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Sumario del 22/11/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Mundo

Formação

Papa e Santa Sé



Papa cria nova diocese na Bahia: Cruz das Almas

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Cidade do Vaticano (RV) – O Brasil ganhou nesta quarta-feira (22/11) uma nova diocese, no estado da Bahia: Cruz das Almas. Seu território será desmembrado da Arquidiocese de Salvador, da qual será sufragânea. 

O primeiro bispo de Cruz das Almas será Dom Antônio Tourinho Neto, que era auxiliar na Arquidiocese de Olinda e Recife desde janeiro de 2015.

Dom Antônio Tourinho Neto tem 53 anos e nasceu em Jequié (BA). Estudou em Salvador e no Rio de Janeiro. Foi ordenado sacerdote em 1990 e incardinado em sua diocese natal, onde desempenhou vários cargos. Foi também Defensor do Vínculo e Promotor de Justiça no Tribunal do Regional Nordeste 3; Professor de Direito Canônico em Ilhéus e Feira de Santana; Coordenador regional das “Fazendas da Esperança”; membro da Sociedade Brasileira de Canonistas e Assessor eclesiástico de movimentos da Igreja.

A nova diocese

A nova Diocese de Cruz das Almas abrange: Cruz das Almas, Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Governador Mangabeira, Maragogipe, Muritiba, Santo Amaro, São Félix, Sapeaçu, Saubara.

Em 2.409 Km2 de área, a população é de 324 mil pessoas, 191 mil das quais, católicas. Possui 16 paróquias, 19 sacerdotes diocesanos e conta 7 diáconos permanentes.  Os seminaristas são 4 e as religiosas, 18.

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Papa: ir à Missa é como ir ao Calvário

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Cidade do Vaticano (RV) - “Quando vamos à Missa é como se fôssemos a um Calvário. (...) Cada celebração da Eucaristia é um raio daquele sol sem ocaso que é Jesus ressuscitado”. 

Na Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco deu prosseguimento ao ciclo de catequeses sobre a Missa, falando sobre a “Missa, memorial do mistério pascal de Cristo”.

Mas, essencialmente, o que é a Missa? - perguntou Francisco aos cerca de 15 mil fiéis presentes na Praça São Pedro à uma temperatura de 10°C.

“A Missa é o memorial do Mistério pascal de Cristo. Ela nos torna partícipes na sua vitória sobre o pecado e a morte e dá significado pleno a nossa vida” - respondeu - ressaltando, que para compreender o seu valor, devemos antes de tudo entender o significado bíblico de “memorial”. E explicou:

Este não é somente a recordação – o memorial não é somente uma recordação - não é somente uma recordação dos acontecimentos do passado, mas o memorial os torna de certo modo presentes e atuais. Precisamente assim Israel entende a sua libertação do Egito: toda vez que é celebrada a Páscoa, os acontecimentos do Êxodo tornam-se presentes na memória dos fiéis para que conformem a própria vida a eles”.

“Jesus, com sua paixão, morte, ressurreição e ascensão ao Céu, levou a Páscoa ao seu cumprimento”, completou.

Assim, a Missa “é o memorial da sua Páscoa, de seu “êxodo”, que realizou por nós, para nos fazer sair da escravidão e nos introduzir na terra prometida da vida eterna. Não é somente uma recordação, não, é mais do que isto: é fazer presente o que aconteceu há 20 séculos”.

Assim, “a Eucaristia nos leva sempre ao ápice da ação de salvação de Deus: o Senhor Jesus, fazendo-se pão partido por nós, derrama sobre nós toda a sua misericórdia e o seu amor, como fez na cruz, renovando o nosso coração, a nossa existência e o nosso modo de nos relacionarmos com Ele e com os irmãos":

Cada celebração da Eucaristia é um raio daquele sol sem ocaso que é Jesus ressuscitado. Participar da Missa, em particular no domingo, significa entrar na vitória do Ressuscitado, ser iluminados pela sua luz, aquecidos pelo seu calor. Por meio da celebração eucarística, o Espírito Santo nos torna partícipes da vida divina que é capaz de transfigurar todo o nosso ser mortal. Na sua passagem da morte à vida, do tempo à eternidade, o Senhor Jesus nos leva com Ele para fazer a Páscoa. Na Missa se faz Páscoa. Nós, na Missa, estamos com Jesus, morto e ressuscitado e Ele nos leva para frente, para a vida eterna. Na Missa nos unimos a Ele. Antes ainda, Cristo vive em nós e nós vivemos n’Ele (...). Assim pensava São Paulo”.

