Noticiário da Rádio Vaticano Noticiário da Rádio Vaticano
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Sumario del 24/10/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja no Mundo

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: mergulhar no mistério de Cristo com o coração, não com palavras

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Cidade do Vaticano (RV) – O mistério de Jesus Cristo esteve no centro da homilia que o Papa Francisco pronunciou na manhã de terça-feira (24/10) na capela da Casa Santa Marta. 

A homilia do Pontífice teve como ponto de partida a Primeira Leitura extraída da Carta aos Romanos, na qual São Paulo usa contraposições – pecado, desobediência, graça e perdão – para que possamos compreender algo, mas sente que é “impotente" para explicar este mistério. Por detrás disso tudo, está a história da salvação, da criação, da queda e da redenção. São Paulo, portanto, nos leva a ver Cristo, e não tendo palavras suficientes para explicá-Lo,  “nos impulsiona”, “nos empurra, para que caiamos no mistério” de Cristo, explica Francisco.

Essas contraposições, portanto, são somente passos no caminho para imergir-se no mistério de Cristo, que não é fácil de entender: é tão “superabundante”, “generoso”,  “inexplicável”, que não se pode entender com argumentações, porque estas levam até certo ponto. Para entender “quem é Jesus Cristo para você”, “para mim”, “para nós”, o Papa exorta, portanto, a imergir-se neste mistério.

Em outro trecho, São Paulo, olhando Jesus Cristo diz: “Amou-se e deu a si mesmo por mim”.  Dificilmente se encontra alguém disposto a morrer por uma pessoa justa, mas somente Jesus Cristo quer dar a vida “por um pecador como eu”. Com essas palavras, São Paulo tenta nos introduzir no mistério de Cristo. Não é fácil, “é uma graça”. Isso foi compreendido não somente pelos santos canonizados, mas também por muitos santos “escondidos n avida cotidiana”, pessoas humildes que depositam unicamente a sua esperança no Senhor: entraram no mistério de Jesus Cristo crucificado, “que é uma loucura”, afirma Paulo.

O Papa evidencia que, quando vamos à missa, vamos rezar, sabemos que ele está na Palavra, que Jesus vem, mas isto não é suficiente para poder entrar no mistério: 

“Entrar no mistério de Jesus Cristo é mais, é deixar-se ir naquele abismo de misericórdia onde não existem palavras: somente o abraço do amor. O amor que o levou à morte por nós. Quando nós vamos nos confessar porque pecamos – sim, devo tirar os pecados, digamos; ou “que Deus me perdoe os pecados” – vamos, contamos os pecados ao confessor e ficamos tranquilos e contentes. Se eu vou lá, vou encontrar Jesus Cristo, entrar no mistério de Jesus Cristo, entrar naquele abraço de perdão do qual fala Paulo; daquela gratuidade de perdão”.

À pergunta sobre “quem é Jesus Cristo para ti”, se poderia responder “o Filho de Deus”, se poderia recitar todo o Credo, todo o Catecismo e é verdade, mas se chegaria a um ponto em que não conseguiríamos dizer o centro do mistério de Jesus Cristo, que “me amou” e “entregou-se a si mesmo por mim”. “Entender o mistério de Jesus Cristo não é uma coisa de estudo” – observa o Papa – porque “Jesus Cristo é entendido somente por pura graça”.

É então assinalado um exercício de piedade que ajuda:  a Via-Sacra, que consiste em caminhar com Jesus no momento em que nos dá “o abraço de perdão e de paz”:

“É bonito fazer a Via-Sacra. Fazê-la em casa, pensando nos momentos da Paixão do Senhor. Também os grandes Santos aconselhavam sempre começar a vida espiritual com este encontro com o mistério de Jesus Crucificado. Santa Teresa aconselhava as suas monjas: para chegar à oração de contemplação, a elevada oração que ela tinha, começar com a meditação da Paixão do Senhor. A Cruz com Cristo. Cristo na Cruz. Começar a pensar. E assim, tentar entender com o coração, que ‘me amou e deu a si mesmo por mim’, ‘deu a si mesmo até a morte por mim’”.

