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Sumario del 25/08/2017

Papa e Santa Sé

Igreja na América Latina

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Entrevistas

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Parolin: Papa, atento às ocasiões de diálogo, satisfeito com resultado da visita a Moscou

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Cidade do Vaticano (RV) – Uma viagem para construir pontes,  marcada por um clima de escuta e diálogo. Após retornar da Rússia, o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, concedeu uma entrevista exclusiva à Secretaria para a Comunicação, na pessoa do colega do Programa italiano, Alessandro Gisotti.

RV: Eminência, havia uma grande expectativa por esta sua viagem à Rússia. Com que sentimentos o senhor retorna ao Vaticano?

“Acredito que o balanço desta viagem seja um balanço substancialmente positivo e portanto, obviamente, os meus sentimentos são sentimentos de gratidão ao Senhor por me ter acompanhado durante estes dias. Pudemos cumprir o programa que estava fixado, ter os encontros previstos, e devo dizer que estes encontros – quer a nível das autoridades, quer com o Presidente Putin como com o Ministro do Exterior Lavrov, e depois com os expoentes da hierarquia da Igreja Ortodoxa russa, isto é, o Patriarca Kirill e o Metropolita Hilarion - foram caracterizados justamente por um clima de cordialidade, um clima de escuta, um clima de respeito. Eu os definiria como encontros significativos, foram encontros também construtivos e me sinto no dever de acentuar um pouco esta palavra: “encontros construtivos”. Obviamente, depois, houve também a parte do encontro com a comunidade católica. Sobretudo graças à conversação e ao diálogo que tivemos com os bispos na Nunciatura, foi possível conhecer um pouco mais de perto a realidade, a vida da comunidade católica na Rússia, as suas alegrias, as suas esperanças, mas também os desafios e as dificuldades que deve enfrentar. Em relação a estas últimas, em parte, foi possível também apresentá-las, expô-las às autoridades. Cito uma delas: o tema da restituição de algumas igrejas que foram confiscadas nos tempos do regime comunista e pelas quais não foi ainda providenciada a restituição diante das necessidades da comunidade católica de ter locais de culto adequados. Portanto, eu diria que no final – para dizer numa palavra – foi uma viagem útil, foi uma viagem interessante, foi uma viagem construtiva”.

Rv: O senhor já teve a oportunidade de falar com o Santo Padre sobre a viagem? O que poderia ser compartilhado daquilo que falaram? 

“Sim, naturalmente, assim que eu retornei encontrei o Santo Padre para fazer a ele um brevíssimo, sintético relatório, quer sobre conteúdos como dos resultados da viagem, e naturalmente, transmiti a ele também as saudações que me foram confiadas por todas as partes que encontrei, do afeto e da proximidade da comunidade católica, das diferentes saudações das autoridades. Recordo que o Presidente Putin – acredito que tenha sido gravada a parte pública do encontro – sublinhou precisamente a recordação viva que mantém de seus encontros com o Papa Francisco, em 2013 e em 2015. E a fraterna saudação depois do Patriarca Kirill. Obviamente o Papa ficou tocado por estas impressões, destes resultados positivos que transmiti a ele; o Papa, como sabemos  - o repetiu também nesta circunstância – está muito, muito atento a todas as ocasiões de diálogo que existem e está muito contente quando se dá passos em frente nesta direção”.

RV: Quais foram os temas principais tratados no encontro com o Patriarca Kirill?

