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Sumario del 21/10/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: Brasil precisa que os seus padres sejam sinal de esperança

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu em audiência, neste sábado (21/10), na Sala do Consistório, no Vaticano, a comunidade do Pontifício Colégio Pio Brasileiro de Roma, por ocasião dos trezentos anos do aparecimento da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba. 

O Pontífice agradeceu as palavras do Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Sérgio da Rocha, em nome de toda a comunidade do Colégio Pio Brasileiro, das religiosas e funcionários que ali trabalham para fazer dessa estrutura “um pedacinho do Brasil em Roma”.

“Como é importante sentir-se num ambiente acolhedor, quando estamos longe e com saudades da nossa terra! Isso ajuda a superar as dificuldades para adaptar-se a uma realidade onde a atividade pastoral não é mais o centro do dia-a-dia. Vocês já não são mais párocos ou vigários, mas padres estudantes. E, essa nova condição pode trazer o perigo de gerar um desiquilíbrio entre os quatro pilares que sustentam a vida de um presbítero: a dimensão espiritual, a dimensão acadêmica, a dimensão humana e a dimensão pastoral.”

“Evidentemente, neste período concreto da vida de vocês, a dimensão acadêmica vem acentuada. Contudo, isso não pode significar um descuido das outras dimensões”, frisou ainda o Papa. “É preciso cuidar da vida espiritual: a Missa diária, a oração quotidiana, a lectio divina, a oração pessoal com o Senhor, a recitação do terço. Também a dimensão pastoral deve ser cuidada: na medida do possível, é saudável e recomendável desenvolver algum tipo de atividade apostólica. Pensando na dimensão humana, é preciso, acima de tudo, evitar que, diante de um certo vazio ligado à solidão, por não ter mais a consolação do povo de Deus, como quando estavam nas suas dioceses, acabe-se perdendo a perspectiva eclesial e missionária dos estudos.”

Segundo Francisco, “isso abre a porta para algumas “doenças” que podem afetar o sacerdote estudante, como por exemplo o “academicismo” e a tentação de fazer dos estudos um mero meio de engrandecimento pessoal. Em ambos os casos acaba-se por sufocar a fé que temos a missão de guardar, como pedia São Paulo à Timóteo: «Guarda o depósito que lhe foi confiado. Evita as conversas frívolas de coisas vãs e as contradições da falsa ciência. Alguns por segui-las, se transviaram da fé» (1Tm 6, 20-21). Por favor, não se esqueçam que antes de serem mestres e doutores, vocês são e devem permanecer padres, pastores do povo de Deus!”

E o Papa fez a seguinte pergunta: “mas como manter o equilíbrio entre esses quatro pilares fundamentais da vida sacerdotal? Eu diria que o remédio mais eficaz contra esse perigo é o da fraternidade sacerdotal". Então, falando de improviso, acrescentou: 

Isto não estava escrito, mas me veio de dizer agora, porque Paulo (na passagem recém citada) falou das "conversas frívolas": o que mais destrói a fraternidade sacerdotal são os mexericos. O mexerico é um “ato terrorista”, porque tu, com o mexerico colocas uma bomba, destrói o outro e vai embora tranquilo” Por isto, é necessário custodiar a fraternidade sacerdotal. Por favor, nada de fofocas. Seria bonito colocar um aviso na entrada: “Nada de fofocas”. Aqui (no Palácio Apostólico), tem a imagem de Nossa Senhora do Silêncio, no elevador do andar térreo; a Nossa Senhora que diz “Nada de fofocas”. Esta é a mensagem para a Cúria. Vocês podem fazer algo do gênero para vocês (risos).

Na verdade, a nova Ratio Fundamentalis para a formação sacerdotal, ao tratar do tema da formação permanente, afirma que «o primeiro âmbito em que se desenvolve a formação permanente é a fraternidade presbiteral» (n. 82). Essa é, portanto, como que o eixo da formação permanente. Isso se fundamenta no fato de que, pela Ordenação sacerdotal, participamos do único sacerdócio de Cristo e formamos uma verdadeira família. A graça do sacramento assume e eleva as nossas relações humanas, psicológicas e afetivas e «se revela e concretiza nas mais variadas formas de ajuda recíproca, não só espirituais mas também materiais» (João Paulo II, Pastores dabo vobis, 74).”

