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Sumario del 07/07/2017

Papa e Santa Sé

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: "Todos temos diploma de pecador"

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Cidade do Vaticano (RV) – Nesta primeira sexta-feira do mês, o Papa celebrou uma missa para os operários do centro industrial do Vaticano, atendendo a um pedido dos próprios trabalhadores. Antes de iniciar, Francisco fez uma oração pelo pai do funcionário Sandro, falecido alguns dias atrás.

O centro da homilia foi o episódio narrado no Evangelho de Mateus em que se fala dos cobradores de impostos e pecadores: 

“Eles eram considerados os piores, porque cobravam, colocavam no bolso uma parte e mandavam o resto do dinheiro aos romanos: vendiam a liberdade da pátria e por isso, eram malvistos, odiados. Eram traidores da pátria. Jesus os viu e os chamou. Escolheu um apóstolo, o pior, Mateus, e o convidou para o almoço. Ele ficou feliz”.

 Depois de citar este trecho, o Papa propôs uma recordação do passado:

“Antes, quando me hospedava na Via della Scrofa, (casa para o clero no centro de Roma, ndr), eu gostava de ir – e agora não posso mais – à Igreja de São Luís dos Franceses para admirar um quadro do Caravaggio, ‘A conversão de Mateus’: ele grudado no dinheiro e Jesus indicando-o com o dedo. Jesus aponta para ele e convida todos os traidores, publicanos, para o almoço. Ao ver isso, os fariseus, que se consideravam ‘justos’, julgavam todos e diziam: “Por que seu mestre come com eles?”. Jesus diz: “Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.

Diploma de pecador

O Papa comentou: “Isto me consola muito, porque penso que Jesus veio para mim porque somos todos pecadores; todos temos este diploma. Cada um de nós sabe bem onde peca mais, onde está a sua fraqueza. Antes de tudo temos que reconhecer isso: nenhum de nós que estamos aqui pode dizer “Não sou pecador”. Os fariseus diziam assim e Jesus os condena. Eram soberbos, vaidosos, se achavam superiores aos outros. Mas somos todos pecadores: é a nossa láurea e também a possibilidade de atrair Jesus a nós. Jesus vem até nós, vem a mim porque sou pecador”.

Para isso Ele veio, para os pecadores, não para os justos. Estes não precisam. Jesus disse: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Aprendei, pois, o que significa: `Quero misericórdia e não sacrifício'. Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores'”.

“Quando leio isso – prosseguiu o Papa – me sinto chamado por Jesus e todos podemos dizer o mesmo: ‘Jesus veio para mim, para cada um de nós’”.

Ele perdoa sempre

Esta é a nossa consolação e nossa confiança: que Ele perdoa sempre, cura nossa alma sempre, sempre. “Sou fraco, tenho recaídas...”: será Jesus a reerguer-te e a curar-te, sempre. Jesus veio para me dar força, para me fazer feliz, para deixar minha consciência tranquila. Não tenhamos medo. Nos momentos piores, quando sentimos o peso por alguma coisa que fizemos, escorregões... Jesus me ama porque sou assim”.

São Jerônimo

Na conclusão, Francisco reevocou uma fase da vida do grande São Jerônimo, que tinha um temperamento difícil e tentava ser mais delicado, porque era um dálmata (nascido na atual Croácia, ndr) e os dálmatas têm índole forte... Conseguiu dominar o seu caráter e oferecia ao Senhor muitas coisas, muito trabalho, e perguntava: “Senhor, o que queres de mim?”. O Senhor respondia: “Ainda não me destes tudo”. E ele: “Mas Senhor, eu dei isso, isso e aquilo...”. “O que falta?”. “Uma coisa: os teus pecados”.

A beleza do coração misericordioso de Jesus

E bonito ouvir isso – concluiu Francisco. “Dá-me teus pecados e tuas fraquezas; eu os curo e tu prossegues”. “Pensemos hoje no coração de Jesus, para que nos faça entender esta beleza do coração misericordioso, que me diz apenas: “Dá-me tuas fraquezas, teus pecados e eu perdoo tudo”. “E que esta alegria seja nossa”.

(CM)

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Centro Industrial do Vaticano "fica mais bonito que a Basílica de São Pedro"

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Cidade do Vaticano (RV) – A missa que o Papa Francisco celebrou a um grupo de cem operários do Centro Industrial do Vaticano foi realizada na manhã de sexta-feira (7), na própria sede de trabalho. O local se transformou numa igreja com altar improvisado para a celebração, que reuniu marceneiros, eletricistas, mecânicos e encanadores. 

