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Sumario del 03/06/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Mundo

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa propõe outubro de 2019 como mês de oração e reflexão sobre a missão

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Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre encontrou, na manhã deste sábado (03/6), na Sala Clementina, cerca de 170 participantes na Assembleia das Pontifícias Obras Missionárias.

No discurso que entregou aos presentes, o Papa afirma “que se preocupa com as Pontifícias Obras Missionárias, muitas vezes reduzidas a uma organização que coleta e distribui, em nome do Papa, ajudas econômicas para as Igrejas mais necessitadas”.

Francisco diz ainda estar ciente de que os membros das POM estão tentando novas formas, métodos mais adequados, mais eclesiais para desenvolver seu serviço em prol da missão universal da Igreja.

A este propósito, Francisco recorda textualmente: “Para renovar o ardor e a paixão, motores espirituais da atividade apostólica de inúmeros santos e mártires missionários, aceitei, com muito prazer, a sua proposta, elaborada com a Congregação para a Evangelização dos Povos, de convocar um momento extraordinário de oração e reflexão sobre a “missio ad gentes”.

Por isso, promete que pedirá a toda a Igreja para dedicar o mês de outubro de 2019 a esta finalidade. O mês extraordinário de oração e reflexão sobre a missão, como a primeira evangelização, diz ainda o Papa, servirá para uma maior renovação da fé eclesial, para que seu coração atue sempre a Páscoa de Jesus Cristo, único Salvador, Senhor e Esposo da sua Igreja.

Renovação, frisa Francisco, “exige viver a missão como oportunidade permanente de anunciar Cristo, mediante o testemunho e o encontro pessoal com ele.

A preparação deste tempo extraordinário, dedicado ao primeiro anúncio do Evangelho, segundo o Papa, deve ajudar-nos sempre a sermos mais Igreja em missão.

A este respeito, Francisco expressa ainda seus votos, dizendo: “Espero que o mês de outubro de 2019 seja um momento propício, a fim de que a oração, o testemunho de tantos santos e mártires da missão, a reflexão bíblica e teológica, a catequese e a caridade missionária possam contribuir para evangelizar, antes de tudo, a Igreja; que ela, ao reencontrar o frescor e o ardor do primeiro amor pelo Senhor crucificado e ressuscitado, possa evangelizar o mundo com credibilidade e eficácia evangélica”.

Francisco espera ainda que “a assistência espiritual e material que os membros das POM dão às Igrejas, possa torná-las cada vez mais fundadas no Evangelho e no envolvimento batismal de todos os fiéis, leigos e clérigos, em prol da única missão da Igreja. Que o amor de Deus os torne mais próximos de cada homem, especialmente dos mais necessitados de sua misericórdia”.(MT)

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Tweet do Papa: promover meios para proteger a vida das crianças

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Cidade do Vaticano (RV) – “Vamos promover com coragem todos os meios necessários para proteger a vida de nossas crianças”, é o tweet do Papa Francisco publicado em sua conta @Pontifex para o “Dia Internacional das Crianças Inocentes vítimas de Agressões”, que recorre neste domingo. 

A data foi instituída em 1982 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, com o objetivo de “reconhecer a dor sofrida pelas crianças em todo o mundo, vítimas de abusos físicos, psicológicos e emocionais”.

“Se o Santo Padre lança o apelo de promover, significa que ainda está se fazendo pouco”, reitera Padre Fortunato Noto, fundador e Presidente da Associação Meter, que há mais de 15 anos combate a chaga da pedofilia e pornografia infantil.

“O estado de agressão, ofensa e maus-tratos - diz ele - é certamente um problema global, um problema diante do qual não podemos fechar os olhos, e tampouco considerá-lo como menor”.

Agir em nível pessoa e institucional

Para o Padre Fortunato é necessário agir e “fazer a própria parte” em nível pessoal, mas “iniciando pelas instituições, que deveriam investir sempre mais no processos educativos, culturais e em todas as iniciativas que possam favorecer uma mudança de rota”.

Em menos de 140 caracteres o Papa disse que é preciso “promover com coragem todos os meios necessários para proteger a vida de nossas crianças”. Isto quer dizer em todos os âmbitos? Social políticos econômico e religioso, Padre Fortunato?

“Todos os âmbitos. Não é possível que a luta seja feita por setores; antes pelo contrário: a fragmentação das ações leva ao fracasso do esforço. Creio que o Santo Padre, sempre visionário e sempre sensível em relação a estas temáticas das pessoas frágeis e vulneráveis, já nos tenha dado um input, uma indicação; e – poderíamos dizer numa mensagem twitter – também uma tentativa de iniciar a programar juntos. Não podemos fazer outra coisa senão agradecer ao Santo Padre”.

Dia de reflexão e conscientização

O Dia Internacional das Crianças Inocentes Vítimas de Agressão é recordado em 4 de junho.

Longe de ser um dia de celebração, é um dia de protesto, deconscientização e de reflexão. Todos os dias as crianças são vítimas de agressão física e psicológica no mundo inteiro, inclusive nas suas próprias casas, por obra dos seus pais.

