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Sumario del 01/10/2017

Papa e Santa Sé

Formação

Papa e Santa Sé



Papa em Bolonha: dinheiro, ruína para a vida consagrada

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Bolonha (RV) – O Papa Francisco falou de improviso na tarde deste domingo, ao encontrar os sacerdotes, religiosos e religiosas, seminaristas do Seminário regional e os diáconos permanentes na Catedral de São Pedro, em Bolonha, em um clima de grande familiaridade e diálogo.

Diocesanidade 

Respondendo à pergunta de um sacerdote sobre a oportunidade de alimentar a exigência evangélica da fraternidade, Francisco concentrou-se na importância para cada religioso de viver a diocesanidade, carisma próprio e imprescindível de cada sacerdote diocesano.

Esta, afirmou, “é uma experiência de pertença, quer dizer que não és livre, mas és um homem que pertence a um corpo. Acredito que esquecemos isto tantas vezes, porque sem cultivar este espírito de diocesanidade, nos tornamos muito “únicos”, muito sozinhos com o perigo de ser também infecundos, nervosos...”.

A diocesanidade – acrescentou o Pontífice – tem também uma dimensão de sinodalidade com o bispo: “o corpo tem uma força especial e o corpo deve ir em frente sempre com a transparência. O compromisso da transparência, mas também a virtude da transparência cristã como a vive Paulo, isto é: a coragem de falar, de dizer tudo. Paulo sempre ia em frente com esta coragem”.

Ser pastores do povo que cuidam do rebanho

Não à hipocrisia clerical ou ao clericalismo – recordou Francisco – sugerindo aos religiosos para serem pastores do povo, que cuidam do rebanho.

“Não quer dizer ser um populista, não! Pastor do povo, isto é, próximo ao povo, porque foi convidado para estar ali e fazer crescer o povo, para ensinar o povo, santificar o povo, ajudá-lo a encontrar Jesus Cristo. Pelo contrário, o Pastor que é muito clerical se assemelha àqueles fariseus, àqueles doutores da lei, àqueles saduceus do tempo de Jesus: “Somente a minha teologia, o meu pensamento, o que se deve fazer, o que não se deve fazer!, fechado ali e o povo lá, nunca interferindo na realidade de um povo”.

O Papa  explicou ainda: “Gostei do almoço hoje: não porque a lasanha estava muito boa, mas gostei porque estava li o povo de Deus, também os mais pobres, ali, e os pastores estavam ali, todos na mesa do povo de Deus.

O Pastor deve ter uma relação – e isto é sinodalidade – uma tríplice relação com o povo de Deus: na frente, para ver o caminho; digamos o pastor catequista, o pastor que ensina o caminho. No meio, para conhecê-los, proximidade; o pastor é próximo, em meio ao povo de Deus. E também atrás, para ajudar os retardatários e também às vezes para deixar o povo ver porque, sabe – tem bom faro o povo, eh! – para ver qual caminho escolher. Mover-se nas três direções: na frente, no meio e atrás. E um bom pastor deve ir neste movimento”.

Clericalismo, um dos pecados mais fortes

A diocesanidade, a relação entre nós sacerdotes, a relação com o bispo, com a coragem de falar de tudo, e de suportar tudo, nos ajuda a não cair no clericalismo – acrescentou Francisco, recordando como o clericalismo é um dos pecados mais fortes.

“É triste quando um Pastor não tem o horizonte do povo. É muito triste quando as igrejas permanecem fechadas  - algumas devem permanecer fechadas – mas quando se vê um aviso na porta: de tal a tal hora, depois não tem ninguém. Confissões somente em tal dia, de tal hora a tal hora. Mas tu...não é um escritório do sindicato, eh! É o lugar onde tu vais adorar o Senhor. Mas se um fiel quer adorar o Senhor e encontra a porta fechada, onde irá fazê-lo? Pastores com horizonte de povo: isto quer dizer “como eu faço para estar próximo de meu povo”.

Dois vícios da vida consagrada

Francisco, então, quis se concentrar sobre dois vícios que afetam a vida consagrada: o mais frequente é o da tagarelice: sujar a fama do irmão, com as fofocas e as reclamações.