Ao final da missa, num momento de saudação ao Santo Padre, o Pe. Bruno Silvestrini, pároco da Paróquia de Sant’Anna, no Vaticano, disse que há 8 anos, em toda primeira sexta-feira do mês, os pavilhões do Centro Industrial ficam “mais bonitos que a Basílica de São Pedro, pois se transformam numa pequena-grande igreja”.

O pároco contou que são os operários que preparam o altar, decoram o locam e colocam as flores, ajeitam os microfones e os autofalantes, preparam os cantos e as orações dos fiéis, tudo com o auxílio das irmãs franciscanas Missionárias de Maria. De fato, as orações deste ano são a expressão dos operários: “jovens, idosos, novos empregados e veteranos da vida vaticana” que pedem ao Senhor “a força da fé, a paz e a harmonia no mundo, o diálogo em família, a proteção e o futuro dos filhos, a misericórdia para quem está no pecado” e que os ajudem com as necessidades da Igreja.

“O senhor sempre faz grandes coisas no coração das pessoas”, disse Pe. Bruno. “Essa celebração gerou ainda novo entusiasmo, tanto de poder dizer que mudou a qualidade no trabalho dos nossos amigos operários do Vaticano”, acrescentou ele.

Ao concluir a saudação, o pároco se dirigiu novamente ao Papa Francisco em agradecimento à missa celebrada em meio aos equipamentos diários de trabalho, “em meio às mesas, às motosserras, às prensas, aos grampos, às placas, aos ferros e aos parafusos a serem polidos”. Uma experiência em Vaticano, disse Pe. Bruno, que expressa que, “onde se trabalha reina a fé, a oração e alegria de testemunhar o orgulho de ser cristão”.

Ao final da celebração, os operários presentearam o Papa com um crucifixo à base de madeira, realizado com as próprias mãos. Depois eles entoaram um canto argentino, em homenagem ao Santo padre, que comemora o fim da ditatura. Em seguida, Francisco tomou o café da manhã com os operários, no próprio setor da marcenaria. (AC/L’Osservatore Romano)

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Papa aos líderes do G20: é preciso uma nova era de desenvolvimento

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Cidade do Vaticano (RV) – Uma nova era inovadora de desenvolvimento: este é o pedido do Papa Francisco aos líderes mundiais reunidos em Hamburgo, na Alemanha, para o G20. 

A mensagem do Pontífice é endereçada à anfitriã do evento, a chanceler alemã Angela Merkel. O grupo das 20 maiores economias do mundo debate na sexta e sábado temas políticos, financeiros, sociais e ambientais.

Primeiramente, o Papa manifesta o seu apreço pelos esforços realizados para garantir a governabilidade e a estabilidade da economia mundial, com atenção especial a um crescimento mundial que seja inclusivo e sustentável. Esses esforços, recorda Francisco, são inseparáveis da atenção dirigida aos conflitos em andamento e ao problema mundial das migrações.

O Papa propõe aos líderes mundiais quatro princípios de ação para a construção de sociedades mais justas, contidas na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: o tempo é superior ao espaço; a unidade prevalece sobre o conflito; a realidade é mais importante do que a ideia; e o todo é superior às partes.

O tempo é superior ao espaço

Analisando cada um dos princípios, Francisco afirma que a gravidade e a complexidade das problemáticas mundiais impedem soluções imediatas, e o drama das migrações – inseparável da pobreza e exacerbado pelas guerras - é uma prova disto. Todavia, é possível colocar em ação processos que sejam capazes de oferecer soluções progressivas e não traumáticas e conduzir, em tempos relativamente breves, a uma livre circulação e a uma estabilidade das pessoas que sejam vantajosas para todos.

Contudo, para Francisco, esta tensão entre espaço e tempo requer um movimento exatamente contrário na consciência dos governantes e poderosos. “Em seus corações e mentes, é necessário dar prioridade absoluta aos pobres, aos refugiados, aos deslocados e aos excluídos, sem distinção de nação, raça, religião ou cultura, e rejeitar os conflitos armados.”