Na primeira leitura, São Paulo quer justamente revelar o abismo do mistério de Cristo, reitera o Papa Francisco:

“’Eu sou um bom cristão, vou à Missa no domingo, faço obras de misericórdia, recito as orações, educo bem os meus filhos’: isto está muito bem. Mas a pergunta que faço: “Você faz tudo isto: mas entra no mistério de Jesus Cristo? Aquilo que você não pode controlar... Peçamos a São Paulo, verdadeira testemunha, alguém que encontrou Jesus Cristo e deixou-se encontrar por Ele e entrou no mistério de Jesus que nos amou, deu a si mesmo até à morte por nós, que nos fez justos diante de Deus, que perdoou todos os pecados, também as raízes do pecado: de entrar no mistério do Senhor”.

O convite conclusivo do Papa é justamente o de olhar para o crucifixo, “Cristo crucificado, centro da História, centro da minha vida”.

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Calendário de eventos do Papa Francisco para os próximos meses

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Cidade do Vaticano (RV) - A Viagem Apostólica ao Chile e ao Peru, de 15 a 22 de janeiro de 2018, a Missa de 2 de novembro no Cemitério americano de Netuno e a Missa por ocasião do primeiro Dia Mundial dos Pobres no dia 19 de novembro na Basílica de São Pedro: estes são alguns dos compromissos do Papa Francisco para os meses de novembro, dezembro de 2017 e janeiro de 2018, confirmados no calendário de celebrações presididas pelo Pontífice e divulgado pelo Escritório para as Celebrações Litúrgicas. 

O Papa celebra a Missa por ocasião de finados, no dia 2 de novembro, na cidade italiana de Netuno, e depois, no dia 3, na Basílica do Vaticano, celebra a Missa em sufrágios dos cardeais e bispos que morreram durante o ano. No dia 19 está prevista a Missa na comemoração do Dia Mundial dos Pobres, instituído no final do Jubileu da Misericórdia, e no domingo sucessivo, 26 de novembro, a partida para a viagem apostólica a Myanmar e Bangladesh.

Em 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, Francisco realiza o tradicional ato de veneração à Imaculada na Praça de Espanha, no centro de Roma. No dia 12 de dezembro, como todos os anos desde o início do pontificado, na Basílica de São Pedro, o Santo Padre celebra a Missa na Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América. Serão realizadas na Basílica Vaticana todas as celebrações de Natal: da Missa da Noite, às 21h30, (hora local) de domingo 24 de dezembro, à Solenidade da Epifania do Senhor, no sábado, 6 de janeiro.

No domingo, 7 de janeiro, o Papa Francisco celebra a Missa na Festa do Batismo de Jesus na Capela Sistina, onde batiza algumas crianças. As celebrações do mês de janeiro se encerram no Chile e Peru na peregrinação que o Papa realiza de 15 a 22 àquele mês. (SP)

 

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Cardeal Parolin: água, elemento de cooperação e não de conflitos

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Cidade do Vaticano (RV) - A ligação entre água e clima, e a água como objeto de conflitos e guerras estiveram no centro do discurso do Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, no encontro internacional sobre “Água e Clima. Os grandes rios do mundo se encontram” que se realiza, em Roma, até a próxima quarta-feira (25/10). 

“O aumento constante da demanda de água é um dos desafios mais sérios de hoje e amanhã, colocados à comunidade internacional”, disse o purpurado. 

Falando sobre a ligação entre água e clima, o Cardeal Parolin denunciou as consequências desastrosas das mudanças climáticas, causadas não somente por elementos naturais, mas também pelas atividades humanas que criam alterações e desequilíbrios. O purpurado mencionou a poluição das faldas aquíferas ou dos rios, a destruição das florestas e também a ligação entre as mudanças climáticas e catástrofes relacionadas com a água que nos últimos 30 anos causaram 90% dos principais desastres naturais.

Em segundo lugar, o Cardeal Parolin falou sobre as “guerras pela água”, sobretudo na presença de rios, bacias hidrográficas compartilhadas por várias nações, mas mudando de perspectiva “a  água pode ser vista como elemento de colaboração e diálogo, ocasião de paz e solidariedade, através de iluminados e responsáveis acordos políticos ou tecnológicos de gestão participada fundada no valor precioso da partilha. 

Os recursos hídricos transfronteiriços partilhados por vários Estados oferecem oportunidades tanto de competições e conflitos quanto de cooperação e solidariedade, visto que representam um fator chave para a estabilidade econômica de cada estado.

O purpurado recordou que “em meados do século XX foram negociados mais de duzentos tratados sobre a água, mostrando muitas vezes que a cooperação transfronteiriça em matéria de água é um exemplo válido de prevenção a longo prazo dos conflitos”.

