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Sumario del 21/06/2017
- Audiência: é mais fácil ser santo do que delinquente
- Papa: indicar caminho para um futuro melhor de nossas sociedades
- Pintora doa um quadro ao Papa por sua visita à Armênia
- O Papa pelo Sudão do Sul: projeto em favor de vítimas da violência
- Papa nomeia bispo para Campo Maior, no Piauí
- Card. Beniamino Stella e o Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes
- Santa Sé defende "negociação séria e sincera" para crise na Venezuela
- Indonésia: gesto de tolerância e respeito entre cristãos e muçumanos
- Bispos sul-africanos: quem estiver envolvido em corrupção, renuncie
- Nunciatura denuncia mais de 3 mil mortos e destruições na Rep. Democrática do Congo
- Oblatos de São Francisco de Sales comemoram 200 anos de nascimento do fundador
- Porta Aberta à migração
- Terras indígenas em Roraima na mira de muitos
- Coordenadoras continentais de Talitha Kum reunidas em Roma
Audiência: é mais fácil ser santo do que delinquente
Cidade do Vaticano (RV) - Os santos, testemunhas e companheiros de esperança: este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (21/06), na Praça S. Pedro.
Na penúltima audiência antes da pausa de verão, havia na Praça cerca de 15 mil fiéis, entre os quais grupos das dioceses de Bom Jesus do Gurgueia (PI), Jundiaí, São Carlos e Santo André.
A essa multidão, o Pontífice recordou os momentos na vida cristã em que invocamos a intercessão dos santos: durante o Batismo, o Matrimônio e a ordenação sacerdotal.
O Cristianismo cultiva uma incurável confiança: não acredita que as forças negativas e desagregadoras possam prevalecer. “A última palavra na história do homem não é o ódio, não é a morte, não é a guerra”, disse o Papa. Em cada momento da vida cristã, nos assiste a mão de Deus e também a discreta presença de todos os fiéis que nos precederam. Antes de tudo, a existência dos santos nos diz que a vida cristã não é um ideal inalcançável. E nos conforta: não estamos sós, a Igreja é feita de inúmeros irmãos, com frequência anônimos, que nos precederam e que, por ação do Espírito Santo, estão envolvidos nos acontecimentos de quem ainda vive aqui. Os esposos sabem que precisam da graça de Deus e da ajuda dos santos para dizer “para sempre”. “Não é como alguns dizem, 'até que o amor dure'. Para sempre ou nada. Do contrário, é melhor não se casar”, disse o Papa.
No momentos difíceis, acrescentou Francisco, é preciso ter a coragem de elevar os olhos ao céu, pensando nos muitos cristãos que passaram por atribulações. Deus jamais nos abandona: toda vez que precisarmos, virá um anjo para nos consolar. “Anjos” algumas vezes com um rosto e um coração humanos, porque os santos de Deus estão sempre aqui, escondidos no meio de nós. “Isso é difícil de entender e imaginar. Mas os santos estão presentes na nossa vida”, destacou Francisco, que concluiu:
“Que o Senhor nos doe a esperança de sermos santos. É o grande presente que cada um de nós pode dar ao mundo. Alguém poderá me perguntar: mas é possível ser santo na vida de todos os dias? Ser santo não significa rezar o tempo todo, mas fazer o seu dever. Rezar, trabalhar, cuidar dos filhos, mas fazer tudo com o coração aberto a Deus. Assim nos tornaremos santos. É possível. Não é difícil. É mais fácil ser santo do que delinquente. É possível porque o Senhor nos ajuda.”
Que o Senhor nos dê a graça de acreditar tão profundamente Nele, a ponto de nos tornar imagem de Cristo para este mundo. “Que o Senhor doe a vocês e a mim também a esperança de sermos santos.”
Ao final da catequese, o Papa concedeu a todos a sua bênção apostólica.
Presente na transmissão da Rádio Vaticano desta manhã da Audiência Geral para os meios de comunicação no Brasil o Padre Domingos Barbosa Filho, Diretor de Estudos do Pontifício Colégio Pio Brasileiro de Roma. Ele sintetizou assim a catequese do Papa Francisco…
Papa: indicar caminho para um futuro melhor de nossas sociedades
Cidade do Vaticano (RV) - Antes da Audiência Geral desta quarta-feira (21/06), o Papa Francisco recebeu, na saleta dentro da Sala Paulo VI, no Vaticano, uma delegação estadunidense da Liga Nacional de Futebol.
“Assim como vocês, eu também sou apaixonado por futebol, mas em meu país se joga de forma muito diferente”, sublinhou o Pontífice em seu discurso.
“O mundo em que vivemos e especialmente os jovens precisam de modelos, de pessoas que nos mostrem como fazer emergir o melhor de nós mesmos a fim de frutificar os dons e os talentos doados por Deus, e ao fazer isso, indicar o caminho para um futuro melhor de nossas sociedades”, disse o Papa.
“O trabalho em equipe, o jogo leal e o procurar o melhor são valores, também no sentido religioso do termo, que guiam o nosso compromisso no jogo. Todavia, há grande necessidade desses valores também fora de campo, em todas as dimensões da vida comunitária.”
“São valores que ajudam a construir uma cultura do encontro, na qual prevenimos e socorremos as necessidades de nossos irmãos e irmãs, e combatemos o individualismo exagerado, a indiferença e a injustiça que nos impedem de viver como uma só família humana. Quanto o mundo precisa dessa cultura do encontro!”
O Papa concluiu seu discurso, desejando que esta visita a Roma da Liga Nacional de Futebol estadunidense, possa aumentar a sua gratidão pelos dons recebidos e inspirar a partilha generosa em prol da construção de um mundo mais fraterno.
(MJ)
Pintora doa um quadro ao Papa por sua visita à Armênia
Cidade do Vaticano (RV) - A pintora armênia Marietta Armena presenteou um quadro ao Papa Francisco, nesta quarta-feira (21/06), por ocasião do primeiro aniversário de sua viagem apostólica à Armênia de 24 a 26 de junho do ano passado.
