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Sumario del 01/07/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Mundo

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Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa com o pequeno Charlie: Defender a vida, sobretudo se ferida pela doença

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Cidade do Vaticano (RV) – “Defender a vida humana, sobretudo quando é ferida pela doença, é um compromisso de amor que Deus confia a cada ser humano”. 

Com um tweet publicado em sua conta na noite de sexta-feira, o Papa Francisco lançou um apelo em favor da defesa da vida, sobretudo na doença, intervindo assim no dramático caso do pequeno Charlie, de apenas 10 meses - vítima de uma doença rara, considerada incurável pelos médicos – internado em um hospital em Londres, e que terá os aparelhos que o mantém vivo desligados.

Os pais nunca perdem a esperança e assim gostariam que a criança fosse elevada aos Estados Unidos para ser submetida a uma terapia experimental.

Os médicos ingleses alegam que este seria apenas um artifício para prolongar o sofrimento de Charlie, atingido por uma doença que enfraquece progressivamente músculos e nervos. Também a Corte Europeia dos Direitos Humanos manifestou-se contrária à iniciativa.

Os pais, então, pediram que o pequeno pudesse ao menos morrer em casa, desejo também este negado pela Corte.

O não respeito à escolha dos pais de Charlie levanta diversos questionamentos, além de ter provocado uma onda de indignação em todo o mundo.

A Rádio Vaticano conversou a este respeito com o Presidente do Centro de Estudos sobre a Família, Prof. Francesco Belleti:

“É terrível, porque nós aceitamos uma intervenção do Estado nas crianças, nos filhos dos pais, quando os pais são incompetentes, quando rejeitam a cura, quando maltratam. Assim, todos nós esperamos que o Estado intervenha em favor da criança. Mas quando a criança é superprotegida pelos pais, quando os pais fazem de tudo – haviam feito uma coleta de recursos, haviam conseguido dinheiro para poder fazer esta viagem da esperança à América – o Estado decide no lugar dos pais que perdem a sua titularidade. Este é um dado devastador, que poderia ser aplicado em qualquer circunstância, por exemplo, nas escolhas educativas de qualquer tipo... Portanto, é muito preocupante esta invasão arrogante do Estado no lugar dos pais. Recordo que em todas as Declarações dos direitos do homem e da criança, os pais têm a plena e inviolável titularidade à responsabilidade. Aqui os pais fizeram de tudo pelo seu filho e o Estado propõe a eles uma cultura de morte. Isto é absolutamente intolerável”.

RV: Entre outras coisas, o senhor disse que se trata de um modo de conceber a lei que reduz uma pessoa à sua doença...

“Exato. Esta criança seguramente sofre, mas quantas famílias com doentes terminais hoje, em todo o mundo, olham um familiar que sofre! Os primeiros que sofrem pelo mal de seu filho são os pais de Charlie. Certamente também a eles o sofrimento do filho provocava uma ferida terrível no coração; porém, contemporaneamente, estão próximos a ele e o veem como uma pessoa plena, não a reduzem ao fato de uma doença. Esta é  outra coisa que antropologicamente é intolerável. Pensemos também em todos os agentes de saúde, nas quantas pessoas que estão nos asilos, nas estruturas onde devem acompanhar até a morte os idosos, as pessoas gravemente dependentes. Dentro desta condição, a pessoa é sempre maior que a doença e a doença nunca tem a última palavra. Fizeram vencer a doença, os juízes decidiram que Charlie não era tanto uma pessoa, mas era caracterizado somente pela sua doença.  São estas coisas, porque depois, o horizonte de uma decisão deste tipo é infinita: um Estado que pretende decidir sobre tua dignidade e define os limiares quando existem as condições para um cuidado mais humano possível. Infelizmente, existe também esta ideia, provavelmente exista algum pensamento por detrás disto: se temos menos pessoas que devamos cuidar por tantos anos, gastaremos menos como sistema social. E não podemos calar em relação a isto! Ou seja, por trás desta ideia de evitar o sofrimento, poderiam existir motivos econômicos e não humanitários”.