“Na prática, isso significa saber que o primeiro objeto da nossa caridade pastoral deve ser o nosso irmão no sacerdócio: «carreguem – nos exorta o Apóstolo – os fardos, uns dos outros; e assim vocês estarão cumprindo a lei de Cristo » (Gal 6,2). Rezar juntos, compartilhar as alegrias e desafios da vida acadêmica. Ajudar aqueles que sofrem mais com a saudade. Sair juntos para passear. Viver como família, como irmãos, sem deixar ninguém de lado, sobretudo aqueles que passam por alguma crise ou, quem sabe, têm comportamentos repreensíveis, pois «a fraternidade presbiteral não exclui ninguém» (Pastores dabo vobis, 74).”

“Queridos sacerdotes, o povo de Deus gosta e precisa ver que seus padres se amam e vivem como irmãos, ainda mais pensando no Brasil e nos desafios tanto de âmbito religioso quanto social que lhes esperam ao retorno. De fato, neste momento difícil da sua história, em que tantas pessoas parecem ter perdido a esperança num futuro melhor diante dos enormes problemas sociais e da escandalosa corrupção, o Brasil precisa que os seus padres sejam um sinal de esperança. Os brasileiros precisam ver um clero unido, fraterno e solidário, em que os sacerdotes enfrentam juntos os obstáculos, sem deixar-se levar pela tentação do protagonismo ou do carreirismo. Tenho a certeza de que o Brasil vai superar a sua crise, e confio que vocês serão protagonistas desta superação.”

“Para isso, contem sempre com uma ajuda particular: a ajuda de Nossa Mãe do Céu, a quem vocês brasileiros chamam de Nossa Senhora Aparecida. Vem a minha mente as palavras daquele canto com o qual vocês a saúdam: «Virgem santa, Virgem bela; Mãe amável, mãe querida; Amparai-nos, socorrei-nos; Ó Senhora Aparecida». Que essas palavras se confirmem na vida de cada um de vocês. Possa a Virgem Maria, amparando e socorrendo, ajudá-los a viver a fraternidade presbiteral, fazendo com que o período de estudos em Roma tenha muitos frutos, para além do título acadêmico.”

“Que Ela, Rainha do Colégio Pio Brasileiro, ajude a fazer desta comunidade uma escola de fraternidade, transformando cada um de vocês em um fermento de unidade para as suas Dioceses, pois a “diocesanidade” do sacerdote secular se alimenta diretamente da experiência da fraternidade entre os presbíteros. E, para confirmar esses votos, concedo de coração à direção, alunos, religiosas e aos funcionários juntamente com suas famílias, a Bênção Apostólica, pedindo também que, por favor, não deixem de rezar por mim. Obrigado.”

(MJ)

 

 

 

 

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Papa com o Pio Brasileiro: semana de bênçãos para o Brasil, diz D. Sérgio da Rocha

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Cidade do Vaticano (RV) - O Colégio Pio Brasileiro foi recebido pelo Papa Francisco na manhã deste sábado (21/10) na Sala do Consistório, no Vaticano.

O encontro foi aberto com o pronunciamento do Cardeal Arcebispo de Brasília e Presidente da Conferência dos Bispos do Brasil, Dom Sérgio da Rocha, que agradeceu ao Santo Padre por este “encontro há muito tempo desejado”, assim como pelas tantas alegrias proporcionadas nestes dias, com as canonizações dos santos mártires, o anúncio do Sínodo dos Bispos para a Amazônia.

Dom Sérgio recordou a Francisco “com saudades a visita realizada ao Brasil”, agradecendo de coração pelo “amor e atenção demonstrada” pelo Papa “pela Igreja no Brasil, pelo nosso povo e o carinho pela Padroeira no Brasil”.