O outro “é o pensar o serviço presbiteral como carreira eclesiástica... Me refiro a um verdadeiro comportamento galgador. Mas isto é uma peste, em um presbítero. Existem duas pestes fortes: esta é uma. Os galgadores. Que buscam fazer carreira e sempre têm as unhas sujas, porque querem subir. Um galgador é capaz de criar tantas discórdias no seio de um corpo presbiteral. Os galgadores fazem tanto mal para a união do presbitério, tanto mal, porque vivem em comunidade, mas fazendo, mas agindo assim para eles irem em frente”.

“Psicologia da sobrevivência”

O Papa respondeu ainda a uma pergunta sobre os passos a serem dados para colocar-se na perspectiva de Cristo, sendo testemunhas de alegria e esperança, capazes de tocar as chagas dos irmãos, se abstendo da psicologia da sobrevivência.

“Cair na psicologia da sobrevivência – afirmou Bergoglio – é como “esperar a carruagem”, o carro fúnebre. Esperamos que chegue a carruagem e leve o nosso Instituto. É um pessimismo desesperançado, não é de homens e mulheres de fé isto. Na vida religiosa, esperar a carruagem não é uma atitude evangélica, é uma atitude de derrota. Esta psicologia da sobrevivência leva à falta de pobreza. É buscar a segurança no dinheiro. E este é o caminho mais adaptado para nos levar à morte”.

Dinheiro, ruína para a vida consagrada

O Papa, então, convidou os religiosos a fazer um exame de consciência sobre como vivem a pobreza: “A segurança na vida consagrada, não é dada nem pelas vocações, nem pela abundância do dinheiro; a segurança vem de outro lugar”, recordou o Papa.

“Tantas Congregações que diminuem, diminuem, e os bens aumentam. Tu vê aqueles religiosos ou religiosas apegados ao dinheiro como segurança. Esta é a medula da psicologia da sobrevivência: isto é, sobrevivo, estou seguro porque tenho dinheiro. E o problema não está tanto na castidade ou na obediência, não! Está na pobreza. A psicologia da sobrevivência de leva a viver mundanamente, com esperanças mundanas, não de colocá-la na estrada da esperança divina, a esperança de Deus. Mas o dinheiro é realmente uma ruína, para a vida consagrada”.

O caminho do rebaixamento

Quanto à necessidade de tocar as chagas de Jesus nas chagas do mundo, o Papa propôs o caminho do rebaixamento, rebaixar-se com o povo de Deus, com aqueles que sofrem, com aqueles que não podem te dar nada. Terás somente a força da oração: esta – concluiu o Papa – ao contrário da psicologia da sobrevivência que se alimenta de pessimismo – é o caminho que conduz ao Reino de Deus. Não é fechada, sem horizontes, sem povo, mas é aberta, com horizontes fecundos.

Aos religiosos, a exortação final: que a vida consagrada seja um tapa na mundanidade. (JE/CS)

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Papa: arrependimento, chave para superar a hipocrisia, a duplicidade e o clericalismo

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Bolonha (RV) -  A palavra-chave para “superar a hipocrisia, a duplicidade de vida, o clericalismo que acompanha o legalismo” é o arrependimento, "que permite não enrijecer-se, de transformar os “nãos” a Deus em “sim”, e os “sim” ao pecado em “não” por amor do Senhor".  

Com a celebração eucarística no Estádio de Ara, em Bolonha, o Papa concluiu sua visita pastoral iniciada na manhã deste domingo, recordando que a Palavra de Deus, que é uma Palavra viva, “penetra a alma e traz à luz os segredos e as contradições do coração” e que nunca devemos esquecer os alimentos-base que sustentam o nosso caminho:  “a Palavra, o Pão, os pobres”.

Francisco desenvolveu a sua homilia inspirando-se na parábola dos filhos que, ao pedido de seu pai para irem a sua vinha, um responde não, mas depois vai, enquanto o segundo diz sim, mas não vai.

“Existe uma grande diferença – observou o Papa - entre o primeiro filho, que é preguiçoso, e o segundo, que é hipócrita”. No coração do primeiro, “ainda ressoava o convite do pai”, enquanto no do segundo, “não obstante o sim, a voz do pai estava sepultada”:

A recordação do pai despertou o primeiro filho da preguiça, enquanto o segundo, mesmo conhecendo o bem, negou o dizer com o fazer. De fato, tornou-se impermeável à voz de Deus e da consciência e assim havia abraçado sem problemas a duplicidade de vida”.