Em seu pronunciamento, o Cardeal Parolin citou o direito ao acesso à água, sobretudo daqueles que vivem na pobreza; a água como elemento ao qual muitas religiões atribuíram um valor espiritual e simbólico; a água como fator fundamental para o desenvolvimento, pois a má gestão provoca uma vida inadequada, dificuldades nas atividades produtivas como a agricultura e pecuária, precárias condições de higiene e fenômenos que causam migrações forçadas. 

No final de seu discurso, o Cardeal Parolin pediu para encontrar abordagens inovadoras que exigem novas formas de colaboração entre público e privado. 

“Na base dessas abordagens, será necessário dar prioridade ao atendimento das necessidades de segurança hídrica dos pobres através de políticas hídricas a favor dos pobres, bem como à revitalização do ambiente local, promovendo a descentralização, ou seja, a subsidiariedade, valorizando os conhecimentos e as experiências das populações e comunidades locais”.

(MJ)

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Jovens respondem em massa ao site do Sínodo da Juventude

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Cidade do Vaticano (RV) – O cardeal italiano Lorenzo Baldisseri, Secretário-geral do Sínodo dos Bispos, ocupado na preparação do Sínodo sobre a Juventude, a se realizar em 2018, participou de um encontro no norte da Itália, em Pordenone, intitulado “O Sínodo em caminho rumo ao Panamá 2019”.

Dom Lorenzo ofereceu aos participantes alguns dados sobre o site recentemente criado especialmente para o Sínodo:

O questionário online

Quase 300 mil contatos, da Nova Zelândia à Nigéria, da Venezuela ao Japão, mais de 65 mil questionários completamente respondidos e 3 mil e-mails cadastrados por jovens que desejam ser informados. Destes, a maioria deixou uma reflexão, um pensamento, um agradecimento ou uma crítica. 

Uma etapa importante no caminho sinodal”, definiu; completando que os jovens “têm o direito de palavra e sua contribuição é essencial para que as conclusões da Assembleia encontrem correspondência na realidade da Igreja e da sociedade. Caso contrário – advertiu – o risco é construir um castelo no ar que pode ficar desabitado, pois os jovens não reconheceriam sua estrutura e decoração”.

Na segunda parte da conferência, foi projetado um vídeo no qual os jovens resumem suas reflexões e experiências, avançando ideias e propostas.

Sucessivamente, o cardeal ressaltou a receptividade do questionário entre os jovens. “Avaliam a iniciativa como interessante, útil, genial... uma oportunidade”.

O retorno dos jovens

“Gostam do fato que tenha sido usada a tecnologia, julgam que a Igreja pode se renovar relacionando-se com as novas mídias para evangelizar e levar ao mundo a mensagem da salvação. Alguns acham que temas como alcoolismo e uso de drogas devem ser mais aprofundados, outros mencionam o risco de uniformização, a falta de autonomia pessoal, o papel da sexualidade e da afetividade na vida dos jovens e a dificuldade de interação da Igreja com as novas gerações. Todavia, o apreço pelo questionário foi fortemente preponderante”, concluiu..

Etapa final anunciada pelo Papa dia 4 de outubro passado

A última fase de preparação para o Sínodo será a reunião pré-Sinodal do próximo mês de março, em Roma. Participarão jovens representantes das Conferências Episcopais, das Igrejas orientais, da Vida consagrada, jovens seminaristas, membros de associações e movimentos eclesiais, de outras Igrejas e outras religiões, do mundo da escola, universidade e cultura, do trabalho, esporte, artes e voluntariado, além de especialistas , educadores e formadores engajados na ajuda às novas gerações no discernimento de suas escolhas de vida. 

(CM)

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Pátio dos Gentios na Espanha: diálogo sobre 'Ética e dinheiro'

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Madri (RV) -  O Pátio dos Gentios desembarcou em Madrid segunda-feira (23/10) onde permanece até terça (24/10), prosseguindo nos dias seguintes (25 e 26/10) em Salamanca. É o terceiro ano consecutivo que a iniciativa se realiza nestas duas cidades espanholas. 

A edição 2017 tem o tema “Ética e dinheiro” é organizada pelo Fórum Ecumênico Social em colaboração com várias universidades”, tem a participação de filósofos, catedráticos e empresários. Foi aberta pelo padre italiano que trabalhou 25 anos na Argentina, Francesco Ballarini, amigo do Papa Francisco. 