A pintora participou da Audiência Geral e no final da catequese semanal entregou ao Santo Padre o quadro pintando por ela que representa o Papa Francisco com uma pomba na mão esquerda, símbolo da paz, que está prestes a voar, e com a outra mão abençoa e convida a humanidade a seguir suas pegadas e se unir na missão em favor da paz. No fundo, o Monte bíblico Ararat, símbolo dos armênios, onde segundo a tradição a Arca de Noé se encalhou, depois do dilúvio.
“Com este pequeno presente, quis agradecer ao Papa Francisco por sua amizade com o povo armênio. Em particular, pela missa celebrada, no Vaticano, em abril de 2015, em homenagem aos mártires armênios do Genocídio, e por sua visita à nossa terra em junho de 2016”, disse a artista armênia, explicando que com aquela pintura quis representar o Papa como peregrino da paz na terra onde a vida recomeçou após o dilúvio.
Com esta mensagem de paz e liberdade, o Papa quis marcar sua viagem apostólica à Armênia, fazendo uma etapa no Mosteiro de ‘Khor Virap’, próximo ao Monte Ararat, onde concluiu sua visita à primeira nação cristã.
(MJ)
O Papa pelo Sudão do Sul: projeto em favor de vítimas da violência
Cidade do Vaticano (RV) - “O Papa pelo Sudão”: assim se chama a iniciativa de apoio no campo da saúde, da educação e do trabalho agrícola com a qual o Papa Francisco quis manifestar concretamente caridade e proximidade à população do país africano em guerra desde 2013 devido a rivalidade entre as lideranças políticas da mais nova nação do continente negro.
A iniciativa coloca-se ao lado da obra de várias congregações religiosas e organismos internacionais cujos representantes, junto com o prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Peter Turkson, fizeram esta quarta-feira (21/06), na Sala de Imprensa da Santa Sé, a apresentação do projeto.
Há uma gravíssima crise humanitária no Sudão do Sul devido a guerra vivida em meio ao silêncio do mundo: mais de sete milhões de pessoas passam fome, um milhão e meio é obrigado a fugir e agora milhares correm o risco de uma epidemia de cólera.
Todos os dias registram-se no país massacres e atrocidades e o “Papa Francisco jamais cessou de rezar e de pensar nessas vítimas que têm permanecido sem ser ouvidas. O Pontífice não pode visitar o país por esta total insegurança, mas quer fazer-se próximo de outro modo, esperando poder vê-las com seus olhos”, disse o purpurado apresentando as iniciativas do Santo Padre:
Duas iniciativas no campo da saúde, uma no campo da educação e outra no campo da agricultura, âmbitos nos quais “sempre a Igreja expressa sua contribuição em favor dos últimos, ajudando para um desenvolvimento verdadeiramente integral. O Cardeal Turkson:
“O Santo Padre espera vivamente poder ir a este país o quanto antes em visita oficial. A Igreja jamais fecha à esperança num território tão sofrido. Aliás, convida à solidariedade, à compaixão e a escolhas audazes e a crer que a Divina Providência é sempre capaz de realizar aquilo que o coração do homem não ousa esperar.”
Os fundos alocados – uma cifra pouco inferior a meio milhão de dólares – derivam da caridade do Papa, da Secretaria de Estado, do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral e dos benfeitores, explicou ainda o cardeal ganense.
O Papa e o Vaticano – ativo numa mediação política em busca da paz – ainda espera poder realizar uma viagem oficial à África. (RL/GC)
Papa nomeia bispo para Campo Maior, no Piauí
Cidade do Vaticano (RV) - A diocese piauiense de Campo Maior, depois de mais de um ano sem bispo titular, recebe nesta quarta-feira a notícia da nomeação de Pe. Francisco de Assis Gabriel dos Santos, redentorista, até agora Pároco de “Nossa Senhora do Perpétuo Socorro” em Garanhuns (PE).
Pe. Francisco de Assis Gabriel dos Santos nasceu em 1968 em Esperança, diocese de Campina Grande, no estado da Paraíba. Estudou Filosofia no Instituto Teológico e Pastoral do Ceará-ITEP (1994) e Teologia no Instituto Teológico São Paulo-ITESP (1999). Também frequentou o curso de Comunicação Social e Jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco (2010).
Foi ordenado em 22 de julho de 2000.
A partir de então, desempenhou seu ministério sacerdotal em várias funções nas Dioceses de Recife e Garanhuns. Desde 2011 é Vigário Vice-Provincial Redentorista em Recife.
(CM)
Card. Beniamino Stella e o Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes
Cidade do Vaticano (RV) – No dia do Sagrado Coração de Jesus, celebrado em 23 de junho, recorre o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, ocasião propícia para um tempo de oração e de comunhão entre os sacerdotes, além de uma oportunidade ímpar para redescobrir e reavivar o dom do sacerdócio.
O Papa Francisco, em diversas ocasiões, fala dos pastores com o coração de Cristo, a serviço do povo de Deus, como foram no século passado os dois sacerdotes italianos, Padre Mazzolari e Padre Milani, homenageados com sua visita a Bozzolo e Barbiana em 20 de junho.
A enfatizar este aspecto foi o Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Beniamino Stella, em entrevista concedida ao L’Osservatore Romano com o título “Pecador e pescador”.
OR: Qual é o significado deste dia?
“Antes de tudo a possibilidade de um tempo de oração e reflexão que apresenta ao menos três aspectos. O primeiro é justamente a centralidade da oração; rezando juntos, de fato, os sacerdotes recordam que o seu ministério não é radicado nas coisas a serem feitas e que, sem a relação pessoal com o Senhor, se corre o risco de mergulhar no trabalho, negligenciando Jesus. O segundo aspecto, é a redescoberta do valor da diocesanidade, porque não se é padre sozinho, mas como parte da família do presbitério, e este dia convida os sacerdotes a reencontrarem a beleza da fraternidade presbiteral junto ao próprio bispo, renovando o compromisso a superar as divergências que frequentemente impedem aos sacerdotes viver a comunhão e de atuar juntos em âmbito pastoral. Por fim, por meio de momentos de reflexão e de verificação, o dia quer ajudar os padres a redescobrir a essência de sua identidade e o sentido de seu serviço ao povo de Deus”.
OR: Seria possível delinear um modelo de pastor segundo o magistério pontifício?
