Sumario del 24/11/2017
- Papa: "Igrejas sejam de serviço, igrejas gratuitas como a salvação"
- Dia Mundial da Paz: “Migrantes e refugiados em busca da Paz”
- Divulgada mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial da Paz
- Papa à Igreja Assíria: mais próximo o dia em que celebraremos no mesmo altar
- Papa: o trabalho deve estar a serviço da pessoa, e não o contrário
- O pesar do Papa pelas vítimas do ataque contra mesquita no Egito
- Papa lamenta falecimento da mãe de seu ajudante de quarto
- Papa em Mianmar: também a Igreja se abre ao mundo
- Card. Parolin: católicos em Mianmar e Bangladesh, minorias, mas sementes de paz
- Papa enviará ajuda à República Democrática do Congo
- Encontro da Scholas: transmitir valores de soliedariedade pelo futebol
- Aberta em Roma Exposição Internacional de Presépios
- Franciscanos anunciam criação de única Universidade e nova Fraternidade
- Missão: da pastoral de conservação a uma pastoral missionária
- Condição do trabalhador brasileiro apresentada no Vaticano
Papa: "Igrejas sejam de serviço, igrejas gratuitas como a salvação"
Cidade do Vaticano (RV) - Vigilância, serviço, gratuidade: são as três palavras que o Papa Francisco ressaltou na homilia da missa matutina na Casa Santa Marta de hoje. E o fez comentando as duas leituras da Liturgia: a primeira do Livro dos Macabeus; e a segunda do Evangelho de Lucas, ambas com a purificação do Templo como tema. Assim como Judas e seus irmãos reconsagraram o templo profanado pelos pagãos, Jesus expulsa os mercantes da casa do Senhor, transformada de novo em um antro de ladrões.
Como se pode purificar o Templo de Deus?- perguntou o Papa, respondendo: “Com a vigilância, o serviço e a gratuidade”.
“O mais importante templo de Deus é o nosso coração, disse o Papa. “Dentro de nós habita o Espírito Santo. Mas o que acontece em meu coração?”.
“Aprendi a vigiar dentro de mim para que meu coração seja apenas para o Espírito Santo? Purificar o templo, o templo interior, e vigiar. Fique atento, fique atenta: o que acontece em seu coração? Quem vem... quem vai... Quais são os seus sentimentos, as suas ideias? Você fala com o Espírito Santo? Escuta o Espírito Santo? Vigiar; estar atentos para o que acontece em nosso templo, dentro de nós”.
Jesus, continuou o Papa, “está presente de modo especial nos doentes, naqueles que sofrem, nos famintos, nos encarcerados”. Ele mesmo o disse.
“E eu me pergunto: sei custodiar aquele templo? Cuido do templo com o meu serviço? Aproximo-me para ajudar, para vestir, para consolar aqueles que precisam? São João Crisóstomo repreende aqueles que faziam tantas ofertas para decorar, para embelezar o templo, e não cuidavam daqueles que necessitavam. Repreendia-os e dizia: ‘Não, assim não. Primeiro o serviço, depois as decorações”.
Purificar, portanto, o templo que são os outros. E quando nós nos preparamos para prestar um serviço, para ajudar, nos assemelhamos a Jesus que está ali dentro.
O terceiro comportamento indicado pelo Papa é a gratuidade, que ele explicou assim:
“Quantas vezes, que tristeza, entramos em um templo... Por exemplo, numa paróquia, num episcopado, não sei... Entramos e não sabemos se estamos na casa de Deus ou num supermercado. Uma loja, a lista de preços para os sacramentos... falta gratuidade. Deus nos salvou gratuitamente, não nos cobrou nada”. Igrejas sejam de serviço, gratuitas, assim como foi gratuita a salvação, e não 'igrejas de supermercado'".
Francesco antecipou uma objeção: “é necessário ter dinheiro para manter as estruturas, os sacerdotes, etc...”. E respondeu. “Dá a gratuidade e Deus fará o resto. Deus fará o que falta”.
Dia Mundial da Paz: “Migrantes e refugiados em busca da Paz”
Cidade do Vaticano (RV) – Foi publicada, na manhã desta sexta-feira (24/11), no Vaticano, a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, que será celebrado no dia 1° de janeiro, que tem como tema: “Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de Paz”.
O Santo Padre inicia sua Mensagem desejando a todos “Paz”, aquela que os anjos anunciaram aos pastores na noite de Natal. A paz é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo daqueles que mais precisam, como os migrantes e os refugiados.
De fato, recorda, na sua mente e no seu coração os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados. Estes últimos ”são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos, que procuram um lugar onde viver em paz!. E, para encontrá-lo, estão dispostos a arriscar a própria vida em viagens longas e perigosas e a passar por sofrimentos incríveis.
“Com espírito de misericórdia, diz Francisco, abraçamos todos os que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa das discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental. Mas, não basta abrir os nossos corações ao sofrimento dos outros. Acolher o outro requer um compromisso concreto, uma corrente de apoio e de beneficência, uma atenção vigilante e abrangente.
Praticando a virtude da prudência, salientou o Papa, os governantes saberão acolher, promover, proteger e integrar os migrantes, mediante medidas práticas, favorecendo uma maior integração. Os governantes devem assegurar-lhes justos direitos e desenvolvimento harmônico.
E o Santo Padre pergunta: Por que há tantos refugiados e migrantes? Como resposta, cita São João Paulo II, que, em sua Mensagem para o Dia da Paz no ano 2000, colocando como principal aumento de refugiados no mundo “os efeitos de uma sequência infinita de guerras, conflitos, genocídios, “limpezas étnicas”, que caracterizaram o século XX. Mas, até agora, infelizmente, nada mudou.
No entanto, Francisco citou outras razões que causam um contínuo aumento do número de migrantes: o desejo de uma vida melhor; a reunião da própria família; encontrar oportunidades de trabalho ou de instrução. Mas, citando também a sua Encíclica Laudato si’, explica que o trágico aumento de migrantes é causado pela fuga da miséria, agravada pela degradação ambiental.
A maioria migra seguindo um percurso legal, mas há quem toma outros caminhos, por causa do desespero, da falta de acolhida nos países, para os quais representam riscos, peso, desprezo da sua dignidade. Quem age assim, às vezes por causas políticas, ao invés de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia.