O seu sangue – completa o Santo Padre – “nos liberta da morte e do medo da morte”:

Nos liberta não somente do domínio da morte física, mas da morte espiritual que é o mal, o pecado, que toma conta de nós cada vez que caímos vítima do pecado nosso ou dos outros. E então a nossa vida é sujada, perde a beleza, perde o significado, esmorece”.

Cristo, pelo contrário “nos dá a vida novamente; Cristo é a plenitude da vida, e quando enfrentou a morte, a aniquilou para sempre”:

A Páscoa de Cristo é a vitória definitiva sobre a morte, porque Ele transformou a sua morte em supremo ato de amor. Morreu por amor. E na Eucaristia, Ele quer nos comunicar este seu amor pascal, vitorioso. Se o recebemos com fé, também nós podemos amar verdadeiramente Deus e o próximo, podemos amar como Ele nos amou, dando a vida”.

E “se o amor de Cristo está em mim – sublinhou o Papa – posso doar-me plenamente ao outro, na certeza interior de que mesmo que o outro me fira, eu não morrerei. Caso contrário, deverei defender-me”:

Os mártires deram a sua vida justamente por esta certeza da vitória de Cristo sobre a morte. Somente se experimentamos este poder de Cristo, o poder de seu amor, somos realmente livres para nos doar sem medo”.

E esta é a Missa – enfatizou o Papa - entrar nesta paixão, morte, ressurreição, ascensão de Jesus:

E quando vamos à Missa é como se fôssemos a um Calvário, é a mesma coisa. Mas pensem: se vamos ao Calvário - pensemos usando a imaginação -  naquele momento, nós sabemos que aquele homem ali é Jesus. Mas, nós nos permitiremos ficar conversando, tirar fotografias, fazer um pouco o espetáculo? Não! Porque é Jesus! Nós, certamente estaremos em silêncio, no choro, e também na alegria de sermos salvos. Quando nós entramos na Igreja para celebrar a Missa, pensemos isto: entro no Calvário, onde Jesus dá a sua vida por mim, e assim desaparece o espetáculo, desaparecem as conversas, os comentários, e estas coisas que nos distanciam disto que é tão bonito que é a Missa, o triunfo de Jesus”.

Penso que agora esteja mais claro – disse Francisco ao concluir – como a Páscoa nos torna presente e atuante cada vez que celebramos a Missa, isto é, o sentido de memorial”. (JE)

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Papa à TV2000: A Eucaristia não é um prêmio para os bons, mas remédio para os fracos

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Cidade do Vaticano (RV) -   “A Eucaristia não é um prêmio para os bons, mas remédio para os fracos”. É o que afirma o Papa na quinta edição do programa “Padre nostro”, conduzido pelo Padre Marco Pozza, a apresentado esta quarta-feira, às 21h05min, na TV2000 dos bispos italianos.

Francisco conversa com o jovem capelão da prisão de Pádua, Padre Marco Pozza, no início de cada programa, nascido da colaboração entre a Secretaria para a Comunicação da Santa Sé e a TV 2000.

Esta série comporta nove encontros, sempre nas quartas-feiras, durante os quais o sacerdote recebe também conhecidos personagens leigos do mundo da cultura e do espetáculo. Nesta quinta edição, o hóspede é o fundador da Slow Food, Carlo Petrini.

E justamente das palavras e das respostas do Papa ao Padre Marco surgiu o livro “Padre nostro”, a ser lançado este 23 de novembro pela Livraria Editora Vaticana e Editora Rizzoli.

“O reino de Deus – acrescenta o Papa – é uma festa, estamos à mesa. A força da presença de Deus hoje no mundo é justamente à mesa, na Eucaristia com Jesus. Por isto peçamos que dê de comer a todos nós. Dar de comer aquele alimento espiritual que nos fortifica, à mesa na Eucaristia, mas também dar de comer a todos, neste mundo onde o reino da fome é tão cruel”.