“Eu diria que fundamentalmente se concentraram um pouco sobre este novo clima, esta nova atmosfera que reina nas relações entre a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica; este novo clima, esta nova atmosfera que se instaurou nos últimos anos e que naturalmente teve um momento particularmente significativo e de forte aceleração também graças ao encontro de Havana entre os Patriarca e o Papa, depois do qual se seguiu este acontecimento. Realmente, percebi nos interlocutores ortodoxos, como ficaram tocados por esta experiência da visita das relíquias de São Nicolau de Bari a Moscou e São Petersburgo, mas no sentido de terem sido tocados pela fé e pela religiosidade do povo. Foi sublinhado também como muitos russos que pertencem à tradição ortodoxa mas que não frequentam, os não-praticantes, nesta ocasião se aproximaram da Igreja. Foi realmente um evento grandioso, quer no que se refere às dimensões – fala-se de dois milhões e meio de fiéis que visitaram as relíquias – quer no que diz respeito ao impacto de fé e de espiritualidade que este acontecimento produziu. Passamos depois em resenha os passos dados e aqueles que serão, que deverão ser os passos a serem dados no futuro. Me parece que da parte deles – como naturalmente também da nossa parte – não se deseja exaurir os potenciais que esta nova fase abriu e naturalmente a colaboração pode ocorrer em vários âmbitos, em vários níveis: da colaboração cultural – aquela acadêmica – àquela humanitária. Se insistiu muito sobre este ponto, que as duas Igrejas, diante das tantas situações de conflito que existem no mundo, podem realmente realizar uma obra humanitária incisiva e eficaz. Tratou-se também – com respeito e ao mesmo tempo com franqueza – temas um pouco espinhosos, nas relações entre as duas Igrejas; porém, se procurou dar – ao menos a meu ver, foi o que eu percebi – um sentido antes positivo, isto é, explorar caminhos compartilhados para enfrentar e para tentar buscar soluções para estes problemas. E naturalmente, também estas vias compartilhadas, estas propostas concretas que emergiram deverão ser verificadas e possivelmente implementadas depois de um adequado discernimento e aprofundamento”.

RV: Eminência, a propósito dos temas sensíveis: a questão da Ucrânia é um dos temas mais delicados nas relações entre Santa Sé e Rússia. O senhor mesmo visitou a Ucrânia, há um ano. Existe alguma novidade após a sua viagem?

“Novidades, ao menos até agora, não existem. Talvez seja prematuro pensar em alguma novidade. O Senhor – esperamos – fará germinar e frutificar as sementes que tiverem sido semeadas. Porém, como é sabido, a questão ucraniana é uma das questões de grande preocupação para a Santa Sé: o Papa se pronunciou várias vezes sobre o tema. É óbvio que não podia não ser tratado este tema; não podia ser esquecido nesta circunstância. Eu diria, sobretudo, no sentido de procurar ver, de avaliar se havia alguns passos concretos que poderiam ser dados em direção a uma solução duradoura e justa do conflito, no contexto dos instrumentos atualmente disponíveis, que são praticamente os Acordos alcançados entre as duas partes. E é sabido também que a Santa Sé insistiu sobretudo nos aspectos humanitários a partir da grande iniciativa do Papa pela Ucrânia. Neste sentido, por exemplo, um dos temas é o da libertação dos prisioneiros: este é um dos temas do “humanitário” que poderiam realmente ser importantes para dar um novo impulso a todo o processo, também político, para sair desta situação de paralisia e fazer avançar – por exemplo – também o tema da trégua, o tema do cessar-fogo, o tema das condições de segurança sobre o território, o tema, também, das condições políticas para poder fazer progressos na solução global. Esperamos que algo possa ajudar para caminhar na justa direção, levando em consideração – quando falamos de situações, destas questão humanitárias – que estamos falando de pessoas e estamos falando do sofrimento. E acredito que é isto que todos deveriam ter em mente justamente para tentar realizar um esforço suplementar para ir na justa direção”.

RV: A imprensa deu naturalmente muita atenção ao seu encontro em Sochi com Vladimir Putin. Como foi o colóquio com o Presidente russo?

“Eu diria que também o colóquio com o Presidente Putin entra um pouco na avaliação que fiz no início: foi um encontro cordial, foi um encontro respeitoso, em que se pode tratar sobre todos os temas que ao menos para nós, estavam a peito que fossem tratados, como aquele, por exemplo, do Oriente Médio, da situação na Síria em particular, e neste contexto também o tema da presença dos cristãos: sabemos que uma das convergências que existem entre a Rússia e a Santa Sé é justamente esta da atenção à situação dos cristãos, o tema das perseguições aos cristãos, que tendem a sem ampliar a todos os grupos religiosos – naturalmente – e a todas as minorias, buscando envolver também os muçulmanos, como foi feito por exemplo naquele seminário realizado em Genebra, no ano passado.  Bem sobre o tema da Ucrânia já falamos; o tema da Venezuela: vi que também a imprensa divulgou algumas declarações que haviam sido dadas neste sentido. Portanto, além dos temas bilaterais, eu falava no início, apresentamos algumas situações um pouco de dificuldades da comunidade católica. Eu procurei sobretudo dizer isto, esta era a mensagem que queria transmitir: isto é, que a Rússia, pela sua posição geográfica, pela sua história, pela sua cultura, pelo seu passado, pelo seu presente, tem um grande papel a desempenhar na comunidade internacional, no mundo. Um grande papel a desempenhar! E portanto, tem uma particular responsabilidade em relação a paz: quer o país, quer os seus líderes, têm uma grande responsabilidade em relação à construção da paz e devem realmente esforçar-se para colocar os interesses superiores da paz acima de todos os outros interesses”.