Iniciativa de diálogo e encontro

O ‘Pátio’ é um espaço de diálogo entre crentes e não-crentes promovido pelo Pontifício Conselho para a Cultura, presidido pelo Cardeal italiano Gianfranco Ravasi, segundo o qual “esta edição tem um programa muito interessante, que pode ser comprovado também com a qualidade  humana e intelectual dos relatores”. 

“A solidez dos convidados assegura a estes encontros o êxito que merecem”.

A primeira reunião do Pátio dos Gentios ocorreu em março de 2011 em Paris, por iniciativa do então Papa Bento XVI e prosseguiu em várias cidades da Europa e da América. Dando continuidade à iniciativa, a intenção do Papa Francisco é promover o diálogo e a cultura do encontro com a ajuda de especialistas que a analisam de diferentes perspectivas. 

(CM)

 

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Igreja no Brasil



Caxias do Sul: beatificação do missionário João Schiavo

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Cidade do Vaticano (RV) - Será beatificado, no próximo sábado (28/10), em Caxias do Sul (RS), o Pe. Giovanni Schiavo (Pe. João Schiavo), missionário italiano da Congregação de São José, fundada por São Leonardo Murialdo. 

 O Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, irá ao Brasil para beatificar Pe. Schiavo. Segundo o purpurado, a figura do sacerdote “é caracterizada pela santidade e dinamismo apostólico. Segundo uma testemunha, o povo considerava santo Pe. Giovanni por sua maneira de ser, pelo seu modo de celebrar, rezar e acolher as pessoas”.

O sacerdote italiano desenvolveu as Obras Josefinas no Brasil, a formação religiosa dos primeiros confrades brasileiros e fundou a Congregação das Irmãs Murialdinas, segundo o carisma de São Leonardo Murialdo. 

Nos contatamos o Bispo de Caxias do Sul (RS), Dom Alessandro Ruffinoni, que nos conta quem foi Pe. Giovanni Schiavo.

(MJ)

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Exposição polêmica: não responder intolerância com intolerância, diz Dom Sérgio da Rocha

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Cidade do Vaticano (RV) – Exposições com uso de símbolos religiosos e abordando de forma polêmica questões da sexualidade, provocaram discussão na sociedade brasileira, ferindo não poucas sensibilidades e levando ao questionamento sobre o limite da arte.

 

O Cardeal Arcebispo de Brasília e Presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha, o Secretário da entidade, Dom Leonardo Steiner e o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger – em visita à Rádio Vaticano – falaram sobre este tema: 

Dom Murilo Krieger:  “Sim, porque há uma ideia que às vezes se espalha de que o artista, ele não tem limites, quando a gente sabe que todo mundo gosta ser respeitado. E se toma a arte como se fosse um campo onde não houvesse ética. Ora, quando valores nossos são atacados – valores religiosos, ou então da raça – por exemplo, ninguém não é porque o artista é livre ele pode ofender judeus, não pode ofender negros, ou afrodescendentes. Também não pode ofender nossos símbolos religiosos. Então muitas vezes eles tentam deslocar a conversa e a discussão, mas quase só sobre o problema do nudismo, mas acho que é em segundo plano.

O problema são valores que cada um tem e que tem que ser respeitados. Senão fica um campo de agressividade maior. Então o que a gente nota, é que muitas mães de família, pais de família, logo se colocaram na situação do filhinho, como isto meu filho, ele não tem direito de ser agredido  por algo que não me interessa que ele veja e toque. E a gente nota  algo muito positivo, uma reação da sociedade. Claro, que aí vem o pessoal que chama de os retrógrados, os conservadores,  os direitistas.  Ou seja, tentar abafar a voz de quem pensa diferente, de uma forma assim agressiva. Mas eu penso que isto tudo está obrigando todos nós a tomarmos consciência, que devemos e temos o direito de defender nossos valores. Não é porque alguém se sente inspirado não sei por quem, pode ofender-nos assim gratuitamente.

RV: Dom Leonardo, o senhor que está em Brasília, naturalmente a CNBB...chega tudo, como o senhor diz, procuraram muito também os senhores por esta questão?