Por isso, exortou Francisco, convido todos a encarar as migrações com confiança, como oportunidade para construir um futuro de paz, com base na fraternidade, na solidariedade e na partilha.
Oferecer aos refugiados, migrantes e vítimas de tráfico humano a possibilidade de viver em paz, afirma o Papa, exige uma estratégia que contemple quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar.
O Santo Padre conclui sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz desejando que seja este espírito a animar o processo que, no decurso de 2018, levará à definição e aprovação, por parte das Nações Unidas, de dois pactos globais: um, para migrações seguras, ordenadas e regulares; outro, concernente aos refugiados.
Estes pactos representarão um ponto de partida para propostas políticas e medidas práticas. Por isso, é importante que sejam inspirados por sentimentos de compaixão, coragem e diálogo, para que se possa construir uma paz duradoura. (MT)
Divulgada mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial da Paz
Cidade do Vaticano (RV) - "Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz" é o tema da Mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial da Paz, a ser celebrado em 1° de janeiro de 2018. Eis a íntegra do texto:
"MIGRANTES E REFUGIADOS: HOMENS E MULHERES EM BUSCA DE PAZ
1. Votos de paz
Paz a todas as pessoas e a todas as nações da terra! A paz, que os anjos anunciam aos pastores na noite de Natal,[1] é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta. Dentre estes, que trago presente nos meus pensamentos e na minha oração, quero recordar de novo os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados. Estes últimos, como afirmou o meu amado predecessor Bento XVI, «são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar onde viver em paz».[2] E, para o encontrar, muitos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande parte dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofrimentos, a enfrentar arames farpados e muros erguidos para os manter longe da meta.
Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental.
Estamos cientes de que não basta abrir os nossos corações ao sofrimento dos outros. Há muito que fazer antes de os nossos irmãos e irmãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura. Acolher o outro requer um compromisso concreto, uma corrente de apoios e beneficência, uma atenção vigilante e abrangente, a gestão responsável de novas situações complexas que às vezes se vêm juntar a outros problemas já existentes em grande número, bem como recursos que são sempre limitados. Praticando a virtude da prudência, os governantes saberão acolher, promover, proteger e integrar, estabelecendo medidas práticas, «nos limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido, [para] lhes favorecer a integração»[3]. Os governantes têm uma responsabilidade precisa para com as próprias comunidades, devendo assegurar os seus justos direitos e desenvolvimento harmónico, para não serem como o construtor insensato que fez mal os cálculos e não conseguiu completar a torre que começara a construir.[4]
2. Porque há tantos refugiados e migrantes?
Na mensagem para idêntica ocorrência no Grande Jubileu pelos 2000 anos do anúncio de paz dos anjos em Belém, São João Paulo II incluiu o número crescente de refugiados entre os efeitos de «uma sequência infinda e horrenda de guerras, conflitos, genocídios, “limpezas étnicas”»[5] que caraterizaram o século XX. E até agora, infelizmente, o novo século não registou uma verdadeira viragem: os conflitos armados e as outras formas de violência organizada continuam a provocar deslocações de populações no interior das fronteiras nacionais e para além delas.
Todavia as pessoas migram também por outras razões, sendo a primeira delas «o desejo de uma vida melhor, unido muitas vezes ao intento de deixar para trás o “desespero” de um futuro impossível de construir».[6] As pessoas partem para se juntar à própria família, para encontrar oportunidades de trabalho ou de instrução: quem não pode gozar destes direitos, não vive em paz. Além disso, como sublinhei na Encíclica Laudato si’, «é trágico o aumento de migrantes em fuga da miséria agravada pela degradação ambiental».[7]
A maioria migra seguindo um percurso legal, mas há quem tome outros caminhos, sobretudo por causa do desespero, quando a pátria não lhes oferece segurança nem oportunidades, e todas as vias legais parecem impraticáveis, bloqueadas ou demasiado lentas.
Em muitos países de destino, generalizou-se largamente uma retórica que enfatiza os riscos para a segurança nacional ou o peso do acolhimento dos recém-chegados, desprezando assim a dignidade humana que se deve reconhecer a todos, enquanto filhos e filhas de Deus. Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos os seres humanos.[8]
Todos os elementos à disposição da comunidade internacional indicam que as migrações globais continuarão a marcar o nosso futuro. Alguns consideram-nas uma ameaça. Eu, pelo contrário, convido-vos a vê-las com um olhar repleto de confiança, como oportunidade para construir um futuro de paz.
3. Com olhar contemplativo
A sabedoria da fé nutre este olhar, capaz de intuir que todos pertencemos «a uma só família, migrantes e populações locais que os recebem, e todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutrina social da Igreja. Aqui encontram fundamento a solidariedade e a partilha».[9] Estas palavras propõem-nos a imagem da nova Jerusalém. O livro do profeta Isaías (cap. 60) e, em seguida, o Apocalipse (cap. 21) descrevem-na como uma cidade com as portas sempre abertas, para deixar entrar gente de todas as nações, que a admira e enche de riquezas. A paz é o soberano que a guia, e a justiça o princípio que governa a convivência dentro dela.
Precisamos de lançar, também sobre a cidade onde vivemos, este olhar contemplativo, «isto é, um olhar de fé que descubra Deus que habita nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças (...), promovendo a solidariedade, a fraternidade, o desejo de bem, de verdade, de justiça»,[10] por outras palavras, realizando a promessa da paz.
Detendo-se sobre os migrantes e os refugiados, este olhar saberá descobrir que eles não chegam de mãos vazias: trazem uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas nativas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem. Saberá vislumbrar também a criatividade, a tenacidade e o espírito de sacrifício de inúmeras pessoas, famílias e comunidades que, em todas as partes do mundo, abrem a porta e o coração a migrantes e refugiados, inclusive onde não abundam os recursos.
Este olhar contemplativo saberá, enfim, guiar o discernimento dos responsáveis governamentais, de modo a impelir as políticas de acolhimento até ao máximo dos «limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido»,[11] isto é, tomando em consideração as exigências de todos os membros da única família humana e o bem de cada um deles.
Quem estiver animado por este olhar será capaz de reconhecer os rebentos de paz que já estão a despontar e cuidará do seu crescimento. Transformará assim em canteiros de paz as nossas cidades, frequentemente divididas e polarizadas por conflitos que se referem precisamente à presença de migrantes e refugiados.