“Dirigindo-se aos sacerdotes ou falando de seu ministério, o Papa pouco a pouco, delineou lentamente um verdadeiro retrato do padre. E surge então o modelo de um pastor que caminha em meio ao seu povo, participa com a própria vida de suas vicissitudes, se comove profundamente pelas suas feridas e o unge com a alegria do Evangelho. Mesmo recentemente, o Pontífice expressou a sua preocupação maior: a de que os sacerdotes caiam na tentação de viver o ministério como um dever de ofício, como se fossem, isto é, “clérigos de Estado”, ou “funcionários do sagrado”; pelo contrário, o povo de Deus tem necessidade de um pastor que escute, acolha, acompanhe, que seja o bom samaritano para quem ficou ao largo da vida. Recentemente, o Santo Padre usou uma expressão muito forte sobre a figura do padre: “É um mediador entre Deus e os homens, não um funcionário que não suja as mãos”. O padre, segundo Francisco, é o homem da relação com o Pai e com as pessoas, ministro da compaixão que sabe consolar e guiar, que sabe fazer um discernimento pastoral em todas as situações e é capaz de acender pequenas luzes, mesmo naquelas existências ou naqueles contextos onde parece que tudo esteja perdido”.
OR: O Papa recém visitou os lugares que tiveram como protagonistas dois padres “incômodos”, Padre Primo Mazzolari e Padre Lorenzo Milani. Que mensagem se pode tirar disto, para os párocos italianos de hoje?
“Estas duas etapas, tão ricas de significado para a espiritualidade da Igreja na Itália, embelezam o retrato do padre delineado pelo Papa Francisco de que falava. Foi uma homenagem importante a dois sacerdotes corajosos, livres, animados por um autêntico espírito evangélico, que os tornou “incômodos” muitas vezes – e por isto incompreendidos – capazes de comunicar o Evangelho na “periferia”, mesmo aos mais distantes. Com esta dupla visita o Papa quis reiterar que “os párocos são a força da Igreja na Itália”, exortando a viver o sacerdócio naquela dimensão profética que nos faz “caminhar em frente”, também ao custo de ser, não logo ou não por todos, entendidos. Destas duas extraordinárias figuras de padres, colheria dois aspectos enfatizados pelo Pontífice e que podem representar uma mensagem importante também para os sacerdotes de hoje. Do Padre Mazzolari, o Papa recordou como amava dizer que o “padre não é um repetidor passivo e sem alma”, mas alguém que proclama a verdade por meio de uma “cordial humanidade”, fazendo dela um instrumento de misericórdia de Deus. Do Padre Milani, reevocou a paixão educativa e o empenho em “devolver a palavra aos pobres”, sublinhando que a raiz desta missão era o seu ser “um padre de fé”. Deste modo, o Pontífice descreve um padre que é um anunciador humano, cordial, misericordioso; e, ainda, “homem de fé sincera e não aguada”, para poder viver “uma caridade pastoral por todos”.
OR: Diversas vezes o Pontífice falou sobre a necessidade de um caminho de formação e amadurecimento para os sacerdotes. Como realizá-lo?
“Hoje se percebe de modo especial esta necessidade, realmente imprescindível, da formação dos padres, também eles discípulos chamados a seguir Jesus: devem ser plasmados pela sua palavra e configurar o seu coração àquele do Bom Pastor. É necessário trabalhar muito na qualidade do percurso que se vive nos seminários e sobre isto a Congregação para o Clero investe muita energia. Temos necessidade de seminários que sejam locais de crescimento humano, espiritual, acadêmico e pastoral; e temos necessidade de formadores preparados, que saibam oferecer aos candidatos a possibilidade de amadurecimento psico-afetivo e de enraizamento na oração, em um clima comunitário fraterno, capaz de fazê-los sair de si mesmos e de ajudá-los gradualmente a inserir-se no campo pastoral”.
OR: Como superar a tentação do “sentido de derrota, que nos transforma em pessimistas descontentes e desencantados pelo rosto escuro”, como se lê na Evangelii gaudium?
“O Papa Francisco mostra possuir, além de uma lúcida capacidade de leitura da vida pastoral, aquilo que poderíamos chamar a pulsação da vida: sabe, isto é, que na vida dos fiéis e dos sacerdotes podem existir momentos de desencorajamento, cansaço, frustração. O padre vive na própria pele a lógica do Evangelho, isto é, do reino que cresce como uma pequena semente ou um fermento escondido, em modo invisível, para além dos cálculos humanos. Por isto deve ter a armadura forte da fé e da oração, para que não interprete nunca a sua missão como o equivalente a um trabalho empresarial, baseado no lucro; deve chegar à confiança da escuta da Palavra e da colaboração ativa com os confrades e com os leigos, lutando contra todo o pessimismo e buscando ser criativo e dinâmico no anúncio do Evangelho. Como observou o Pontífice, quando um padre se deixa abater pelos problemas e pelas necessidades das pessoas, recebe o afeto e o amor gratuito do povo de Deus. E isto torna-se para ele consolação e antídoto a todo sentimento de derrota e de desencorajamento”.
OR: Muitas vezes os padres se encontram diante de lapsos de fé. Como superar esta provação?
“Existem regiões do mundo marcadas por um crescente secularismo, pela pobreza e pela injustiça, pelos conflitos étnicos e religiosos: ali é difícil testemunhar a fé cristã, e mais ainda viver o ministério sacerdotal. Às vezes se tem a impressão – como afirma o Papa na Evangelii gaudium – que se vai de encontro a uma “desertificação espiritual” e a um esfriamento do dinamismo da própria evangelização. Penso que o sacerdote, em tais contextos, deva antes de tudo, radicar-se em uma relação íntima e pessoal com Jesus, o qual, durante a sua missão, teve dificuldades, foi impedido e no final levado à morte. A ressurreição do Senhor dá a certeza interior de que, dentro de nossa fraqueza e do “escândalo da paixão” a qual frequentemente é submetido o próprio anúncio do Evangelho, resplandece o poder do amor de Deus. No encontro com os sacerdotes de Milão, o Pontífice recordou também que não devemos nunca temer os desafios: porque nos fazem crescer, nos salvam de um pensamento fechado e ideológico e, de uma forma ou outra, nos desacomodam. Na provação, eu diria, somos desafiados a parar, a retornar ao Senhor, despojando-nos de toda presunção, a buscar novos caminhos para o anúncio do Evangelho, saindo dos hábitos consolidados e da pretensão de já ter chegado. Assim, também um momento de provação pode revelar-se como uma ocasião de crescimento”.