Pecadores em caminho ou pecadores sentados

Com esta parábola – explica o Papa – Jesus coloca dois caminhos diante de nós, “que nem sempre estamos prontos para dizer sim com as palavras e as obras, porque somos pecadores”:

Mas podemos escolher ser pecadores em caminho, que  permanecem na escuta do Senhor e quando caem se arrependem e se reerguem, como o primeiro filho; ou pecadores sentados, prontos a justificar-se sempre e somente em palavras, segundo o que convém”.

Chefes religiosos da época se assemelhavam ao filho de vida dupla

Jesus dirige esta parábola – explicou Francisco – a alguns chefes religiosos da  época “que se assemelhavam ao filho de vida dupla, enquanto as pessoas comuns se comportavam frequentemente como o outro filho”:

Estes chefes sabiam e explicavam tudo, em modo formalmente irrepreensível, como verdadeiros intelectuais da religião. Mas não tinham a humildade de escutar, a coragem de interrogar-se, a força de arrepender-se”.

E Jesus os repreende de forma severa, dizendo que até mesmo os publicanos - que eram corruptos traidores da pátria - os precederiam no reino de Deus.

O problema destes chefes religiosos – observa o Papa – é que erravam no modo de viver e pensar diante de Deus:

“Eram, em palavras e com os outros, inflexíveis custódios das tradições humanas, incapazes de compreender que a vida segundo Deus é ‘em caminho’, que pede a humildade de abrir-se, arrepender-se e recomeçar”.

Superar a hipocrisia, a duplicidade de vida, o clericalismo que acompanha o legalismo

Isto nos ensina – ressaltou o Pontífice – que não existe uma vida cristã decidida numa conversa ao redor duma mesa, “cientificamente construída, onde basta cumprir alguns ditames para aquietar a consciência”:

A vida cristã é um caminho humilde de uma consciência nunca rígida e sempre em relação com Deus, que sabe arrepender-se e entregar-se a Ele nas suas pobrezas, sem nunca presumir bastar-se a si mesma. Assim, são superadas as edições revistas e atualizadas daquele antigo mal, denunciado por Jesus na parábola: a hipocrisia, a duplicidade de vida, o clericalismo que acompanha o legalismo, a separação das pessoas”.

Arrependimento

Neste sentido, disse o Papa, a palavra-chave é “arrepender-se”:

“É o arrependimento que permite não enrijecer-se, de transformar os “nãos” a Deus em “sim”, e os “sim” ao pecado, em “não”, por amor ao Senhor. A vontade do Pai, que a cada dia delicadamente fala à nossa consciência, se realiza somente na forma de arrependimento e da conversão contínua. Definitivamente no caminho de cada um existem duas estradas: ser pecadores arrependidos ou pecadores hipócritas”.

Puros de coração e não puros por fora

O que realmente conta – afirma Francisco, “não são os raciocínios que justificam e tentam salvar as aparências, mas um coração que avança com o Senhor, luta a cada dia, se arrepende e retorna para Ele. Porque o Senhor busca puros de coração, não puros “por fora’”.

Relação entre pais e filhos

A parábola é atual e diz respeito também às relações, “nem sempre fáceis, entre pais e filhos”:

“Hoje, na velocidade das transformações uma geração e outra, se constata mais forte a necessidade de autonomia do passado, às vezes até mesmo com a rebelião. Mas após os fechamentos e os longos silêncios de um lado ou de outro, é bom recuperar o encontro, mesmo se ainda habitado por conflitos, que podem tornar-se um estímulo de um novo equilíbrio”.

Assim como na família – completa o Santo Padre -  “também na Igreja e na sociedade nunca se deve renunciar ao encontro, ao diálogo, em buscar novas vias para caminhar juntos”.

Três “Pês”: Palavra, Pão, pobres

Para concluir sua visita pastoral, o Papa quis deixar três pontos de referência, três “P” sobre como ir em frente no caminho da Igreja: a Palavra, o Pão, os pobres.

A Palavra – explicou -  “é a bússola para caminhar humildes, para não perder a estrada de Deus e cair na mundanidade”.

