um sinal de esperança. Somos, como Igreja, chamados a ser “um” para que o mundo creia. O texto mostra a forte intenção de dar um testemunho comum da fé cristã compartilhada", reiterou.

O Secretário-Geral comentou ainda que "este é um sinal do que representa estar juntos em uma peregrinação de justiça e paz. A dimensão contextual e histórica do acordo é significativa: Os tempos difíceis exigem o nosso comprometimento em orar juntos, rezar “por” e “uns com os outros”, para testemunhar juntos e para demonstrar isso em palavras e ações. Nosso chamado para ser um é também um chamado para trabalhar pela paz e a unidade da humanidade”.

Já o Rev. Dr. Odair Pedroso Mateus, Diretor da Comissão Fé e Ordem do WCC, observou que "em um momento de crescente fragmentação cultural e religiosa e pelo sectarismo, católicos e coptas estão afirmando o que acreditamos ser universalmente humano e universalmente cristã. Eles nos ajudam a chegar mais perto da plena catolicidade, que é precisamente o antídoto para a fragmentação contemporânea e o sectarismo".

O Dr. Olav Tveit considerou ainda que "este acordo entre a Igreja Copta e da Igreja Católica Romana tem dimensões históricas significativas, apontando a volta para a unidade da Igreja que existia nos primeiros séculos, antes de ser rompida mais tarde.

A Declaração diz: “O nosso vínculo profundo de amizade e fraternidade tem a sua origem na plena comunhão que existia entre as nossas Igrejas nos primeiros séculos tendo-se expressado de várias maneiras nos primeiros Concílios Ecuménicos, a começar pelo Concílio de Nicéia em 325 e a contribuição de Santo Atanásio, corajoso Padre da Igreja que mereceu o título de «Protetor da Fé»”

Em tempos recentes o reconhecimento recíproco dos Batismos entre diferentes Igrejas tem prevalecido, gesto este que tem sido encorajado pela Comissão do WCC sobre Fé.

O Rev. Tveit acrescentou, que mesmo com os passos significativos,  "ainda permanecem obstáculos para a plena unidade entre católicos e a Igreja Copta”, recordando ao mesmo tempo, os números 5 e 7 da Declaração Comum:  “Conscientes de que ainda há tanto caminho a fazer nesta peregrinação, recordamos o muito que já foi alcançado (...). Enquanto caminhamos para o dia abençoado em que finalmente nos reuniremos à mesma Mesa Eucarística, podemos colaborar em muitas áreas e tornar tangível a grande riqueza que já temos em comum. Podemos testemunhar juntos certos valores fundamentais como a sacralidade e dignidade da vida humana, a sacralidade do matrimónio e da família, e o respeito por toda a criação, que Deus nos confiou”. (JE - WCC)

inizio pagina

Igreja em festa nas Arábias com primeira ordenação sacerdotal em Dubai

◊  

Dubai (RV) - A Igreja Santa Maria - que celebrou seu Jubileu de Ouro nos dias 27-28 de abril -  proporcionou também  a alegria a todos os grupos étnicos e nacionais que a frequentam com primeira ordenação sacerdotal de sua história e do Emirado de Dubai no dia  29, na pessoa do diácono Jacob Brillis Mathews. 

Ele é natural da Índia, mas descobriu a vocação para o sacerdócio nas Arábias, de onde foi enviado a Roma para estudar teologia. 

Dom Paul Hinder, Vigário Episcopal do Sul da Arábia, conferiu-lhe o Sacramento da Ordem. Também estiveram presentes na missa e ordenação o  Arcebispo Dom Francisco Montecillo Padilla, Núncio  Apostólico dos países da região do Golfo Pérsico, o Bispo Dom Jorge da índia e mais de 40 sacerdotes.

O Padre Jacob Brillis Mathews celebrou sua primeira missa às 9 horas do domingo, 30 de abril, diante de uma multidão de fiéis que o acolheu com alegria e entusiasmo.

