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Sumario del 23/08/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja no Mundo

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: Deus nos quer herdeiros de uma promessa e incansáveis cultivadores de sonhos

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Cidade do Vaticano (RV) – “Nós acreditamos e sabemos que a morte e o ódio não são as últimas palavras pronunciadas sobre a parábola da existência humana. Ser cristão implica uma nova perspectiva: um olhar cheio de esperança (...) sabemos que Deus nos quer herdeiros de uma promessa e incansáveis cultivadores de sonhos”. 

Ao encontrar os milhares de fiéis na Sala Paulo VI para a Audiência Geral esta quarta-feira (23/08), o Papa Francisco inspirou sua catequese na passagem do Apocalipse “Eis que faço novas todas as coisas”, para falar sobre a “novidade da esperança cristã”, uma esperança “baseada na fé em Deus que sempre cria novidades na vida do homem, na história e no cosmos. Novidades e surpresas”.

Neste sentido, “não é cristão caminhar com o olhar voltado para baixo - como fazem os porcos: sempre vão assim -  sem levantar os olhos para o horizonte, como se todo o nosso caminho se consumisse aqui, no palmo de poucos metros de viagem; como se na nossa vida não existisse nenhuma meta e nenhum ponto de chegada, e nós fossemos obrigados a um eterno vaguear, sem nenhuma razão para tantas nossas dificuldades. Isto não é cristão”.

“As páginas finais da Bíblia – explicou o Papa – nos mostram o horizonte último do caminho do crente: a Jerusalém do Céu, a Jerusalém celeste”, “imaginada antes de tudo como uma grande tenda onde Deus acolherá todos os homens para habitar definitivamente com eles. E esta é a nossa esperança”.

Mas quando estivermos com Deus, o que Ele fará conosco?,  pergunta-se Francisco. “Usará uma ternura infinita em relação a nós, como um pai que acolhe os seus filhos que passaram por muitas dificuldades e sofreram muito”.

Neste sentido, o Papa aconselha a ler e meditar – mas não de maneira abstrata - a profecia de João em Apocalipse 21,3-5 (onde diz que Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará novas todas as coisas), mas "depois de ter visto o telejornal ou as manchetes dos jornais, onde existem tantas tragédias, onde se fala de tantas notícias tristes às quais todos correm o risco de se acostumar”:

“Procurem pensar nos rostos das crianças amedrontadas pela guerra, ao choro das mães, aos sonhos desfeitos de tantos jovens, aos refugiados que enfrentam viagens terríveis. A vida infelizmente é também isto. Às vezes se diria que é sobretudo isto”.

Mas diante desta realidade, “existe um Pai que chora conosco; existe um Pai que chora lágrimas de infinita piedade em relação aos seus filhos. Nós temos um Pai que sabe chorar, que chora conosco. Um Pai que espera para nos consolar, porque conhece os nossos sofrimentos e preparou para nós um futuro diferente”.

“Esta é a grande visão da esperança cristã, que se dilata sobre todos os dias da nossa existência, e nos quer reerguer!”, exclama Francisco.

Deus não criou a nossa vida por equívoco, “obrigando a Si mesmo e a nós a duras noites de angústias”, mas nos criou “porque nos quer felizes. É o nosso Pai, e se nós aqui, agora, experimentamos uma vida que não é aquela que Ele quis para nós, Jesus nos garante que o próprio Deus está operando o seu resgate. Ele trabalha para nos resgatar”.

Algumas pessoas – observou o Santo Padre – acreditam que “a vida ofereça todas as suas felicidades na juventude e no passado, e que o viver seja um lento declínio”, ou que “as nossas alegrias sejam esporádicas e passageiras, e na vida dos homens esteja inscrita uma falta de sentido. Os que, diante de tantas calamidades dizem: "Mas, a vida não tem sentido. O nosso caminho não tem sentido”.