Ainda não se sabe quando os médicos do Great Ormond Street Hospital tomarão a decisão de desligar os aparelhos que mantém Charlie vivo. Enquanto isto não acontece, os pais aproveitam os últimos momentos para estar junto ao filho.

"Estamos desfrutando de cada instante, que recordaremos para sempre com os corações muito doloridos", disse a mãe Conni Yates, que agradeceu o apoio recebido de todo o mundo "neste momento extremamento difícil", pedindo ao mesmo tempo respeito pela dor que sentem: "Respeitem a nossa privacidade enquanto nos prepararmos para o adeus final ao nosso filho Charlie".

O Hospital recebeu carta branca para desligar os aparelhos depois de o caso ter sido examinado por Tribunais britânicos e pela Corte Européia dos Direitos humanos. Segundo o Daily Mail, o hospital concedeu todo o final de semana para que os pais possam ficar juntos com o pequeno Charlie.

(JE/SC)

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Dom Ladaria Ferrer é o novo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé

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Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre agradeceu ao Cardeal Gerhard Ludwig Müller ao concluir seu mandato quinquenal de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé – assumido em 2 de julho de 2012 - e de Presidente da Pontifícia Comissão “Ecclesia Dei”, da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional. 

Para sucedê-lo, o Pontífice chamou o jesuíta espanhol Dom Luis Francisco Ladaria Ferrer, Arcebispo titular de Tibica, até agora Secretário da mesma Congregação.

O novo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé nasceu em 19 de abril de 1944, em Majorca.

Atualmente era Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé e membro ativo da Comissão Teológica Internacional, além de docente de Escatologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, onde reside.

Formado em Direito na Universidade de Madrid (1961-66), Dom Luis Francisco Ladaria Ferrer entrou na Companhia de Jesus em 17 de outubro de 1966, tendo então sido enviado a estudar Filosofia na Pontifícia Universidade de Comillas, em Madrid (1967-1969).

A etapa sucessiva foi cumrpida na Philosophisch-theologische Hochschule Sankt Georgen, em Frankfurt (1968-73), onde obteve o Diploma em Teologia. Foi ordenado sacerdote em 29 de julho de 1973.

Em 1975 obteve o Doutorado em Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, com uma dissertação sobre o  tema “O Espírito Santo em Santo Hilário de Poitiers.

Foi Professor de História dos Dogmas na Pontifícia Universidade de Collimas. Em 1984 foi chamado para ser Professor Ordinário de Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana. De 1986 a 1992 foi Vice-Reitor da mesma Universidade.

Membro da Comissão Teológica Internacional em 1992, em 3 de março João Paulo II o nomeou Secretário Geral do organismo, cargo mantido até 22 de abril de 2009.

Desde 1995 é consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, para a qual Bento XVI o nomeou Secretário em 9 de julho de 2008.

Ordenado Bispo pelo Cardeal Tarcisio Bertone, teve por co-consagrantes os Bispos William Joseph Levada e Vincenzo Paglia. Bento XVI lhe designou a sede titular de Tibica.

Dom Luis Francisco Ladaria Ferrer faz parte da Comissão da santa Sé para o diálogo com a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, criada em 26 de outubro de 2009, junto com Dom Charles Morerod, Monsenhor Fernando Ocariz – atual Prelado do Opus Dei e Padre Karl Josef Becker, jesuíta, consultor da Congregação para a Doutrina da Fé. (JE)

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O agradecimento ao "editor do Papa", que levou a LEV ao mundo

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Cidade do Vaticano (RV) – Depois de dez anos de serviços prestados à Santa Sé como “editor do Santo Padre” - em dois mandatos sucessivos - o Padre Giuseppe Costa SDB deixa a direção da Livraria Editora Vaticana (LEV).

O Papa Francisco quis encontrar pessoalmente o Padre Giuseppe Costa, entregando a ele uma carta escrita de próprio punho, em agradecimento pelos 10 anos transcorridos à frente da Livraria Editora Vaticana (LEV). No texto, o Pontífice agradece três vezes ao Padre Costa, em particular pela criatividade e fidelidade no exercício de sua missão. 