OR: Como convivem em um padre ou em um bispo a consciência de serem pecadores aos olhos de Deus e a consciência do chamado de Jesus para serem pescadores de homens?
“Na dinâmica da vocação sacerdotal existe este paradoxo, bem visível no chamado dos apóstolos por parte do Senhor: quem é chamado nunca é um perfeito ou uma pessoa que tenha dons extraordinários, mas pelo contrário, Jesus se detém na margem do mar para dirigir-se a alguns simples pescadores e, pouco depois, a um cobrador de impostos. Um padre ou um bispo experimentam isto durante toda a sua vida; sentem que a exigência da missão a eles confiada é levada em frente porque a misericórdia de Deus vem em auxílio a sua fraqueza e às suas fragilidades; aprendem, a cada dia, a serem apóstolos, não por méritos pessoais, mas porque foram escolhidos pelo Senhor, que os chamou e os enviou. Os dois aspectos – ser pecadores e ser pescadores de homens, enviados a proclamar o Evangelho – não somente convivem bem, mas são também uma garantia para a nossa santificação: se tudo dependesse da nossa perfeição, logo nos esqueceríamos de Deus e nos tornaríamos soberbos. Há poucos dias, em uma homilia na Santa Marta, o Papa disse que não devemos maquiar-nos para parecer “vasos de ouro”, mas pelo contrário, devemos aceitar sermos “vasos de barro”; somente assim o oleiro, que é Deus, nos modela com amor e permite que, mesmo dentro de nossa fraqueza, resplandeça o tesouro do Evangelho, a ser levado ao mundo inteiro”.
(JE - L’Osservatore Romano)
Santa Sé defende "negociação séria e sincera" para crise na Venezuela
Cancun (RV) – Responder à crise na Venezuela com uma negociação séria e sincera entre as partes. É o que defende a Santa Sé - por meio de seu Observador Permanente na ONU, Dom Bernardito Auza - na declaração dirigida à Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), reunida até esta quarta-feira em Cancun, no México.
A Santa Sé reitera desta forma a posição que vem adotando em relação à grave situação vivida na Venezuela. Em diversas ocasiões desde o início da crise – recorda Dom Auza – o Papa Francisco, o Secretário de Estado Pietro Parolin e a Conferência Episcopal venezuelana, pediram às instituições e às forças políticas – superando interesses das partes e ideologias – para ouvir a voz do povo.
A Santa Sé – sublinha o prelado – sempre exortou todos os líderes políticos a não medirem esforços para por fim à violência.
Condições para uma negociação séria
O caminho para uma solução pacífica – acrescenta Dom Auza – pode ser buscado por uma negociação a ser articulada com base nas indicações ilustradas na carta de primeiro de dezembro de 2016, escrita pelo Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin.
No documento – observa o Núncio – o purpurado pedia, entre outras coisas, que fosse adotado um caminho que levasse à eleições livres e solicitava medidas para fornecer ajudas humanitárias, alimento e remédios.
Na carta de 2016 – sublinha Dom Auza – o Secretário de Estado exortava também a serem tomadas medidas que levassem à libertação dos presos políticos.
Negociação apoiada pela comunidade internacional
Neste cenário de crise, marcado pela violência que atingiu também a Igreja venezuelana, existem ulteriores riscos. A recente decisão do governo de convocar uma Assembleia Constituinte – sublinha em particular Dom Auza – ao invés de ajudar a resolver os problemas, pode complicar a situação e colocar em perigo o futuro democrático do país.
Ao concluir, o Observador Permanente da Santa Sé afirmou que é bem vista a iniciativa de que um grupo de países da região e eventualmente de outros continentes – escolhidos quer pelo governo como pela oposição – acompanhem a negociação na qualidade de garantes.
Desde o início de abril ao menos 75 pessoas morreram nos choques entre manifestantes e polícia e continua a faltar alimentos e remédios.
Arquidiocese de Córdoba: bem comum supere interesses mesquinhos
Buenos Aires (RV) - “A possibilidade de encontrar o modo de resolver os conflitos e alcançar acordos que garantam a paz social e o bem comum nos encoraja. Devemos respeitar os direitos de todos os cidadãos e cumprir, de modo responsável, nossos deveres de autoridade e de cidadãos.”
É o que se lê numa mensagem da Pastoral social da Arquidiocese argentina de Córdoba. No documento convida-se também a honrar a memória do Gal. Manuel Belgrano, criador da bandeira nacional, e a renovar o compromisso de construir, com palavras e atitudes, “uma nação de irmãos”.
Conflitos a serem resolvidos com diálogo responsável
No texto, reportado pela agência missionária Fides, colhe-se a ocasião da festa da bandeira, celebrada esta terça-feira (20/06), para refletir sobre alguns valores:
“Sentar-se para falar com sinceridade e transparência não é um sinal de fraqueza, pelo contrário, é um gesto corajoso de quem quer buscar o bem comum, com particular atenção aos menos favorecidos e sofredores.”
Superar conflitos através de diálogo responsável e maduro
“Trata-se de um compromisso árduo, mas muito útil para reforçar a democracia e respeitar as instituições, buscando resolver os conflitos mediante um diálogo responsável e maduro, evitando o confronto áspero e a violência.”
“Favorecer a cultura do encontro pode ser um bom incentivo e um modo inteligente que nos permite enfrentar as diferenças com um verdadeiro espírito construtivo, deixando de lado os interesses mesquinhos”, lê-se ainda na mensagem.
Cultura do encontro permita gerar diálogos fecundos
Por fim, a Pastoral social da Arquidiocese de Córdoba exorta governantes e legisladores, dirigentes sindicais e empresários a “fazer o máximo esforço para o alcance de uma maior cultura do encontro que permita gerar diálogos fecundos”.
“Queremos ser uma nação cuja identidade é a paixão pela verdade e o compromisso com o bem comum”, ressalta-se na conclusão do documento.