“Mas nós cristãos – advertiu – não acreditamos nisto”:

“Acreditamos, pelo contrário, que no horizonte do homem existe um sol que ilumina para sempre. Acreditamos que os nossos dias mais belos estão ainda por vir. Somos gente mais de primavera do que de outono: vemos os brotos de um mundo novo antes que as folhas amareladas nos ramos. Não nos refugiamos  em nostalgias, arrependimentos e lamentações: sabemos que Deus nos quer herdeiros de uma promessa e incansáveis cultivadores de sonhos”.

"Não esqueçam a pergunta - aconselhou o Papa: Eu sou uma pessoa de primavera ou outono? De primavera, que espera a flor, que espera o fruto, que espera o sol que é Jesus, ou de outono, que está sempre com o rosto olhando para baixo, amargurado e, como disse às vezes, com a cara de pimentão no vinagre?".

O cristão – observou o Papa – sabe que o Reino de Deus, o seu Senhorio de amor “está crescendo como um grande campo de trigo, mesmo que no meio exista a cizânia. E no final o mal será eliminado”:

“O futuro não nos pertence, mas sabemos que Jesus Cristo é a maior graça da vida: é o abraço de Deus que nos espera no final, mas que já agora nos acompanha e nos consola no caminho. Ele nos conduz à grande tenda de Deus com os homens, com tantos irmãos e irmãs, e levaremos a Deus a recordação dos dias vividos aqui embaixo”:

“E será bonito descobrir naquele instante que nada foi perdido, nenhum sorriso, nenhuma lágrima. Mesmo que a nossa vida tenha sido longa, nos parecerá de ter vivido um sopro. E que a criação não para no sexto dia da Gênesis, mas prosseguiu incansável, porque Deus sempre se preocupou conosco. Até o último dia em que tudo se cumprirá, na manhã em que se enxugarão as lágrimas, no instante mesmo em que Deus pronunciará a sua última palavra de bênção: "Eis que faço novas todas as coisas”. Sim, o nosso Pai é o Deus das novidades e das surpresas. E naquele dia nós seremos realmente felizes, e choraremos. sim, mas choraremos de alegria”. (JE)

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Cardeal Parolin com Putin: clima positivo de escuta e respeito recíproco

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Cidade do Vaticano (RV) - “Tenho a honra de transmitir-lhe a saudação de Sua Santidade, Papa Francisco, o qual recorda muito bem os encontros mantidos com o senhor tanto em 2013 quanto em 2015.” Foi o que disse o secretário de Estado vaticano, Cardeal Pietro Parolin, encontrando na tarde desta quarta-feira (23/08) em Sochi o Presidente russo Vladimir Putin, em seu último dia de visita à Rússia.

“Obrigado por seu convite e das autoridades deste país e obrigado também pelo acolhimento e a possibilidade de encontrar-nos neste dia”, acrescentou o purpurado.

A Rússia “aprecia o diálogo construtivo e de confiança” com o Vaticano. Declarou por sua vez o Presidente Putin. “Recordo como me acolheram de modo caloroso no Vaticano e recordo bem o colóquio com o Pontífice”, continuou o líder russo.

“Os acordos alcançados durante meus contatos com o Papa Francisco são constantemente aplicados e somos muito contentes que o diálogo entre as Igrejas continue”, acrescentou segundo refere a agência oficial russa Tass.

Por sua vez, o secretário de Estado vaticano disse ainda estar “muito contente com a visita, que se coloca num momento particular de nossas relações, tanto a nível de Santa Sé e Federação Russa, quanto de Igreja católica e Igreja ortodoxa russa”, destacou.

Referindo-se à relação com a Federação Russa, disse: “creio que podemos considerar-nos satisfeitos, há muitas ocasiões de diálogo, existem essas trocas de opiniões, há preocupações e iniciativas comuns”.