Este dia relembra todas as vítimas infantis de afogamento, envenenamento, espancamento, queimadura, trabalho infantil e abuso sexual, mas também chama a atenção para a necessidade de proteção e de educação das crianças, que se encontram numa fase vulnerável, de construção de mentalidade, carácter e de valores.

Garantir um ambiente seguro e são para o crescimento das crianças é um dever dos pais, famílias, comunidades locais, professores, educadores, governantes e população em geral.

(JE)

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Vigília de Pentecostes: Pregação do Frei Raniero Cantalamessa

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Cidade do Vaticano (RV) - “Todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua” foi o tema da Pregação do Frei Raniero Cantalamessa na Vigília ecumênica de Pentecostes realizada no Circo Máximo, em Roma, na presença do Papa Francisco. Eis a íntegra:

Dos Atos dos Apóstolos, capítulo Dois:

“Moravam em Jerusalém judeus devotos, de todas as nações do mundo. Quando ouviram o barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua. Cheios de espanto e de admiração, diziam: ‘Esses homens que estão falando não são todos galileus? Como é que nós os escutamos na nossa própria língua? Nós que somos partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia, próxima de Cirene, também romanos que aqui residem; judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua!’ Todos estavam pasmos e perplexos, e diziam uns aos outros: ‘Que significa isso?’ ” (At 2, 5-13).

Esta cena se renova hoje entre nós. Também nós viemos “de todas as nações do mundo”, e estamos aqui para proclamar juntos “as maravilhas de Deus”.

Porém, há um mensagem a se descobrir nesta parte da narrativa de Pentecostes. Desde a antiguidade, entendeu-se que o autor dos Atos – ou seja, em primeiro lugar, o Espírito Santo! – com esta insistência no fenômeno das línguas, quis fazer-nos entender que, em Pentecostes, aconteceu algo que inverte o que tinha acontecido em Babel. O Espírito transforma o caos linguístico de Babel na nova harmonia das vozes. Graças a ele, escrevia Santo Irineu no século III, “todas as línguas se uniram no mesmo louvor de Deus”[1]. Isso explica porque a narrativa de Babel, em Gênesis 11, é tradicionalmente inserida entre as leituras bíblicas da vigília de Pentecostes.

Os construtores de Babel não eram, como se pensava há algum tempo, ímpios que pretendiam desafiar Deus, algo equivalente aos titãs da mitologia grega. Não, eram homens piedosos e religiosos. A torre que queriam construir era um templo à divindade, um daqueles templos feitos em terraços sobrepostos, chamados zigurates, dos quais ainda restam ruínas na Mesopotâmia.

Então, onde estava seu pecado? Escutemos o que dizem entre si ao porem mãos à obra: “E disseram: ‘Vamos, façamos para nós uma cidade e uma torre cujo cimo atinja o céu. Assim, ficaremos famosos, e não seremos dispersos por toda a face da terra’ ” (Gn 11,4). Martinho Lutero faz uma observação esclarecedora a propósito destas palavras:

“ ‘Construamo-nos uma cidade e uma torre’: construamos para nós – não para Deus (…). ‘Façamos um nome’: façamo-lo para nós. Não se preocupam para que o nome de Deus seja glorificado, eles estão preocupados em engrandecer o próprio nome”[2].

Em outras palavras, Deus é instrumentalizado; deve servir à sua vontade de potência. Pensavam, talvez, segundo a mentalidade do tempo, que oferecendo sacrifícios a partir de uma maior altitude, poderiam arrancar da divindade vitórias sobre os povos vizinhos. Eis porque Deus é forçado a confundir suas línguas e mandar pelos ares o projeto deles.

Isso faz, de um só golpe, a experiência de Babel e de seus construtores muito próxima a nós. O quanto das divisões entre os cristãos foi devido ao desejo secreto de fazer-nos um nome, de nos elevarmos acima dos outros, de tratar com Deus a partir de uma posição de superioridade em relação aos demais! O quanto foi devido ao desejo de fazer para si um nome, ou de fazê-lo em nome da própria Igreja, mais do que a Deus! Eis aqui a nossa Babel!

Passemos, agora, a Pentecostes. Também aqui vemos um grupo de homens, os apóstolos, que se põem a construir uma torre que vai da terra ao céu, a Igreja. Em Babel, ainda se falava uma única língua e, em um dado momento, ninguém compreende mais o outro; aqui, todos falam línguas diversas, e todos entendem os apóstolos. Por quê? É que o Espírito Santo operou neles uma revolução copernicana.

Antes deste momento, também os apóstolos estavam preocupados em se fazer um nome e, por isso, discutiam frequentemente “quem fosse o maior entre eles”. Agora, o Espírito Santo lhes descentralizou de si mesmos e reorientou-os em Cristo. O coração de pedra foi despedaçado e, em seu lugar, bate “um coração de carne” (Ez 36,26). Foram “batizados no Espírito Santo”, como tinha prometido Jesus antes de deixá-los (At 1,8), isto é, completamente submersos pelo oceano do amor de Deus derramado sobre eles (cf. Rm 5,5).