Manuel Belgrano (Buenos Aires, 3 de junho de 1770 – 20 de junho de 1820) foi um economista, político e general argentino. Ilustre representante da população crioula, foi um dos principais protagonistas da independência da Argentina da Espanha. (RL/Fides)
Indonésia: gesto de tolerância e respeito entre cristãos e muçumanos
Jacarta (RV) – A cooperação inter-religiosa entre cristãos e muçulmanos é percebida e apreciada sobretudo por ocasião das respectivas festas religiosas, que se tornam um momento especial para expressar proximidade e participação solidária.
Com este espírito, a Catedral de Jacarta, dedicada a Santa Maria da Assunção, decidiu colocar à disposição dos fiéis muçulmanos os espaços adjacentes ao templo, visto que em 25 de junho se celebra a festa do Id al Fitr, que conclui o mês santo islâmico do Ramadã.
De fato, a Grande Mesquita Istiqlal, em Jacarta, onde se reunirão milhares de pessoas, localiza-se na frente da Catedral católica.
E os fiéis muçulmanos que desejarem ir à mesquita para a oração da manhã, poderão estacionar suas motos ou automóveis no complexo da Catedral.
Gesto de cordialidade e respeito se repete há 30 anos
Este gesto de cordialidade recíproca acontece há 30 anos. A mesquita oferece a mesma possibilidade aos fiéis cristãos por ocasião do Natal, da Semana Santa ou de outros grandes eventos que se realizam na Catedral.
Diante do evento, que envolverá grande parte da população muçulmana da capital, o Conselho Pastoral da Catedral também decidiu alterar – somente para o domingo 25 de junho – os horários das Santas Missas (serão 4 celebradas naquele domingo), cancelando a primeira celebração da manhã, horário em que se prevê a presença maciça de fiéis muçulmanos.
É possível que decisão crie – se admite – alguma dificuldade para os fiéis que costumam frequentar a missa às 6 horas.
Adriana Yeanne Kawuwung, paroquiana da Catedral de Jacarta, declarou à Agência Fides, que “aquele horário é para nós o momento preferido para encontrar e falar com o Senhor, porque a Catedral não está tão cheia de fiéis e não faz muito calor”.
Sinal tangível de harmonia religiosa, de amizade e de tolerância
“Mas – acrescenta – em sinal de respeito e apoio aos nossos irmãos muçulmanos que usarão o estacionamento, poderemos escolher outro horário ou mesmo outra igreja. É importante na Indonésia dar um exemplo e um sinal tangível de harmonia religiosa, de amizade e de tolerância em um tempo em que se observa na sociedade uma crescente intolerância”.
(JE/FIDES)
Bispos sul-africanos: quem estiver envolvido em corrupção, renuncie
Pretória (RV) - “A corrupção na África do Sul é um problema nascido antes que o Presidente Jacob Zuma assumisse o encargo. Mas piorou durante seu mandato”: é o que afirma uma declaração da Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal da África do Sul (SACBC, na sigla em inglês), reportada pela agência missionária Fides após a publicação por parte da imprensa sul-africana de cerca de cem mil e-mails concernentes a uma rede de negócios ligada ao chefe de Estado. Atualmente está em andamento uma investigação para verificar a autenticidade dos e-mails.
Denúncia de uma corrupção que se tornou sistemática
-“Se autênticos, os e-mails difundidos demonstram que a rede de proteção do Presidente, como seus planos para depredar os recursos estatais, é muito mais vasta e complexa do que se pensava”, afirma Justiça e Paz que denuncia a difusão do “câncer da corrupção”, a ponto de esta “ter-se tornado o modo ordinário de organizar as relações econômicas, sociais e políticas na África do Sul”.
Quem está envolvido, renuncie
-“Quem está implicado nos escândalos revelados pelos e-mails, se reconhecidos autênticos, deve renunciar”, reiteram os prelados que pedem ao partido de Zuma, o African National Congress (ANC), que escolha para as eleições presidenciais de 2019 um candidato que seja capaz de investigar as atividades do Presidente atual e que “tenha a credibilidade ética para colocar-se na condução do combate à corrupção em nosso país”, precisam eles. (RL/Fides)
Nunciatura denuncia mais de 3 mil mortos e destruições na Rep. Democrática do Congo
Kinshasa (RV) - Três mil pessoas foram mortas desde outubro de 2016 em Kasaï, na onda de violência que sacudiu esta região central da República Democrática do Congo, de acordo com um relatório da Nunciatura Apostólica na RDC.
O documento da Nunciatura fala de 3.383 "mortes assinaladas" desde outubro em Kasai, enquanto a ONU estima o número de mortos em "mais de 400."
No texto é apresentado um "resumo dos danos sofridos pelas instituições eclesiásticas" com base em "relatórios eclesiásticos divulgados a partir de 13 de outubro de 2016 – data do primeiro ataque a uma paróquia -", acrescentando que os dados "não são exaustivos ".
De acordo com a nota datada de 19 de junho, várias estruturas eclesiásticas foram danificadas ou fechadas, incluindo 60 paróquias, 34 casas religiosas, 31 centros de saúde católicos, 141 escolas católicas e 5 seminários. Um bispado foi destruído.
A Nunciatura também afirma que 20 aldeias foram "completamente destruídas", incluindo "10 pelo FARDC (exército congolês), 4 por milicianos e 6 por agressores desconhecidos".
Também são mencionadas 30 valas comuns. A ONU, por sua vez, fala de 42 valas comuns.
Desde setembro de 2016, a região de Kasai, no centro de RDC, é sacudida pela rebelião de Kamwina Nsapu, tradicional líder, morto em agosto passado em uma operação militar depois de ter se rebelado contra o governo de Kinshasa.
A violência envolvendo milícias, soldados e policiais em Kasai provocou o deslocamento de 1,3 milhões de pessoas.
Dois especialistas da ONU, enviados pelo Secretário-Geral para investigar a violência, foram mortos em março.
A ONU acusa os rebeldes Kamwina Nsapu de alistar crianças-soldados e cometer atrocidades, ao mesmo tempo em que denuncia o uso desproporcional da força por parte do exército congolês.