O Papa faz então um premente apelo aos chefes de Estado e de governo do G20 e a toda a comunidade mundial pela trágica situação do Sudão do Sul, nos Grandes Lagos, Chade, Chifre da África e Iêmen, “onde 30 milhões de pessoas não têm alimento e água para sobreviver”.  

A unidade prevalece sobre o conflito

A história da humanidade, inclusive hoje, nos apresenta um vasto panorama de conflitos atuais ou potenciais. “Todavia, a guerra jamais é a solução”, acrescenta o Pontífice, afirmando se sentir na obrigação de pedir “ao mundo que ponha fim a inúteis massacres”.

Isso só será possível se todas as partes se empenharem em reduzir substancialmente os níveis de conflitualidade, deter a atual corrida armamentista e renunciar a se envolver direta ou indiretamente em conflitos. “É uma trágica contradição e incoerência a aparente unidade em fóruns econômicos e sociais e a persistência de conflitos bélicos”, constata o Papa.

A realidade é mais importante do que a ideia

Para Francisco, as trágicas ideologias da primeira metade do século XX foram substituídas por novas ideologias da autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira. Essas ideologias deixam um rastro de exclusão e de descarte, e inclusive de morte.  “Peço a Deus que a cúpula de Hamburgo seja iluminada pelo exemplo de líderes europeus e mundiais que privilegiaram o diálogo e a busca de soluções comuns.”

O todo é superior às partes

Essas soluções, prossegue o Pontífice, para serem duradouras devem ter uma visão ampla e considerar as repercussões em todos os países, não só nos que compõem o G20. Porque é justamente sobre as nações sem voz e seus habitantes que recaem os efeitos das crises econômicas. Para Francisco, é importante sempre fazer referência às Nações Unidas, às agências associadas e respeitar os tratados internacionais.

O Papa conclui invocando a bênção de Deus sobre o encontro de Hamburgo e sobre todos os esforços da comunidade internacional para ativar uma nova era de desenvolvimento inovadora, interconexa, sustentável, respeitosa do meio ambiente e inclusiva de todos os povos e de todas as pessoas.

A cúpula

Na véspera do encontro, em Hamburgo, houve protestos contra a reunião e muita violência entre a polícia alemã e black blocs. Quase 30 manifestantes foram presos e 111 policiais ficaram feridos. Mais manifestações estão previstas para esta sexta-feira.

O encontro mais esperado é o dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e Rússia, Vladimir Putin. O presidente do Brasil, Michel Temer, chegou a Hamburgo na madrugada desta sexta. Entre os principais temas em discussão, estão a luta ao terrorismo, o fenômeno migratório e a preservação do meio ambiente.

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Igreja na América Latina



Venezuela: Urosa repudia a violência e Hummes leva apoio ao povo

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Caracas (RV) – A situação na Venezuela piora a cada dia: mergulhada em uma crise política e com a economia colapsada, a insatisfação e a violência estão aumentando e no último episódio, manifestantes favoráveis ao Presidente invadiram a Assembleia Nacional, onde a oposição tem maioria. O grupo atirou pedras e disparou tiros e o ataque deixou 15 feridos entre parlamentares e jornalistas. Em novos protestos, quinta-feira (06/07), em Caracas, a polícia disparou bombas de gás lacrimogênio e nem as crianças foram poupadas. Tiveram que ser atendidas por paramédicos no local.

Arcebispo de Caracas repudia o ataque

O Cardeal Jorge Urosa Savino, em declaração pública, condenou e rechaçou totalmente o ataque à Assembleia, repudiando sobretudo a inércia da Guarda Nacional, que não reagiu para impedir a irrupção.

“É inaceitável que o Governo tenha permitido a agressão violenta de que foram alvo, em 5 de julho, os deputados da Assembleia Nacional (AN), bem como cerca de cem jornalistas e convidados especiais e funcionários, num total de cerca de 300 pessoas”, afirmou.

Cardeal Hummes leva apoio e solidariedade

Solidariedade e apoio ao povo foram expressas pelo Cardeal Cláudio Hummes, Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia e da REPAM, que se encontra no país com o Secretário Executivo da Rede Eclesial Pan-amazônica, Mauricio Lopes, divulgando o trabalho da rede.   