Dom Leonardo Steiner: “É, fomos muito procurados e nós achamos melhor não emitirmos nota, mas ajudarmos na reflexão.  Aquilo que Dom Murilo acaba de dizer é vital. Vejo que a questão da sexualidade ela  está sendo abordada de maneira quase superficial, e se diz como arte. Quando a sexualidade humana exige um certo distanciamento, exige uma intimidade que lhe é própria. É porque a nossa sexualidade se diferencia da sexualidade animal. A sexualidade humana tem a ver com intimidade, tem a ver com amor, tem a ver com delicadeza, tem a ver com vida que se entrecruza, tem a ver com vida que está por vir. Então não se pode abordar a questão da sexualidade humana de qualquer maneira, de uma maneira escancarada.

E eu penso que aqui tem alguns elementos que nós  poderemos ajudar a refletir. Mesmo aqueles quadros  expostos num dos museus, nos ajudam a refletir e a perceber assim  a que ponto estamos chegando na sociedade brasileira em relação a questões que são vitais para a pessoa humana, para não decairmos em relação a nossa sexualidade, ao nosso amor, nas nossas relações. As nossas relações humanas, elas têm um significado muito próprio. Nós não podemos banalizar as relações humanas, senão nós começamos a decair como civilização, como sociedade brasileira.

Eu creio que aqui existem alguns elementos antropológicos onde nós como CNBB podemos ajudar a refletir.  Não estou aqui nem mencionando – como Dom Murilo já lembrou -  as questões teológicas, as questões que o Evangelho nos propõe. Estou abordando aqui apenas no sentido antropológico, de pessoa, humana. E mesmo também  os símbolos religiosos. Os símbolos religiosos têm a ver com a expressão de nossa humanidade. Os valores, os símbolos, nos dizem algo, eles fazem parte de nossa vida. Se não fazem parte da vida de algumas pessoas, de determinados grupos, nós não invadimos a intimidade, não invadimos as pessoas com nossa agressividade, colocando estes valores ou estes símbolos em cheque, ou desprezamos estes valores. 

Estes valores são respeitados porque para determinado grupo ou para determinadas pessoas têm um significado inclusive de transcendência. Não estou aqui nem falando de fé, estou falando de transcendência, para além do imediato da cotidianidade e que ajuda a enfrentar a cotidianidade das pessoas. Eu não estou falando aqui apenas dos nossos símbolos católicos, estou falando dos símbolos que, por exemplo, o candomblé tem os seus símbolos e que estão sendo também agredidos.

E existe – Dom Sérgio antes estava falando – uma intolerância religiosa que vai aparecendo também na agressividade em relação aos símbolos, que vai aparecendo também em relação à arte. A própria arte às vezes está incentivando a intolerância. Então creio que existem aqui alguns elementos, e estes  foram aparecendo, e nós, como CNBB, tentamos ajudar a refletir. Certamente, o Conselho Permanente deve ainda também se manifestar a este respeito. Mas eu creio que também nisto temos sim uma contribuição a dar. Porque a intolerância está aparecendo também em forma de arte. E aí corremos um perigo muito grande”.

Dom Sérgio da Rocha: “Só alertar aqui, para aquilo que já acenamos, o risco, o perigo de querer responder uma ofensa de maneira ofensiva. Ou seja, querer responder uma forma de intolerância, sendo ainda mais intolerante. Isto preocupa muito. É justo manifestar a posição cristã ou a posição que as pessoas têm diante de situações assim. Mas é preciso ter um cuidado muito grande, para não alimentar ainda mais agressividade e intolerância, para não se tornar agressivo e intolerante, na resposta àquilo que consideramos ofensa, não pode ser respondido com mais ofensa ainda, como se diz arrasando com as pessoas, sobretudo. Acho que este cuidado precisa ter, porque senão nós não estaríamos respondendo de maneira cristã, nem estaríamos ajudando a superar a intolerância ou a agressividade”.

RV: Neste contexto as redes sociais assumem um papel bastante arriscado, porque a sensibilidade das outras pessoas é facilmente pisoteada, porque a gente não tem um interlocutor na frente e fica aquela avalanche de ofensas e insultos que vai sempre crescendo....