Segundo nota da Sala de Imprensa da Santa Sé, o encontro, que “se realizou num clima positivo, cordial, de respeito e escuta recíproca, com troca de visões sobre vários temáticas, internacionais e relativas às relações bilaterais”, durou cerca de uma hora.

Ao término do colóquio o secretário de estado vaticano presenteou ao Presidente Putin uma representação em bronze de um ramo de oliveira, símbolo da paz. O Presidente russo ofereceu de presente uma série de moedas da coleção dedicadas às olimpíadas de Sochi 2014, lê-se ainda na nota vaticana.

Esta quinta-feira (24/08) o Cardeal Parolin celebrará a santa missa de forma privada na nunciatura apostólica em Moscou, retornando em seguida para Roma.

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Parolin e Kirill: empenho comum no Oriente Médio e Ucrânia

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Moscou (RV) – “Saúdo meu irmão Kirill, Patriarca de Moscou e de todas as Rússias”. Esta mensagem do Papa Francisco transmitida pelo Cardeal Parolin ao Patriarca Kirill abriu o encontro realizado na tarde de terça-feira no Mosteiro de Danilovsky, sede do Patriarcado de Moscou.  Kirill respondeu “Obrigado” em italiano.

Relíquias de São Nicolau

Referindo-se àquele que Kirill definiu como “um evento excepcional para a história de nossas Igrejas”, ou seja, ao traslado à Rússia das relíquias de São Nicolau de Bari, o Secretário de Estado vaticano comentou:

“O ecumenismo da santidade é verdadeiro, existe. Os Santos nos unem porque são os mais próximos a Deus e portanto são aqueles que mais nos ajudam a superar as dificuldades das relações do passado, devido a situações pregressas, e a caminhar sempre mais decididamente em direção ao abraço fraterno e à comunhão eucarística”.

A chegada das relíquias de São Nicolau – um dos santos mais venerados entre os ortodoxos - foi fruto do encontro em Havana, em fevereiro de 2016, entre Kirill e Francisco.

De fato, foram 2,3 milhões os fiéis que veneraram as relíquias de São Nicolau durante a exposição em Moscou e em São Petersburgo, segundo informou o próprio Patriarca a Parolin.

Ucrânia: nossas Igrejas são pacificadoras

O conflito na Ucrânia também entrou na pauta do encontro: “A Igreja não pode desempenhar nenhum outro papel senão aquele da pacificação, quando as pessoas estão em conflito entre elas”, afirmou o Patriarca, fazendo referência à difícil situação vivida no país.

“Os conflitos não duram para sempre e cedo ou tarde acabam. Se todas as forças sociais estão envolvidas no conflito, quem recolherá as pedras?”, questionou.

“Apreciamos muito – afirmou depois Kirill – o fato de que também esta vez encontramos compreensão recíproca sobre o papel que as nossas Igrejas devem desempenhar em relação à reconciliação da população na Ucrânia”.

Colaboração no Oriente Médio

Outra área geográfica foco de atenção no encontro foi o Oriente Médio. “A colaboração entre a Igreja Ortodoxa e a Católica na assistência humanitária às populações que sofrem pelos conflitos no oriente Médio, pode ser um importante fator de união”, declarou o Patriarca de Moscou, acrescentando que a cooperação no campo humanitário pode criar a base para projetos comuns no Oriente Médio.

Ouça aqui: 

(JE)

 

 

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Papa: confiemo-nos cada dia a Maria e rezemos o Terço

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Cidade do Vaticano (RV) – Ao final de sua catequese, o Papa saudou os peregrinos presentes na Sala Paulo VI para a Audiência Geral.

Ao dirigir-se aos peregrinos de língua alemã, Francisco recordou que nestes dias “contemplamos Maria Rainha do Céu”:

“Cristo tornou sua mãe partícipe de sua vitória sobre a morte. Confiemo-nos a Mãe Celeste para que, como ela, ao final de nosso caminho terreno, possamos alcançar a meta da nossa vida, segundo o projeto de Deus”.