Dom Sérgio após repassa em breves palavras a história e a realidade do Colégio Pio Brasileiro, bendizendo a Deus “pelos inúmeros frutos que o Pio Brasileiro tem produzido na Igreja no Brasil através da atuação de padres que tiveram a sua formação ao longo dos seus 83 anos de existência”.

Seu pronunciamento pode ser conferido na íntegra aqui:  

Após, o Santo Padre proferiu o seu discurso, dizendo aos sacerdotes brasileiros que “o povo de Deus gosta e precisa ver que seus padres se amam e vivem como irmãos, ainda mais pensando no Brasil e nos desafios tanto de âmbito religioso quanto social que lhes esperam ao retorno. De fato, neste momento difícil da sua história, em que tantas pessoas parecem ter perdido a esperança num futuro melhor diante dos enormes problemas sociais e da escandalosa corrupção, o Brasil precisa que os seus padres sejam um sinal de esperança. Os brasileiros precisam ver um clero unido, fraterno e solidário, em que os sacerdotes enfrentam juntos os obstáculos, sem deixar-se levar pela tentação do protagonismo ou do carreirismo. Tenho a certeza de que o Brasil vai superar a sua crise, e confio que vocês serão protagonistas desta superação.”

Ao final do encontro, Dom Sérgio da Rocha conversou com a Rádio Vaticano:  

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Papa nos exortou à fraternidade presbiteral, diz Reitor do Pio Brasileiro

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Cidade do Vaticano (RV) –  O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã deste sábado (21/10), no Vaticano, o Colégio Pio Brasileiro.

O Reitor  – Padre Geraldo Maia -, o Presidente  e o Secretário da Conferência Episcopal do Brasil, respectivamente Dom Sérgio da Rocha e Dom Leonardo Steiner, além de Dom Raimundo Damasceno Assis e o Primaz do Brasil Dom Murilo Krieger, guiaram a delegação formada por sacerdotes estudantes do Pio, religiosas e funcionários da instituição.

O Santo Padre, ao entrar na Sala do Consistório, foi aplaudido pelos presentes. Logo a seguir pronunciou-se Dom Sérgio da Rocha e então o Papa proferiu seu discurso aos brasileiros, onde alertou para o perigo que a vida acadêmica atual pode trazer aos quatro pilares que sustentam a vida de um presbítero: a dimensão espiritual, a dimensão acadêmica, a dimensão humana e a dimensão pastoral. O Papa enfatizou ainda a importância da “fraternidade sacerdotal”.

O encontro realizou-se num clima de grande fraternidade e emoção. O Papa demonstrou todo seu apreço e expressão paternal pelos brasileiros o que foi retribuído com o carinho dos presentes.

Ao final o Papa Francisco abençoou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida “peregrina” e saudou um a um os presentes, que receberam um Terço de presente, enquanto os brasileiros entoavam hinos marianos conhecidos.

Padre Geraldo Maia conversou com a RV ao final do encontro:   

 

 

 

 

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Papa: A Igreja deve defender e promover os portadores de deficiência

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Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre concluiu suas atividades, na manhã deste sábado, no Vaticano, recebendo, na Sala Clementina cerca de 450 participantes no Encontro promovido pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, que está se realizando em Roma, desde o último dia 20, e se concluirá neste domingo (22/10). 

Em seu discurso, o Papa partiu precisamente do tema do encontro “Catequese e pessoas portadoras de deficiência: atenção prestada pela Igreja na vida diária".

Trata-se, disse Francisco, de um tema de grande importância para a vida eclesial na sua obra de evangelização e formação cristã, sobre a qual comentou:

“É ainda muito forte, na mentalidade comum, certa atitude de rejeição desta condição humana, como se ela nos impedisse de sermos felizes e de nos realizarmos. Prova disso é a tendência ‘eugenética’ de eliminar os nascituros que apresentam qualquer imperfeição”.