“Sabemos que a Venezuela está passando hoje por uma crise muito forte; tanto a Igreja como o povo estão sofrendo muito. Esta visita tem como objetivo também estar junto do povo e da Igreja, ao mesmo tempo em que fazemos a articulação (da REPAM, ndr) de por em rede também a Igreja da Venezuela. A crise e o sofrimento são muito grandes e para mim um dos objetivos é estar um pouco junto, para mostrar que todos nós estamos querendo de alguma forma contribuir, seja com uma simples visita e apoio, seja com a nossa oração, estar junto ao povo venezuelano neste momento difícil. Tenho certeza que os bispos vão apreciar esta visita de apoio e proximidade, enfim... a visita tem uma importância especial”. 

(CM)

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Igreja no Mundo



Cardeal Tagle: "Sem verdade, justiça e amor não há paz"

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Manila (RV) - O arcebispo de Manila, nas Filipinas, Cardeal Luis Antonio Tagle, convida os cristãos e os muçulmanos a permanecer unidos contra o extremismo. Partilhando seus pensamentos acerca do assédio em Marawi, na ilha de Mindanao, por obra do grupo terrorista Maute, ele declarou que o povo, independentemente da religião que pratique, deve permanecer junto contra aqueles que desejam somente destruição. 

O purpurado, que é também presidente da Caritas Internacional, afirma que as histórias de cristãos e muçulmanos que se ajudam reciprocamente podem constituir uma base sólida para a recuperação daqueles que foram atingidos pelo conflito.

Intento de dividir cristãos e muçulmanos não foi alcançado

“Quem quer que tenha tramado para dividir cristãos e muçulmanos, com muita probabilidade está furioso”, disse. “Não conseguiu alcançar seu intento. Na realidade, o que vimos foi uma comunhão.”

“É isso que nos infunde verdadeira esperança e confirma que pertencemos a uma só família humana.” O Cardeal Tagle convida os filipinos a estar “atentos” aos “sinais de amor”, esperança e luz” no meio das violências em Mindanao.

Paz só pode ser alcançada mediante a verdade, justiça e amor

O arcebispo da Manila ressalta que a decência e a humanidade devem continuar unindo todos os filipinos, afirmando que “a paz pode ser alcançada somente mediante a verdade, a justiça e o amor. Sem esse fundamento não pode haver paz”.

A Igreja local de Iligan continua atuando no sentido de contrastar as necessidades de milhares de famílias deslocadas pelo conflito entre tropas governamentais e o grupo terrorista Maute. O Centro para a ação social da diocese comunica ter distribuído, além de bens de primeiras necessidades, vestes, medicamentos e vários filtros para água.

Necessidade de maior assistência aos deslocados

Todavia, tendo a crise entrado em seu segundo mês, a diocese insistiu na necessidade de uma maior assistência, em particular, com kit de higiene, cobertores, macas e utensílios domésticos, afirma ainda que o material de papelaria seria uma grande ajuda para as crianças traumatizadas com a guerra.

Por sua vez, a Caritas Manila enviou para a Diocese de Iligan o equivalente a 8.700 euros para aquisição de arroz, outros gêneros alimentícios e água. O braço social da Arquidiocese de Manila já havia enviado precedentemente igual soma e cem sacos de arroz, como ajuda inicial aos residentes atingidos pela crise de Marawi. (RL/AsiaNews)

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Justiça e Paz: estratégia crível para eliminação total de armas nuclares

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Bruxelas (RV) - “A natureza indiscriminada e desproporcional das armas nucleares obriga o mundo a ir além da dissuasão nuclear. Convidamos os EUA e as nações europeias a trabalhar com outras nações para traçar uma estratégia crível, verificável e aplicável para a eliminação total das armas nucleares.” 

É o pedido contido numa declaração do presidente de “Justiça e Paz” Europa, Dom Jean-Claude Hollerich, e do presidente do Comitê dos bispos estadunidenses para a paz e a justiça internacional, Dom Dom Oscar Cantú.

Consequências devastadoras do uso nuclear

“Mesmo um limitado confronto nuclear teria consequências devastadoras para as pessoas e o planeta” e um “erro humano ou de cálculo traria uma catástrofe humanitária”, lê-se na declaração.

A “dissuasão nuclear” não é “resposta eficaz” nem mesmo em relação às ameaças do “mundo multipolar”. Observa-se a isso que os dispendiosos programas que os Estados estão implementando para modernizar os arsenais nucleares “deslocarão enormes recursos de outras necessidades urgentes”, prossegue.