“Desde criança, recordou o Papa – em casa nos ensinavam que quando o pão caía, imediatamente se devia recolhê-lo e beijá-lo. O pão não se joga fora nunca. O pão é símbolo da unidade da humanidade”. (JE/TV2000)

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Burke: em Mianmar e Bangladesh, viagem apostólica às periferias

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Cidade do Vaticano (RV) - A 21ª viagem apostólica internacional do Papa Francisco, que se realizará de 26 de novembro a 2 de dezembro a Mianmar e Bangladesh, esteve no centro da coletiva da manhã desta quarta-feira (22/11) na Sala de Imprensa da Santa Sé, na qual o diretor da mesma, Greg Burke, ilustrou o programa da viagem e ressaltou que o Pontífice levará aos dois países do sudeste asiático uma mensagem de reconciliação, perdão e paz

Burke ressaltou que na quinta-feira, 30 de novembro, o Santo Padre terá um encontro privado com o chefe do exército birmanês, Gal. Min Aung Hlaing. Ademais, destacou que durante o encontro ecumênico e inter-religioso, programado para o dia 1º de dezembro, na capital bengalesa, Daca, estará presente também um grupo de refugiados rohingya.

Antes da Santa Missa em Daca, alguns jovens moradores de rua doarão ao Papa sandálias confeccionadas por eles. Entre as pessoas que farão parte da comitiva papal estará um funcionário leigo da Tipografia Vaticana, declarou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Nos dois países asiáticos o Santo Padre viajará de automóvel fechado, não blindado. Em Mianmar, Francisco se hospedará no arcebispado; já em Bangladesh, ficará na nunciatura apostólica. Eis o que disse Burke à Rádio Vaticano - Secretaria para a Comunicação - sobre a viagem apostólica aos dois países:

Greg Burke:- “Em ambos os países é uma viagem às periferias. O Papa Francisco fala muito em periferias e esta é realmente uma periferia: de certo modo pela distância, de certo modo também em relação à comunidade católica, muito pequena, em ambos os países.”

RV: Uma viagem a países que devem enfrentar desafios importantes. Entre estes o combate à pobreza...

Greg Burke:- “Faz pouco tempo que Bangladesh passou de país ‘subdesenvolvido’ para um país ‘em desenvolvimento’. E é ainda mais forte, claramente, a mensagem de esperança dada pelo Papa quando chega a terras tão pobres como estas. Há outro elemento muito importante : o inter-religioso. Mianmar é, em grande parte, um país budista. E Bangladesh é um país oficialmente islâmico. Também aí o Papa quer demonstrar, mais uma vez, o significado da religião para a paz e para a reconciliação.”

RV: O Papa também quer confirmar na fé as comunidades católicas destes dois países. Trata-se de minorias, mas, mesmo assim, importantes no tecido social de ambos os países...

Greg Burke:- “É uma viagem apostólica e tem um aspecto muito importante a nível pastoral. Vimos muitas vezes o Papa ir tão longe visitar uma comunidade tão pequena. É certamente uma grande ajuda, é um modo de reforçá-los na fé.

RV: Recordemos alguns encontros centrais das duas viagens, a Mianmar e depois a Bangladesh...

Greg Burke-: ”Em Mianmar o encontro com os budistas será muito importante. Em Bangladesh o encontro inter-religioso. Voltamos a esse tema das relações pacíficas entre as religiões. É interessante que em ambos os países o Papa concluirá sua visita encontrando os jovens. Mesmo de pequenas comunidades católicas percebe-se um sentido de grande esperança.” (RL/AL)

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Mianmar tem economia promissora no contexto asiático, segundo especialista do Banco Mundial

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Yangun (RV) – No próximo dia 26 de novembro o Papa Francisco partirá do Aeroporto Fiumicino rumo a Mianmar, onde permanecerá até o dia 30, quando então parte para o vizinho Bangladesh.

No país do sudeste asiático, de maioria budista, o Pontífice encontrará uma realidade complexa, marcada por contrastes e por anos de ditadura militar, e agora agravada com a crise humanitária da minoria muçulmana rohingya, obrigada a deixar o país e buscar refúgio principalmente em Bangladesh.