Uma saudação mariana também foi dirigida aos poloneses:

“Dentro de poucos dias, sábado e domingo próximo, muitos de vós, pessoal ou espiritualmente, se reunirão na assim chamada “Caná Polonesa”, o vosso Santuário nacional em Jasna Góra, para celebrar a Solenidade da bem-aventurada Maria Virgem de Częstochowa e o terceiro centenário da coroação de sua efígie milagrosa. Apresentando-vos diante do rosto da vossa Mãe e Rainha, colocai-vos em escuta atenta da sua palavra: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Que ela seja para cada um de vós uma indicação na formação da consciência, no colocar ordem na vida pessoal e familiar, na construção do futuro da sociedade e da nação”.

Por fim, uma recomendação mariana aos peregrinos italianos

“E não esqueçam de rezar cada dia o terço (...). Caríssimos, elevemos o olhar ao Céu para contemplar o esplendor da Santa Mãe de Deus, que na última semana recordamos na sua Assunção, e ontem a invocamos como nossa Rainha. Cultivem em relação a ela uma devoção sincera, para que esteja ao vosso lado na cotidiana existência”. (JE)

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Igreja no Brasil



Dom J. L. Ferreira Sales: "migrantes tenham liberdade de fé"

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Cidade do Vaticano (RV) - No tema da Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, publicada segunda-feira (21/08), o Papa convida a refletir sobre os quatro verbos básicos ‘acolher, proteger, promover e integrar’.

Em relação à promoção, Francisco defende que todos os migrantes devem ser colocados em condição de se realizar como pessoas, em todas as dimensões que compõem a humanidade querida pelo Criador.

Dentre estas dimensões, é necessário que seja reconhecido o justo valor ao aspecto religioso, garantindo a todos os estrangeiros presentes no território a liberdade de profissão e prática da religião. 

Proteção aos migrantes no Brasil

O bispo de Pesqueira (PE) e referente da CNBB para a Mobilidade Humana, Dom José Luiz Ferreira Sales, relata a sua experiência na promoção da liberdade religiosa dos migrantes, realizada com um grupo de estudantes em Fortaleza.

Em relação à questão migratória no Brasil, e de modo mais específico, à condição dos migrantes venezuelanos na fronteira com Roraima, a Igreja tem atuado na linha de frente, com o total apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

“Infelizmente, no entanto, muitas famílias estão nas ruas, por falta de infraestrutura para acolhê-las”, lamenta.

Ouça aqui a entrevista: 

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Cimi: "Tirar a terra do índio é tirar-lhe a vida"

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Burutis, Rondônia (RV) - O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) classificou o atual governo federal como o “mais antiindígena” desde a ditadura militar. A crítica, publicada em nota divulgada terça-feira (22/08), é uma resposta à decisão do Ministério da Justiça de anular a ampliação de uma reserva indígena na zona oeste da capital paulista.

Reconhecida em 1987, com 3 hectares, a reserva indígena do Jaraguá, ocupada hoje por cerca de 700 famílias Guarani, foi ampliada para 512 hectares em 2015 após decisão judicial.

A ampliação foi derrubada pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, nessa segunda-feira (21/08), com a alegação de que houve “erro administrativo” na demarcação da área e que a reserva foi estabelecida sem a participação do governo estadual. Segundo o governo, a ampliação só teria validade legal se tivesse ocorrido até cinco anos após a demarcação das terras, ou seja, até 1992.

Para o Cimi, a portaria é “injusta, discriminatória, vergonhosa e genocida” e condena as famílias indígenas da reserva a viverem confinadas em “espaço insuficiente” em desacordo com seus costumes, usos, crenças e tradições.