Também uma cerimônia de despedida foi realizada na manhã de sexta-feira, na presença, entre outros, do Substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, Arcebispo Angelo Becciu e Mons. Dario Viganò, Prefeito da Secretaria para a Comunicação.

Monsenhor Viganò agradeceu a Dom Giuseppe, sublinhando a importância dos seus dez “gloriosos anos de serviço junto à Santa Sé”, que foram valorizados ainda mais pela presença do Substituto da Secretaria de Estado, Dom Angelo becciu, que expressou por sua vez a gratidão pela “contribuição qualificada” que Padre Costa deu à Sé de Pedro e por “estes dez anos dedicados com tanto profissionalismo, paixão e inteligência, em elevar em escala internacional a Livraria Editora Vaticana”.

Padre Francesco Cereda SDB. Vigário do Reitor Maior dos Salesianos, recordou o percurso de Padre Giuseppe Costa, como “diretor do Boletim Salesiano”, diretor editorial da Sociedade Editora Internacional, docente na Pontifícia Universidade Salesiana, Diretor da Livraria Editora Vaticana” e agradeceu a ele pela contribuição dada à Santa Sé e à Sociedade salesiana.

Padre Giuseppe Costa agradeceu ao Arcebispo Angelo Becciu, a Mons. Edoardo Viganò, aos seus colaboradores mais estreitos, todos os dependentes da Livraria Editora Vaticana e a todos os presentes, anunciando irá à Sicília onde se dedicará à cultura e à escola.

O maior reconhecimento de Padre Costa é dirigido ao Santo Padre Francisco por tê-lo recebido em audiência e por tê-lo agradecido por meio de uma carta pessoal pela sua contribuição à difusão da cultura católica e do Magistério.

Também presente na cerimônia de despedida o Cardeal Raffaele Farina, o Prof. Giovanni Maria Vian, Diretor do L’Osservatore Romano, além de alguns diretores da Secretaria para a comunicação. (JE)

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Angelus, única atividade pública do Papa em julho

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Cidade do Vaticano (RV) -  Com as férias do verão europeu, o Santo Padre diminui o ritmo de suas atividades e compromissos públicos. 

Audiências Gerais

Assim, as Audiências Gerais das quartas-feiras estão suspensas por todo o mês de julho, devendo ser retomadas no mês de agosto, na Sala Paulo VI.

Angelus

A única atividade pública do Santo Padre no mês de julho é o Angelus dominical, rezado da janela do apartamento Pontifício.

Missas na Santa Marta

As missas matutinas na Capela da Casa Santa Marta também estão suspensas nos meses de julho e agosto, devendo ser retomadas na metade de setembro.

(JE)

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Museus Vaticanos: restauração revela duas pinturas inéditas de Rafael

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Cidade do Vaticano (RV) – Das restaurações em andamento na Sala de Constantino, dos Museus Vaticanos, chegou uma confirmação que era muito aguardada: duas figuras femininas, alegorias das virtudes da Amizade e da Justiça, são obra de Rafael.

O Vatican Magazine – quadro semanal televisivo de aprofundamento da Secretaria para a Comunicação/CTV – apresentou as primeiras imagens da figura da Comitas - a Amizade em latim - recém restaurada, e das primeiras sondagens de limpeza da figura da Justiça.

Graças ao trabalho dos restauradores dos Museus Vaticanos, coordenados por Maria Ludmilla Pustka – restauradora chefe do laboratório de restauração de pinturas dos Museus Vaticanos -, o histórico de arte Arnold Nesselrath, delegado para a área técnico-científica dos Museus Vaticanos e Diretor do Departamento para a Arte dos séculos XV e XVI, se obteve a confirmação daquilo que fontes da época relatavam.