Compromisso de não-proliferação e desarmamento

“Vai além de nossas competências” definir o “longo e complexo” caminho rumo ao desarmamento nuclear, escrevem os bispos, mas indicam algumas etapas, entre as quais “levar adiante as obrigações de não-proliferação e de desarmamento em linha com o quadro jurídico internacional”, “reforçar os mecanismos de salvaguarda e de controle a nível militar, diplomático e político”, “desenvolver e aplicar com determinação medidas para aumentar a confiança recíproca em todos os níveis”. (RL/Sir)

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Formação



Ecumenismo não é pacote de concessão, mas ambiente de comunhão

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Cidade do Vaticano (RV) - O diálogo ecumênico e inter-religioso não é uma novidade trazida pelo Papa Francisco, mas no seio da Igreja Católica ganhou ímpeto a partir do Concílio Vaticano II. 

Bergoglio dá continuidade a um trabalho que já era realizado pelos seus predecessores, apenas dando uma ênfase especial na necessidade de trabalhar juntos, rezar juntos, para enfrentar as emergências existentes no mundo de hoje. Assim em Francisco, encontramos expressões como "ecumenismo espiritual" e "ecumenismo de sangue", esta última relativa às perseguições que os cristãos sofrem por serem cristãos, independente da denominação de pertença.

No campo ecumênico, o ano de 2016 foi muito rico, marcado por encontros históricos, como aquele realizado em fevereiro em Havana com o Patriarca Kirill, da Igreja Ortodoxa russa, ou em Lund, na Suécia, em 30 de outubro, com a Igreja Luterana, ou ainda a celebração das Vésperas com os anglicanos em Roma, que marcaram os 50 anos de diálogo entre as duas Confissões. Nas três ocasiões, foram assinadas Declarações Comuns, onde foi reiterado o empenho no trabalho rumo à unidade.

Ecumenismo é diálogo, entre as religiões cristãs. Muitas vezes o termo é mal-entendido, pensado como uma negociação de valores, de verdades, ou mesmo um acordo ou pacto para se chegar a um "estado de paz".  Neste sentido, em diversas oportunidade o Papa Francisco reitera que uma condição fundamental para o diálogo, no caso religioso, é que cada um tenha sua fé bem firme e esclarecida.

O Padre Douglas Pinheiro Lima, Pároco na Igreja Nossa Senhora de Fátima, em Jandira (SP), Professor de Teologia Sistemática na Universidade Salesiana de São Paulo e Assessor para o Ecumenismo na Diocese de Osasco, nos fala sobre isto:

"O ecumenismo não é um pacote de concessão, é um ambiente de comunhão. Quando o movimento ecumênico começou, em 1910, em Edimburgo, nós temos como marco do primeiro esforço do século XX de algum diálogo inter-denominacional.

Neste começo a Igreja Católica não fazia parte, nem as Igrejas Ortodoxas, mas se pretendeu ali, justamente isto: um encontro das Igrejas de maneira que cada uma procurasse quais concessões poderia fazer, para que quem sabe, eles pudessem se tornar uma única Igreja.

O Papa Pio XI em 1928 escreveu uma Encíclia chamada Mortalium Animos, condenando este tipo de ecumenismo, que ele próprio chamou de irenismo. A palavra eirene (ειρήνη), em grego, que significa paz, seria um pacifismo. Em nome da paz nós abrimos mão de verdade, abrimos mão de identidade. Na verdade isto é impraticável. Todos nós devemos respeito e tributo à comunidade que nos transmitiu a fé e nós não podemos simplesmente trair o lugar de onde viemos, o ambiente que nos gerou. E o próprio movimento de Edimburgo percebeu que isto não daria certo. Mais prá frente, em 48, foi criado o Conselho Mundial de Igrejas, que é fruto deste movimento, mas este movimento de Edimburgo errou muito até chegar a esta visão.

Então nós temos um Magistério de 1928 que condena o ecumenismo - usando esta palavra - mas naquele período o que se entendia por ecumenismo era  esta tentativa irenista, que inclusive foi condenada novamente pelo Vaticano II, no parágrafo 11 do Decreto Unitatis Redintegratio - que é o documento oficial do Vaticano II para o ecumenismo. No número 11, o Papa Paulo VI com os Padres do Concílio deixou clara, que  aquela posição em relação ao irenismo continua, porque nós não vamos chegar a lugar nenhum traindo a nossa identidade.