Ouça o Presidente do Conselho Indigenista Missionário: 

 

 

Segundo o Presidente do Cimi, Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho, em entrevista à RV,  “o Governo está usando todo tipo de expediente para banir da Constituição os direitos dos povos originários e quilombolas, conquistados a duras penas em 1988 com a chamada ‘Constituição cidadã’. O decreto reduz mais de 700 pessoas a uma área de 3 hectares. A terra não é um bem de comércio, como dito pelo Papa na Laudato si; os povos originários pertencem à terra; tirar-lhes a terra é tirar-lhes a vida, a possibilidade de sonhar e cultivar suas tradições e costumes”.

O Cimi vai continuar denunciando em âmbito nacional e internacional estas atitudes do Governo, que não respeita os acordos previamente assinados e desrespeita a própria Constituição. E também vamos unir forças com as comunidades indígenas e continuar gritando, reivindicando e pressionando para que o Governo volte atrás nestes atos absurdos que vem causando em relação à questão indígena”.

Entenda e compartilhe o vídeo:

(cm)

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Igreja no Mundo



Todos os cristãos são responsáveis por reforma da Igreja, não só o Papa

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Roma (RV) - “A reforma da Igreja é uma escolha precisa, um processo explícito do qual são responsáveis não somente o Papa, mas todos os cristãos.” Essa é a mensagem do primeiro dia da Semana teológica do Meic (Movimento eclesial de cunho cultural), em andamento no mosteiro de Camaldoli – na região italiana da Toscana –, intitulada “Forma e reforma da Igreja. Ideias e propostas para caminhar junto com Francisco”.

“Vejo o risco de uma inflação do termo ‘reforma’ que pode levar a identificá-lo com um conteúdo por demais genérico”, advertiu o teólogo paduano e vice-presidente da Faculdade de Teologia do Triveneto, Pe. Riccardo Battocchio.

Reforma requer escolhas precisas da parte de todos

Para ele “este tempo, os novos processos culturais, a experiência cristã que se tornou uma entre tantas outras possíveis num mundo pluralista e fragmentário, nos pede que pensemos uma reforma que requer escolhas precisas da parte de todos aqueles que constituem a comunidade eclesial, cada um com seus papeis, tarefas e carismas”.

Por sua vez, a vice-presidente da Associação teológica italiana, Serena Noceti, enquadrou os elementos em torno dos quais se perfaz o processo de renovação eclesial.

“A reforma deve agir ao mesmo tempo em três níveis: o da autoconsciência coletiva; o das novas reformas relacionais, comunicativas e participativas; e o de uma transformação das estruturas do corpo eclesial.”

Chamado do Papa é apelo a todos à responsabilidade

Para a eclesiologista, docente da Faculdade teológica da Itália central, “a visão da Igreja como povo de Deus, apresentada na Lumen Gentium, nos pede uma nova tomada de consciência. O chamado do Papa Francisco à reforma da Igreja, a partir de seu pronunciamento no Congresso eclesial de Florença de 2015, é um apelo à responsabilidade para todos e para todas nós”.

Para Noceti “aquilo que o Papa nos pede é que acolhamos a visão eclesiológica e eclesial do Concílio Vaticano II: não se trata, por tanto, de uma novidade absoluta, mas o que é novo é o processo, o caminho de mudança que com Francisco começamos a desenvolver”.

Evangelização volte ao centro da nossa vida eclesial

“Houve uma reconstrução do imaginário simbólico do papado como primeiro elemento de referência e agora devemos viver um percurso de aprofundamento rumo a uma Igreja inclusiva, da misericórdia, na qual a evangelização volte ao centro da nossa vida eclesial”.

“O desafio é grande, a responsabilidade de todas e todos é igualmente relevante, cabe a nós refletir sobre como servir ao processo de reforma e ao mesmo tempo cabe a nós entrar numa dinâmica de conversão estrutural hoje mais do que nunca necessária”, concluiu. (RL/Sir)

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Formação



CV II e a reforma litúrgica: Anunciamos Senhor a vossa morte!

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Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar  a tratar na edição de hoje sobre a reforma litúrgica trazida pelo Concílio. 