Dom Sérgio da Rocha: “E também, eu acho, o cuidado em não compartilhar aquilo que não é bom. Eu não sei porque, as pessoas hoje passam prá frente com a maior facilidade ofensas, e às vezes sem maior razão de ser vão compartilhando, compartilhando, parece que por curiosidade, e com isto vão alimentando, vão divulgando também aquilo que não é bom. Acho que nós estamos precisando divulgar, compartilhar, aquilo que vale a pena, aquilo que constrói. Não que não vamos levar em conta, não se vai dar atenção àquilo que também seja considerado anticristão ou desumano. Mas eu creio que nós precisamos acima de tudo ter este cuidado de nas redes sociais não ficar compartilhando aquilo que não valeria a pena, coisa que não vale a pena ser passado para frente. E às vezes ela se multiplica de uma maneira impressionante, sem maior reflexão, sem maior posicionamento cristão”.

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Igreja no Mundo



Assassinado sacerdote no Quênia

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Nairóbi (RV) -  Mais um sacerdote assassinado no continente africano. É o sexto desde o início de 2017. Trata-se do Padre Evans Juma Oduor, encontrado gravemente ferido no Condado de Muhoroni, distante 30 km do convento onde residia.

Segundo as primeiras informações da imprensa local, o sacerdote teria chegado ainda com vida ao hospital, onde recebeu atendimento de emergência, mas não resistindo aos ferimentos recebidos na cabeça, faleceu uma hora mais tarde.

“O paciente chegou em nossa estrutura às 23 horas de domingo e morreu uma hora mais tarde”, disse a Dra. Juliana Otieno, explicando as graves lesões encefálicas do paciente.

O automóvel do sacerdote foi encontrado queimado a cinco quilômetros do local onde o padre foi encontrado ferido.

Uma religiosa do convento de Chiga declarou ao jornal The Standard que o sacerdote havia deixado o local por volta das 20h30min com o objetivo de voltar para Nyabondo. A Irmã também revelou ter tentado falar com o sacerdote uma hora mais tarde para saber se havia chegado bem, mas o seu celular já não respondia.

Segundo dados do blog “Il Sismógrafo”, em 2017 já foram assassinados 19 agentes de pastoral em todo o mundo: 14 sacerdotes, 2 catequistas, 1 leiga voluntária polonesa, 2 leigos guardiões de uma Igreja

AMÉRICA [10]

- México (4)*

Pe Joaquín Hernández Sifuentes - (desaparecido em 3 de janeiro, foi encontrado morto em 12 janeiro)

Pe Felipe Altamirano Carrillo - 27 março

Pe Luis Lopez Villa - 6 julho

Pe José Miguel Machorro - 3 agosto (esfaqueado em 15 maio)

- Bolívia (1)

Helena Kmiec  (leiga, voluntária polonesa da Congregação dos Servos da Mãe de Deus) - 25 janeiro (?)

Venezuela (1)

Pe Diego Begolla - 10 abril

- Colômbia (2)

Pe Diomer Eliver Chavarría Pérez - 27 julho

Pe Abelardo Antonio Muñoz Sánchez - 3 outubro

- Brasil (1)

Pe Pedro Gomes Bezerra - 24 agosto

- Argentina (1)

Ramón Carrillo (leigo, guardião de uma igreja) - 28 agosto

ÁFRICA [8]

- Sudão do Sul (1)

Catequista: Lino - 22 janeiro

- Nigéria (2)

George Omondi (leigo, guardião de uma igreja) - 19 março

Pe Cyriacus Onunkwo -2 setembro

- Madagascar (1)

Pe Njiva Lucien - 23 abril

 -Burundi (1)

Pe Adolphe Ntahondereye - 11 maio (morto 2 semanas após ter sido sequestrado)

- Camarões (2)**

Pe Armel Djama (final de maio)

Pe Augustin Ndi (7 junho)

Quênia (1)

Pe Evans Juma Oduor (23 outubro)

ÁSIA [1]

Filippinas(1)

Domingo Edo - 20 agosto (leigo, catequista)

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*No México, em 6 de junho, foi assassinado Jorge Antonio Díaz Pérez, um ex-sacerdote que, segundo a Diocese de San Luis Potosí, no momento de sua morte estava suspenso de seu ministério por motivos disciplinares.

** Dom Jean-Marie Benoit Bala, encontrado morto em 2 junho. Os resultados da autópsia indicam que teria morrido afogado, ainda que a Conferência Episcopal dos Camarões fale de assassinato.