Pouco antes de morrer de forma inesperada aos 37 anos, no dia de seu aniversário, devido a uma febre (entre 1519 e 1520) – o mestre Rafael Sanzio – que projetou e desenhou a decoração da sala destinada a banquetes, nomeações de cardeais e recepção de embaixadores e autoridades políticas, pintou com as próprias mãos duas figuras na sala, posteriormente completadas pelos alunos, entre os quais despontam Giulio Romano e Giovan Francesco Penni.

O restaurador Fabio Piacentini, trabalhando desde março de 2015 na Sala de Constantino, explicou ao Vatican Magazine:

“Analisando precisamente a pintura “de visu”, nos damos conta que era certa a participação do mestre, do grande Rafael. Nos deparamos com uma pintura feita a óleo sobre a parede, que é uma técnica realmente particular. Efetuadas as primeiras provas de limpeza e retirando todas as substâncias acumuladas no decorrer dos séculos durante restaurações mais antigas, eis que surge a preciosidade da pintura e o traço pictórico típico do mestre. A técnica usada é aquela que Rafael havia usado para a decoração de toda a sala. Sobre a parede aplica um estrato suficientemente espesso de uma resina natural conhecida também como “pez grega” e sobre ele, depois, pintou como se fosse uma pintura sobre tela, ou melhor ainda, sobre mesa”.

Confirma isto o Professor Arnold Nesselrath, delegado para a área técnico-científica dos Museus Vaticanos:

“Sabia-se, de fontes do século XVI, que Rafael havia pintado ainda duas figuras nesta sala. Sabíamos que antes de morrer tinha feito ainda duas tentativas na técnica a óleo nesta sala. Estas duas figuras são, com efeito, pintadas a óleo, como dizem as fontes, e são de uma qualidade muito superior àquelas que estão junto delas. Rafael era um grande aventureiro na pintura, sempre experimentava algo diferente. Quando entendia como funcionava uma coisa, tentava o próximo desafio. E assim, quando chega na sala maior do apartamento pontifício, decide pintar esta sala a óleo. Conseguiu pintar somente duas figuras e os alunos, mais tarde, continuaram no método tradicional e deixaram estas duas figuras autógrafas do mestre”. (JE)

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Ordem do Santo Sepulcro tem novo Governador Geral

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Cidade do Vaticano (RV) – Após dois mandatos quadrienais consecutivos como Governador Geral da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, Agostino Borromeo deixou o cargo em 29 de junho. Ele será sucedido por Leonardo Visconti di Modrone, nomeado pelo Cardeal Grão Mestre Edwin O’Brien.

Contextualmente, sob mandato do Papa Francisco, o Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin conferiu a Grã-Cruz da Ordem de São Gregório Magno ao Professor Borromeo, durante a reunião anual  realizada em Roma de todos os Lugar-Tenentes da Europa.

Assistido por membros do Grão Magistério, o Embaixador Visconti di Modrone é agora chamado a coordenar as atividades dos cerca de 30 mil Cavaleiros e Damas da instituição laical a serviço da Igreja Católica na Terra Santa, desenvolvido sobretudo por meio do apoio ao Patriarcado Latino de Jerusalém.

No site do grão magistério www.oessh.va está disponível uma entrevista em que é apresentado o perfil biográfico do novo Governador Geral, enquanto um breve vídeo no youtube mostra como a alternância é vivida em continuidade e com confiança, sob a vigilância do Cardeal grão Mestre.

(JE - Osservatore Romano)

 

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A semana de Francisco

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Cidade do Vaticano (RV) - A última semana de junho do Papa Francisco foi bem movimentada - semana que precede um momento de pausa na agenda do Pontífice em julho.

Angelus no domingo, missa na Santa Marta, visita da delegação do Patriarcado Ortodoxo de Constantinopla, 25 anos de ordenação epicopal, audiência a membros do sindicato italiano, Audiência Geral, Consistório, Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo e entrega do pálio....enfim, não faltaram eventos. Confira as principais atividades de Francisco de 25 a 30 de junho!