As mudanças na liturgia introduzidas pelo Concilio Vaticano II são muito significativas. Visando um melhor entendimento delas, temos trazidos neste nosso espaço algumas reflexões sobre esta renovação. No programa passado, falamos sobre o significado da expressão "Eis o mistério da Fé". Na edição de hoje, o Padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado neste percurso, nos trás a reflexão de um segundo ponto: a resposta da assembleia após a consagração "Anunciamos Senhor a vossa morte":

"Os liturgistas brasileiros Ione Buyst e Dom Manoel João Francisco, apontam alguns grandes traços teológicos de mudança implícitos na renovação da liturgia eucarística, a partir da aclamação pós-conciliar, proclamada depois da consagração: “Eis o mistério de nossa fé! Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”. Essa aclamação está baseada na primeira Carta aos Coríntios: 1Cor 11,26. Na oportunidade anterior falamos da aclamação do sacerdote: eis o mistério de nossa fé. Apontamos que se refere ao mistério pascal atualizado em cada Eucaristia.

Hoje começamos a refletir a resposta da assembleia litúrgica: Anunciamos, Senhor, a vossa morte. Nós não podemos dissociar o Senhor ressuscitado e glorioso do servo sofredor. Não há glorificação, sem passar pelo caminho da crucificação. Cristo entrou na morte, livremente, para destruir nossa morte. Ele mesmo diz em João 10,18: “Ninguém a tira (a vida) de mim, mas eu a dou livremente; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai”.

O documento de renovação litúrgica Sacrossanctum Concilium, no número 05, afirma essa kênosis, esse esvaziamento de Cristo na morte. Diz o documento conciliar que Cristo completou a obra da redenção humana. No mistério pascal, Cristo “morrendo, destruiu a nossa morte e, ressurgindo, deu-nos a vida” (frase tirada do prefácio da Páscoa do Missal Romano). Pois, do lado de Cristo agonizante sobre a cruz nasceu “o admirável sacramento de toda a Igreja” (Santo Agostinho). Como do lado aberto de Adão que dorme, nasce Eva, é do lado aberto de Cristo, na cruz, que dormita em sua morte, que nasce a Igreja, nova Eva, sem ruga e sem mancha.

Ione Buyst e Dom Manoel João Francisco dizem que “o caminho da superação não passa pela eliminação do sofrimento ou pela alienação do sofrimento, mas passa por dentro dele, na esperança de vencer”[1]. O amor sempre supõe um sacrifício, uma morte. Na liturgia, por excelência, nós anunciamos fundamentalmente a morte de Cristo, o mistério de sua entrega total na cruz por amor à humanidade.

A Constituição Sacrossanctum Concilium, no número 06, também afirma que a Igreja pelos séculos, desde a Igreja primitiva, jamais deixou de reunir-se para celebrar o mistério pascal: lendo “tudo quanto nas Escrituras a ele se referia” (Lc 24,27), celebrando a Eucaristia na qual “se representa a vitória e o triunfo de sua morte” e, ao mesmo tempo, dando graças “a Deus pelo seu dom inefável” (2Cor 9,15) em Cristo Jesus, “para louvor de sua glória” (Ef 1,12) por virtude do Espírito Santo. O Concílio, nesse número 06, diz que a Eucaristia, que além de Eucaristós= Ação de Graças, é celebração na qual se “representa a vitória e o triunfo de sua morte”. Aqui entendemos que esse representa não apenas uma representação qualquer, como num teatro. Mas é uma memória viva, atualizada, onde anunciamos a morte e a vitória de Cristo sobre ela, até que Ele venha no Reino definitivo".

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[1] Livro desses autores citados – Mistério Celebrado Memória e compromisso II,Paulinas, SP, 2004, p. 36.