O novo sacerdote exercerá o ministério nos Emirados Árabes Unidos residindo nas dependências de Igreja Santa Maria,  em Dubai  Damos-lhe as boas vindas entre nós, desejando um frutuoso apostolado.

Os cristãos no país - em sua grande maioria migrantes - representam 12,6% da população de 9,4 milhões de habitantes (dados de 2014), de maioria muçulmana sunita. Os católicos são 11,4%.

Em 31 de maio de 2007 a Santa Sé estabeleceu relações diplomáticas com os Emirados, com a troca de embaixadores.

Nos Emirados Árabes existem 8 templos católicos, sendo dois em Abu Dabhi - Igreja de São Paulo e Catedral de São José e dois em Dubai - Santa Maria e São Francisco.

(Pe. Olmes Milani)

inizio pagina

Celebração em Roma recorda 42 anos da morte do Cardeal József Mindszenty

◊  

Roma (RV) – Uma Santa Missa a ser celebrada na quinta-feira, 4 de maio, na Igreja de Santo Estevão “al Celio”, em Roma, irá recordar o Servo de Deus Cardeal József Mindszenty (1892-1975). 

A Liturgia será presidida pelo Presidente do Pontifício Conselho da Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi. O serviço do altar será feito, como por tradição, por alunos do Pontifício Colégio Germânico-Húngaro, ao qual pertence a igreja.

Este ano a celebração terá a participação do Coral  “Benedictus” da homônima Catedral de Kecskemét e a Orquestra de Câmara “Sándor Lakó” de Kecskemét, que após a Missa executarão algumas peças musicais típicas da tradição musical húngara (Liszt e Kodály).

De fato, passaram-se já 42 anos do trânsito do Cardeal Mindszenty, ocorrido em Viena em 6 de maio de 1957. Desde os anos 90, a comunidade húngara de Roma, em colaboração com instituições húngaras da Cidade Eterna, celebra em memória do Cardeal na Igreja de Santo Estêvão, da qual era titular.

József Mindszenty foi ordenado sacerdote em 12 de junho de 1915, sendo preso quantro anos mais tarde durante a revolução comunista de Bela Kun. Foi ordenado Bispo de Veszprém em 25 de março de 1944. Caiu prisioneiro do regime nazista em 1944 - 1945 de quem se mostrou adversário e depois de ter ajudado inúmeros judeus a fugir. Foi nomeado Arcebispo metropolitano de Esztergom em 2 de outubro de 1945, cargo em que permaneceu até 18 de dezembro de 1973. Foi criado Cardeal em 18 de fevereiro de 1946 pelo Papa Pio XII com o título de Cardeal-presbítero de "Santo Stefano de Monte Celio".

Preso pelo regime comunista em 1949 e libertado por ocasião da Revolução Húngara de 1956, obteve asilo na embaixada dos Estados Unidos até 1971. Por ocasião da sua prisão por parte das autoridades húngaras (2 de janeiro de 1949) o Papa Pio XII escreveu a Carta "Acerrimo Moerore", de protesto, dirigida aos Arcebispos e Bispos da Hungria. Foi impedido pelo regime de participar dos Conclaves de 1958 e 1963 que procederam à eleição dos Papas João XXIII e Paulo VI, respectivamente. Faleceu no exílio, em Viena em 6 de maio de 1975.

Em 1991 seu corpo foi exumado e encontrado incorrupto, após 16 anos de sua morte. Em 1996 a documentação para o processo de sua beatificação foi apresentada à Congregação para a Causa dos Santos pelo postulador da Causa Fr. Janos Szoke. (JE)

 

 

 

 

inizio pagina

Formação



1º de maio: festa de São José Operário

◊  

Lisboa (RV) - A Igreja Católica celebra desde 1955 a festa litúrgica de São José Operário, como forma de associar-se à comemoração mundial do Dia do Trabalhador.