RV: Por fim eminência: além dos encontros mais significativos, existe algum outro assunto ou aspecto particular que o senhor gostaria de sublinhar?

“Sim, houve o bonito momento da Missa, junto com a comunidade católica. A Catedral estava repleta de fiéis e foi um pouco uma surpresa, porque era um dia normal e portanto não se esperava que houvesse tanta gente; depois, naturalmente, me toca sempre a fé e a devoção destas pessoas: como participam da Missa, com qual atenção, com qual reverência, com qual silencio estão presentes. E acredito que tenham ido sobretudo para expressar o seu apego ao Papa e o fato de serem membros da Igreja universal. Portanto, aquele foi um belo momento. Um outro momento bonito foi a breve visita às Irmãs de Madre Teresa que trabalham em Moscou. Pudemos encontrar e saudar todas as pessoas que elas assistem, também ali foi manifestado um grande afeto pelo Papa. E depois, a última coisa que gostaria de recordar: me impressionou muito a visita que fizemos à Catedral de Cristo Salvador, a Catedral ortodoxa de Moscou; Catedral que havia sido explodida durante o regime comunista. E portanto foi também um momento para recordar esta história muito dolorosa da época em que se pretendia erradicar completamente a fé do coração dos fiéis e eliminar todo sinal da presença de Deus e da Igreja naquela terra. Coisa que não se conseguiu, porque Deus é maior dos que os projetos dos homens”.

 

 

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Colômbia reforça controle em aeroportos para visita do Papa

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Bogotá (RV) – As autoridades da Migração da Colômbia calculam que a visita do Papa Francisco ao país, entre 6 e 11 de setembro próximo, trará um incremento de 11% na entrada de cidadãos estrangeiros no país,  em comparação com o mesmo mês do ano passado. 

Assim, para atender aos viajantes, a “Migración Colombia” informou em um comunicado que irá reforçar os postos de controle migratório de Bogotá, Medellín, Cartagena e Rumichaca (na fronteira com o Equador).

Serão 20% a mais os agentes da imigração deslocados, incluindo especialistas em documentação, grafólogos e datiloscopistas.

A Migração ademais, constituiu um grupo especial de agentes, que contará com as últimas ferramentas tecnológicas para determinar o status migratório dos estrangeiros durante a visita do Pontífice.

Da mesma forma, destinará um grupo de oficiais para atender às diferentes comitivas que chegarão aos país por ocasião da visita.

Estima-se que o Aeroporto El Dorado, de Bogotá, registrará o maior número de entradas de visitantes internacionais no país, estimado em 57%.

Segue o Aeroporto José María Córdova, de Medellín, com 20%, e o  de Cartagena, com 13%.

Francisco será o terceiro Papa a visitar a Colômbia depois das viagens de Paulo VI em 1968 e de São João Paulo II em 1986.

Traslado dos restos mortais de Pe Pedro María Ramírez

Na quinta-feira, 24 de agosto, os restos mortais do Padre Pedro María Ramírez foram traslados do cemitério local para a Igreja de São Sebastião, município de La Plata, a oeste de Huila, de onde era originário.

Mais de 100 sacerdotes e bispos de Huila y Tolima, além de autoridades do Departamento e centenas de fiéis participaram da cerimônia.

O "Mártir de Armero", como é conhecido, será beatificado pelo Papa Francisco em 8 de setembro na cidade de Villavicencio.

O sacerdote foi assassinado a golpes de facão em 10 de abril de 1948 por uma multidão de liberais, um dia após o assassinato do líder político Jorge Eliecer Gaitán.