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Igreja no Mundo



Sacerdote de Aleppo designado com o Prêmio Jan Karski 2017

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Aleppo (RV) – “Ser digno de esperança em uma cidade morta e sem futuro, quer dizer atingir a esperança, a Fonte da Vida e da Esperança que é Jesus Cristo. Os nossos olhos viram a realidade cruel (...) nestes momentos difíceis, foi somente na esperança em Deus que encontramos força para seguir em frente”.

Foi o que sublinhou o Padre Ibrahim Alsabagh, 44 anos, franciscano, guardião e pároco da Paróquia latina de Aleppo, vencedor da edição 2017 do Jan Karki’s Eagle Award, Prêmio dedicado à memória do célebre advogado e ativista polonês, um dos primeiros a narrar o drama da Polônia sob domínio nazista.

Testemunha e voz do conflito sírio e do drama de Aleppo

O reconhecimento, conferido à personalidades que se distinguem no “serviço humanitário” pelos outros, foi entregue nos dias passados em Cracóvia, na Polônia, na presença do Arcebispo emérito da cidade, Cardeal Stanislaw Dziwisz.

O sacerdote recebeu o Prêmio – assim diz a motivação oficial – por ter “levado a esperança a um mundo sem esperança e às pessoas esquecidas”.

No discurso de agradecimento – enviado à Agência Asianews – Padre Ibrahim sublinhou que a honorificência é “um encorajamento na batalha pelo meu povo, na minha missão de levar à minha gente a ajuda, a consolação, a esperança”.

Ele recordou ainda o “dever moral” que experimentou nestes anos de “fazer conhecer a todo o mundo a situação trágica (do povo sírio)”, oferecendo para este fim “a minha vida e tudo aquilo que tenho”.

O sacerdote foi por longo tempo testemunha e voz do conflito sírio e do drama de Aleppo, epicentro do conflito sírio e por anos dividida em dois setores separados entre eles, até a libertação em dezembro passado.

Povo polonês e sírio, história parecidas

“A história do povo sírio – recordou o pároco de Aleppo – é muito similar à história do povo polonês, que por um certo período de tempo sofreu (...). Tantas pessoas, tantas famílias sírias, como Jó na Bíblia, perderam tudo em um só instante, a promessa de uma vida inteira: casa, família, saúde.  70% das famílias estão sem casa, sem um abrigo. Ao redor da cidade a guerra continua. De noite, escutamos os bombardeios e os barulhos dos disparos. A cada pouco, a estrada principal – e também a única – para Aleppo é fechada pelos combates”.

Premiação presidida pelo Cardeal Dziwisz

Ao entregar o Prêmio ao Padre Ibrahim, o Cardeal Dziwisz sublinhou que ele contempla não somente “as funções e os deveres cumpridos pelo premiado devido a sua vida sacerdotal e religiosa”, mas também por ter sabido “levar a esperança em um mundo sem esperança”.

O purpurado recorda que “não obstante tivesse sido oferecido a ele um lugar seguro na Europa”, o pároco de Aleppo “decidiu retornar para sua pátria, na Síria prisioneira da guerra há vários anos. Retornou para consagrar-se, arriscando a própria vida, ao serviço pastoral de Aleppo, que é até agora uma das cidades destruídas, praticamente desprovida de tudo o que pé necessário para a sobrevivência”. (JE)

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Formação



Editorial: A vida cristã é tão simples

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Cidade do Vaticano (RV) – Nos dias passados recebendo membros do Serra Clube Internacional Francisco cunhou mais uma de suas frases que tocam e ficam gravadas: “melhor caminhar mancando do que permanecer parados fechados no próprio nicho”. O Papa disse que é muito triste ver homens e mulheres de igreja que não sabem ceder o seu lugar, reafirmando que o cristão deve sempre colocar em discussão si mesmo se deseja viver verdadeiramente o encontro com Cristo. 

Francisco convida todo cristão a sair de si mesmo para iniciar a viver a festa do encontro com Cristo e percorrer as estradas às quais ele envia todos nós. Mas para caminhar, - fez uma advertência -, é preciso colocar-se em discussão: “Não avança em direção da meta quem tem medo de perder si mesmo”.