Estão deslumbrados pela glória de Deus. O falar em diversas línguas se explica também pelo fato de que falavam com a língua, com os olhos, com o rosto, com as mãos, com o estupor de quem viu coisas que não podem narrar. “Todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua”. Eis porque todos os compreendiam: não falavam mais de si mesmos, mas de Deus!

Deus nos chama a atuar em nossa vida a mesma conversão: de nós mesmos a Deus, da pequena unidade que é a nossa paróquia, o nosso movimento, a nossa própria Igreja, à grande unidade que é aquela do corpo inteiro de Cristo, ou seja, a humanidade inteira. É o passo almejado que o Papa Francisco está impulsionando-nos, católicos, para fazer, e que os representantes de outras Igrejas aqui presentes demonstram querer compartilhar.

Santo Agostinho já tinha evidenciado que a comunhão eclesial se realiza em degraus e pode ter diversos níveis: daquele pleno, visível e interior, àquele interior, que é o próprio Espírito Santo. São Paulo abraçava em sua comunhão “todos que, em qualquer lugar, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1Cor 1,2). Uma fórmula que talvez devamos redescobrir e voltar a valorizar. Ela se estende hoje também aos nossos irmãos Judeus messiânicos.

O fenômeno pentecostal e carismático tem uma vocação e uma responsabilidade particulares, em relação à unidade dos cristãos. A sua vocação ecumênica se mostra ainda mais evidente, se repensarmos no que aconteceu no início da Igreja. Como fez o Ressuscitado para impulsionar os apóstolos a acolher os pagãos na Igreja? Deus mandou o Espírito Santo sobre Cornélio e sua casa do mesmo modo e com as mesmas manifestações com que o tinha enviado no início sobre os apóstolos. Assim, a Pedro não restou senão tirar a conclusão: “Deus concedeu a eles o mesmo dom que deu a nós que acreditamos no Senhor Jesus Cristo. Quem seria eu para me opor à ação de Deus?” (At 11,17). No concílio de Jerusalém, Pedro repetiu este mesmo argumento:  “Deus não fez nenhuma distinção entre nós e eles” (At 15,9).

Agora, nós vimos repetir-se diante de nossos olhos este mesmo prodígio, desta vez, em escala mundial. Deus derramou seu Espírito sobre milhões de fiéis, pertencentes a quase todas as denominações cristãs, e, a fim de que não restassem dúvidas sobre suas intenções, derramou-O com as mesmas idênticas manifestações, inclusive a mais singular, que é o falar em línguas. Também a nós, não resta senão tirar a mesma conclusão de Pedro: “Se, portanto, Deus concedeu-lhes o mesmo dom que a nós, quem somos nós para continuar a dizer de outros cristãos: não pertencem ao corpo de Cristo, não são verdadeiros discípulos de Cristo?”.

*   *   *

Devemos ver em que consiste a via carismática à unidade. A nossa contribuição à unidade é o amor recíproco. São Paulo traçou este programa à Igreja: “Ater-se à verdade com a caridade” (Ef 4,15). O que temos que fazer não é passar por cima do problema da fé e das doutrinas, para nos encontrarmos unidos nas frentes de ação comum da evangelização. O ecumenismo tem experimentado, em seus inícios, esta via, e constatou seu fracasso. As divisões logo reapareceram, inevitavelmente, mesmo na frente de ação. Não devemos substituir a caridade pela verdade, mas tender à verdade com a caridade; começar a nos amarmos para melhor nos compreendermos.

O que é mais extraordinário, a respeito desta via ecumênica baseada no amor, a qual é imediatamente possível, é que que ela está totalmente aberta diante de nós. Não podemos “queimar etapas” quanto à doutrina, pois as diferenças existem e devem ser resolvidas com paciência, nos devidos lugares. Podemos, contudo, queimar etapas na caridade, e ser unidos desde agora.

Não apenas nada nos impede de nos amarmos e de nos acolhermos, ao contrário, é-nos ordenado fazê-lo. É a única “dívida” que temos uns para com os outros, uma dívida que não admite prorrogações no pagamento: “Não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo” (Rm 13,8). Nós podemos nos acolher para nos amarmos, não obstante as diferenças. Cristo não nos ordenou amar apenas aqueles que pensam como nós, que compartilham completamente o nosso credo. Se amais apenas esses, exortou-nos, o que fazeis de especial, que já não fazem também os pagãos?

Nós podemos nos amar porque o que já nos une é infinitamente mais importante daquilo que ainda nos divide. Une-nos a mesma fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo; o Senhor Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem; a esperança comum da vida eterna, o empenho comum pela evangelização, o amor comum pelo corpo de Cristo, que é a Igreja.

Une-nos também outra coisa importante: o sofrimento comum e martírio comum por Cristo. Em muitas partes do mundo, os fiéis das diversas Igrejas estão compartilhando os mesmos sofrimentos, suportando o mesmo martírio por Cristo. Eles não são perseguidos e assassinados por serem católicos, anglicanos, pentecostais ou outros, mas por serem “cristãos”. Aos olhos dos perseguidores, já somos um, e é vergonha se não o somos também na realidade.