(JE com Agências)

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Medellín, cidade 'transformada', se prepara para o Papa

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Medellín (RV) – Uma Medellín renovada, com sistema de transporte reforçado, alto potencial turístico e mais segurança receberá o Papa Francisco no próximo 9 de setembro. A cidade será uma das três do itinerário na Colômbia

O Comitê ‘Medellín Convention & Visitors Bureau’ releva em comunicado que “se compararmos com a Medellín do final da década de 80”, quando chegou à cidade o Papa e hoje Santo João Paulo II, há uma transformação evidente”.

Um passado de violência ficou para trás

Medellín registrava então uma de suas épocas mais violentas: mais de 6.300 homicídios em 1991, especifica a nota, assinalando que hoje “o panorama mudou drasticamente e o índice de violência é 90% menor; 2016 se encerrou com 534 homicídios”.

A transformação permitiu o incremento do turismo, que cresceu 247% nos últimos nove anos.

“Hoje, Medellín se propõe internacionalmente como destino para grandes eventos e acolheu cúpulas como o Fórum Econômico Mundial (2015) e o Fórum Urbano Mundial (2014)”, acrescenta a informação.

O desenvolvimento da capital do departamento de Antioquia inclui também o sistema de transporte público, que hoje oferece metrô, teleférico, ônibus e bondes.

O Aeroporto Internacional Olaya Herrera, que foi palco para uma missa de João Paulo II em 1986 com 1,2 milhão de pessoas, acolherá Francisco e cerca de 2 milhões de fiéis nesta visita iminente.

A cidade, com seus 2,4 milhões de habitantes, possui novos centros de esportes e modernas infraestruturas urbanas como a grande escada rolante do bairro 13, que facilita a vida de milhares de habitantes desta área pobre da cidade.  

(CM)

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Igreja na América Latina



É grave quadro de saúde de sacerdote agredido na Guatemala

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Tegucigalpa (RV) – O carro do sacerdote salvadorenho Juan Carlos Mendoza Alfaro foi interceptado por um grupo de homens armados de fuzis, quando se dirigia para a Paróquia “San José”, em El Adelanto Jutiapa, Guatemala, onde era pároco.

O fato ocorreu no sábado 19, na localidade de Las Brisas, município de Yupiltepeque.

Segundo a polícia local, o grupo atravessou vários veículos para bloquear a estrada, retirando o sacerdote de seu automóvel sob agressões. Mesmo tendo se identificado como religioso, os indivíduos continuaram a agredi-lo, até deixá-lo inconsciente.

Quando foi encontrado por um grupo de moradores que passava pelo local e ouviram gemidos de dor, o sacerdote estava despido, jogado no fundo de um barranco, com marcas de agressão em todo o corpo. Horas mais tarde seu veículo for localizado a vários quilômetros de distância.

Padre Mendoza Alfaro foi levado a um hospital público e submetido a uma longa cirurgia na terça-feira. Em função dos ferimentos poderá perder um dos braços. Seu estado de saúde é considerado grave.

“Estamos tentando angariar fundos para transferi-lo a El Salvador onde poderá receber melhores cuidados”, relatou uma paroquiana.

O sacerdote é originário da Colonia Guadalupe de Tejutla,  Departamento de Chalatenango, ao norte de San Salvador. Trabalhou em várias localidades do país como docente. Nos últimos anos desempenhava seu ministério sacerdotal na Guatemala. 

(JE com informações de elsalvador.com)

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Igreja no Mundo



Jovem leigo católico em missão assassinado nas Filipinas

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Manila (RV) – Chamava-se Domingo Edo o jovem leigo católico filipino assassinado enquanto se dirigia a um remoto vilarejo, próximo à cidade mineira de Tampakan, Ilha de Mindanao. Ele havia sido enviado em missão à localidade, pela Diocese de Marbel.

Ele estava acompanhado por Ramil Piang, um coroinha de 18 anos, que ficou ferido durante o ataque realizado por um grupo de homens armados, ainda não identificados.

Domingo Edo, que trabalhava para o Social Action Center da Diocese de Marbel “era um jovem muito amado por todos os habitantes daquela região montanhosa e, aparentemente não tinha inimigos”, declarou à Agência Ucanews o Padre Ariel Destura, encarregado diocesano para as obras sociais.

A Diocese havia confiado a Domingo o trabalho de evangelização de algumas comunidades rurais na região de South Cotabato.