4. Quatro pedras miliárias para a ação
Oferecer a requerentes de asilo, refugiados, migrantes e vítimas de tráfico humano uma possibilidade de encontrar aquela paz que andam à procura, exige uma estratégia que combine quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar.[12]
«Acolher» faz apelo à exigência de ampliar as possibilidades de entrada legal, de não repelir refugiados e migrantes para lugares onde os aguardam perseguições e violências, e de equilibrar a preocupação pela segurança nacional com a tutela dos direitos humanos fundamentais. Recorda-nos a Sagrada Escritura: «Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos».[13]
«Proteger» lembra o dever de reconhecer e tutelar a dignidade inviolável daqueles que fogem dum perigo real em busca de asilo e segurança, de impedir a sua exploração. Penso de modo particular nas mulheres e nas crianças que se encontram em situações onde estão mais expostas aos riscos e aos abusos que chegam até ao ponto de as tornar escravas. Deus não discrimina: «O Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva».[14]
«Promover» alude ao apoio para o desenvolvimento humano integral de migrantes e refugiados. Dentre os numerosos instrumentos que podem ajudar nesta tarefa, desejo sublinhar a importância de assegurar às crianças e aos jovens o acesso a todos os níveis de instrução: deste modo poderão não só cultivar e fazer frutificar as suas capacidades, mas estarão em melhores condições também para ir ao encontro dos outros, cultivando um espírito de diálogo e não de fechamento ou de conflito. A Bíblia ensina que Deus «ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário»; daí a exortação: «Amarás o estrangeiro, porque foste estrangeiro na terra do Egito».[15]
Por fim, «integrar» significa permitir que refugiados e migrantes participem plenamente na vida da sociedade que os acolhe, numa dinâmica de mútuo enriquecimento e fecunda colaboração na promoção do desenvolvimento humano integral das comunidades locais. «Portanto – como escreve São Paulo – já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus».[16]
5. Uma proposta para dois Pactos internacionais
Almejo do fundo do coração que seja este espírito a animar o processo que, no decurso de 2018, levará à definição e aprovação por parte das Nações Unidas de dois pactos globais: um para migrações seguras, ordenadas e regulares, outro referido aos refugiados. Enquanto acordos partilhados a nível global, estes pactos representarão um quadro de referência para propostas políticas e medidas práticas. Por isso, é importante que sejam inspirados por sentimentos de compaixão, clarividência e coragem, de modo a aproveitar todas as ocasiões para fazer avançar a construção da paz: só assim o necessário realismo da política internacional não se tornará uma capitulação ao cinismo e à globalização da indiferença.
De facto, o diálogo e a coordenação constituem uma necessidade e um dever próprio da comunidade internacional. Mais além das fronteiras nacionais, é possível também que países menos ricos possam acolher um número maior de refugiados ou acolhê-los melhor, se a cooperação internacional lhes disponibilizar os fundos necessários.
A Secção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral sugeriu 20 pontos de ação[17] como pistas concretas para a implementação dos supramencionados quatro verbos nas políticas públicas e também na conduta e ação das comunidades cristãs. Estas e outras contribuições pretendem expressar o interesse da Igreja Católica pelo processo que levará à adoção dos referidos pactos globais das Nações Unidas. Um tal interesse confirma uma vez mais a solicitude pastoral que nasceu com a Igreja e tem continuado em muitas das suas obras até aos nossos dias.
6. Em prol da nossa casa comum
Inspiram-nos as palavras de São João Paulo II: «Se o “sonho” de um mundo em paz é partilhado por tantas pessoas, se se valoriza o contributo dos migrantes e dos refugiados, a humanidade pode tornar-se sempre mais família de todos e a nossa terra uma real “casa comum”».[18] Ao longo da história, muitos acreditaram neste «sonho» e as suas realizações testemunham que não se trata duma utopia irrealizável.
Entre eles conta-se Santa Francisca Xavier Cabrini, cujo centenário do nascimento para o Céu ocorre em 2017. Hoje, dia 13 de novembro, muitas comunidades eclesiais celebram a sua memória. Esta pequena grande mulher, que consagrou a sua vida ao serviço dos migrantes tornando-se depois a sua Padroeira celeste, ensinou-nos como podemos acolher, proteger, promover e integrar estes nossos irmãos e irmãs. Pela sua intercessão, que o Senhor nos conceda a todos fazer a experiência de que «o fruto da justiça é semeado em paz por aqueles que praticam a paz».[19]
Vaticano, 13 de novembro – Memória de Santa Francisca Xavier Cabrini, Padroeira dos migrantes – de 2017.
Franciscus
______________________________
[1] Cf. Evangelho de Lucas 2, 14.
[2] Alocução do Angelus (15/I/2012).
[3] João XXIII, Carta enc. Pacem in terris, 106.
[4] Cf. Evangelho de Lucas 14, 28-30.
[5] Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2000, 3.
[6] Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2013.
[7] N.º 25.
[8] Cf. Francisco, Discurso aos Diretores nacionais da Pastoral dos Migrantes, participantes no Encontro promovido pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (22/IX/2017).
[9] Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2011.
[10] Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 71.
[11] João XXIII, Carta enc. Pacem in terris, 106.
[12] Francisco, Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2018, (15/VIII/2017).
[13] Carta aos Hebreus 13, 2.
[14] Salmo 146, 9.
[15] Livro do Deuteronómio 10, 18-19.
[16] Carta aos Efésios 2, 19.
[17] «20 Pontos de Ação Pastoral» e «20 Pontos de Ação para os Pactos Globais» (2017). Cf. também Documento ONU A/72/528.
[18] Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2004, 6.
[19] Carta de Tiago 3, 18.
Papa à Igreja Assíria: mais próximo o dia em que celebraremos no mesmo altar
Cidade do Vaticano (RV) – “Convosco dou graças ao Senhor pela assinatura da Declaração Comum, que ratifica a alegre conclusão da fase relativa à vida sacramental”.
Foi o que afirmou o Papa Francisco aos Membros da Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Assíria do Oriente, guiada pelo Metropolita Meelis Zaia, recebidos em audiência na manhã desta sexta-feira, no Vaticano.
Depois da histórica Declaração Cristológica de 1994, existe no âmbito do caminho ecumênico uma ulterior aproximação entre as duas Igrejas.