Como fazer, concretamente, para pôr em prática esta mensagem de unidade e de amor? Reconsideremos o hino à caridade de São Paulo (1Cor 13,4ss). Cada frase adquire um significado atual e novo, se aplicada ao amor entre membros das diversas Igrejas cristãs, nas relações ecumênicas:

“A caridade é paciente...

A caridade não se envaidece...

A caridade não faz nada de inconveniente...

Não é interesseira (subentende-se: também o interesse das outras Igrejas)Não leva em conta o mal sofrido (subentende-se: por outros cristãos, mais ainda, o mal feito a eles)”.

“Bem-aventurado o servo – dizia São Francisco de Assis em uma de suas Admoestações – que não se exalta mais por causa do bem que o Senhor diz e faz através dele do que pelo que diz e faz através de outro”. Nós podemos dizer: Bem-aventurado o cristão que é capaz de se alegrar pelo bem que Deus faz através de outras Igrejas, como pelo bem que faz por meio da própria Igreja.

*    *    *

O profeta Ageu tem um oráculo que parece ser escrito para nós, neste momento da história. O povo de Israel acabara de voltar do exílio, mas, ao invés de reconstruir juntos a casa de Deus, cada qual se põe a reconstruir e adornar a própria casa.  Deus manda então seu profeta com uma mensagem de reprovação:

Acaso para vós é tempo de morardes em casas revestidas de lambris, enquanto esta casa está em ruínas? Isto diz, agora, o Senhor dos exércitos: Considerai, com todo o coração, a conjuntura que estais passando:  tendes semeado muito, e colhido pouco (...). Considerai, com todo o coração, a difícil conjuntura que estais passando: mas subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa; ela me será aceitável, nela me glorificarei, diz o Senhor (Ag 1,4-8).

Devemos sentir como dirigida a nós esta mesma reprovação de Deus, e nos arrepender. Aqueles que escutaram o discurso de Pedro no dia de Pentecostes “ficaram com o coração aflito, e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: ‘Irmãos, o que devemos fazer?’ Pedro respondeu: ‘Convertei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos vossos pecados. E vós recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2,37ss). Uma renovada efusão de Espírito Santo não será possível sem um movimento coletivo de arrependimento da parte de todos os cristãos. Será uma das intenções de oração que terão lugar após este momento de compartilha.

Depois que as pessoas foram convertidas, o profeta Ageu foi enviado novamente ao povo, mas desta vez com uma mensagem de encorajamento e de consolo:

Pois agora, coragem, Zorobabel, oráculo do Senhor! Coragem, Josué, filho de Josedec! Coragem, povo todo do país! – oráculo do Senhor. E mãos à obra, que eu estou convosco – oráculo do Senhor dos exércitos. (...) O meu espírito estará convosco, não tenhais medo!” (Ag 2,4-5).

A mesma palavra de consolo é dirigida a nós, cristãos, e eu anseio fazê-la ressoar novamente neste lugar, não como simples citação bíblica, mas como palavra de Deus viva e eficaz que opera aqui e agora aquilo que significa: “Coragem, Papa Francisco! Coragem, líderes e representantes de outras confissões cristãs! Coragem, todo o povo de Deus, e mãos à obra, pois eu estou convosco, diz o Senhor! O meu Espírito estará convosco”.

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Traduçao de Fr. Ricardo Farias, OFMCap.

[1] Santo Irineu, Contra as heresias, III, 17, 2.

[2] Martin Lutero,  In Genesin Enarrationes, WA, vol. 42, p. 411.

 

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Papa preside Vigília de Pentecostes no Circo Máximo

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Cidade do Vaticano (RV) – Este sábado, 3 de junho, o ponto alto do Jubileu de Ouro da Renovação Carismática Católica, com a Vigília de Oração ecumênica na presença do Papa Francisco, no Circo Máximo, em Roma.

Papa à lideranças evangélicas: caminhar juntos

Neste contexto, o Papa recebeu esta manhã no Vaticano um grupo de lideranças evangélicas, enfatizando o caráter ecumênico do encontro deste sábado.

O Pontífice dirigiu uma breve saudação aos evangélicos, agradecendo a eles – antes de tudo – pelo desejo de caminhar juntos.

“Obrigado por isto que vocês fazem, em trabalhar pela unidade dos cristãos, todos juntos, como o Senhor quer. Caminhemos juntos, ajudemos os pobres juntos, façamos caridade juntos, educação juntos: todos juntos. E que os teólogos trabalhem do lado deles e nos ajudem. Mas nós sempre em caminho, nunca parados, nunca parados, e juntos”, disse Francisco.

O encontro

A celebração terá início às 16 horas, com a saudação e boas-vindas de Michelle Moran, Presidente do Serviço Internacional da Renovação Carismática e do pernambucano Gilberto Barbosa, fundador da Obra de Maria e Presidente da Fraternidade Católica Internacional.

Seguem orações, adoração e testemunhos sobre a ação do Espírito Santo nos diversos âmbitos da vida, em espanhol, inglês, francês e português. O Padre Marcelo Rossi testemunhará sobre a ação do Espírito na vocação.