A segunda é o Pão, “o Pão Eucarístico, porque tudo começa a partir da Eucaristia. É na Eucaristia que se encontra a Igreja: não nas conversas e nas crônicas, mas aqui, no Corpo de Cristo partilhado por pessoas pecadoras e necessitadas, que porém se sentem amadas e então desejam amar (...). Este é o início irrenunciável do nosso ser Igreja”.

Por fim, o terceiro “P”, os pobres:

“Ainda hoje, infelizmente, para tantas pessoas falta o necessário. Mas existem também tantos pobres de afeto, pessoas sozinhas, os pobres de Deus. Em todos eles encontramos Jesus, porque Jesus no mundo seguiu o caminho da pobreza, do aniquilamento”.

“Da Eucaristia aos pobres vamos encontrar Jesus”, disse Francisco, que recordou as palavras que o Cardeal Lecaro amava ver escritas no altar: “Se partilhamos o pão do céu, como não partilhar o terrestre?”.

E o Papa conclui, exortando-nos a pedir a graça de nunca esquecermos “estes alimentos-base, que sustentam o nosso caminho”: a Palavra, o Pão, os pobres.

 

 

 

 

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Papa aos estudantes: sonhem de olhos abertos

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Bolonha (RV) – Um dos momentos mais significativos da visita do Papa Francisco a Bolonha foi o encontro com os estudantes, já que a cidade é internacionalmente conhecida por sua milenária Universidade. 

“Há quase mil anos, a Universidade de Bolonha é laboratório de humanismo: aqui o diálogo com as ciências inaugurou uma época e plasmou a cidade. Por isso, Bolonha é chamada ‘a douta’.”

Recordando que o primeiro curso da Universidade foi o de Direito, o Papa propôs aos estudantes três direitos que ele considera atuais. O primeiro deles é  o “direito à cultura”.

“Não me refiro somente ao sacrossanto direito de todos de ter acesso ao estudo, mas também ao fato de que, especialmente hoje, o direito à cultura significa tutelar a sabedoria, isto é, um saber humano e humanizador. (...) O estudo serve para se fazer perguntas, não para se deixar anestesiar pela banalidade, a buscar o sentido da vida.”

Cultura, recordou, é o que cultiva, que faz crescer o humano. Diante de tanto clamor que nos circunda, acrescentou Francisco, hoje não precisamos de quem desabafa gritando, mas de quem promove boa cultura.

O segundo é o “direito à esperança”, isto é, é o direito a não ser cotidianamente invadidos pela retórica do medo e do ódio. “É o direito a não ser submersos pelas frases feitas dos populismos. É o direito a acreditar que o amor verdadeiro não é descartável e que o trabalho não é uma miragem a alcançar, mas uma promessa que deve ser mantida. Que belo seria se as salas das universidades fossem canteiros de esperança, oficinas onde se trabalha por um futuro melhor, onde se aprende a ser responsáveis por si e pelo mundo”, disse Francisco, exortando os jovens a serem artesãos de esperança.

Por fim, o “direito à paz” que, além de um direito, é um dever inscrito no coração da humanidade. O Papa recordou o Papa Bento XV, que foi Bispo justamente de Bolonha, e que 100 anos atrás elevou seu clamor definindo a guerra um “inútil massacre”.

“Invoquemos o ius pacis como direito a todos de resolver os conflitos sem violência.  Por isso vamos repetir: nunca mais a guerra, nunca mais contra os outros, nunca mais sem os outros! Que venham à luz os interesses e as tramas, muitas vezes obscuras, de quem fabrica violência, alimentando a corrida às armas e espezinhando a paz com os negócios.”

Não se contentem com sonhos pequenos, concluiu o Papa, mas sonhem grande. “Eu também sonho, e não só quando durmo, porque os verdadeiros sonhos se fazem de olhos abertos e se levam avante à luz do sol.”

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Almoço solidário para o Papa em Bolonha

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Bolonha (RV) – Depois da oração do Angelus, o Santo Padre deixou a Praça Maior de Bolonha, situada diante da Basílica de São Petrônio. 

Nos recintos da Basílica, o Papa almoçou com os pobres, os refugiados e encarcerados, aos quais disse:

“Vocês estão ao centro desta casa, a igreja. Ela é de todos, sobretudo dos pobres. Todos somos convidados como comensais. Jesus, em sua casa, não descarta nem despreza ninguém. Pelo contrário, come, bebe, caminha e sofre conosco”.