“Hoje - evidenciou o Papa em sua mensagem – podemos olhar com maior confiança o amanhã e pedir ao Senhor que o prosseguimento de vossos trabalhos contribua para aproximar aquele dia abençoado e tão esperado, no qual teremos a alegria de celebrar no mesmo altar a plena comunhão na Igreja de Cristo”.
Um dos aspecto da Declaração Comum particularmente evidenciado pelo Pontífice é o sinal da cruz, “símbolo explícito de unidade entre todas as celebrações sacramentais”.
“Quando olhamos para a cruz ou fazemos o sinal da cruz – sublinhou – somos também convidados a nos recordar dos sacrifícios sofridos em união com aqueles de Jesus e a estar próximos daqueles que hoje carregam uma cruz pesada”.
Referindo-se à Igreja Assíria do Oriente - que “junto a outras Igrejas e a tantos irmãos e irmãs da região sofre perseguições e é testemunha de violências brutais perpetradas em nome de extremismos fundamentalistas” - e aos “desertos culturais e espirituais” provocados por conflitos, Francisco recorda também “o violento terremoto na fronteira com o Iraque, terra de origem de vossa Igreja, e o Irã, onde também se encontram desde longa data as vossas comunidades, como também na Síria, no Líbano e na Índia”.
E é precisamente em realidades abaladas por fenômenos naturais e pelas guerras que, “fazendo o sinal da cruz, recordamos as chagas de Cristo, aquelas chagas que a ressurreição não apagou, mas encheu de luz. Assim, também as feridas dos cristãos, também aquelas abertas, quando são atravessadas pela presença viva de Jesus e de seu amor, tornam-se luminosas, tornam-se sinais de luz pascal em um mundo envolvido por tantas trevas”.
Disto, o convite do Papa Francisco para “caminhar, confiando na ajuda daqueles que têm dado a vida seguindo o Crucificado”, “os precursores e os padroeiros de nossa comunhão visível na terra. Pela intercessão deles, peço também ao Senhor, para que os cristãos de vossas terras possam agir, no paciente trabalho de reconstrução após tantas devastações, em paz e no pleno respeito com todos”.
Recordando que precisamente “na tradição siríaca, Cristo na cruz é representado como Médico bom e Remédio de vida”, o Pontífice concluiu pedindo para “curar completamente as nossas feridas do passado e de sanar as tantas feridas que no mundo de hoje se abrem pelos desastres das violências e das guerras”.
Papa: o trabalho deve estar a serviço da pessoa, e não o contrário
Cidade do Vaticano (RV) – Defender as vagas de trabalho é um “imperativo ético”. É o que sublinha o Papa Francisco na mensagem endereçada aos sindicalistas reunidos no Vaticano esta quinta e sexta-feira, para a Conferência Internacional “Da Populorum Progressio à Laudato Si. O trabalho e o movimento trabalhista no centro do desenvolvimento integral, sustentável e solidário”, organizada pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
“Como base do florescimento humano, o trabalho é uma chave para o desenvolvimento espiritual. Segundo a tradição cristã, ele é mais do que um mero fazer; é, sobretudo, uma missão”, observa o Pontífice.
“O trabalho – enfatizou ainda Francisco – além de ser essencial para o florescimento da pessoa, é também uma chave para o desenvolvimento social. Trabalhar com os outros e trabalhar pelos outros, e o fruto deste agir, oferece ocasião de troca, de relações, de encontro”.
O trabalho não pode ser considerado como uma mercadoria, mas, sendo basilar para o desenvolvimento, tem a prioridade em relação a qualquer outro fator de produção, incluído o capital.
Disto, o imperativo ético de “defender as vagas de emprego”, de criar novos, proporcionalmente ao aumento das rentabilidades econômicas, assim como é necessário garantir a dignidade do próprio trabalho”.
O trabalho – adverte o Papa – deve estar a serviço da pessoa. “Como observou Paulo VI, não é preciso exagerar a “mística” do trabalho. A pessoa “não é somente trabalho”; existem outras necessidades humanas que devemos cultivar e considerar, como a família, os amigos e o repouso. É importante, portanto, recordar que todo trabalho deve estar a serviço da pessoa, e não a pessoa a serviço dele, e isto implica que devemos colocar em discussão as estruturas que prejudicam ou exploram as pessoas, as famílias, as sociedades, e a nossa mãe terra”.
Francisco adverte, que “quando o modelo econômico de desenvolvimento se baseia somente no aspecto material da pessoa, ou quando beneficia somente alguns, ou quando prejudica o ambiente, provoca um grito, tanto dos pobres quanto da terra, que reclama de nós um outro caminho”.
“Este caminho, para ser sustentável, deve levar ao centro do desenvolvimento a pessoa e o trabalho, mas integrando a problemática do trabalho com a ambiental. Tudo está interligado, e devemos responder de forma integral”.
Participaram do encontro expoentes dos principais sindicatos do mundo, especialistas no campo das ciências sociais, delegações de mais de 40 países e representantes de movimentos cristãos de trabalhadores. Nestes dois dias, procurou-se nos debates abrir uma reflexão e pensar agendas que priorizem a pessoa e sua dignidade, e políticas públicas voltadas ao seu desenvolvimento material e espiritual.
O pesar do Papa pelas vítimas do ataque contra mesquita no Egito
Cidade do Vaticano (RV) – Em um telegrama assinado pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, o Papa Francisco expressa sua “profunda tristeza ao saber da grande perda de vidas provocadas pelo ataque terrorista contra a mesquita Rawda, no norte do Sinai”, ocorrido na manhã desta sexta-feira, e que provocou a morte de 235 pessoas e dezenas de feridos.
“Ao expressar a sua solidariedade ao povo egípcio nesta hora do luto nacional”, o Pontífice na mensagem “encomenda as vítimas à misericórdia de Deus Altíssimo e invoca as bênçãos divinas de consolo e paz sobre as suas famílias”.
“Ao renovar a sua firme condenação por este cruel ato de brutalidade dirigido contra civis inocentes reunidos em oração, Sua Santidade une-se a todas as pessoas de boa vontade, implorando que os corações endurecidos pelo ódio aprendam a renunciar ao caminho da violência, que leva a um grande sofrimento e abraçar o caminho da paz”.