O país, com forte potencial agrícola e turístico, é uma economia promissora na Ásia, como destaca o especialista em investimentos privados do Banco Mundial, José Ricardo Silva, em entrevista exclusiva  a nossa enviada especial, Bianca Fraccalvieri:

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Centesimus Annus e a ética social cristã na era digital

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Berlim (RV) – “Governar as novas tecnologias para preservar o valor autêntico das relações humanas”. É o que diz, em síntese, a mensagem final da recente Conferência promovida pelo grupo alemão da Fundação Centesimus Annus-pro Pontifice, realizada em Berlim nos dias 15 e 16 de novembro, sobre o tema “Ética Social cristã na era digital”.

Cientistas de renome internacional de várias disciplinas transcorreram dois dias trocando pareceres e propostas sobre as oportunidades e os desafios para “a ética social cristã na era digital”.

Em particular, a Conferência concentrou-se sobre que  tipo de respostas o ensino social cristão pode dar hoje ao “progresso do paradigma tecnocrático” na era da digitalização, como informou a Agência de notícias KNA.

Era digital pode reduzir humanidade a um objeto?

O Presidente da Fundação Centesimus Annus-pro Pontifice, Domingo Sugranyes Bickel, especificou que a reflexão conduzida pela Fundação sobre este tema, não se preocupa somente em analisar as novas oportunidades e potencialidades de crescimento, mas também dos aspectos culturais, antropológicos e da organização total da sociedade, em relação à revolução tecnológica em andamento, advertindo que “a humanidade corre o risco de ser considerada dentro das dinâmicas da era digital somente como um objeto”.

Não depender da digitalização, mas governá-la

Já o responsável pelo Centro de Pesquisa Web da Universidade de Ciências Aplicadas Niederrhein, Gerrit Heineman, alertou para a necessidade de não se depender da digitalização, mas de agir de forma a governá-la.

A Europa recém começou a considerar os progressos que estão ocorrendo na Ásia: a China com seus 750 milhões de usuários, representa o mercado mais importante. Aqueles que não enfrentarem o desafio, estarão entre os perdedores.

Heineman também enfatizou que com cerca de 1,3 bilhões de usuários, os cristãos formam a maior comunidade e que da geração nascida após a virada do milênio, 90% utiliza as redes sociais.

Evitar que smarthphone substitua as relações

Para o Arcebispo de Berlim, Dom Heiner Koch, a ética social cristã deve preservar a dignidade do homem no processo de progressiva digitalização, evitando correr o risco de que o smarthphone se sobreponha às relações e a um verdadeiro diálogo interpessoal.

Paradoxos do mundo digital

“A digitalização, já há tempos, diz respeito a todos os âmbitos da vida, do mundo do trabalho à religião, dos hospitais ao tráfegos nas estradas. Por isto, requer também critérios éticos para a aplicação e a interação”, disse por sua vez Dom Everard J. de jong, bispo auxiliar de Roermond.

O prelado disse ainda – referindo-se aos paradoxos da digitalização - que por um lado, as redes sociais têm permissão de relacionar-se com o mundo inteiro, mas ao mesmo tempo, o indivíduo encontra-se solitário.

Smarthphone, tablete, I-phone, I-pad, redes sociais, são instrumentos que permitem colocar o mundo inteiro em contato direto, mas têm também um grande poder sedutor, fazendo a pessoas fugirem da realidade da vida.

As redes sociais permitem participar dos destinos dos outros, mas ao mesmo tempo, podem fazer perceber o sofrimento dos outros como algo distante, sem nenhuma empatia, determinando assim um homem dividido entre “onipresença e solidão”.

De fato, a tecnologia plasma o acesso à realidade e portanto, à ação ética.

Um pensamento de “resistência”

Por fim, citando a “Laudato Si”, Dom De Jong convidou a promover um modo novo de pensar: “deveria haver um ponto de vista diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que formam uma resistência contra o avanço do paradigma tecnocrático”.

Um animado debate desenvolveu-se a seguir entre os conferencistas e participantes, sobre o tema “Inteligência Artificial e sobre o uso ético ou não ético que se pode fazer da mesma”. Pronunciaram-se a este respeito o prof. Jürgen Schmidhuber, codiretor do Instituto de Pesquisa Suíço para a Inteligência Artificial Idsia.

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Igreja no Mundo



Suécia: Igreja caldeia será consagrada a Virgem Maria em 8 de dezembro

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Estocolmo (RV) –  Será consagrada em 8 de dezembro a nova Igreja dedicada a Virgem Maria em Södertälje, para os fiéis caldeus na Suécia, uma comunidade de cerca 17 mil pessoas fugidas da guerra no Iraque e Síria.