Porém, ninguém é invulnerável, frisou o Papa, pois a vulnerabilidade faz parte da essência do homem. E aqui, perguntou: “Qual a resposta a ser dada a esta situação”? E respondeu:

“A resposta é o amor: não aquele falso, bajulador e piedoso, mas aquele verdadeiro, concreto e respeitoso. Na medida em que se é acolhido e amado, se desenvolve um percurso real da vida e de uma felicidade duradoura. Isto vale para todos, sobretudo para as pessoas mais frágeis”.

Neste sentido, recordou o Santo Padre, a fé é uma grande componente da vida, enquanto permite tocar com a mão a presença do Pai, que nunca deixa suas criaturas sozinhas, em nenhuma condição em que se encontre. E acrescentou:

“A Igreja não pode ser ‘áfona’ ou ‘desentoada’ na defesa e promoção das pessoas portadoras de deficiência. A sua proximidade às famílias as ajuda a superar a solidão, em que se encontram, por falta de atenção e apoio. Isto vale ainda mais pela responsabilidade que tem ao gerar e formar a vida cristã”.

Enfim, Francisco chamou a atenção, especialmente dos ministros de Cristo, para que não caiam no erro neopelagiano de não reconhecer a exigência da força da graça, que brota dos Sacramentos da iniciação cristã. E concluiu:

“Procuremos buscar e até inventar, com inteligência, instrumentos adequados, para que ninguém sinta falta do apoio da graça. Formemos, com o exemplo, catequistas capazes de acompanhar os portadores de deficiência, afim de que possam crescer na fé e na vida da Igreja. Ou melhor, que tais pessoas possam ser também catequistas, mediante seu testemunho”. (MT)

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A Semana de Francisco

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Cidade do Vaticano (RV) - A Semana do Papa Francisco (14 a 20 de outubro de 2017) foi intensa de compromissos, como as missas matutinas celebradas na capela da Casa Santa Marta, a série de audiências no Vaticano, além da missa de canonização dos Mártires brasileiros de Cunhaú e Uruaçu, no último domingo: André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e 27 Companheiros. Antes de rezar a oração mariana do Angelus, o Papa convocou o Sínodo Pan-amazônico que se realizará, no Vaticano, em outubro de 2019.

Veja o resumo da Semana de Francisco em imagens:

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Igreja no Brasil



Coleta do Dia Mundial das Missões este fim de semana no Brasil e no mundo

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Brasília (RV) - Todas as arqui/dioceses, paróquias e comunidades do mundo inteiro estarão mobilizadas neste sábado (21) e domingo (22) ocasião do dia Mundial das Missões, em prol da coleta da Campanha Missionária 2017. A data instituída pelo Papa Pio XI em 1926, ocorre sempre no penúltimo final de semana de outubro. 

Outubro é o Mês das Missões, um período de intensificação das iniciativas de animação e cooperação missionária em todo o mundo. O objetivo é sensibilizar, despertar vocações missionárias e realizar a Coleta.

Todos os recursos arrecadados são destinados à  direção nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM) que são repassados ao Fundo Universal de Solidariedade para serem utilizados na animação e cooperação missionária em todo o mundo, pois é uma coleta universal.

Este ano, a Campanha Missionária tem como tema: “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída” e o lema “Juntos na missão permanente”. A inspiração vem do Papa Francisco na Evangelii Gaudium quando afirma: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontraram com Jesus” (EG 1). Essa alegria precisa ser anunciada pela Igreja que caminha unida, em todos os tempos e lugares, e em perspectiva ad gentes.

Para o Bispo auxiliar de São Luís (MA), Dom Esmeraldo Barreto de Farias, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a coleta é uma forma de contribuir com o trabalho missionário e ajudar aqueles que menos tem.

“É importante incentivar a coleta para que esta missão em várias partes do mundo possa ter sustento, possa ser sustentável com essas ajudas que vem de fora. Mas, também com a oração, com a sensibilidade, com a reflexão, com nossos olhos voltados para essas realidades com o nosso coração que sente. Precisamos ajudar para que cada pessoa, cristão, católico possa, de forma bem especial, colaborar e se sentir unido ao trabalho missionário no Brasil e fora dele”, destaca o bispo.