Ao término do encontro convivial, o Papa disse aos presentes: “Agora lhes será oferecido o alimento mais precioso: o Evangelho, a Palavra de Deus, que levamos em nosso coração. É um presente dado a todos, mas, de modo particular, aos que mais precisam. Levem-no consigo como sinal da amizade pessoal com Deus, que, conosco, se faz peregrino e sem-teto”. 

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Bolonha: o Angelus do Papa com os trabalhadores

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Bolonha (RV) - Do porto, o Santo Padre se deslocou, de papamóvel, à Praça Maior de Bolonha, onde era aguardado por uma multidão de trabalhadores, com os quais Francisco rezou a oração mariana do Angelus. 

Antes, porém, o Papa proferiu um discurso, dizendo:

“Vocês representam diversas partes sociais, muitas vezes em discussão até ásperas, mas aprenderam que, somente juntos, se pode superar a crise e construir o futuro. Somente o diálogo permite encontrar respostas eficazes e inovadoras, sobretudo no que se refere à qualidade do trabalho e o indispensável bem estar de todos.”

São necessárias soluções estáveis, frisou Francisco, capazes de ajudar, as pessoas e as famílias, a encarar o futuro. Nunca rebaixem a solidariedade ao nível da lógica do lucro financeiro, disse o Papa, porque, desta forma, a arrancamos, ou melhor, a roubamos dos mais frágeis, que têm tanta necessidade.

Tornar a sociedade mais justa, explicou Francisco, não é um sonho do passado, mas um compromisso, um trabalho que precisa de todos nós. Aqui, o Papa tocou a chaga dolorosa do desemprego, sobretudo juvenil, e de tantos que perderam o trabalho e não conseguem se inserir na sociedade:

“O acolhimento e a luta contra a pobreza passam, em grande parte, através do trabalho. Não se pode oferecer ajuda aos pobres sem dar-lhes trabalho e dignidade”.

A crise econômica tem uma dimensão europeia e global, concluiu o Papa, mas, como sabemos é também uma crise ética, espiritual e humana.Na sua raiz, há traição do bem comum, por parte de indivíduos e de grupos no poder. Logo, é preciso eliminar a centralidade da lei do lucro e transferi-la à pessoa e ao bem comum.

(MT)

 

 

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Que haja integração, afirma o Papa com os migrantes em Bolonha

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Cidade do Vaticano (RV) - Na manhã deste domingo (01/10), o Santo Padre visitou a cidade de Cesena, por ocasião dos 300 anos de nascimento do Papa Pio VI, natural daquela cidade. 

A seguir, deslocou-se de helicóptero para a grande cidade de Bolonha, por ocasião do Congresso Eucarístico diocesano. Seu primeiro encontro na cidade, desejado por ele, foi no Porto, onde encontrou cerca de mil migrantes e assistentes sociais do centro regional bolonhês.

No porto, disse o Papa, ancoram os que vêm de longe, apesar de tantos sacrifícios, e, às vezes, não são bem vindos e até criticados e julgados com frieza por tantas pessoas, sem conhecer seus problemas de fundo.

Por outro lado, Francisco agradeceu a todos os que prestam auxílio e assistência aos estrangeiros que vêm “bater à nossa porta”. Desde sempre, “Cristo se identifica com eles”. Sobre a migração, afirmou:

“Este fenômeno requer visão e grande determinação na gestão, inteligência e estruturas, mecanismos claros, que não permitam distorções ou exploração, sobretudo por serem pessoas pobres. É preciso que outros países adotem programas de apoio e acolhimento, abram corredores humanitários para os refugiados. Que haja integração!”.

Os numerosos migrantes, entre os quais muitas crianças e mulheres, disse Francisco, “lutam pela esperança e pela sua sobrevivência”. Quantos, em busca de esperança e prosperidade, não tiveram a sorte de tocar terra firme, porque perderam suas vidas no mar ou no deserto. Neste sentido, o Papa elogiou a cidade:

“Bolonha é uma cidade conhecida, desde sempre, pelo seu acolhimento. Ela se renovou com suas experiências de solidariedade e hospitalidade nas paróquias, centros sociais e religiosos, e nas famílias. A cidade não deve ter medo de dar ‘cinco pães e dois peixes’ aos necessitados. A Providência intervirá e satisfará a todos”.