Os católicos caldeus de Södertälje “são muito ativos na comunidade, mas não tinham um espaço que fosse de encontro às suas necessidades”, explica uma nota da Diocese de Estocolmo, divulgada pela Agência SIR.

Por esta razão, a Diocese havia promovido em 2015 uma coleta de fundos para a construção de uma igreja e de um centro capaz de acolhê-los.

Em 17 de dezembro de 2016 foi colocada a pedra fundamental do novo templo.

Agora, ele “torna-se um local de encontro para a segurança e a comunidade dastas pessoas que fugiram da guerra e das perseguições”, explica a nota.
“O centro cultural torna-se também um percurso de integração, onde os recém chegados podem encontrar a cultura e a língua sueca”.

A celebração de 8 de dezembro será presidida pelo Cardeal de Estocolmo, Dom Anders Arborelius.

Inúmeros serão os convidados, como o Cardeal Rainer Maria Woelki (Colônia, Alemanha), o Patriarca da Igreja Caldeia Louis Raphael Sako, o Embaixador iraquiano na Suécia, além de representantes de outras comunidades religiosas.

A Igreja Católica na Suécia conta atualmente com cerca de 116 mil membros registrados, mas segundo a Diocese, “o número de católicos residentes no país é de cerca 150 mil pessoas de nacionalidades e línguas diversas”. As paróquias são 44 em todo o país. (JE/SIR)

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Formação



Amazônia: compromisso com a vida numa Igreja pobre com os pobres

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Porto Velho (RV) – Depois de participar em Brasília, no fim de semana, do Seminário Geral ‘Laudato si’ organizado pela REPAM, que reuniu representantes de toda a Amazônia, a delegação de convidados da REBAC, Rede Eclesial da Bacia do Congo, se dirigiu a Porto Velho (RO), para conhecer de perto o campo de trabalho da Rede eclesial Pan-amazônica.

O arcebispo anfitrião do grupo, Dom Roque Paloschi, revelou à RV os detalhes da programação amazônica da delegação congolesa:

 

“Domingo, fizemos um quadro geral da realidade da Amazônia e mais particularmente aqui do estado de Rondônia: a questão indígena, a questão dos grandes projetos, a questão da destruição da natureza e, sobretudo, a realidade da violência aqui no estado, seja no campo (Rondônia é o estado mais violento do Brasil), e a realidade da Igreja no seu dia a dia, o que está conseguindo fazer”.

“Segunda-feira, fomos  em contato ‘in loco’ com os atingidos pelas barragens na região de Jaci-paraná, a 100 km de Porto Velho. Ali, uma vila com cerca de 3 mil habitantes viu chegar, de uma hora para outra, mais de 20 mil trabalhadores, com todas as consequências como a violência, a promiscuidade, a exploração, a vida desumana... Estamos vendo também a grande dívida das chamadas ‘compensações sociais’ que nunca foram verdadeiramente cumpridas e como isto está impactando as pessoas e as famílias. Também fomos num assentamento, onde cada família deveria receber 50 hectares e acabou recebendo 10, e sobretudo, não houve a efetivação das promessas feitas pela Santo Antônio Energia. Fomos ver também um projeto social no lixão de Porto Velho, desenvolvido pela Paróquia São José. Veremos também uma experiência da agroecologia e um grupo de famílias que foram arrancadas de uma área pública que é do Incra. Vamos visitar mais uma obra da Igreja na periferia de Porto Velho e uma comunidade indígena que vive dentro da cidade, com todos os dilemas que nós sabemos, como o que significa para as comunidades indígenas viver nos perímetros urbanos. Vamos também fazer um pequeno contato com o nosso Seminário e depois uma avaliação”.

“Acho que nós pudemos sentir uma grande semelhança da ganância do dinheiro, no mundo inteiro, e suas consequências sobretudo na Criação, a Casa Comum, e também, de modo particular, os pobres da Terra”.

“Nós queremos louvar e bendizer a Deus por esta oportunidade de receber nossos irmãos do Congo Brazaville e da RD Congo, e também da Conferência dos Bispos da África, como o Padre Samuel, que é angolano. Acho que tudo isso nos aproxima e nos ajuda a pensar que somos uma Igreja chamada a sair e testemunhar o amor, a misericórdia de Deus e o compromisso com a vida e de uma Igreja pobre com os pobres, mas também o compromisso com a Casa Comum. Por tudo, Deus seja louvado”. 