Presença do Papa

O Santo Padre sairá da Casa Santa Marta em direção ao Circo Máximo às 17h30min, devendo subir ao palco às 18 horas ao som do canto ‘Vive Jesus el Señor’, muito caro a ele. Na sequência,  a meditação do Padre Raniero Cantalamessa e então, a reflexão do Santo Padre.

Após a oração do Salmo 50, o Padre Raniero Cantalamessa e o Pastor Traettino conduzirão uma oração de perdão pelos pecados de divisão. O encontro encerra por volta das 20 horas.

A Rádio Vaticano transmitirá a Vigília deste sábado, com comentários em português, a partir das 12h50, horário de Brasília.

As atividades do Jubileu de Ouro da RCC em Roma se concluem amanhã, Domingo de Pentecostes, com a Santa Missa presidida pelo Papa Francisco na Praça São Pedro. Esta celebração também será transmitida pela Rádio Vaticano a partir das 5h25min, horário de Brasília. (JE)

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Jubileu de Ouro da RCC e as raízes ecumênicas de Francisco

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Cidade do Vaticano (RV) – Milhares de pessoas de várias partes do mundo estão reunidas neste momento no Circo Máximo, em Roma, para a Vigília ecumênica de Pentecostes, no âmbito das celebrações do Jubileu de Ouro da Renovação carismática Católica. 

Foi o próprio Francisco que pediu que este encontro tivesse um caráter ecumênico. Neste contexto, o Papa recebeu esta manhã no Vaticano um grupo de lideranças evangélicas, enfatizando o caráter ecumênico do encontro deste sábado.

O Pontífice dirigiu uma breve saudação aos evangélicos, agradecendo a eles – antes de tudo – pelo desejo de caminhar juntos.

“Obrigado por isto que vocês fazem, em trabalhar pela unidade dos cristãos, todos juntos, como o Senhor quer. Caminhemos juntos, ajudemos os pobres juntos, façamos caridade juntos, educação juntos: todos juntos. E que os teólogos trabalhem do lado deles e nos ajudem. Mas nós sempre em caminho, nunca parados, nunca parados, e juntos”, disse Francisco.

Papa entendermos um pouco a origem destas raízes ecumênicas do Papa Francisco, nós conversamos com o Padre Douglas Pinheiro Lima, Pároco na Igreja Nossa Senhora de Fátima, em Jandira (SP), Professor de Teologia Sistemática na Universidade Salesiana de São Paulo e Assessor para o Ecumenismo na Diocese de Osasco, e Izaías de Souza Carneiro, fundador da Comunidade Coração Novo, sediada no Rio de Janeiro, que visitaram nossa emissora:

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Jubileu de Ouro da RCC: revisitar as raízes ecumênicas

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Cidade do Vaticano (RV) - “Vocês são um precioso instrumento do Espírito para caminhar com os outros irmãos cristãos unidos na oração e no trabalho pelos necessitados, ‘caminhando juntos para a mesa da Eucaristia’, como eu disse no Egito, quando rezamos com o Papa Tawadros”. A afirmação é do Papa Francisco na mensagem enviada aos membros da Renovação carismática Católica reunidos em Roma para celebrar seu Jubileu de Ouro. 

Entre os participantes do encontro, o Padre Douglas Pinheiro Lima, Pároco na Igreja Nossa Senhora de Fátima, em Jandira (SP), Professor de Teologia Sistemática na Universidade Salesiana de São Paulo e Assessor para o Ecumenismo na Diocese de Osasco, e Izaías de Souza Carneiro, fundador da Comunidade Coração Novo, sediada no Rio de Janeiro, que em visita a nossa emissora, destacaram o caráter ecumênico nas raízes Renovação.

Izaías: "Bom, nós viemos para celebrar o Jubileu com a Renovação Carismática Católica, esta "corrente de graça" que o Papa Francisco tem nos chamado a contemplar e a renovar também a visão neste período de Júbilo dos 50 anos. E ao mesmo tempo também trabalhar e divulgar o caminho de unidade que nós temos empreendido no Brasil, junto com os bispos do Brasil, os padres, como é o caso do Padre Douglas".

Padre Douglas: "Nós viemos também nesta celebração dos 50 anos firmar aquilo que é um dos propósito da celebração destes 50 anos que é revisitar as raízes do Movimento. E as raízes do movimento carismático tem sua profundidade no movimento pentecostal, que começou no século XX e começou em ambiente evangélico-protestante. E a Igreja Católica no seu arcabouço da Tradição, na sua hermenêutica da Escritura, soube incorporar o movimento pentecostal naquilo que são as nossas categorias de fé e hoje com uma identidade muito clara, muito bem resolvida no seio da própria Igreja Católica, temos condições ainda melhores de nos aproximar dos pentecostais ao redor do mundo e viemos nesta celebração dar a nossa contribuição no que diz respeito ao diálogo ecumênico".

RV: Desde o surgimento do Movimento na Universidade de Duquesne, em Pittsburgh, Estados Unidos, passaram-se 50 anos. Nesta caminhada, o quanto foi possível manter-se fiel às origens, ou, o que mudou neste arco de tempo?