Segundo as primeiras investigações, o assassinato pode ter ligação com o trabalho que Domingo Edo realizava, com o apoio da Igreja local, na defesa das populações da região dos efeitos de uma mina de cobre e ouro, que se estende por três Províncias da ilha, ainda que, segundo Padre Destura, “ele realizava a obra que lhe foi confiada por meio do diálogo e sem nunca exasperar os ânimos da população”.

Em diversas oportunidades a Igreja Católica local reiterou a ilegitimidade das operação extrativas minerais, que na maior parte das vezes causam sérios danos à agricultura e aos recursos hídricos, colocando em risco a vida das populações.

Segundo os bispos da ilha, o aquecimento global, as mudanças climáticas e a falta de alimento são ameaças imediatas que colocam em risco a vida humana. As atividades de extração em larga escala não resolvem, mas contribuem para agravar estes problemas.

Há mais de dez anos a Conferência Episcopal filipina se opõe ao “programa para a revitalização das minas”, lançado pelo então governo Arroyo.

O projeto permite a ampliação da extração também em áreas protegidas, entre as quais importantes áreas de biodiversidade e reservas naturais.

Para os bispos, os benefícios econômicos prometidos pelas multinacionais de minérios não compensam o deslocamento de inteiras comunidades, sobretudo indígenas, colocando em risco a saúde e as condições de vida, além de provocar poluição.

As regiões com minas estão entre as mais pobres do país, também porque as grandes companhias de mineração “destroem a cultura indígena e o ambiente”.

Foi neste contexto que ocorreu o ataque que matou Domingo Edo, ainda que seja prematuro estabelecer com certeza os motivos do assassinato. As investigações da polícia não descartam nenhuma possibilidade.

(JE)

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EUA: Bispos criam Comissão contra o racismo

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Washington (RV)- A Conferência Episcopal dos Estados Unidos anunciou a criação de uma Comissão contra o racismo, a ser presidida pelo Bispo de Youngstown, Ohio, Dom George V. Murry. 

A missão da Comissão - refere a Agência Sir - será enfrentar "o pecado do racismo na nossa sociedade e também na nossa Igreja", além de buscar para o problema "urgentes soluções, todos juntos, como sociedade estadunidense".

"Não vejo a hora de trabalhar com os meus irmãos bispos e com todas as comunidades nos Estados Unidos para ouvir as necessidades de quem sofre por causa do racismo e encontrar soluções para esta epidemia de ódio", precisou Dom Murry, fazendo votos para que se encontre "um terreno comum de valores onde o racismo não encontre mais lugar nos corações ou na sociedade".

Pecado do racismo continua a afligir os EUA

"Os acontecimentos recentes revelam a medida com que o pecado do racismo continua a afligir a nossa nação - declarou por sua vez Dom DiNardo, Presidente da Conferência Episcopal e idealizador deste novo comitê.

A Comissão comprometerá a Igreja e a sociedade "a trabalhar juntos para desafiar este pecado, ouvindo as pessoas que sofrem as consequências dele e favorecendo a consciência recíproca como comunidade".

Grupos racistas ultrajam e desafiam a dignidade da vida humana

O Cardeal especificou que "a missão da Igreja é ensinar e testemunhar a dignidade intrínseca da pessoa humana. Marchas organizadas por grupos que fomentam o ódio como a Ku Klux Klan e os neonazistas são ultrajantes e desafiam a dignidade da vida humana".

Neste sentido, o purpurado pediu a todos os fiéis para "empenharem-se com decisão na eliminação do racismo" e a "quem se esconde por trás de capas brancas e símbolos nazistas", de converterem-se, porque "as violências vis contra os afro-americanos e as outras pessoas de cor, o povo judaico, os imigrantes e tantos outros, ofendem a nossa fé, mas ao mesmo tempo nos tornam tenazes em buscar a solução ao problema".

Novo documento pastoral sobre o racismo

A criação do Comitê segue a conclusão dos trabalhos da força-tarefa pela "Paz nas nossas comunidades", instituída em julho de 2016, em resposta aos tiroteios de fundo racista ocorridos em Baton Rouge, em Mineápolis e em Dallas.

Ademais, quase 40 anos depois da Carta Pastoral sobre o Racismo, onde se definiu "o racismo como um pecado que divide a família humana, mancha a imagem de Deus entre os membros desta família e viola a dignidade humana de quem é filho do mesmo Pai", os bispos anunciaram para 2018 um novo documento pastoral sobre o tema.