A Campanha Missionária, na qual colaboram a CNBB por meio da Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, a Comissão para a Amazônia e outros organismos que compõem o Conselho Missionário Nacional (Comina) é organizada pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM) que preparou um amplo material de divulgação e estudos.

(MJ/CNBB)

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Formação



Reflexão dominical: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”

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Cidade do Vaticano (RV) - «A liturgia de hoje nos convida a refletir sobre o modo de nos relacionarmos com as realidades de Deus e as realidades do mundo. Deus é a nossa prioridade e a Ele devemos submeter toda a nossa existência. Por outro lado, Deus nos convida a um compromisso efetivo com a construção do mundo. 

O Evangelho ensina que o homem, sem deixar de cumprir as suas obrigações com a comunidade em que está inserido, pertence a Deus e deve entregar toda a sua existência nas mãos de Deus. Todo o resto deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político.

A primeira leitura diz que Deus é o verdadeiro Senhor da história e, por conseguinte, guia a caminhada do seu Povo rumo à felicidade e à realização plena. Os homens que atuam e intervêm na história são apenas instrumentos de Deus, dos quais se serve para concretizar os seus projetos de salvação.

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de uma comunidade cristã que coloca Deus ao centro da sua vida; apesar das dificuldades, se compromete de forma corajosa com os valores e os projetos de Deus. Eleita por Deus para ser sua testemunha no mundo, vive ancorada na fé, na esperança e na caridade inabaláveis.

O contexto evangélico situa-se em Jerusalém, onde se dá um confronto entre Jesus e o Judaísmo. De um lado, os dirigentes judeus, com suas certezas e preconceitos, se recusam, terminantemente, a acolher a proposta do Reino. Do outro lado, Jesus que convida os dirigentes judeus a tomarem consciência de que, quem recusa o Reino, recusa a própria salvação que Deus lhes oferece.

Irritados com a ousadia de Jesus e questionados pelas suas propostas, os líderes judaicos buscam, ansiosamente, um pretexto para acusá-lo e levá-lo diante do tribunal.

A principal questão dos fariseus era a armadilha sobre à obrigação ou não de pagar os tributos ao imperador de Roma. Se Jesus fosse a favor, seria acusado de colaboração e usurpação com os romanos no poder; se Jesus se pronunciasse contra o pagamento do imposto, seria acusado de revolucionário, inimigo da ordem romana.

Então, Jesus resolve a questão pedindo uma moeda do imposto, na qual estava cunhada a imagem de César. Por isso, concluiu: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

Provavelmente, Jesus sugere ao homem a não abster-se das suas obrigações para com a sociedade, sendo um cidadão exemplar. Isto quer dizer “dar a César o que é de César”. No entanto, deve também reconhecer Deus como seu único Senhor, porque no seu coração ele adora a Deus, que o criou à sua imagem e semelhança».

(Reflexão dos Padres Dehonianos para o XXIX Domingo do Tempo Comum – A)

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Cultura tribal dos hebreus e árabes

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Dubai (RV) - Amigas e amigos, é com imensa alegria que os saúdo.

Para conhecer as culturas e as religiões faz-se necessário o estudo de suas origens, geografia, costumes e relações com outros povos, na época em que elas se desenvolveram.  Ainda hoje, podemos encontrar elementos culturais e religiosos que sobreviveram ao passar do tempo e ainda estão presentes em muitos povos. O exemplo mais visível é o vestuário. 

Quem lê a Bíblia ou a história do Oriente Médio não demora em perceber que a vida nos seres humanos, se desenvolvia em clãs familiares, também conhecidos como tribos. Os desertos áridos, falta de água e alimentos estão na base para os deslocamentos constantes dos grupos humanos à procura de lugares favoráveis à sobrevivência. Habilidade para viver em terras inóspitas e força para guerrear, afastando as tribos invasoras ou expulsar outras, em regiões privilegiadas, eram comuns.