(JE/AFP)
Oblatos de São Francisco de Sales comemoram 200 anos de nascimento do fundador
Cidade do Vaticano (RV) - Quando uma criança é concebida os sonhos de Deus ganham traços humanos. Vamos apresentar a vocês a história de um homem que alcançou o mundo a partir da fé e do seu trabalho e que neste ano de 2017 celebramos 200 anos de seu nascimento. Seu nome é Luís Brisson, padre e fundador da Congregação dos Oblatos de São Francisco de Sales. Esta Congregação está presente em quinze países. No Brasil, os Oblatos estão na Arquidiocese de Porto Alegre (RS), Diocese de Frederico Westphalen (RS) e Prelazia de Itaituba (PA).
Luís Brisson nasceu em Plancy, França, no dia 23 de junho de 1817, sendo filho único de um casal de comerciantes ambulantes. Foi ordenado sacerdote no dia 19 de dezembro de 1840 na diocese de Troyes, França. Trabalhou inicialmente como professor de matemática e ciências no seminário. Depois assumiu como capelão no mosteiro da Visitação de Troyes, permanecendo nesta função de outubro de 1843 a julho de 1884. A Visitação é uma ordem Religiosa contemplativa feminina fundada por São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal em 1910, em Annecy, na França.
Foi neste mosteiro de Troyes que algo incomum lhe ocorreu. Vinha através da superiora, a Madre Maria de Sales Chappuis, uma religiosa com fama de santidade e de grande sabedoria, conhecida como Boa Madre. Ela apresenta-lhe o projeto de fundar uma Congregação de sacerdotes no espírito de São Francisco de Sales. Essa proposta que não agradou padre Brisson, homem dado sempre a coisas muito práticas. Ele recusou veementemente, e por trinta anos. Nem imaginava que a referida Madre sabia bem insistir e persistir, ainda mais quando ela via a vontade de Deus naquilo que pedia.
Era uma época difícil. A França estava passando pela Revolução Industrial. Centenas de jovens vinham do interior para as grandes cidades em busca de trabalho nas fábricas. Uma vez nas cidades, ficavam à mercê de situações nocivas, às vezes eram explorados, sem família, sem lugar adequado para ficar, sem alguém que defenda seus direitos, sem uma instrução educacional e religiosa.
Padre Brisson é sensível a esta situação e faz algo para ajudar. Ele tinha sido, em 1858, nomeado diretor diocesano da Associação de São Francisco de Sales para a defesa da fé num país cristão. Faz uso dessa função para ajudar, primeiramente, as jovens operárias, abrindo patronatos e lares para acolhê-las, ampará-las e instruí-las. O trabalho cresceu e Deus mostrou a ele o momento certo de iniciar uma congregação de Irmãs: nasce as Oblatas de São Francisco de Sales, com a ajuda de duas ex-alunas da Visitação, a senhorita Leonie Aviat e a senhorita Lucie Canuet (1868). As Oblatas abrem oficinas de costura em Troyes e outras cidades. Depois fundam escolas primárias e secundárias e lares para moças. As religiosas estendem-se, pouco a pouco, para a Áustria, Itália, Suíça, Inglaterra e, depois, para as missões do Rio Orange (África), do Equador e do México. Leonie Aviat, a primeira superiora, foi canonizada pelo papa João Paulo II em 2001. Seu dia no calendário litúrgico é 10 de janeiro.
Tudo ia bem, mas a congregação masculina ainda não havia surgido. A Boa Madre insistia com o Padre Brisson. Ele sempre recusava. Pediu a Deus várias provas para saber se o que a Madre pedia era realmente vontade divina. Até que um dia, conta-nos ele, o próprio Jesus apareceu-lhe. Ele estava no locutório das Irmãs (parte em que as religiosas conversam com as pessoas, separadas por uma grade) e havia negado novamente ao pedido da Boa Madre. Sussurrou para ela: “nem que um morto ressuscite, eu realizarei o que a senhora me pede”. A madre levantou-se e saiu, enquanto o padre ficou ali, parado, refletindo suas próprias palavras: “Depois de uns sete minutos, levantei os olhos e vi o Senhor parado do outro lado da grade, a uma distância de uns dois metros de mim. A minha primeira reação foi uma sensação de resistência. ‘Agora acabou. Agora tenho que ceder.’ A minha resistência aumentou: ‘Talvez seja uma ilusão’. E comecei a observar a figura detalhadamente. Comecei debaixo, com os pés e as sandálias. De início, não me animei mirar diretamente os olhos. Estudei-o com precisão, como um pintor observa seu modelo minuciosamente. Eu não queria ser enganado. Queria constatar que o que vi com os olhos era uma realidade. Devagarzinho meu olhar subia. Finalmente fitei o Senhor no rosto. Ele não disse nada, mas me olhou com o aspecto um pouco severo e descontente; e eu não pude duvidar de que Ele me pediu que eu fizesse o que a Boa Madre me dizia. Atirei-me de joelhos e consenti, sem dizer uma palavra ou fazer um gesto. Experimentei uma profunda paz e uma grande calma. Todo o tempo me senti bem tranquilo. A aparição se esvaeceu.”.
A partir daí não havia mais como resistir. Encarregado, em dezembro de 1868, de reabilitar o colégio eclesiástico de Troyes, o Padre Brisson reconheceu, nesse fato, o sinal aguardado para a criação da comunidade de sacerdotes e fundou os Oblatos de São Francisco de Sales (1875). Ele fez nascer os Oblatos num contexto operário deixando-lhes claro: “Nossa condição é a de pobres operários. Andamos vestidos, nos alimentamos como pobres obreiros”. Entregou a eles o espírito de São Francisco de Sales como característica principal e genuína. Esta doutrina está baseada na íntima união com Deus em todos os lugares e momentos, praticando sempre a humildade para com Deus e mansidão para com o próximo, fazendo TUDO POR AMOR e reimprimindo o Evangelho onde Deus os plantar, no mundo tal qual é.
Padre Brisson quis fortalecer as associações de trabalhadores e promover a educação, indo além do patronado onde fora sempre atuante. No que diz respeito à educação dos jovens operários, Brisson aplicou o método salesiano: “educação baseada no respeito pela pessoa, o sentido da sua liberdade e formação de sua responsabilidade”. É a libertação e dignidade do ser humano que o Bom Padre está promovendo e defendendo como profeta de seu tempo para a Igreja e para a sociedade (o mundo).