Papa lamenta falecimento da mãe de seu ajudante de quarto
Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco, com toda a família pontifícia, une-se junto a Pier Giorgio Zanetti, camareiro do Pontífice, pela perda de sua mãe Maria Didonê, ocorrida na manhã desta sexta-feira.
As condolências foram publicadas em um obituário no L’Osservatore Romano, no qual “o Santo Padre Francisco, Mons. Fabian Pedacchio Leaniz e Yoannis Lahzi Gaid, Sandro Mariotti, os Superiores da Prefeitura da Casa Pontifícia, os membros da Antecâmara Pontifícia, estão afetuosamente próximos da mãe Maria”.
Às condolências, unem-se a Secretaria de Estado com os Superiores e os Oficiais que “asseguram a sua oração de sufrágio e invocam do Senhor conforto para ele e para todos os familiares da querida falecida”.
Um abraço ao ajudante de quarto do Papa e aos seus familiares, foi enviado também pelo Diretor do L’Osservatore Giovanni Maria Vian.
Papa em Mianmar: também a Igreja se abre ao mundo
Yangun (RV) – Uma Igreja insignificante, mas muito engajada: assim o Arcebispo de Yangun, Cardeal Bo, define a presença católica em Mianmar.
Minoria num país budista, diferente de outras realidades os católicos não pertencem à elite nem política nem econômica da nação. A Igreja é periférica em todos os sentidos e já põe em prática o sonho do Papa Francisco: uma Igreja pobre para os pobres. De fato, a caridade ocupa grande parte das atividades eclesiais.
Agora que o país está se abrindo ao mundo depois de décadas de isolamento, a Igreja está seguindo os mesmos passos da população. As religiosas acabam de integrar a rede da vida consagrada contra o tráfico humano, Talitha Kum. Com efeito, Mianmar é o mais novo parceiro da rede mundial, com a realização do primeiro encontro neste mês de novembro.
Em entrevista à Rádio Vaticano, a coordenadora de Talitha Kum em Mianmar, Ir. Rebecca Kay, explica que a vulnerabilidade social faz dos birmaneses possíveis vítimas do tráfico:
Em Mianmar, homens, mulheres e crianças são todas vítimas. Tenho o conhecimento de muitos homens traficados na indústria pesqueira, em navios pesqueiros. Mulheres, sobretudo, para a indústria do sexo e crianças para o trabalho infantil e a mendicância. Em Mianmar, todo mundo pode ser traficado por causa da pobreza, da situação do país, da instabilidade política. Em lugares onde há guerra civil, as pessoas saem de seus vilarejos e cruzam a fronteira, são obrigadas a migrar e, no caminho, acabam vítimas do tráfico. Em Mianmar, as pessoas são vulneráveis para serem traficadas.
Por isso, a principal preocupação das religiosas é como combater o fenômeno e advertir a população. Num contexto tão complexo, a visita do Papa Francisco é considerada uma bênção:
Sim, esta é a primeira visita e nós estamos muito orgulhosos disto. Em meio à crise em Mianmar, e o Papa escolheu este país, então estamos muito felizes porque ele nos ama e nos concede seu tempo ao nos visitar. A Igreja Católica em Mianmar é muito pequena, nós somos uma minoria, mas a fé dos católicos é forte. É uma bênção de Deus para nós, porque por muito muito tempo vivemos desconectados da Igreja por causa da situação do país.
Amor e paz é o tema da viagem, de quem mais necessita Mianmar?
Paz e reconciliação. Porque o nosso país por um longo período sofreu muito, especialmente as minorias, então necessitamos de reconciliação. E a visita do Papa irá nos unir, não só os católicos estão aguardando o Papa, mas também os budistas e outras denominações cristãs darão as boas-vindas ao Papa.
Card. Parolin: católicos em Mianmar e Bangladesh, minorias, mas sementes de paz
Cidade do Vaticano (RV) – Na noite de domingo o Papa Francisco dará início a mais uma Viagem Apostólica – a terceira à Ásia - devendo chegarem Yangun, em Mianmar, na segunda-feira, 27.
Será o primeiro Pontífice a visitar a ex-Birmânia, país de maioria budista. Três dias mais tarde, na quinta-feira, 30, se transfere para o vizinho Bangladesh, de maioria muçulmana e onde os católicos são uma minoria. Porém, são fundamentais para uma verdadeira reconciliação nacional.
O Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, acompanhará o Santo Padre na viagem. Eis o que declarou à Rádio Vaticano:
“Sim, é verdade. Nestes dois países a comunidade católica constitui uma minoria dentro da maioria respectivamente muçulmana em Bangladesh e budista em Mianmar. É lógico que a primeira atenção, o primeiro interesse do Santo Padre nesta sua viagem, será dirigida justamente à comunidade cristã, para expressar proximidade, para expressar apoio e, ao mesmo tempo, acredito que o Papa encorajará estas comunidades, além naturalmente, de confirmá-las na fé, para serem uma presença de paz, de reconciliação e de solidariedade nas próprias sociedades. Portanto, em trabalhar sobretudo para o bem comum, em não serem considerados estranhos à realidade de seu país, mas finalmente integrados e capazes de dar uma contribuição ao crescimento civil e pacífico destes países”.
RV: Na Ásia, infelizmente voltaram a soprar ventos de guerra, com as tensões entre Coreia do Norte e Estados Unidos. Podemos esperar do Papa Francisco um novo convite para se buscar sempre o caminho do diálogo?
“Acredito que sim. O Santo Padre várias vezes já convidou a buscar o caminho do diálogo para resolver as controvérsias existentes. Acredito que o fato de encontrar-se na Ásia, muito próximo desta área de crise que atualmente inquieta e preocupa todo o mundo, será uma ocasião para renovar este apelo. O Santo Padre está sempre disposto em oferecer toda a sua ajuda e o da Santa Sé, para tentar enfrentar e resolver estes problemas por meio do diálogo, a negociação e o encontro. Acredito que mais uma vez, nesta circunstância, renovará este apelo, sabendo que fora destes meios, não existe a possibilidade de resolver de maneira pacífica estas situações tão preocupantes, sabendo justamente, como os Papas já repetiram tantas vezes, que nada é perdido com a paz e tudo pode o ser com a guerra, sobretudo quando se trata, como neste caso, de uma guerra atômica”.
RV: Nos dois países existem refugiados, que vivem em condições desumanas. O Papa pedirá aos governos e à comunidade internacional para resolverem este drama humanitário?