Padre Douglas: "Na verdade o movimento ele tem diversas configurações dependo do lugar do globo em que ele chegou. Nós podemos falar da nossa realidade latino-americana. Quando o movimento carismático chegou na América Latina, nós tínhamos um contexto, uma eclesiologia muito própria ali na década de 70. O movimento chegou em 71 levado por dois Padres jesuítas, que até hoje ainda residem no Brasil, o Padre Eduardo Dougherty, que é da Associação do Senhor Jesus, e o Padre Harold Rahm, que depois fundou o movimento do "Amor Exigente", para a recuperação de dependentes químicos.

Eles começaram o movimento, o Padre Harold Rahm hoje já é mais separado do movimento, mas o Padre Eduardo continua firme, inclusive está aqui em Roma também. Acabamos de almoçar com ele. Naquele período havia, sobretudo no Brasil, uma intensidade de militância da Teologia da Libertação no clero. Esta Teologia fazia com que se tivesse uma visão de Igreja um pouco mais voltada para o social e tinha a tendência a considerar como alienante qualquer movimento estritamente espiritual, o que é característica da Renovação Carismática. Então, naquele momento  o movimento encontrou um respaldo, um apoio muito grande das Igrejas pentecostais, protestantes, que já existiam no Brasil.

O Pentecostalismo chegou no Brasil em 1910-1911 com as Igrejas Assembleia de Deus e Congregação Cristã no Brasil e depois surgiram outras, com diversos outros acentos teológicos, vindos dos Estados Unidos também e uma vez que muitos padres e bispos viam ainda com olhos estranhos o movimento no Brasil, quem auxiliou nos primeiros encontros, os primeiros retiros, foram Igrejas Evangélicas. Claro que houve um momento em que o movimento precisou afirmar a sua identidade católica, porque queria o seu espaço na Igreja Católica e para poder afirmar esta identidade, ela se viu obrigada a se distanciar da convivência com os pentecostais ......através de elementos próprios da devoção, como por exemplo de Nossa Senhora. Então passa-se a incentivar a entrada da imagem de Nossa Senhora nos grupos de oração .... até o uso da Bíblia da Edição da Ave Maria, pelo simples fato de ser Edição Ave Maria.

Então houve esta necessidade de afirmar a identidade católica ... os primeiríssimos encontros, por exemplo, eram feitos puramente kerigmáticos. Não se faziam muitas devoções, não se tinha Missas nos encontros. E isto começou a ser feito para enfatizar a identidade católica. Acontece que hoje, o movimento na América Latina de maneira geral, assim como no resto do mundo, já tem o seu espaço, a sua autoridade, a sua credibilidade, a sua autonomia, porém nós já estamos na terceira ou quarta geração de identidade afirmada, gerações que não conheceram as suas raízes de diálogo ecumênico. E agora, nestes 50 anos, nós estamos sendo chamados inclusive pelo Papa Francisco, para revisitar estas raízes. Hoje nós temos condições de revisitar estas raízes sem ter de nos distanciar delas novamente, como foi necessário no início. Desta vez nos aproximarmos dela, para realizarmos aquilo que de fato era a esperança do movimento para a Igreja.

Quando Paulo VI recebeu o movimento carismático na Igreja e o abençoou, o reconheceu, dentre vários pedidos um deles foi que a Renovação Carismática fosse este polo de porosidade de diálogo com o mundo evangélico pentecostal, porque nós temos uma espiritualidade em comum, uma perspectiva em comum de uso de carismas, Batismo no Espírito Santo, e justamente por isto nós somos esta porta aberta para o diálogo com este ambiente protestante pentecostal". (JE)

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Igreja no Mundo



Marawi prestes a ser libertada: Bispo filipino teme pela vida dos reféns

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Marawi (RV) – Em Marawi, nas Filipinas, “os combates se intensificam e o exército realiza os últimos esforços para expulsar os jihadistas e retomar a cidade”, disse à Agência Fides o Bispo de Marawi, Dom Edwin de la Pena.

“Estamos em uma fase muito delicada – explica o prelado. Estamos muito preocupados pela vida dos reféns (entre os quais 15 católicos, ndr), pois não sabemos qual poderá ser a sorte deles. Segundo alguns contatos, os militantes ameaçam decapitar o Padre Chito. Os reféns são a sua garantia de sobrevivência. Esperemos que os militantes, pressionados, decidam libertá-los sãos e salvos”.

Dom Edwin referiu ainda, terem acolhido “com satisfação e renovada esperança o comunicado público de Jafaar Ghadzali, Vice-Presidente da ‘Moro Islamic Liberation Front’ (grupo guerrilheiro de Minadano, ndr), que pediu ao grupo jihadista "Maute" para libertar Padre Chito e os outros reféns por motivos humanitários, reiterando que tais atos violentos não são compatíveis com o ensinamento do Islã”.

Também a parlamentar muçulmana Samira Gutoc-Tomaws – acrescentou o prelado – fez votos de que pela libertação do sacerdote, com quem compartilhou muitos esforços islâmico-cristãos e iniciativas para construir a paz.