Depois de ter fundado diversos colégios e patronatos na França, os Oblatos estenderam-se para a Áustria, Alemanha, Inglaterra, Grécia; abraçaram missões na África do Sul, como também em ambas as Américas. No Brasil chegaram em 1885, no Pará, ficando apenas dois anos, pois as autoridades brasileiras, num desentendimento com a Santa Sé, exigiram a retirada das Congregações. Em 1906 os Oblatos voltaram ao Brasil, em Dom Pedrito – RS. Depois se estenderam para várias cidades da região.
Padre Luís Brisson enfrentou muitas dificuldades, inclusive a da dispersão das Ordens Religiosas na França, em 1903. Nesta época, impedido pela idade avançada, retirou-se para Plancy onde faleceu de maneira edificante, no dia 2 de fevereiro de 1908, com 90 anos de idade.
A Igreja reconheceu suas virtudes beatificando-o em 22 de setembro de 2012. Sua festa litúrgica como beato é celebrada no dia 12 de outubro, dia da fundação dos Oblatos de São Francisco de Sales. Padre Brisson foi um homem de fé e ação. Deu ao sonho de Deus traços humanos ao cuidar das pessoas em dificuldades. Deus sonha com a felicidade de todo ser humano, de toda a Criação.
Este padre de quem falamos esforçou-se para que esta felicidade fosse concreta na vida do povo de seu tempo, em especial do operários e operárias. Foi homem de fé, esperança e caridade, e continua a inspirar muitas pessoas pelo mundo a viverem o bem acima de tudo. Os Oblatos o seguem como seu fundador e inspirador. Onde estão os padres e irmãos Oblatos de São Francisco de Sales está também Padre Brisson que ousou sonhar e concretizar o sonho de Deus como lhe era possível.
(Oblatos de São Francisco de Sales)
Atualização do Mistério Pascal em cada Liturgia - Parte I
Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar no programa de hoje sobre a renovação litúrgica trazida pela Constituição dogmática Sacrosanctum Concilium.
No programa passado, vimos como a liturgia é a celebração por excelência do Mistério Pascal de Cristo agora realizado em nossas vidas, em nossa história concreta, na atualidade da vida concreta dos que ali celebram a salvação.
De fato, a Constituição dogmática Sacrosanctum Concilium - promulgada pelo Papa Paulo VI em 4 de dezembro de 1963 - afirma que Jesus instituiu o sacrifício da Santa Missa, a fim de perpetuar nos séculos, até a sua volta, o sacrifício da cruz. Assim, a obra de salvação continuada pela Igreja realiza-se na liturgia.
No programa de hoje, Padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado neste percurso dos documentos conciliares, no traz a primeira parte da reflexão "Atualização do mistério pascal em cada liturgia":
"Padre Pedro Mosén Farnés, falecido em 24 de março deste ano, em Barcelona, foi um dos grandes liturgistas e expoentes do Concílio Vaticano II para trazer a renovação litúrgica, que é proposta na Sacrosanctum Concilium – a constituição dogmática pilar de toda a valorização e renovação dos sacramentos e, no centro disso, a Pascoa, a vigília Pascal por excelência e a Eucaristia, como Mistério Pascal.
O esplendor da Liturgia centrou-se nesse foco - o Mistério Pascal. Aqui não se trata de que na liturgia Cristo estivesse simplesmente presente para me ajudar, mas que nela está a Ressurreição de Cristo, que te convida a entrar na morte com Ele, para com Ele ressuscitar. Se não entro nesse dinâmica renovadora da liturgia, os sacramentos serão ritos exteriores e eu serei um mero expectador, da mesma forma como vou a um cinema assistir um filme que pode até me envolver emocionalmente, mas serem apenas sou um assistente, um mero expectador de um fato alheio a minha vida e história.
A Constituição Dogmática Lumen Gentium, no número 03, diz com clareza essa atualização da liturgia em nossa história e vida pessoal e comunitária: “todas as vezes que se celebra no altar o sacrifício da cruz, pela qual Cristo, nossa páscoa, foi imolado, atualiza-se a obra da nossa redenção”(LG 03). (É convenienterepetir aqui esse texto para o ouvinte).
Três comentários palavras aqui queremos comentar desse texto da Lumen Gentium. Primeiro: A palavra sacrifício, para ser referendada à Santa Missa, deve aqui ser bem entendida. Na religião pagã, a palavra é traduzida por “sacrumfacere”, ou seja, fazer o sagrado. A missa, sabemos não é apenas sacrifício, mas também banquete, festa, uma celebração que é memorial pascal, refeição alegre, festiva e atual da Páscoa de Jesus Cristo. Assim, a Eucaristia seria muito mais um “sacrificiumlaudis”, um louvor e uma rica ação de graças pela vitória de Cristo sobre a morte. O sacrifício da cruz tem razão de ser em vista da Ressurreição, da festiva passagem (Pessach) da morte para a vida. O caráter sacrifical da missa, demasiadamente penitencial, foi acentuado por uma época na Igreja.
Quando é usado o termo na liturgia, usado também pelo Papa João XXIII, não é em sentido absoluto, mas como um dos aspectos do Mistério de Cristo, em sua oferta na cruz como sacrifício único e total. São Cipriano afirma: “e uma vez que, em todos os sacrifícios, nós fazemos a memória da paixão de Cristo – é de fato a paixão de Cristo que nós oferecemos – nós não podemos fazer diferente do que Ele fez” (Carta, 63,17). Por isso, a Eucaristia não é um sacrifício do fiel a Deus, mas de Deus ao fiel. Precisamos tirar a ideia pagã do sacrifício que aplacaria a ira de Deus, como os antigos holocaustos e sacrifícios judaicos. O grande sacrifício na eucaristia não somos nós que fazemos. É claro que oferecemos nosso coração, nossa vida. Mas o único e grande sacrifício que acontece na liturgia é a que Jesus Cristo fez uma vez por todas, até a morte, no altar da cruz”.
Cidade do Vaticano (RV) – O Programa “Porta Aberta” desta quarta-feira (21/06) é dedicada à migração, já que esta semana se celebra no Brasil a 32ª Semana do Migrante.
De 18 a 25 de junho, os fiéis brasileiros são chamados a debater o tema “Migração, biomas e bem viver”, retomando a Campanha da Fraternidade 2017, com o lema: “Uma oportunidade para imaginar outros mundos”.