Para os próximos dias são esperados ulteriores esclarecimentos sobre as finalidades da nova comissão. (JE)

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Migração: a denúncia do arcebispo de Tanger, em Marrocos

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Tanger (RV) -  “A sociedade europeia precisa urgentemente tomar consciência das repercussões da crise de refugiados: manter as pessoas fora das fronteiras não pode ser solução”. É o que afirma Dom Santiago Agrelo, arcebispo de Tanger, em Marrocos, entrevistado pela agência Ecclesia.

Pela proximidade geográfica de sua diocese ao problema, o arcebispo lida diariamente com migrantes e refugiados subsaarianos que atravessam o deserto em busca de uma entrada na Europa.

A denúncia

“No deserto morre muita gente e não se fala nem dos perigos, nem das humilhações, nem das mortes que os migrantes sofrem na travessia. A Europa sabe o que acontece com os migrantes e refugiados no Mediterrâneo, e no Estreito de Gibraltar, mas não parece que se incomoda muito com isso”, lamenta.

O arcebispo espanhol, que dirige a Arquidiocese de Tanger há 10 anos, realça o desespero que marca hoje a vida de muitas pessoas:

“Mesmo que entrem de forma legal num país, rapidamente entram na ilegalidade. Aí, multiplicam-se os problemas no acesso a alojamento, alimentação, vestuário... são obstáculos que a maior parte dos europeus não imaginam porque não passaram por isso”, aponta, acrescentando:

“A ilegalidade não escorre nas veias dos refugiados. As nações europeias é que os levam à ilegalidade, quando não lhes deixam nenhuma alternativa de buscar o futuro, futuro a que têm todo o direito de buscar onde lhes pareça melhor. É um direito reconhecido por todas as nações que assinaram a Carta dos Direitos Fundamentais do Homem: o direito de migrar, o direito à integridade física, direitos que se violam constantemente”, salienta.

Em relação ao trabalho da Igreja Católica, Dom Santiago Agrelo frisa que deve passar sobretudo pela percepção das necessidades das pessoas e ajudá-las a vencer os problemas”.

“Respostas políticas cabem aos políticos, o que neste momento não estão fazendo. Não vemos respostas políticas para esta crise, eles estão simplesmente ignorando o problema e tentando manter os pobres fora de suas fronteiras”, conclui.

(cm)

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Entrevistas



Dom Flávio: extinção da reserva no Pará será um massacre cultural

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Santarém (RV) – O governo brasileiro extinguiu quarta-feira (23/08) a Reserva Nacional do Cobre e seus associados (Renca), uma área na região da Amazônia entre os estados de Pará e Amapá, de 47 mil quilômetros quadrados entre o Pará e o Amapá – o equivalente ao tamanho do estado do Espírito Santo. A região, que é rica em ouro e outros minérios, engloba também nove áreas protegidas, entre florestas estaduais, reservas ecológicas e terras indígenas

Medida repercutiu negativamente em todo o mundo

A extinção deve permitir que cerca de 30% da área, que hoje é protegida, seja usada pela mineração privada. Apesar do nome, o local é muito conhecido por ter uma grande quantidade de ouro.

Criada em 1984, duas terras indígenas povoam a Renca. No lado paraense está a TI Rio Paru d`Este, onde habitam duas etnias, os Aparai e os Wayana. No lado do Amapá, encontra-se o território indígena do povo Wajãpi. Eles vivem em relativo isolamento, conservam modos de vida milenares, e protegem uma área superior a 17 mil quilômetros quadrados de floresta amazônica.  

Para o arcebispo de Santarém, Dom Flavio Giovenale, a concessão destas áreas à atividade extrativista privada faz parte da negociação do governo para se manter no poder.

 

“Foi uma decisão como tantas outras que estão acontecendo ultimamente... nos pegou totalmente de surpresa, como um raio no céu sereno sem nuvens que avisasse ‘olha vai ter tempestade’. Ninguém suspeitava e ninguém esperava que uma das reservas mais antigas do Brasil pudesse ser aberta à exploração mineral e agrícola, de madeira. Para nós, foi uma surpresa enorme mesmo e agora estamos tentando ver o que fazer”.

Qual o interesse do governo nesta reserva?