 

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CVII: a reforma litúrgica e o uso da Língua Vernácula

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Cidade do Vaticano (RV) – No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar no programa de hoje sobre a reforma litúrgica trazida pelo evento conciliar. 

Neste nosso espaço Memória Histórica, temos refletido sobre os 10 aspectos da renovação litúrgica trazida pelo Concílio Vaticano II. No programa passado, o Padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado neste percurso, nos trouxe o tema “Povo sacerdotal que celebra”, destacando que “o Concílio desloca o centro celebrativo – não é o sacerdote o foco. Há uma descentralização eclesial, outrora acentuando demasiadamente o sacerdote que ofertava o sacrifício.  De uma liturgia centralizada na pessoa do “sacerdote celebrante” (que na liturgia não é único que celebra) se volta agora a ação litúrgica para a assembleia do “povo sacerdotal””.

No programa de hoje, o sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre nos fala sobre outro aspecto importante da reforma litúrgica: “O uso da Língua Vernácula”:

“Mencionamos aqui nesse espaço que na reforma LITÚRGICA do Concilio Vaticano II, percebemos 10 aspectos de renovação, a partir da constituição dogmática Sacrossanctum Concilium, que aqui enumeramos. Fizemos uma explicação detalhada do primeiro aspecto:  O valor da Assembleia Litúrgica.  Hoje queremos entrar num segundo ponto: o uso da Língua Vernácula (SC 36; 63).

Todos nós conhecemos os contos infantis mais variados. Quem não conheceu a história do Lobo mau? Mas, se eu aqui contasse a história do lobo mau em chinês, poucos entenderiam. Na mesma forma se deu na liturgia, quando se rezava tão somente em Latim, que já não era mais a língua fluente, como um dia era usual no Império Romano. O Concilio Vaticano II permitiu o uso da Lingua vernácula, a língua mãe de cada nação para ser utilizada na liturgia. Esse foi de fato um avanço singular, muito importante.

Importante aqui relembrar, sobretudo aos mais jovens, de que a missa era celebrada em latim, de costas ao povo, e a maioria das pessoas assistiam a missa, sem entender nada da Liturgia, não sabendo responder as respostas do rito, cabendo esse diálogo da missa tão somente ao coroinha ou sacristão. A maioria do povo, enquanto o padre celebrava, rezava o terço ou suas orações particulares, prestando mais atenção tão somente quando se tocava a campainha ou sineta litúrgica na hora da consagração. A permissão do uso da língua vernácula pela constituição Sacrossanctum Concilium, já trouxe a possibilidade dessa participação mais ativa e consciente, a renovação dos ritos, aclamações e cantos.

O número 36 da SC afirma assim, depois de falar da Língua oficial Latina na Liturgia: “Dado, porém, que não raramente o uso da língua vernácula pode ser muito útil para o povo, seja na missa, seja na administração dos sacramentos, seja em outras partes da liturgia, dê-se-lhe um lugar mais amplo, especialmente nas leituras e admoestações, em algumas orações e cânticos, segundo as normas estabelecidas para cada caso nos capítulos seguintes.

O Parágrafo 03, desse número 36 diz que cabe à competente autoridade eclesiástica territorial - bispo local - os bispos das regiões limítrofes da mesma língua, decidir acerca do uso e extensão da língua vernácula. Tais decisões deverão ser aprovadas ou confirmadas pela Sé Apostólica. No número 63, da SC afirma assim: “Estes rituais – com as adaptações da língua vernácula - serão usados nas respectivas regiões depois de aprovados pela Sé Apostólica.

Na elaboração destes Rituais, ou nestas coleções especiais de ritos, não se omita nenhuma das normas propostas no Ritual Romano para cada rito, quer sejam de caráter pastoral, quer digam respeito às rubricas, quer tenham especial importância social”.

Percebemos que a orientação da SC é bem módica, possibilitando a língua vernácula tão somente em algumas partes. Mas que, na realidade, transcorridos os 50 anos de Concílio, todo o Rito Romano está traduzido na língua mãe de cada país, facilitando a compreensão e participação dos fieis leigos, que é um dos pontos também da renovação litúrgica”. 

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