(JE/Il Sismografo)

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Formação



Vazios existenciais, angústia e suicídio: tripé silencioso ameaça a juventude

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Caxias do Sul (RV) – O problema é de saúde pública mundial, mas o Rio Grande do Sul lidera registros no país: três gaúchos morrem por dia vítimas do suicídio, isto é, 10,4 casos a cada 100 mil habitantes, o dobro da média nacional. Segundo dados divulgados pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), 32 brasileiros morrem por dia por causa desse mal silencioso e de uma onde de preconceito em relação à doença que o Setor Juventude da diocese de Caxias do Sul decidiu enfrentar: tomando distância do medo ao desconhecido, usou da informação como instrumento de prevenção. Afinal, a Organização Mundial da Saúde aponta que 9 em cada 10 casos podem ser prevenidos.

Cuidado com a vida

Um grupo com representantes de dez cidades da região se reuniu no final de setembro na Comunidade de Santa Lúcia para um dos cursos de formação que vem facilitando o processo de evangelização e “sonhando com a juventude diocesana”, comentou Kely Garcia Melo, de 31 anos, assessora jovem do Setor Juventude da diocese de Caxias do Sul. Ela explicou que uma das dinâmicas do encontro foi sobre o cuidado com a vida, principalmente na linha dos vazios existenciais por causa do aumento do suicídio juvenil.

Kely Garcia Melo - “A gente já abordou essa temática algumas outras vezes em relação ao cuidado com a vida comum, mais focado na missão, nas ajudas de assistência social, só que desta vez a gente trouxe a questão dos vazios existenciais e do próprio suicídio porque a gente sabe que os dados sobre o suicídio juvenil aumentaram e aí a gente quis trazer esse momento de reflexão e sensibilização, porque os coordenadores e as lideranças dos grupos vivem e trabalham com muitos jovens. E, às vezes, isso também acontece nesse meio, no mundo onde a gente vive. Então, foi como um alerta pra todos nós.”

Segundo o jornal Zero Hora, o crescimento dos casos de suicídio entre crianças e adolescentes tem chamado a atenção dos especialistas: entre 2002 e 2012, as faixas de idade em que o suicídio mais aumentou no Brasil foram dos 10 aos 14 anos (40%) e dos 15 aos 19 anos (33,5%). A psiquiatra da infância e da adolescência, Berenice Rheinheimer, constatou ainda um aumento considerável nas tentativas de suicídio por envenenamento no Rio Grande do Sul entre os 8 e 17 anos. Em 2005, foram 492 casos, contra 626 em 2013.

Orientação e sensibilização

No encontro de Caxias, os jovens receberam orientação de uma psicóloga para, por exemplo, identificar os sinais que ameaçam essas vidas e para se ter uma abordagem adequada ao se deparar com o problema. A sensibilização também aconteceu para que “se possa ter um olhar atento de cuidado pra não perder esse jovem para as angústias, a depressão e o suicídio”, acrescentou Kely.

O Setor Juventude de Caxias do Sul tem 140 grupos envolvidos e atua há 10 anos, incentivado, principalmente, pelo Documento 85 de Evangelização da Juventude de 2007 e pela JMJ do Rio de Janeiro de 2013. Um movimento que cresce de forma natural também em diferentes partes do Brasil para evangelizar outros jovens e seguir dando a mesma resposta de missão motivada pelo Papa Francisco.

Kely Garcia Melo - “O discurso e a proximidade dele ajudam muito na evangelização. Hoje, a própria comunicação facilita com que a fala do Papa chegue a todos os lugares de forma muito mais rápida e o próprio jeito como ele se comunica – de forma muito clara e direta e isso ajuda no processo. E com certeza todo o nosso trabalho é alinhado com o incentivo que o próprio Papa nos dá. Então, é uma grande força de Igreja que acaba sendo muito maior pela própria força que o Papa tem de se comunicar quanto de nos incentivar nessa missão.”

Ouça a reportagem especial de Andressa Collet aqui:  

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Atualidades



Dom Jurkovič: Papa quer Santa Sé "na linha de frente" na ONU

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Cidade do Vaticano (RV) - Foi celebrado na terça-feira (24/10) o Dia das Nações Unidas, na data que recorda a entrada em vigor do estatuto da ONU, 24 de outubro de 1945. Na segunda-feira, dia 23, o Papa Francisco recebeu em audiência o observador permanente da Santa Sé no escritório da Onu em Genebra, na Suíça, e em outras organizações internacionais na cidade helvécia, Dom Ivan Jurkovič. Em entrevista à Rádio Vaticano foi solicitado ao arcebispo esloveno partilhar os temas da audiência com o Pontífice e que se detivesse sobre o papel do Papa e da Santa Sé nas organizações internacionais. Eis o que disse: 