“Sim, certamente. É bem sabido que o Papa já manifestou mais vezes a sua atenção em relação à situação destes refugiados. Bastaria pensar no apelo pronunciado após o Regina Coeli de 24 de maio de 2015. Naturalmente, o apelo do Papa vai sempre nesta direção, antes de tudo, de insistir na acolhida dos refugiados, e portanto, de exprimir também o apreço e agradecimento pelos países que assumem estas pessoas que fogem de seus países, que têm necessidade de ajuda, de assistência pela situação de grande vulnerabilidade e sofrimento em que se encontram. Depois, o seu apelo vai no sentido de convidar a comunidade internacional a oferecer toda a assistência humanitária possível diante deste drama. Acredito, depois, no final, que o seu apelo é um convite a uma solução duradoura destes problemas, sobretudo naquilo que diz respeito ao Estado de Rakhine, em Mianmar, e os refugiados que vivem esta situação. Uma solução duradoura que seja buscada por parte de todos os atores, de todos os protagonistas em espírito humanitário, levando em consideração também a importância para as pessoas, para a população, de ter uma nacionalidade e sabendo que somente esta solução duradoura pode oferecer estabilidade, paz e desenvolvimento àquela região e a todas as áreas de conflito”.
RV: Em Bangladesh os pobres são mais de um terço da população. Sofrem também pelas cheias provocadas pelas mudanças climáticas. É aquilo que o Papa Francisco denuncia na Laudato Si...
“Acredito que na Laudato Si o Papa coloca justamente o foco na relação entre as mudanças climáticas e a pobreza, no sentido de que são os pobres que mais sofrem os efeitos das mudanças climáticas. Isto acontece também em Bangladesh, onde esta relação entre a pobreza, as mudanças climáticas e a degradação ambiental, mesmo se neste último caso acredito que valha a pena insistir, ou ao menos recordar, que foram dados passos notáveis, bons passos em frente, quer no que diz respeito ao cuidado com o ambiente, como foi reconhecido pelo próprio programa das Nações Unidas para o ambiente, quer na luta contra a pobreza. Vários milhões de pessoas saíram da situação de pobreza extrema. Isto encoraja o país a seguir em frente nesta direção, sem esquecer que é preciso também a ajuda da comunidade internacional, a qual não pode desinteressar-se destas situações, mas deve estar ali para apoiar os esforços, de tal forma que se saia desta situação de pobreza e ao mesmo tempo de assumir o cuidado com o ambiente”.
RV: Mianmar é um país com 90% de budistas e o Bangladesh é de maioria muçulmana. O que o Papa irá propor nos encontros com os líderes religiosos locais?
“Irá propor o que sempre propôs nos países onde estão presentes várias religiões, diversos grupos religiosos, isto é, o diálogo inter-religioso como forma de encontro entre estas religiões e a colaboração pelo bem comum da sociedade. A ideia, justamente, é de que as religiões possam dar uma contribuição notável à paz, ao desenvolvimento, à reconciliação, à convivência pacífica entre os povos, e isto se pode realizar nos países, caso se unirem para trabalhar juntos neste sentido”.
Papa enviará ajuda à República Democrática do Congo
Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco, por meio do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, decidiu enviar uma ajuda concreta para o socorro das populações que sofrem com o conflito que há meses martiriza a região do Grande Kasai, na República Democrática do Congo, e que até agora provocou a morte de mais de 3.400 pessoas, além de pesados danos materiais.
A ajuda do Pontífice - anunciada na quinta-feira na Basílica de São Pedro durante a Oração pela Paz no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo - será destinada às três Dioceses mais atingidas pelo conflito e será empregada em obras de assistência.
Tal contribuição insere-se nas diversas iniciativas organizadas em toda a Igreja Católica e que envolvem, além das várias Conferências Episcopais, inúmeros organismos de caridade.
Entre estes, a Caritas Internationalis, que há tempos lançou um apelo de emergência para responder às necessidades mais urgentes.
Encontro da Scholas: transmitir valores de soliedariedade pelo futebol
Roma (RV) – Realizou-se nesta sexta-feira no Oratório da Basílica São Paulo-fora-dos Muros, o segundo encontro com a Futval, o programa educativo da Fundação Pontifícia Scholas Occurentes, voltado a transmitir os valores da solidariedade por meio do futebol.
O principal objetivo da iniciativa – pensada para agir diretamente na sensibilização de jovens e crianças mediante o esporte – é o de harmonizar o desenvolvimento dos jovens que vivem em contextos complexos, envolvendo-os ativamente nas próprias comunidades.
Nos três Centros FutVal na Itália – Como, Roma e Nápoles – é adotada a metodologia do projeto para promover o “pacto educativo”, com o ensino do futebol.
O trabalho é dirigido aos jovens e é subdividido em uma atividade de base para crianças dos 5 aos 12 anos (polivalente, lúdica, educativa, técnico-tática), e em uma atividade competitiva para os jovens dos 13 aos 16 anos (condicional, lúdica, técnico-tática e competitiva).
Das 9 às 13 horas, os técnicos de associações esportivas e escolas de futebol que aderiram ao projeto, seguiram o curso sobre formação de jogadores “Desenvolver a colaboração”, dado pela formadora do Departamento Júnior A.I.C., Veronica Brutti,e coordenado por campeões do mundo como Simone Perrota e Stefano Ghisleni.
O projeto terá prosseguimento com outros dois encontros, previstos para 15 de dezembro e 26 de janeiro de 2018.
Scholas Occurrentes
Scholas Occurentes é uma organização internacional de direito pontifício criada pelo Papa Francisco em 13 de agosto de 2013. Nasceu nas periferias de Buenos Aires, por incentivo do então Cardeal Jorge Mario Bergoglio, e hoje é uma organização internacional de direito pontifício presente em 190 países, com uma rede que compreende 446.133 escolas e redes educativas religiosas e leigas, quer públicas como privadas, voltadas a promover a cultura do encontro pela paz por meio da educação.
Já “Scholas cidadania” é o programa para a formação dos estudantes das escolas superiores que ressalta a importância da participação e o empenho cívico, favorecendo uma abordagem construtiva dos problemas cotidianos da comunidade.
Santidade, a herança de Madre Catalina que será beatificada este sábado
Cidade do Vaticano (RV) – Este sábado, 25 de novembro, será beatificada em Córdoba, Argentina, Catalina de Maria Rodriguez.
O Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, falou à Rádio Vaticano sobre o seu exemplo:
“Recentemente o Papa Francisco disse que na Igreja, cada vocação ao matrimônio, à vida consagrada, ao sacerdócio – inicia com um encontro com Jesus, que nos dá uma nova esperança e uma nova alegria. É Jesus, portanto, que se coloca em nosso caminho e nos pergunta: “O que procuras?” E espera o nosso discernimento para dar a ele a resposta correta, para experimentarmos também nós alegria e esperança nova.
A Beata Catalina, encontrando o Senhor Jesus, deu a ele uma dupla resposta: tornar-se esposa exemplar, e depois, quando ficou viúva, coroar o sonho de juventude de consagrar-se totalmente a Deus, fundando a Congregação das Irmãs Escravas do Coração de Jesus. Deu vida, portanto, a uma Congregação feminina de vida atuante, dedicada à evangelização da mulher, grande e pequena, e sobretudo pobre”.
RV: O que poderíamos saber mais sobre esta Beata argentina?
“Em toda a sua vida, quer quando casada, quer como consagrada, a Beata Catalina divulgou por todos os lugares o bom odor das suas virtudes, com uma constante atitude de amabilidade, gentileza, doçura. Manifestou um profundo espírito de fé, que se tornava visível na oração, na participação na Missa, na Adoração Eucarística, na devoção a Nossa Senhora, na obediência ao Papa e aos Bispos. No Instituto, o dia 29 de cada mês é dedicado à oração pelo Santo Padre e a oferta da Missa e da comunhão segundo as suas intenções”.
RV: O que o senhor poderia nos dizer sobre a virtude príncipe de toda a santidade, que é a caridade?
“Não pode haver perfeição sem a caridade, rainha das virtudes. A caridade de Madre Catalina se manifestava no amor ao próximo e na prática das obras de misericórdia corporal e espiritual. A caridade animava o carisma fundamental do Instituto, voltado à redenção espiritual e social das meninas, das jovens e das mulheres pobres, regeneradas pelos Exercícios Espirituais.
Eram os pobres e os humildes os preferidos da Madre. Mas praticava a sua gentileza também na sua atitude de bondade pelas domésticas, os empregados, os operários, todos aqueles que iam trabalhar com as irmãs.
Seguidamente servia ela mesma as jovens doentes, procurando seus médicos e remédios. Uma especial ternura tinha pelas Irmãs, dando ordem à enfermeira para reservar as coisas melhores para elas. Assim fazia também com as pessoas de serviço. A sua caridade se exaltava no perdão das ofensas, retribuindo o mal com o bem”.
RV: Para concluir, o senhor gostaria de deixar uma mensagem para todos nós hoje?
“Madre Catalina fez frutificar da melhor forma os numerosos talentos humanos e espirituais recebidos de Deus, e o fez conservando sempre um comportamento modesto e humilde. Para ela, uma irmã soberba era uma monstruosidade. Não obstante fosse a fundadora, no início foi sacristã e foi designada a ela uma cela incômoda, sem janelas, na qual entrava a fumaça da cozinha.
Educada na escola inaciana dos Exercícios espirituais, a Madre viu com generosidade o espírito, servindo o próximo por amor, prestando o seu serviço apostólico para a maior glória de Deus e em conformidade com a sua vontade, na abnegação de todo amor próprio e de todo interesse pessoas. É a santidade a herança da Beata Madre Catalina”.
Aberta em Roma Exposição Internacional de Presépios
Roma (RV) – A 42ª Exposição Internacional “100 Presépios” foi inaugurada na quinta-feira, 23, na Sala do Bramante da Basílica de Santa Maria do Povo, em Roma, na presença do Secretário Geral do Vicariato de Roma, Dom Gianrico Ruzza.
Durante a cerimônia, pequenos atores da escola de Teatro “del Torrino”, de Roma, encenaram a “Posada”, ritual festivo do período natalino típico dos países da América Central. O evento foi realizado em colaboração com a embaixada da Guatemala junto à Santa Sé.
A Mostra deste ano apresenta 150 novos presépios provenientes de todas as regiões italianas e de outros 40 países.
No âmbito da exposição – que permanecerá aberta todos os dias, mesmo feriados, das 10 às 20 horas, até 7 de janeiro – se realizará um laboratório para crianças dos 5 aos 11 anos “O Presépio como brinquedo”, realizado em colaboração com a Academia de Belas Artes de Roma.
Franciscanos anunciam criação de única Universidade e nova Fraternidade
de Jackson Erpen
Cidade do Vaticano (RV) – A criação de uma única Universidade franciscana foi anunciada ao Papa Francisco no início da audiência de quinta-feira, 23/11, pelo Ministro Geral dos capuchinhos Frei Mauro Jöhri, em nome dos membros das famílias franciscanas da Primeira Ordem e da Terceira Ordem Regular.
Ilustrando o “percurso que estamos realizando juntos” desde 2013 - quando por ocasião da visita a Assis o Pontífice deu a indicação para “permanecerem unidos” – o religioso também comunicou que em 8 de dezembro próximo, na cidade italiana de Rieti, “terá início um novo caminho, uma nova Fraternidade”, composta por frades menores, conventuais e capuchinhos, e que já estão em andamento “projetos de estreita colaboração como os cursos trimestrais de formação para os missionários em Bruxelas”, na Bélgica, e “os cursos de atualização aos formadores das três Ordens masculinas na África”.
Rezar, envolver comunidades e denunciar a situação no Sudão do Sul
De Cristiane Murray
Cidade do Vaticano (RV) - O Padre Raimundo Rocha dos Santos é maranhense, comboniano e foi missionário no Sudão do Sul. Atualmente se encontra em Roma, para um ano sabático, e colabora com o Programa Brasileiro em especiais sobre a ação missionária. Ele participou quinta-feira (23/11) da transmissão ao vivo da oração para o Sudão do Sul e a República Democrática do Congo, na Basílica de São Pedro, e comentou conosco a iniciativa do Papa:
" A oração do Papa Francisco pelo Sudão do Sul foi uma proposta do grupo Solidarity for South Sudan, um grupo de congregações religiosas e missionárias que trabalha no Sudão do Sul com trabalhos de educação, pastorais e saúde. Diante da realidade de guerra e violência lá no Sudão do Sul, fizeram esta proposta ao Papa Francisco, que imediatamente acolheu, porque ele é muito sensível e solidário com a realidade da África e de modo particular com o Sudão do Sul”.