Francisco concluiu seu discurso aos inúmeros migrantes no Porto de Bolonha, recordando que, “há 760 anos, esta cidade foi a primeira na Europa a liberar 5855 escravos. Assim, como outrora, seus habitantes não têm medo de acolher tantas pessoas, que chegam de países pobres, em busca de felicidade, esperança e prosperidade.

(MT)

 

 

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O Papa ao clero de Cesena: a vocação jamais se aposenta

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Cesena (RV) - A segunda etapa da visita do Papa a Cesena foi na Catedral da cidade. No caminho, abençoou e inaugurou, junto com o Prefeito, a placa dedicada ao Papa Pio VI. 

Já dentro da Catedral, depois de cumprimentar os enfermos presentes, Francisco pronunciou seu discurso ao numeroso clero da cidade, consagrados, membros do Conselho das Pastorais e da Cúria, como também representantes das paróquias.

O Bispo de Roma expressou sua solidariedade pelo compromisso do clero de evangelizar, “anunciando e testemunhando, com alegria, o Evangelho”. Um compromisso que deve abranger aqueles que vivem à margem da sociedade, que mais precisam da misericórdia de Deus, sobretudo os jovens.

O Papa disse que, no Evangelho e no coerente testemunho da Igreja, os jovens podem encontrar aquela perspectiva de vida que os ajuda a superar os condicionamentos de uma cultura subjetivista, e os abra a propósitos e projetos de solidariedade.

Por outro lado, afirmou Francisco, hoje, percebe-se a necessidade de restabelecer o diálogo entre os jovens e os idosos, entre os jovens e os avós. As pessoas idosas se aposentam, mas a sua vocação não, pois eles dão, especialmente aos jovens, a sabedoria da vida.

Devemos fazer com que os jovens entrem em contato com os idosos, que se encontrem com eles. Por isso, o Papa recomendou que, nas paróquias e nos grupos paroquias, os jovens sejam educados e encaminhados a este diálogo com as pessoas idosas. Este diálogo, fará milagres.

Aqui, o Papa recordou a próxima Assembleia do Sínodo dos Bispos, que abordará precisamente o tema: “Jovens apóstolos entre os jovens”. Uma Igreja atenta aos jovens – afirmou – é uma Igreja doméstica, que acompanha o trabalho das famílias “na educação à afetividade e ao amor”. E o Papa concluiu:

“Trata-se de um trabalho que o Senhor nos pede, sobretudo em nosso tempo, onde a crise e as dificuldades atingem de modo particular o núcleo familiar e a sociedade. Por isso, Ele nos convida a sermos testemunhas e mediadores entre as famílias e a juventude”.

Por fim, após ter saudado, abençoado e encorajado os sacerdotes, os consagrados, os diáconos e os fiéis leigos, o Santo Padre deixou, de helicóptero, a pequena cidade de Cesena e se transferiu para a grande cidade de Bolonha, segunda etapa da sua Visita Apostólica em território italiano.

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Papa em Cesena: corrupção é o caruncho da vocação política

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco deixou o Vaticano, na manhã deste domingo (01/10), para fazer uma Visita Pastoral a duas cidades italianas: Cesena e Bolonha, no norte da Itália. 

A primeira etapa da sua breve visita em território italiano foi Cesena, por ocasião dos 300 anos de nascimento do Papa Pio VI, natural daquela cidade. A pequena cidade, que conta 90 mil habitantes, deu à Igreja e ao mundo, além do Papa Pio VI também Pio VII.

O Santo Padre chegou a Cesena, de helicóptero, às 8 horas da manhã, hora local. Seu primeiro encontro foi com os cidadãos da cidade na chamada Praça do Povo.

Após as saudações das autoridades civis e religiosas, o Papa pronunciou seu discurso à população, falando inicialmente sobre a praça central da cidade, Praça do Povo, uma lugar de encontro público, que emana uma mensagem: “trabalhar todos juntos para o bem comum e para uma boa política”, sobre a qual Francisco disse:

“Uma política que saiba harmonizar as legítimas aspirações de cada um e dos grupos, no interesse de todos os cidadãos. A política é um serviço inestimável para o bem da coletividade; é uma nobre forma de caridade”.