Dom Ivan Jurkovič:- “Foi um encontro não somente de encorajamento, mas também de orientação por parte do Papa. Foi um encontro muito importante. Suas primeiras palavras foram: “Vocês estão na linha de frente na ação da Igreja”. Foi mais ou menos o que disse, ressaltando a importância do trabalho que fazemos nas quatro missões da Santa Sé no mundo: em Nova York, em Genebra, em Viena e em Paris. A atividade da Santa Sé, da Igreja e do Pontificado é muito relevante também junto aos organismos internacionais. Apresentei ao Papa um pouco dos temas específicos da missão da Santa Sé em Genebra. Com certeza, foi importante ressaltar a ação da Igreja em prol do desarmamento. É uma angústia para o mundo; jamais houve tantos armamentos, e jamais se gastou tanto dinheiro como agora. O outro tema diz respeito às migrações, um fenômeno que o Papa chama ‘A face humana da globalização’.”

RV: Para o Papa, qual a importância das Nações Unidas, da qual se celebra seu Dia este 24 de outubro?

Dom Ivan Jurkovič:- “A expressão ‘na linha de frente’ surpreendeu-me de certo modo. Para qualquer pessoa que conhece um pouco como o mundo funciona, a Onu é importante. Indubitavelmente, a Onu é criticada e, como todas as grandes instituições, habitualmente é colocada sob a lente de aumento, olhando para as incapacidades que são quase congênitas e não tanto para o potencial que é absolutamente necessário. Porém, o importante é ter um ponto de referência nos momentos difíceis como o que, de certo modo, estamos vivendo agora.”

RV: Em sua experiência de observador permanente junto ao escritório da Onu em Genebra, até onde considera que a voz da Santa Sé, da Igreja, é ouvida, e onde, ao invés, encontra dificuldade?

Dom Ivan Jurkovič:- “Creio que provavelmente, apesar de os pontificados das últimas décadas terem tido uma visibilidade enorme, a visibilidade, a sensibilidade do Pontificado do Papa Francisco é muito maior do que talvez tenham sido com os papas precedentes. Por que isso? Em certa medida deve-se ao estilo de Sua Santidade, a seu envolvimento direto em quase todas as questões que são de dor da humanidade. Isso é percebido de modo muito forte pelas organizações internacionais. São muito gratas pela ação da Santa Sé. Ademais, a figura do Papa, o ensinamento: muitas vezes nos parece que nos são gratos por aquilo que a Igreja faz, a Santa Sé faz. Por outro lado, de modo particular o mundo ocidental está enfrentando um projeto de certo modo dramático relacionado à mudança dos valores tradicionais e, talvez, à atitude para com a religião como escolha de vida.” (RL/AG)

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Perseguição contra os cristãos, tema de encontro em Doha

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Doha (RV) – O “Doha Institute for Higher Studies” sediou nos dias passados um encontro que teve por tema as violências que obrigam os cristãos a fugir do Oriente Médio. A informação é da emissora Al Jazeera, que precisou que nos dois dias de debates tratou-se das contínuas violências no Egito e o êxodo de cristãos do Iraque.

O evento realizado em Doha contou com a participação de professores universitários, especialistas em ciências políticas, pesquisadores e escritores, que foram concordes em afirmar não existir uma “varinha mágica” para resolver a questão da intolerância na região. Eles consideram que a democracia e o estado de direito poderiam ser utilizados para redefinir o papel da religião.

Durante os dois dias do encontro foi muitas vezes reevocada a “época de ouro” do Império Otomano no início do século XX, quando a postura mais igualitária do Estado levou ao nascimento de um movimento pan-árabe e o surgimento de líderes nacionalistas cristãos.

“Não se pode simplesmente separar os cristãos do resto da região árabe”, comenta Azmi Bishara. O problema que diz respeito às minorias é aquele que atinge também a maioria islâmica, ou seja, a falta de direitos civis. Para Bishara, a única real solução seria a “équa cidadania e democracia”.

O mundo árabe tem necessidade de alcançar a paz social e o desenvolvimento econômico, foi uma das conclusões do encontro. Ademais, é necessário um novo pacto que não acentue as diferenças religiosas, mas exalte os valores compartilhados. (JE/Asianews)

 

 

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