Diante desse ambiente adverso e disputas territoriais, a aglutinação em tribos era vital para sobrevivência e se proteger dos invasores.

O chefe de um clã forte aglutinava outros menores.  Daí pode-se explicar o clã de Jacó do qual surgiram as 12 tribos de Israel que, unidas sob a liderança de Moisés e Aarão, ocuparam a terra prometida, expulsando dela as tribos que lá viviam. Uma vez estabelecidas na terra de Canaã, fez-se necessário criar a unidade nacional, mas isso jamais foi conseguido plenamente.  Embora as tribos dos hebreus tivessem Abraão como pai comum e o mesmo Deus, lutas e divisões eram frequentes.

Paralelamente às tribos dos hebreus, surgiram as doze tribos dos descendentes de Ismael, filho de Abraão e sua escrava Hagar. Segundo o Islã, os árabes descendem de Ismael que está fora da árvore genealógica de Cristo. A história dos hebreus, narrada na Bíblia, relata inúmeros enfrentamentos entres os clãs descendentes de dois dos filhos de Abraão, Ismael e Jacó, evidenciando que as diferenças entre os dois grupos de clãs é bem antiga.

Embora os tempos sejam outros, o mesmo sistema tribal ainda é a espinha dorsal dos governos de quase todos os países do Oriente Médio. A população de cada um é formada por diversos clãs e etnias governadas por um líder forte. Por isso, a tentativa de introduzir uma democracia de estilo ocidental não traz resultados positivos para a paz na região.

É bom lembrar as palavras de Glugiermo Ferrero: “A cultura ajuda um povo a lutar com as palavras, em vez de fazê-lo com as armas.”.

Missionário Pe. Olmes Milani, CS. Das Arábias para a Rádio Vaticano.

 

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Atualidades



Editorial: Catecismo 25 anos - a doutrina que não evolui perde sua eficácia

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Cidade do Vaticano (RV) - Em 11 de outubro próximo passado foi celebrado o 25º aniversário do Catecismo da Igreja Católica (CIC), ocasião na qual o Papa Francisco proferiu um discurso articulado e profundo em grande parte dedicado ao tesouro precioso do Depósito da fé que a Igreja tem o dever não somente de guardar e em relação ao qual esta deve dedicar-se com vontade pronta e sem temor naquele trabalho que ela percorre há vinte séculos. 

Fidei depositum (Depósito da fé) é também o título da Constituição apostólica com a qual São João Paulo II promulgou em 1992 – trinta anos após a abertura do Concílio Vaticano II – o atual Catecismo, em substituição ao precedente, que era do Concílio de Trento – havia mais de 400 anos.

No discurso dirigido aos participantes do encontro que celebrava estes 25 anos – promovido pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização –, retomando o próprio Catecismo o Papa considerou vários aspectos, mas aqui me atenho ao que Francisco chama de “lei do progresso” no que diz respeito à Tradição.

“A Tradição é uma realidade viva – afirma o Santo Padre –; e somente uma visão parcial pode conceber o ‘depósito da fé’ como algo estático.”

Numa de suas contundentes afirmações, o Papa ressalta que “a Palavra de Deus não pode ser conservada em naftalina, como se tratasse de uma velha coberta que é preciso proteger da traça! A Palavra de Deus é uma realidade dinâmica, sempre viva, que progride e cresce, porque tende para uma perfeição que os homens não podem deter”.

Francisco esclarece que esta “lei do progresso” pertence à condição peculiar da verdade revelada, enquanto transmitida pela Igreja, e não significa de modo algum uma mudança de doutrina. Para tal, cita o que chama de fórmula feliz de São Vicente de Lérins: “annis consolidetur, dilatetur tempore, sublimetur aetate” – ou seja, a doutrina "fortalece-se com o decorrer dos anos, cresce com o andar dos tempos, desenvolve-se através das idades".