“Esta reserva tem muitas jazidas minerais, de ouro. E quando se fala de ouro, os olhos brilham mais do que o ouro. Este é o interesse comercial. Depois, tem o interesse político, porque é uma resposta ao apoio que a bancada agrícola e do poder mineral deu na luta contra o pedido de impeachment do Presidente Temer. Ele está agora pagando o apoio que recebeu para se manter no poder”.

Quem vive nesta reserva e como será prejudicado?

São duas populações indígenas, porque dentro desta grande reserva, há sub-reservas: duas são de razão antropológica (de respeito aos indígenas) e duas ou três reservas de tipo ecológico. É o conjunto todo desta mega-reserva que foi agora aberta. Então, historicamente, as populações indígenas são muito afetadas... será um verdadeiro choque, através de doenças e de um massacre cultural. O receio é que em poucos anos, aquelas populações percam a sua autonomia. O governo diz que não, que no território das reservas indígenas não será permitida a atividade econômica, mas na Amazônia, é difícil saber até aonde vai uma reserva indígena, onde começa outra e existe o histórico que os madeireiros não observam absolutamente onde tem território indígena e onde não tem. Eles avançam onde é de seu interesse”.

Como ajudar, além de tentar divulgar o que está acontecendo?

A única forma é esta: conscientizar para algumas reações, como abaixo-assinados, ou pessoas importantes que possam também dizer a sua opinião para fazer pressão, porque atualmente, é um jogo de pressão: a pressão do grupo que apoiou a luta contra o impeachment do Presidente, com interesses econômicos fortíssimos, com outros que podem defender as causas indígenas, do povo, da ecologia, e que possam dizer ‘espera, tem uma responsabilidade não só econômica, porque o ouro é importante dentro da economia de um país, e das empresas mineradoras', mas a vida é mais importante! Então, penso que as pressões podem funcionar, sim”. 

(cm)

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Formação



Pe. Raimundo: Igreja de portas abertas para vítimas do Sudão do Sul

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Cidade do Vaticano (RV) - Continuamos a nossa conversa com o missionário comboniano Pe. Raimundo Rocha dos Santos que trabalhou vários anos no Sudão do Sul, país martirizado pela guerra civil. 

Pe. Raimundo disse que a Igreja teve um papel fundamental desde o início do conflito em 2013. 

"A gente não pode deixar de mencionar o papel da Igreja que foi fundamental desde o começo dos conflitos. Primeiro, sendo como uma instituição mãe, acolhedora, sobretudo das vítimas da guerra, sem fazer distinção de etnia, você pertence a esse grupo ou àquele clã, a essa comunidade étnica. Tribalismo não deve existir. A Igreja é uma comunidade para todos e sempre se manteve de portas abertas para acolher as vítimas, todo mundo, e ao mesmo tempo oferecendo apoio psicossocial para a superação dos traumas. E apoio também do ponto de vista alimentar", disse o missionário.

Pe. Raimundo disse ainda que "a Igreja tem oferecido muito apoio também no diálogo, sentando como mediadora de conflito junto com as partes envolvidas, tentando ser promotora de diálogo. A partir daí chegou-se ao Papa Francisco. A Igreja Católica e as outras Igrejas cristãs que no Sudão do Sul se chama de Conselho de Igrejas Cristãs se sentaram e procuraram a melhor forma de levar o conflito fora do país. Uma comissão veio, em janeiro passado, e se encontrou com o Papa Francisco que demonstrou muita preocupação com o Sudão do Sul e disse que quer ir visitar o país."

(MJ)

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Atualidades



Dom Tomasi (Santa Sé): diálogo hoje é necessidade para viver em paz

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Cidade do Vaticano (RV) - “Hoje o diálogo não é mais uma opção, mas uma necessidade para viver em paz em nossas sociedades pluralistas.” Foi o que afirmou na tarde de quinta-feira (24/08) o núncio apostólico e membro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Dom Silvano Maria Tomasi, no Encontro de Rimini, no centro-norte da Itália.

Necessidade do diálogo como estratégia não política, mas humana

“Devemos enfrentar o pluralismo de hoje em nossas sociedades com uma estratégia nova que não é a guerra ou o conflito, mas o diálogo”, explicou o arcebispo. Repercorrendo os últimos 60 anos da história da Igreja, Dom Tomasi explicou “o método do diálogo” de Paulo VI e como João Paulo II e Bento XVI reiteradas vezes evidenciaram a necessidade do diálogo como estratégia não política, mas humana que abre o coração para o encontro com o outro”.