Nenhum navio navegaria em alto mar se tivesse medo de deixar a segurança do porto. Da mesma maneira, nenhum cristão pode entrar na experiência transformadora do amor de Deus se não estiver disposto a colocar em discussão si mesmo, se continuar ligado aos próprios projetos e às próprias aquisições consolidadas.

O cristão, ao invés, “sabe poder descobrir as surpreendentes iniciativas de Deus quando tem a coragem de ousar, quando não permite ao medo de prevalecer sobre a criatividade”. Quando não se fecha diante das novidades e sabe abraçar os desafios que o Espírito apresenta, até mesmo quando lhe pedem para mudar de direção e sair dos esquemas.

É melhor caminhar mancando, às vezes caindo, mas confiando sempre na misericórdia de Deus, do que ser “cristãos de museus”, que temem as mudanças e que, recebendo um carisma ou uma vocação, ao invés, de colocar-se ao serviço da eterna novidade do Evangelho, defendem si mesmos e os próprios cargos.

O Papa Francisco, olhando para dentro de casa disse como é triste ver que, às vezes, precisamente os homens de Igreja não sabem ceder o seu lugar, não conseguem deixar as suas tarefas com serenidade; fadigam para deixar nas mãos dos outros as obras que Deus lhe confiou.

Celebrando a Santa Missa nos dias passados na capela da Casa Santa Marta, Francisco voltou a tocar a tecla sobre o estilo do cristão. “O cristão verdadeiro – disse - não é aquele que se instala e fica parado, mas aquele que confia em Deus e se deixa guiar num caminho aberto às surpresas do Senhor”.

O ser cristão tem sempre a dimensão do despojamento. Os cristãos, acrescentou o Papa, “devem ter a capacidade de serem despojados, caso contrário não são cristãos autênticos, como não são aqueles que não se deixam despojar e crucificar com Jesus. 

“O cristão não tem um horóscopo para ver o futuro. Não procura a necromante que tem a bola de cristal, para que leia a sua mão. Não. Não sabe aonde vai. Deve ser guiado. Somos homens e mulheres que caminham para uma promessa, para um encontro, para algo”. 

O caminho começa todos os dias na parte da manhã; o caminho de confiar em Deus; o caminho aberto às surpresas do Senhor, muitas vezes não boas, muitas vezes feias.

Muitas vezes, acrescenta o Pontífice, estamos acostumados “a não falar bem” do próximo, quando “a língua se move um pouco como quer”, em vez de seguir o mandamento de Deus de caminhar, deixando-se “despojar” pelo Senhor e confiando em suas promessas, para sermos irrepreensíveis. Pensamentos profundos a serem resumidos em poucas palavras: a vida cristã é “tão simples”, basta vivê-la com intensidade. (Silvonei José)

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Solenidade de São Pedro e São Paulo: dois pilares da Igreja de Cristo

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Cidade do Vaticano (RV) - «Quando desejamos refletir bem, sem influência alguma de pessoas ou situações, nos retiramos para um local afastado e silencioso. Queremos estar a sós conosco na natureza e na presença de Deus. Foi o que Jesus fez com seus discípulos quando escolheu aquele que iria governar seu rebanho. O Senhor se dirigiu com eles a Cesaréia de Filipe, um lugar afastado do mundo judeu e significativo pela natureza, próximo ao monte Hermom e a uma das fontes do Jordão. Lá, na solidão e apenas na presença do Pai, checou o coração de Simão e o fez seu vigário. O eleito estava tão purificado, tão livre de apegos e amarras mundanas e tão cheio do Espírito que declarou a identidade de Jesus, reconhecendo-o como o Messias de Deus. 

Por outro lado, Jesus confirmou seu nascimento na fé, dando-lhe outro nome, o de Pedro, pedra e indicando seu novo e definitivo encargo: confirmar seus irmãos na fé.

Além de graças para viver plenamente essa missão, Pedro as recebeu também para levá-la até o fim, quando dará glória a Deus através de sua morte na cruz, como o Mestre, só que de cabeça para baixo.