Mais adiante, o Cardeal Suenens, quando escreve para a Renovação Carismática - quando o movimento já havia começado na nossa Igreja - ele diz uma frase que inclusive consta em diversas diretrizes do movimento em vários países: "só tem medo de ser ecumênico, que tem medo de deixar de ser católico". Ele diz esta frase. Ou seja, nós estamos tão seguros de nós, enquanto identidade, que não somente posso me permitir, como desejo me encontrar com os irmãos, e posso orar com eles, dialogar com eles, sentar à mesa com eles, inclusive realizar uma série de eventos, sem que em momento algum isto soe como um risco, como um perigo para a minha fé".

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Atualidades



Entidades cristãs ao G20: paz deve ser prioridade

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Hamburgo (RV) – Em sintonia com o apelo do Papa Francisco, a coalizão confessional “Call to Action” pediu aos líderes do G20 reunidos em Hamburgo, na Alemanha, que tomem medidas para superar a fome e promover a justiça e a paz de modo especial no Chifre da África. 

Na mensagem para a abertura da cúpula, o Pontífice fez um premente apelo aos chefes de Estado e de governo do G20 e a toda a comunidade mundial pela trágica situação do Sudão do Sul, nos Grandes Lagos, Chade, Chifre da África e Iêmen, “onde 30 milhões de pessoas não têm alimento e água para sobreviver”.

Na mesma linha, “Call to Action”, encabeçada pelo Conselho Mundial de Igrejas, recordou que quase um milhão e meio de crianças se encontram em situação de instabilidade alimentar na Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iêmen.

Conflito: denominador comum inaceitável

"O conflito é um denominador comum inaceitável em todos os países que atualmente enfrentam o risco de fome", lê-se no apelo, que prossegue: "Os conflitos criaram uma crise humanitária sem precedentes, onde a insegurança impede a ajuda humanitária de alcançar os necessitados".

Estabelecer a paz, resolver conflitos, responder às mudanças climáticas e promover a boa governança devem ser prioridades na agenda do G20, escreve ainda “Call to Action”.

A coalizão pede ainda a suspensão do comércio de armas na região e um compromisso com o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.

Oração

Na véspera da cúpula do G20 e durante toda a sua realização, cristãos da Alemanha e de outros países estão se reunindo para invocar a justiça e a paz, coordenados pelo Conselho Mundial de Igrejas.

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G20 Alemanha. Católicos e evangélicos convidam à solidariedade global

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Berlim (RV) - O arcebispo de Munique e presidente da Conferência Episcopal Alemã, Cardeal Reinhard Marx, e o presidente do Conselho da Igreja Evangélica, Bispo Heinrich Bedford-Strohm, escreveram uma mensagem comum, em nome das duas principais confissões cristãs da Alemanha, em vista do G20 que se realiza esta sexta-feira e sábado (7 e 8 de julho) em Hamburgo, norte do país. 

Na mensagem convidam os participantes a procurar tomar decisões importantes contra a pobreza, a injustiça, o terrorismo, a guerra e a destruição ambiental. “O G-20 deve sua importância ao serviço da vida comum agindo com honestidade pela sobrevivência da terra e para reforçar a possibilidade dos pobres de viver uma existência digna”, lê-se na mensagem.

Convite aos membros do G20 a buscar o diálogo

Para o cardeal e para o bispo o objetivo do G20 deve ser “o desenvolvimento sustentável” como decidido pelas Nações Unidas para a Agenda 2030”. Ambos os líderes religiosos criticam o crescente nacionalismo e convidam todos os membros do G20 a buscar o diálogo.

Pobreza e desigualdade extrema ameaçam estabilidade global

As Igrejas convidam a buscar a solidariedade para com os países mais pobres, mas ressaltam que “o egoísmo de Estado, o unilateralismo, o isolacionismo e o nacionalismo estão em aumento” e sem a solidariedade global os problemas como a fome, a destruição do ambiente, a fuga do terror não serão resolvidos, porque “a pobreza e a desigualdade extrema ameaçam a estabilidade global”.

O G20 deveria tornar o encontro “um sinal para uma nova política de segurança e de paz cooperativa” e resistir a qualquer ideologia violenta - exortam. Por conseguinte, o encontro de cúpula deve adotar “medidas corajosas e de vasto alcance para enfrentar esses importantes problemas do mundo”. (RL/L’Osservatore Romano)

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