A decisão foi tomada a 1 de maio de 1955 pelo Papa Pio XII, num anúncio feito perante milhares de pessoas reunidas nesse domingo, na Praça de São Pedro.

O Papa italiano explicou que a decisão sublinhava a necessidade de que “a todos se reconheça a dignidade do trabalho”.
A festa litúrgica de São José Operário evoca, segundo a decisão de Pio XII, “o humilde artesão de Nazaré” que personifica a “dignidade do trabalhador manual”.

A 19 junho de 2013, o nome de São José foi inserido nas Orações Eucarísticas II, III e IV do Missal Romano através de um decreto emitido pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

A decisão de acrescentar esta referência na principal oração da celebração da missa justifica-se, de acordo com a Santa Sé, “pelo seu lugar singular na economia da salvação como pai de Jesus”.

“São José de Nazaré, colocado à frente da Família do Senhor, contribuiu generosamente na missão recebida na graça e, aderindo plenamente ao início dos mistérios da salvação humana, tornou-se modelo exemplar de generosa humildade, que os cristãos têm em grande estima, testemunhando aquela virtude comum, humana e simples, sempre necessária para que os homens sejam bons e fiéis seguidores de Cristo”, assinala o documento.

São José foi desde cedo apresentado pela Igreja Católica como símbolo e exemplo de pai e de trabalhador; foi declarado patrono da Igreja universal em 1870, por Pio IX.

(MJ/Agência Ecclesia)

inizio pagina

Diocese paraibana de Patos: formação mais consistente dos leigos

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, a edição de hoje do quadro semanal “O Brasil na Missão Continental” é uma sequência da anterior, na qual o bispo da Diocese de Patos, Dom Eraldo Bispo da Silva – com quem temos contado neste espaço de formação e aprofundamento –, tratou de um dos temas candentes da Conferência de Aparecida, ou seja, a formação dos leigos. 

O pastor desta Igreja particular paraibana já destacou-nos que a formação está mais ligada à questão dos ministérios leigos, tendo por parte destes uma atuação muito grande na condução nos serviços das comunidades em sua diocese.

“Sentimos de fato a necessidade de um investimento maior na formação dos nossos cristãos leigos e leigas em nossas igrejas paroquiais, em nossas comunidades, enfim, em toda a diocese”, afirma nesta edição nosso convidado, continuando suas considerações sobre o tema em questão.

Ressaltando o contexto de globalização em que a família se situa no mundo de hoje e a necessidade de ter clareza dos valores, daquilo que é preciso passar para as futuras gerações, Dom Eraldo cita a “Amoris laetitia” – Exortação apostólica do Papa Francisco sobre o amor na família –, na qual o Pontífice menciona que é preciso nos preocupar com a formação da juventude, o matrimônio conforme o projeto de Deus. Vamos ouvir (ouça clicando acima).

(RL)

inizio pagina

Atualidades



Logotipo da JMJ 2019 será apresentado no Panamá em 14 de maio

◊  

Cidade do Panamá (RV) – O logotipo oficial da Jornada Mundial da Juventude, a ser realizada em janeiro de 2019 no Panamá, será divulgado no domingo, 14 de maio. 

A Igreja panamenha apresentará o logotipo durante o 47º Encontro Eucarístico que se realizará durante todo o dia na Arena Roberto Durán.

Segundo Dom José Domingo Ulloa, durante o evento os jovens panamenhos também apresentarão a Cruz Peregrina, que chegará no sábado ao Panamá.

Para recebê-la, está programada uma Vigília até o amanhecer do domingo, quando inicia o Encontro Eucarístico.

A Arquidiocese do Panamá fez um chamado desde o mês de fevereiro para a criação do logotipo e do hino deste evento, que deverá reunir milhares de jovens.

Na última semana, o Governo criou uma Comissão de apoio, formada por várias instituições que destinarão parte de seu tempo e pessoal às atividades de logística e organização da JMJ. (JE)

inizio pagina