Simão nasceu de novo, recebeu outro nome, outra função na sociedade, aumentou enormemente seu compromisso na fé. Ao entregar-se na condução de seus irmãos, Pedro viveu momentos de alegria e de tristeza, de certezas e de abandono total na fé. O que passou a guiar sua vida, a ser fiel na missão recebida e abraçada foi a certeza da fidelidade do Senhor. Agora Pedro vai deixando Deus ser o oleiro, fazer dele um homem à imagem de Jesus. Por isso ele é pedra, não por causa de sua dureza, mas por causa de sua solidez e confiabilidade. Da dureza da pedra Pedro apenas guardou a resistência às investidas do inimigo. Nada pode vencê-lo.

Como chefe da Igreja, Pedro recebeu o poder de ligar e desligar, isto é, declarar o que está de acordo ou em desacordo com o projeto de Jesus. Por isso ele foi sempre esse homem renascido para a missão. Não será por este motivo que os papas mudam de nome?

Mas hoje também é o dia de São Paulo, a outra coluna da Igreja. Pedro é a coluna que nos confirma na fé e Paulo é a que evangeliza.

A liturgia nos propõe como reflexão a carta a Timóteo, onde o Apóstolo faz seu testamento e a revisão de sua vida cristã. De qualquer modo, Paulo, antes da conversão Saulo, também será assemelhado a Jesus, vítima sacrificada em favor de muitos. Ele deduz que o momento de seu martírio, de dar testemunho de Deus, está próximo.

Nessa ocasião foi feita a revisão de vida. Paulo teve consciência de que foi fiel à missão, que cumpriu o encargo de anunciar ao mundo o Evangelho. Teve consciência do quanto sofreu e padeceu por esse motivo e agradeceu a Deus por ter guardado a fé.

Em seguida Paulo expressou sua certeza no encontro com o Senhor, quando então será recompensado por tudo, através da convivência eterna com Ele.

Festejar os santos é praticar seus ensinamentos e seguir seus testemunhos de fé.

Que o Senhor nos ajude a louvar São Pedro e São Paulo, fazendo com que cada dia, cada despertar nós seja par nós um novo dia, o reinício da vida nova iniciada com o nosso batismo. Para isso é necessário abandonarmo-nos nas mãos de Deus, permitindo a Ele nos refazer, nos moldar segundo seu coração e confiando no resultado final que, como Paulo, só veremos no final da vida.

Que as alegrias e os êxitos, as dificuldades e os sofrimentos do dia-a-dia não impeçam nosso crescimento na fé, mas amadureçam e solidifiquem a ação do Espírito.

Finalmente, sirva-nos de referencial para a fidelidade a Cristo e sua Igreja, a conformidade de nossa vida aos ensinamentos de Pedro.

Que a celebração dessas duas colunas da Igreja seja uma ocasião de graças para o crescimento do Reino de Deus de nossa vida cristã»!

(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para a Solenidade de São Pedro e São Paulo)

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Atualidades



Crônica: Lavar os pés, o caminho espiritual que vem das Arábias

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Dubai (RV*) - Com alegria e sentimentos de fraternidade envio-lhes uma saudação das escaldantes areias das Arábias.

Tanto a Bíblia como o Alcorão foram escritos por orientais que integraram neles o modo de viver e os costumes do Oriente Médio, diferentes das culturas ocidentais. Os personagens que aparecem nos escritos sagrados do Cristianismo e Islã têm em comum o uso de sandálias; consistiam num pedaço de couro do tamanho do pé com tiras de couro que passavam entre o dedo grande e o segundo dedo, amarradas no tornozelo. Dessa maneira, os pés eram mantidos livres e arejados, mas não os protegia da poeira e da sujeira. 