“A opinião pública está se compactando. Esperamos que isto possa ter uma influência no fim da crise e na libertação dos reféns. Continuamos a rezar por eles e renovamos o apelo ao Santo Padre para que reze por nós”, conclui o bispo.

As forças governamentais retomaram o controle quase total da cidade que havia sido ocupada por jihadistas. Entre 50 e 100 militantes permanecem sitiados em algumas áreas, onde se encontram mais de 200 reféns entre mulheres, crianças, um sacerdote e 15 fiéis católicos.

Os militantes do grupo terrorista “Maute” – ligado ao autoproclamado Estado Islâmico – usam mulheres e crianças como escudos humanos, e pretendem usá-los para fugir.

Segundo cifras oficiais, as vítimas do conflito em andamento desde 23 de maio em Marawi são ao menos 174, enquanto vigora na Ilha de Minadano a Lei Marcial decretada pelo Presidente Rodrigo Duterte.

Crianças

Com o conflito, agrava-se a crise humanitária. Segundo a UNICEF, ao menos 50 mil crianças foram envolvidas no conflito e algumas delas foram usadas pelos terroristas como combatentes.

“Estamos profundamente preocupados em relação a qualquer ação que possa colocar em perigo a vida e a segurança das crianças e interferir em seu desenvolvimento geral ou o acesso a serviços sociais de base, como a educação e a saúde”, declarou Lotta Sylwander, responsável Unicef nas Filipinas.

O conflito poderia ter um impacto grave a longo prazo na saúde psicossocial das crianças. No conflito, foram destruídas duas escolas elementares de Marawi. (Fides/JE)

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Formação



Solenidade de Pentecostes: "Assim como o Pai me enviou, eu vos envio"

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Cidade do Vaticano (RV) - «O autor do Evangelho deste domingo, João Evangelista, nos diz que a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos se deu no dia de Páscoa. 

Ele desejava fazer-nos compreender que o Espírito que conduziu Jesus para sua missão de salvar a Humanidade é o mesmo que agora conduz a Igreja, comunidade dos seguidores de Jesus, na continuidade da mesma missão. A Igreja torna presente, na História, o Cristo Redentor.

Quando os discípulos, à tarde do primeiro dia da semana, estão reunidos o Senhor aparece no meio deles e lhes comunica a paz. Mostra-lhes os sinais de seus sofrimentos para lhes dizer que, apesar de seu aspecto glorioso, a memória da paixão não poderá ser deixada de lado, que a glória veio através da cruz.

Estamos no primeiro dia da semana, não nos esqueçamos. Exatamente com esse sentido do novo, do novo pós pascal, isto é, do novo eterno, que não caduca, que não envelhece, Jesus faz a nova criação soprando o Espírito sobre seus seguidores. É uma referência à criação do homem, relatada no cap. 2º, vers. 7 do Gênesis, quando diz que Deus soprou em suas narinas o hálito de vida e o homem passou a viver. No relato desse fato na tarde pascal, temos a criação da Comunidade Cristã.

A missão é dada logo em seguida: perdoar os pecados e até retê-los, se for o caso. Pecado é aquilo que impede a realização do projeto do Pai, que é a felicidade do ser humano. Ora, perdoar os pecados significa lutar para que os planos de Deus cheguem à sua concretização e, evidentemente, devolvendo àquele que está arrependido de suas ações contrárias a esse plano, a reconciliação.

Pelo batismo e pela crisma fazemos parte dessa comunidade que deve continuar a missão redentora de Jesus. Que honra!

Que nossas ações, seja na família, no trabalho ou no meio dos amigos, colaborem com a alegria e felicidade daqueles que nos cercam. Assim estaremos dando glória a Deus, pois a glória de Deus é a felicidade do homem».

(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para a Solenidade de Pentecostes)

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Crônica: Bíblia e Alcorão, conexões e diferenças

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Dubai (RV*) - Amigas e amigos, com alegria eu lhes envio uma saudação de paz das Arábias. 

É sempre enriquecedor estudar o intrincado mundo das religiões. A história de cada povo do planeta desenvolveu-se, tendo como pano de fundo a relação entre o natural e sobrenatural, entre os seres humanos e as divindades. Dessa relação surgiram as religiões. A palavra religião é de origem latina, “religio,” “respeito pelo sagrado” ou da palavra “religare”, atar, amarrar.  Ambas as palavras expressam a relação com um poder sobrenatural, não importa que nome lhe atribuamos.

Quase todas as religiões se baseiam sobre livros sagrados que são como a espinha dorsal que mantem todo o corpo de pé.

Muito se tem falado sobre as semelhanças e diferenças entre livros fundamentais das religiões, mas ultimamente, com destaque para a Bíblia dos cristãos e o Alcorão dos muçulmanos.

Ambos Bíblia e Alcorão são escrituras reveladas. Em certos aspectos guardam semelhança e constância, como adorar um único Deus e submeter-se à sua vontade.

As duas escrituras representam a cristalização da palavra de Deus transmitida aos seres humanos através de profetas, em épocas diferentes.