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Atualidades



Papa Francisco recorda em tuíte escravidões antigas e novas

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco lançou um novo tuíte em sua conta @ Pontifex este 23 de agosto, Dia internacional de recordação do tráfico de escravos e da sua abolição, celebrado pela Onu. Diz o texto: “O Senhor se faz próximo daqueles que são vítimas de antigas e novas escravidões: trabalhos desumanos, tráficos ilícitos e exploração.”

Sobre esse Dia a Rádio Vaticano ouviu o subsecretário da Seção para os Migrantes e os Refugiados do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, Pe. Michael Czerny. Eis o que disse: 

Pe. Michael Czerny:- “É triste que este Dia de celebração não seja somente uma recordação histórica, mas também um tema por demais atual. Ao mesmo tempo é preciso dizer que a recordação da escravidão do passado é também uma interpelação aberta, porque as consequências do tráfico permanecem até hoje.”

RV: Quais são as consequências?

Pe. Michael Czerny:- “As consequências são o desequilíbrio nas relações sobretudo entre África e Europa e a África e as Américas: isso perdura como parte deste grande crime.”

RV: Atualmente, a escravidão moderna manifesta-se sob outras formas. Reiteradas vezes também o Papa Francisco denunciou isso. E também o tráfico de seres humanos é uma forma de escravidão moderna, como disse o Santo Padre. São muitas formas que muitas vezes não vemos…

Pe. Michael Czerny:- “Exatamente. Talvez essa seja uma diferença em relação ao passado, quando a escravidão era, por assim dizer, um aspecto mais ou menos ‘normal’ da sociedade; hoje muitíssimas formas são escondidas e por isso o primeiro passo é abrir os olhos e ser sensíveis aos perigos da escravidão moderna.”

RV: Escravidão moderna que atinge também as migrações: esse é um problema que os Estados devem enfrentar...

Pe. Michael Czerny:- “Sim, essa é uma das coisas que o Papa Francisco pediu em sua recente mensagem. Significa que os caminhos da migração devem ser regulados e devem ser relativamente ‘fáceis’, porque do contrário há o perigo de que o tráfico de seres humanos se torne escravidão.” (RL/FP)

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Tráfico de pessoas: quando a vida dos pobres vira mercadoria

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Cidade do Vaticano (RV) - Todos os anos, 23 de agosto marca o Dia Internacional de Lembrança do Tráfico de Escravos e sua Abolição. A data é ocasião para convidar a sociedade a extrair ensinamentos da história e lutar pela igualdade de direitos e contra as novas formas de escravidão ou de comércio com seres humanos. Hoje, segundo estimativas oficiais, em torno de 21 milhões de pessoas são afetadas por estes crimes.

A ausência de políticas de educação, profissionalização e segurança pública, somada à condição de pobreza crônica, faz da Amazônia brasileira um alvo privilegiado para o tráfico de pessoas. Faltam elementos fundamentais para uma vida que possa ser definida digna de seres humanos.

A Irmã Henriqueta Cavalcanti  é assessora do Regional Norte II da CNBB, em Belém, e trabalha diretamente com a prevenção do tráfico.

“A maior causa está na vulnerabilidade”, adianta a Irmã, que prossegue: “Muitas mulheres, depois de viverem a experiência da exploração sexual, dentro e fora do país, preferem não retornar ao Brasil pois não encontram perspectivas de trabalho, acompanhamento e acolhimento social e familiar: são vítimas do abandono”.

Traçando um perfil dos criminosos, Irmã Henriqueta fala de uma rede de mercantilização da vida:

“São aliciadores que fazem falsas promessas de melhoria de vida, casamentos e propostas de trabalho no exterior, escolinhas de futebol para crianças... propostas enganosas, caracterizadas por uma escalada econômica bem rápida. Assim, meninas e meninos, mulheres e homens, embarcam na viagem que chamamos ‘viagem de terror’. Trata-se de um movimento organizado, arquitetado para negociar a vida dos pobres como uma mercadoria”. 

Ouça aqui a reportagem completa: 

(cm)

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