Entre os povos das Arábias, ser hospitaleiro era uma honra. Por isso, beduínos e aldeões esmeravam-se na acolhida dos visitantes. Estes, ao chegar, tinham o cuidado de deixar as sandálias fora da casa, como forma preventiva de doenças provindas das estradas. Os anfitriões, além de disponibilizar água, convocavam um escravo para lavar os pés do visitante. De fato, este era considerado trabalho inferior e humilhante, trabalho para escravo.

Cristo, Filho de Deus, inverteu o espírito de lavar os pés. Foi Ele quem fez o trabalho do escravo. Depois de lavar os pés dos discípulos, perguntou: “Vocês compreenderam o que acabei de fazer? Vocês dizem que eu sou o Mestre e o Senhor. E vocês têm razão; eu sou mesmo. Pois bem: eu, que sou o Mestre e o Senhor lavei os seus pés; por isso vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei um exemplo: vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz”. (13.12-15). 

As sandálias em contato com o solo arenoso expressavam pecado.  Por isso, ao entrar em lugar sagrado, elas eram tiradas (Ex. 3:5). Os cristãos da Índia, ainda hoje, tiram o calçado quando vão orar na capela da adoração.

Também os seguidores do Islã fazem as abluções rituais antes de entrar nas mesquitas. Com essa ação expressam a “tahara”, pureza, que no linguajar árabe significa estar livre da sujeira, espiritual e física.

No cristianismo além do sentido religioso de limpeza do pecado, a água é também símbolo de vida em Cristo.

Jesus disse à mulher samaritana: “quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”. (Jo 4,14)

*Missionário Pe. Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano

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Egito: Al-Azhar apresenta projeto de lei contra violência extremista

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Cairo (RV) – Nenhuma violência em nome do Alcorão. É o que reitera o texto de uma proposta de lei, voltado a  enfrentar as violências e as propagandas sectárias realizadas em nome da religião islâmica.

O documento - elaborado por estudiosos da Universidade egípcia de Al-azhar, o principal centro teológico-acadêmico do islã sunita – foi apresentado ao escritório da Presidência da República egípcia.

A informação é do próprio Grão Imame de Al-Azhar, Ahmed Al-Tayyeb, que especificou que o projeto de lei reafirma a total incompatibilidade entre a violência justificada com argumentos religiosos e a lei islâmica.

Reduzir o ódio e a intolerância e propor uma convivência pacífica

O projeto de lei – aprovado pelos estudiosos de Al-Azhar e sucessivamente apresentado aos colaboradores do Presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi - tem por objetivo reduzir as manifestações de ódio e de intolerância promovidas por grupos extremistas e  repropor o princípio de cidadania como base em uma convivência pacífica entre compatriotas pertencentes a diversos componentes religiosos.

Uma tentativa de conter as ondas terroristas que ciclicamente atacam, com o objetivo de desestabilizar o Egito, atingindo com particular virulência os fiéis da Igreja Copta, a maior comunidade cristã do Oriente Médio.

Não à instrumentalização do Alcorão

O texto – refere o L’osservatore Romano – evita entrar em detalhes quanto às penas a serem impostas a quem se tornar responsável por instigar o ódio religioso e de crimes a ele ligado, o que  deverá, no entanto, ser especificado pelo Legislativo.

Todavia, numerosos observadores consideram que iniciativa tem o evidente objetivo de expressar uma clara tomada de distância de Al-Azhar em relação às teorias e propagandas, que no seio de uma variegada comunidade islâmica, justificam o ódio e a violência citando o Alcorão e fazendo uso de argumentos de fundo religioso.

Declaração dos Direitos do Homem na base do projeto de lei

O Comitê que trabalhou no esboço do projeto de lei – guiado por Mohamed Abdel Salam, consultor jurídico do Grão Imame de Al-Azhar - havia sido instituído em 13 de maio passado, sendo formado por cinquenta estudiosos, especialistas em diversos setores jurídicos.

Na redação do esboço de lei – foi referido – os membros do Comitê levaram em consideração alguns textos fundamentais, como a Declaração Universal dos Direitos do Homem, além da Constituição egípcia e das disposições do Direito Penal vigente no Egito.

(JE – L’osservatore Romano)

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