Por isso, Francisco convidou os jovens e os menos jovens a preparar-se adequadamente e a comprometer-se, pessoalmente, neste sentido, assumindo, desde o início, a perspectiva do bem comum e rejeitando toda e mínima forma de corrupção.

Improvisando, o Santo Padre disse que “a corrupção é o caruncho da vocação política. A corrupção não deixa a civilização se desenvolver. O bom político carrega uma pesada cruz quando quer ser bom, quando tem que deixar as suas ideias pessoais para tomar iniciativas dos outros, para que seja levado adiante o bem comum.

Neste sentido, explicou Francisco, o bom político acaba sempre sendo um “mártir” do serviço, porque coloca suas ideias em discussão em prol do bem comum. Mas, quando errar deverá ter a coragem de dizer “Errei... desculpem, vamos adiante”. Este é um modo nobre de agir.

Não obstante, na política não funciona a varinha mágica. Não se pode resolver tudo imediatamente. Mas não devemos limitar-nos em ver e criticar as ações do outros. Quando as críticas não são construtivas se tornam um defeito e não constroem a civilização.

Enfim, o Santo Padre exortou a população de Cesena a descobrir o valor essencial da convivência civil, suscitando iniciativas, entre as quais as que visam o emprego. É preciso, - concluiu - relançar os direitos de uma boa política, a serviço da coletividade, superando as desigualdades e trabalhando para o bem das famílias e dos pobres. (MT)

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Formação



Reflexão dominical: "Acolher a Palavra de Deus"

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Cidade do Vaticano (RV) - «A vida, por vezes, nos coloca em situações difíceis e dolorosas. Temos, então, o hábito de culpar alguém e, nessa busca de encontrar um culpado, chegamos a Deus, já que nos sentimos imunes de qualquer culpa. 

Mas o que diz a Sagrada Escritura a este respeito?

No Livro de Ezequiel, primeira leitura da liturgia deste domingo, fala da responsabilidade individual nas vicissitudes da vida. Os membros do povo eleito estavam acostumados a jogar a culpa no grupo ou nos antepassados e se sentirem individualmente injustiçados por pagarem a culpa da coletividade. Até dizem: “A conduta do Senhor não é correta”. O Profeta Ezequiel vai em defesa do Senhor dizendo que o Senhor não quer a morte do pecador, pois Ele é vida e,  muito pelo contrário, o Senhor oferece a seu povo a oportunidade de um recomeço. Deus sempre está disposto a ajudar aqueles que, se convertendo, reconstroem a própria vida. “Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida; não morrerá,” nos fala a leitura.

No Evangelho, vemos nos dois filhos ali retratados, as pessoas que acolhem a Palavra de Deus, mas nada fazem depois; e aqueles que a rejeitam inicialmente, mas que depois vão e fazem tudo de acordo com o coração do Senhor.

De que grupo fazemos parte?

Fomos batizados, ou seja, através de nossa própria língua ou da de nossos padrinhos, professamos a fé em Deus e prometemos obedecer seus mandamentos de amor. É isso que vivemos no nosso dia a dia?  Até onde nosso egocentrismo foi batizado? Amar é sair de si, a partir de onde o egoísmo começa a mostrar suas raízes e seus brotos?

Como vemos, em nós existe o filho mais novo, que não era de natureza acolhedora aos desejos do Pai, mas que se converteu e passou a caminhar unido ao seu coração. Contudo, como ainda estamos nesta vida e somos a toda hora bombardeados por apelos contrários à nossa opção fundamental e vemos que muitas vezes caímos, observamos que em nós subsiste o filho mais velho, que disse sim ao Pai, mas que depois faz o que o desagrada.

Concluímos vendo que a atitude de permanente conversão, de estado contínuo de exame de consciência e disposição para se levantar, deve estar presente em toda nossa vida.

Somos responsáveis por nossos atos, mesmo que tenhamos consciência de que somos frutos da família e da sociedade, enfim, de nosso mundo. Temos a capacidade de romper com o passado e caminhar em direção a Deus e aos irmãos. Se nos sentimos fracos, a graça de Deus nos fortalece. O humilde, aquele que não conta com seus dons, mas reconhece seus pecados e sua debilidade, esse triunfará porque abre, em sua vida, espaço para Deus, e Deus é vida, Deus é amor».

(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o XXVI Domingo do Tempo Comum – A)

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