O objetivo da semana, segundo o Bispo referencial da Pastoral dos Refugiados, Dom José Luiz Ferreira Salles, é anunciar, denunciar, refletir e construir uma nova relação do ser humano com a Mãe Terra.
A 32ª Semana do Migrante é articulada pelo Serviço Pastoral do Migrante (SPM), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sempre fazendo uma relação com as campanhas da fraternidade em curso. O SPM elaborou vários materiais (texto base, roteiro de celebração, círculos bíblicos, entre outros) para subsidiar as comunidades e paróquias no aprofundamento da temática dos migrantes.
Lei de Migração
Um tema central para o Bispo referencial é a sanção da nova Lei de Migração, Lei 13.445/2017, publicada no Diário Oficial da União no dia 25 de maio. “O Brasil, até os dias atuais, ainda tinha uma legislação do tempo da ditadura para tratar dos procedimentos relativos à migração. A sanção da lei causou um misto de alegria e frustração em meio aos que se mobilizaram em torno da sua aprovação”.
Segundo Dom José Luiz, 20 vetos foram feitos pelo presidente Michel Temer em relação ao texto aprovado pelo Congresso, ignorando as discussões ocorridas junto à sociedade civil e cedendo à pressão de setores mais conservadores do governo. Entre os vetos mais sentidos, para Dom José Luiz, está o veto à anistia a migrantes indocumentados, a livre circulação de povos indígenas nas terras tradicionalmente ocupadas em regiões de fronteira.
Papel da Igreja
A migração, segundo o bispo, tem forte relação com a crise que concentra as riquezas e exclui os trabalhadores do campo e da cidade. “Não é apenas uma crise humanitária, como sugere a mídia, mas uma exclusão em massa de milhões de seres humanos, anulando direitos e destruindo o planeta”, disse o bispo.
A semana buscará, por meio dos processos que realiza, lutar para o fim da dissolução das fronteiras e das barreiras identitárias, xenófobas, regionalistas e nacionalistas. A Igreja, com sua missão evangelizadora, profética e missionária, atua em pelo menos três frentes quanto à migração.
Porta Aberta
A convidada desta edição do “Porta Aberta” é a leiga scalabriniana Elizete Sant’Anna de Oliveira, da Cáritas de Curitiba. Elizete esteve recentemente em Roma participando de um Seminário promovido pela Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral. Representando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, nesta entrevista ela fala deste encontro e oferece uma panorâmica do atual contexto migratório brasileiro.
Ouça clicando acima.
Terras indígenas em Roraima na mira de muitos
Cidade do Vaticano (RV) – O Capítulo geral dos Missionários da Consolata, que se realiza a cada 6 anos, encerrou-se em Roma, no dia 20 de junho e os participantes começam a retornar a seus países.
Pe. Manuel Loro é espanhol de Córdoba e Coordenador dos missionários na Amazônia. Lá, 18 missionários da Congregação trabalham com outras realidades da Igreja junto aos indígenas Macuxi e Yanonami, no estado de Roraima, conscientizando-os sobre seus direitos, sobretudo em relação à posse da terra.
Ouça a entrevista com Pe. Manuel:
“Tem toda uma parte de luta pela terra, que eles já conseguiram; mas sempre tem gente que quer entrar e fazer retroceder os processos que já conseguiram ganhar na justiça. Há muitos interessem em nível de mineração, de terras para o gado, tantas outras coisas pelas quais o grande capital quer entrar nestas terras, porque são muito ricas”.
A conquista é dos índios
“Foram eles que conseguiram as terras, não foi a Igreja, como alguns dizem. A Igreja esteve como base para se organizarem, para que eles tomassem suas decisões, para abrir os olhos deles e dizer: ‘olha, vocês têm direito, segundo a Constituição brasileira’. E pouco a pouco conseguiram”.
Luta de interesses maiores
“O Estado, os políticos, têm muitos interesses também nas terras. Eles são políticos para conseguir outros privilégios em seus interesses, seja nas empreiteiras, seja no campo, a nível de latifúndio... privilégios que eles conseguem através da política. Mas realmente, no fundo, não é a política que lhes interessa, mas a mineração, as terras, as fazendas, tudo isso”.
Como sobrevivem as comunidades
Ali, as famílias possuem a sua ‘rosa’, ou seja, a horta onde cultivam macaxeira, milho, para a sua subsistência; e recebem também a bolsa-família. Como é comum ouvir, a maior dificuldade para os missionários que atuam na Amazônia é a distância entre as comunidades.
Escassez de padres e distâncias, maiores dificuldades
“Nós temos um padre para 45 comunidades... é muito difícil. Existem lugares onde precisamos ir de carro, depois pegar um cavalo e depois caminhar até chegar à comunidade. Então, às vezes elas ficam um ano sem ser visitadas. Outras ficam mais perto das estradas ‘de chão’ e quando não chove, pode-se visitar mais vezes... mas a expansão é tão grande e nós, missionários, somos poucos”.
(CM)
Coordenadoras continentais de Talitha Kum reunidas em Roma
Roma (RV) – Está em andamento em Roma, de 19 a 23 de junho, o encontro de coordenação continental da Rede Talitha Kum, que atua contra o tráfico de pessoas em todo o mundo.
Na sede da União Internacional das Superioras Gerais, estão reunidas sete religiosas que coordenam as atividades em nível continental provenientes de Nigéria, Filipinas, El Salvador, Austrália, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos.
Oriundas dos cinco continentes, as religiosas têm uma experiência plurianual no âmbito da prevenção, do acolhimento e do apoio às vítimas do tráfico. Esta semana em Roma, elas vão traçar estratégias comuns, coordenadas pela Ir. Gabriella Bottani, freira comboniana com experiência no Brasil. As religiosas vão se encontrar com representantes de outras organizações que atuam no âmbito para iniciar e reforçar colaborações.
A Rede
Talitha Kum é a Rede Internacional da Vida Consagrada contra o tráfico de pessoas. Favorece a colaboração e o intercâmbio de informações em 70 países. A Rede nasceu em 2009 a partir do desejo de coordenar e reforçar as atividades contra o tráfico promovidas pelas consagradas nos cinco continentes. No Brasil, as religiosas estão reunidas na Rede “Um Grito pela Vida”.