Por fim, o Papa Francisco “na Evengelii gaudium fala de três áreas do diálogo: diálogo com os Estados, com a sociedade e com os cristãos e não-cristãos”. Recorrendo à sua experiência, o núncio apostólico falou sobre várias formas de diálogo: do diálogo que se faz na rua ao diálogo “da cultura”, do diálogo interétnico ao diálogo inter-religioso.

Diálogo, resposta humana natural que nos abre ao outro

“Por que o diálogo consegue exercer uma certa atração, ter uma atração no coração das pessoas?”, perguntou. “Parece-me existir que no coração das pessoas um impulso voltado para o outro. O diálogo é uma resposta humana, natural, que nos abre à pessoa.”

Em seguida, o representante vaticano observou que “em contextos sociais, religiosos, políticos e culturais diferentes, a identidade própria é melhor protegida quando se abre ao diálogo e se aceita o outro em sua diversidade”.

Cabe a nós escolher entre abertura e fechamento em relação ao outro

“Trata-se de ter coragem”, concluiu, sobretudo diante da “escolha entre a atitude favorável ao encontro ou ao fechamento. A escolha é de cada um de nós”. (RL/Sir)

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Mais de 1 milhão e 300 mil os sul-sudaneses que fogem da guerra e da fome

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Juba (RV) – Não cessa o fluxo de refugiados sul-sudaneses em direção ao Sudão e Uganda: são 1,3 milhões de pessoas que fogem da guerra civil e da fome provocada também pela seca. Boa parte delas, mulheres e crianças.

O anúncio foi feito em uma coletiva de imprensa pelo Comissário para os refugiados do Governo de Khartum, Ismail al-Gizouli. Ele afirmou que o fluxo de refugiados teve um grande incremento nesses últimos meses e lançou um apelo à comunidade internacional para assistência humanitária a estas pessoas.

Refugiados em fuga da guerra civil e da carestia

Além da guerra entre o Presidente Salva Kiir e o ex-Vice Presidente Riek Machar – apoiados pelos respectivos grupos étnicos – o Sudão do Sul é atingido por uma grave carestia e pela crise econômica. O conflito, aliado à seca, prejudicou as colheitas e a produção agrícola.

Apelo das Igrejas pela paz

Pouco serviram nestes meses os apelos e as denúncias das Igrejas, apoiados também pelo Papa Francisco, que em 26 de fevereiro, ao visitar a igreja anglicana de Roma, expressou o desejo de visitar o país, acompanhado pelo Arcebispo anglicano Justin Welby.

Apelos estes reiterados pelo Presidente da Conferência Episcopal do Sudão (SCBC), Dom Edward Hiiboro Kussala, na mensagem divulgada por ocasião do sexto aniversário de independência do Sudão do Sul, após o referendum de 9 de julho de 2011.

No texto o prelado pedia um cessar-fogo total, apoio ao diálogo nacional proposto em julho passado pelo Presidente Kiir e orações ininterruptas pela paz.

Entre as vozes mais duras contra os expoentes políticos de Juba, está a do Bispo auxiliar da capital, Dom Santo Loku Pio Doggale, que em mais de uma ocasião nestes meses chamou em causa, em particular, a responsabilidade do governo.

O auxílio da Igreja

Para além das críticas, as Igrejas locais, a Santa Sé e as organizações caritativas católicas internacionais se organizaram para levar apoio à martirizada população sul-sudanesa e aos refugiados.

Entre estes, o Catholic Relief Services, a obra caritativa dos bispos estadunidenses para ajudas aos países do além-mar, que levou assistência a mais de um milhão de pessoas; a Caritas Itália, os Médicos com a África Cuamm, além de diversas organizações religiosas.

Apoio do Papa

Digno de nota, que em junho passado o Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Peter Turkson, apresentou à imprensa a iniciativa “O Papa pelo Sudão do Sul”.

Com esta ação de apoio no campo da saúde, da educação e do trabalho agrícola - num montante que chega à meio milhão de dólares – o Pontífice quis manifestar concretamente a caridade e a proximidade à população da nação africana. (JE/LZ)

 

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