“A oração foi muito bonita, bem elaborada e bem participada; e falou um pouco da realidade dos dois países: a situação de guerra, de sofrimento das vítimas, e a necessidade de uma paz duradoura para os dois países e para o mundo, porque a oração era também pela paz mundial”.
“O Papa é uma pessoa cada vez mais próxima do Sudão do Sul. Ele quis visitar o país ainda este ano e não lhe foi possível devido à insegurança que existe no momento, mas ele está sempre antenado, em comunhão com a realidade local. Esta é uma maneira de ajuda: rezando pela paz e pelas pessoas deste país, e ao mesmo tempo, envolvendo a comunidade católica e outras religiões, inclusive, que estiveram presentes com seus representantes nesta oração”.
“Esta oração é também uma forma de denúncia, indiretamente, pois ao rezar pela paz, se fala da situação de violência, de violação de direitos humanos, de guerra, de sofrimento, de morte, destes dois países africanos”.
Missão: da pastoral de conservação a uma pastoral missionária
de Mariangela Jaguraba
Cidade do Vaticano (RV) - Voltamos ao nosso espaço de missão com o Conselheiro Geral da Congregação dos Missionários da Consolada, Pe. Jaime Carlos Patias, que visitou recentemente a nossa emissora.
Pe. Jaime fez parte da equipe de coordenação das Pontifícias Obras Missionárias (POM), como assessor de comunicação.
Ele conversou com Raimundo Lima sobre a conversão pastoral que nos foi pedida pela Conferência de Aparecida, realizada em 2007: passar de uma pastoral de conservação a uma pastoral missionária.
(MJ)
Condição do trabalhador brasileiro apresentada no Vaticano
de Cristiane Murray
Cidade do Vaticano (RV) – O mundo do trabalho, nos últimos cinquenta anos: “Da Populorum Progressio à Laudato si. O trabalho e o movimento trabalhista no centro do desenvolvimento integral, sustentável e solidário”. Este é o tema do encontro que se encerra nesta sexta-feira (24/11), com a presença do Papa Francisco, no Vaticano, organizado pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Objetivos, análise e propostas
Expoentes dos principais sindicatos do mundo, especialistas no campo das ciências sociais, delegações de mais de 40 países e representantes de movimentos cristãos de trabalhadores participaram de dois dias de debates, visando abrir uma reflexão e pensar agendas que priorizem a pessoa e sua dignidade, e políticas públicas voltadas ao seu desenvolvimento material e espiritual.
Para o Cardeal Peter Turkson, Presidente do dicastério organizador, é necessário promover um trabalho digno com a colaboração dos sindicatos. “O fato que a tecnologia subtraia trabalho ao ser humano é um desafio para o mundo moderno. O risco é que homens e mulheres façam um trabalho ‘escravizado’...
Carmen Foro é a representante do Brasil no Seminário. Ela é a vice-presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores, CUT.
Ouça-a e baixe aqui a reportagem:
“Este encontro é de fundamental importância para os desafios que temos na humanidade neste último período. Trazemos aqui a nossa experiência enquanto CUT no Brasil, as nossas lutas, e a vontade de sairmos muito mais fortalecidos para enfrentar a perversidade do capital no último período e organizar cada vez mais os trabalhadores”.
“A realidade dos trabalhadores brasileiros hoje é grave, de retrocesso absoluto de tudo o que conquistamos até este momento. No Brasil, hoje há a aprovação e a aceitação do trabalho escravo pelo governo. Há destruição do Estado, das leis do trabalho, a tentativa de reformas que retiram um conjunto de direitos e o mais grave para nós, neste momento, é que a população pobre: negros, jovens, mulheres, estão sendo os mais afetados. Estamos aqui porque sentimos que é preciso somar desejos de mudanças , que o nosso coração continue cheio de vontade de transformar a realidade social de meu país e do mundo todo”.
“O Papa Francisco é um ícone na história do mundo; ele será um parceiro fundamental do movimento sindical internacional e das organizações sindicais, porque sua palavra tem alcance profundo e porque a Igreja católica pode e muito contribuir com o processo de transformação que o mundo precisa neste momento”.
Atentado contra mesquita no Egito mata ao menos 235 pessoas
Cairo (RV) – Sobe para 235 o número de mortos no ataque ocorrido na manhã desta sexta-feira contra uma mesquita no norte da Península do Sinai.
Segundo a Agência oficial Mena – que cita fontes de segurança do Cairo – ao menos 125 pessoas ficaram feridas no ataq
Homens armados não identificados, suspeitos de fazerem parte de grupos islâmicos, lançaram uma bomba contra a Mesquita al-Rawdah, para então abrir foco contra os fiéis que rezavam no dia sagrado para os muçulmanos.
Nenhum grupo assumiu o atentado, o mais mortal na Península do Sinai há anos. Segundo fontes locais, as vítimas são muçulmanos pertencentes à corrente mística "sufi", considerada apóstata pelo Estado Islâmico.
As forças armadas do Egito, com o uso de drones, afirmaram ter matado 15 milicianos envolvidos no atentado em uma região desértica próxima a Bir al-Abed, a oeste da cidade de Arish.
O Presidente egípcio al-Sisi reuniu o gabinete para uma reunião de emergência. Foi decretado luto oficial de três dias no país.
Chefes de Estado e Governo de diversos países condenaram o atentado, ao mesmo tempo em que reafirmam o compromisso de lutar contra o terrorismo.
Este é mais um atentado no âmbito das violências perpetradas contra as comunidades religiosas não-islâmicas ou que seguem um tipo de islã diferente daquele oficial sunita.
No decorrer de 2017, a comunidade cristã egípcia foi alvo de uma série de ataques. O último dos quais, o atentado contra um ônibus em 26 de maio, que matou dezenas de peregrinos coptas.
Milicianos do Isis cometem constantes ataques, sobretudo no Sinai, com o objetivo de instabilizar o governo do Presidente Abdel Fattah al-Sisi.
Desde a deposição do ex-Presidente islâmico Mohammed Morsi em 2013, terroristas islâmicos assassinaram centenas de soldados e policiais.
* com Agências