O Deus trino Pai, Filho e Espirito Santo não encontra eco no Alcorão. Para os muçulmanos seria uma diminuição de Deus atribuir a ele a paternidade. O Espírito Santo não é a expressão de amor entre Deus e o Filho, mas uma emanação divina que não faz parte de sua natureza. No Islã a Doutrina da Trindade não é bem vinda.

A principal diferença entre cristãos e muçulmanos está na figura de Cristo.  Enquanto para nós ele é Filho de Deus, no Alcorão, Jesus é considerado um grande profeta, predecessor de Maomé. Em nenhum caso é reconhecido como Filho de Deus.

Quanto às escrituras, para o Islã, o Alcorão é a palavra revelada de Deus, ditada a Maomé para que a escrevesse integralmente, enquanto para o cristianismo, Deus inspirou os autores sagrados para que, a seu modo e de acordo com a época, escrevessem as mensagens de Deus.

Contudo, núcleo de tudo para o cristão, é que a Palavra de Deus é uma pessoa, Verbo encarnado em Jesus, Palavra de Deus feita Homem, e não um livro.

“Nos tempos antigos, muitas vezes e de muitos modos Deus falou aos antepassados por meio dos profetas. No período final em que estamos, falou a nós por meio do Filho.” (Hebreus 1,1-2).

*Missionário Pe. Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano

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Atualidades



Editorial: trabalho, prioridade do homem

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Cidade do Vaticano (RV) – No último sábado, dia 27 de maio, o Papa Francisco pegou o seu cajado de Pastor e foi visitar a cidade italiana de Gênova, uma cidade conhecida histórica e mundialmente pelo seu importante porto. O Santo Padre visitou essa cidade, visita que provocou tantas emoções na chamada “Cidade da Lanterna”. O grande farol que domina a cidade parecia resplandecer ainda mais a sua luz como a indicar o caminho com a força da fé e a luz de Cristo levada por Francisco. Entre os muitos encontros previstos um chamou muito a atenção dos fiéis e da imprensa em geral, o encontro com o mundo do trabalho, primeira etapa dessa sua peregrinação. Francisco visitou a empresa Ilva, “emblemática” nesta crise que atinge o mundo do trabalho. A empresa passa por dificuldades e muitos de seus funcionários correm o perigo de perder o emprego. 

Esse é um cenário que se repete em muitos lugares do nosso planeta, tanto na Europa, na África, na Ásia, na América Latina, como no Brasil. Nas suas palavras, também dirigidas aos nossos trabalhadores e empregadores brasileiros, Francisco recordou que o “trabalho é uma prioridade humana e portanto, é uma prioridade cristã, uma prioridade nossa”. Francisco se disse comovido ao ver o porto de onde o seu pai partiu como migrante em direção à Argentina.

Eram em 3 mil trabalhadores que acolheram o Papa entre aplausos e aperto de mão. Eles confiaram a Francisco seus temores e dificuldades.

O “Papa de aço”, como o chamaram os genoveses – respondeu a eles e falou da importância da figura do empresário, “fundamental em toda boa economia”.

“Não devemos esquecer que o empresário deve ser antes de tudo um trabalhador, disse o Papa. Nenhum bom empresário gosta de despedir o seu funcionário, porque quem pensa resolver o problema da sua empresa despedindo funcionários, não é um bom empresário: é um comerciante. E Francisco foi lapidário: “hoje vende a sua gente, amanhã… vende a própria dignidade”. É fundamental reconhecer as virtudes dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Falando ainda sobre economia, falou sobre uma economia “abstrata”, sem rostos, que somente especula, que deve ser “temida”, pois é incapaz de amar empresas e homens, incapaz de construir. Às vezes o sistema político parece encorajar quem especula sobre o trabalho e não quem investe e acredita no trabalho. Francisco apontou o dedo contra “regulamentos e leis pesadas e desonestas” que acabam por penalizar as pessoas honestas.

O Papa condenou duramente o que ele chamou de “chantagem social”, ou seja, o trabalho feito de horários massacrantes, mal remunerado, não declarado. Trabalhando, nós nos tornamos mais pessoa, disse. Para Bergoglio os homens e as mulheres se nutrem do trabalho: com o trabalho são ungidos de dignidade.

Francisco rejeita ainda a lógica de um Estado que envia para a aposentadoria as pessoas sem se preocupar com a sobrevivência daqueles que lutaram durante uma vida inteira. O Olhar também para os jovens, reiterando que “um subsídio estatal, mensal, que faça levar avante uma família não resolve o problema”. “O problema deve ser resolvido com trabalho para todos”.

O valor do trabalho, que é fruto da fadiga, não é finalizado ao mero consumo, mas é “o centro de todo pacto social” que rege também a democracia e não um mero meio para poder consumir. Para muitos o consumo é o ídolo do nosso tempo.

O objetivo real a ser atingido não é a renda para todos disse Francisco, ‘mas o trabalho para todos’, porque sem trabalho não haverá dignidade para todos. Em muitas famílias onde falta o trabalho da segunda-feira, jamais será plenamente domingo. (Silvonei José)

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