Nesse contexto, é importante lembrar que a Igreja caminha, o Evangelho não muda, somos nós que devemos mudar. A propósito, São João XXIII – o Papa do Concílio Vaticano II - afirmava que o Evangelho é sempre o mesmo, o que muda é a nossa compreensão do Evangelho, que cresce, é aprofundada, amadurece com o tempo.

Francisco citou o Papa João XXIII no Discurso de abertura do Concílio (11/10/1962) para lembrar que “é necessário primeiramente que a Igreja não se aparte do patrimônio sagrado das verdades, recebidas dos seus maiores; mas, ao mesmo tempo, deve também olhar para o presente, para as novas condições e formas de vida do mundo, que abriram novos caminhos ao apostolado católico”.

“Guardar” e “prosseguir” foi o caminho que o Papa Francisco indicou à Igreja. É a incumbência que cabe à Igreja por sua própria natureza, “a fim de que a verdade contida no anúncio do Evangelho feito por Jesus possa alcançar a sua plenitude até ao fim dos séculos”, evidenciou.

O Pontífice apontou esta incumbência como graça, tarefa e missão: anunciar de modo novo e mais completo o Evangelho de sempre aos nossos contemporâneos. Assim, disse, com a alegria que provém da esperança cristã e munidos do “remédio da misericórdia”, vamos ao encontro dos “homens e mulheres do nosso tempo para lhes permitir a descoberta da inexaurível riqueza encerrada na pessoa de Jesus Cristo”.

O Concílio quis que a Igreja chegasse finalmente a apresentar, com uma linguagem renovada, a beleza da sua fé em Jesus Cristo.

Podemos dizer que este foi o grande objetivo que o Concílio propôs e que há mais de 50 anos desafia a Igreja: falar ao homem dos nossos tempos com esta linguagem renovada, apresentar as verdades perenes do Evangelho de Jesus Cristo, que é o mesmo ontem, hoje e sempre.

Nessa tarefa, a Igreja é chamada a ter a sensibilidade de perscrutar aquilo que o Concílio chamou de “sinais dos tempos” e a capacidade de responder aos desafios que a mudança de cultura e de modelos culturais lhe apresentam.

É chamada a perscrutar os “sinais dos tempos” sentindo o pulso da história, ouvindo seus apelos para ajudar a iluminar, com a luz da fé, as novas situações e os problemas que no passado ainda não tinham surgido.

Assim tem feito o Papa Francisco desde o início de seu Pontificado, assim em seu ensinamento proveniente da Laudato si – como devemos ser capazes de uma atenção particular com a Criação; em seu ensinamento fruto dos dois Sínodos sobre a família contido na Amoris laetitia – a capacidade de verificar os desafios que estão presentes em nossa cultura e em nossa sociedade em relação ao matrimônio; a capacidade de dar-se conta e de acompanhar também aquelas situações de dificuldade que parecem multiplicar-se cada vez mais.

Em perspectiva, o Sínodo sobre os jovens, convocado para outubro de 2018, colocando-se à escuta dos jovens para ouvir seus apelos, deixando que sejam eles a falar, a fim de que suas alegrias e esperanças, suas tristezas e angústias sejam também as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias da Igreja.

Ainda em perspectiva, o Sínodo para a região Pan-Amazônica, a realizar-se em outubro de 2019, buscando identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta.

Também aí, a possibilidade de encontrar respostas pastorais ousadas e corajosas para os desafios da evangelização da Amazônia, como pedem muitos bispos da região. E o Papa Francisco já deu sinais de abertura nesse sentido. A Igreja caminha, e Francisco a convida a fazê-lo no signo da sinodalidade, como indica a própria palavra, caminhando juntos.

A doutrina não muda, mas – não sendo estática – é sempre viva, é dinâmica. De fato, “fortalece-se com o decorrer dos anos, cresce com o andar dos tempos, desenvolve-se através das idades”. Parafraseando o teólogo suíço Hans Küng, podemos dizer que a doutrina que não evolui perde sua eficácia. (Raimundo Lima)

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