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Sumario del 27/11/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Entrevistas

Formação

Papa e Santa Sé



Papa chega a Mianmar para visita inédita

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Yangun (RV) – A espera chegou ao fim: o Papa desembarcou no aeroporto internacional de Yangun para a inédita visita de um Pontífice a Mianmar.

O Santo Padre foi acolhido por um Ministro-delegado da presidência, junto a todos os Bispos da Conferência Episcopal. Crianças das paróquias da cidade e dos arredores, inclusive da zona rural, ofereceram flores a Francisco.

Nas boas-vindas, não estavam previstos discursos, mas somente o piquete de honra. A cerimônia oficial está marcada para terça-feira (28/11) no palácio presidencial, em Nay Pyi Taw.

Do aeroporto Francisco se dirigiu diretamente para a sede do Arcebispado, que fica na parte centro-oriental da cidade, que durante décadas foi a capital de Mianmar. Hoje, residem em Yangun cerca de cinco milhões de pessoas.

Acolhida calorosa

No trajeto, percorrido em carro fechado, o Pontífice pôde acenar aos moradores reunidos em oito pontos organizados nos 18 quilômetros que separam o aeroporto do centro. Pelas ruas, milhares de pessoas deram as calorosas boas-vindas ao Papa, com bandeiras do Vaticano e de Mianmar e camisetas preparadas para a ocasião. Havia freiras rezando o Ave-Maria, grupos cantando e dançando com trajes tradicionais, famílias, fiéis, curiosos - todos com muito entusiasmo não obstante a espera e o calor. O trânsito, que normalmente já é caótico, foi parcialmente desviado. Somente nos últimos dias, as ruas foram enfeitadas com cartazes anunciando a chegada de Francisco. Até então, os outdoors eram visíveis só diante das igrejas da cidade.

No quarteirão do Arcebispado fica também a Catedral de Santa Maria, a mais importante do país. O edifício construído com tijolos marrons remonta ao ano de 1909, em estilo neogótico herdado dos colonizadores britânicos. Na Catedral será celebrado o último encontro do Pontífice com a comunidade católica birmanesa, que vai marcar também a despedida do país: a missa com os jovens na quinta-feira (30/11). Ali, Francisco foi recebido com mais festa, cantos e danças. Desceu do carro, saudou o grupo e ingressou na sua residência nesses quatro dias de permanência em Mianmar.

Oficialmente, nesta segunda-feira não estão previstos encontros para o Papa, depois de cerca de 10 horas de voo. O Pontífice concelebrou a missa de forma privada com o séquito e presidida pelo Cardeal-Secretário de Estado, Pietro Parolin.

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Papa acolhido calorosamente em Yangun

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Yangon (RV) – O Papa Francisco já está em Mianmar, país que pela primeira vez recebe a visita de um Papa. A acolhida calorosa e os milhares de fiéis e curiosos nas ruas de Yangun surpreenderam, como relatou ao Programa Brasileiro da RV esta manhã, nossa enviada especial, Bianca Fraccalvieri: 

Para conhecer um pouco mais sobre a atuação da Igreja Católica em Mianmar, veja as imagens deste vilarejo onde trabalham as Irmãs do Bom Pastor:

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Papa celebra missa em sua 'casa' birmanesa

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Yangun (RV) - No final da tarde desta segunda-feira (27/11), na capela da sede do Arcebispado em Yangun, o Papa Francisco presidiu uma Celebração Eucarística na presença de religiosas e alguns sacerdotes.

Yangun, ex-capital de Mianmar, tem cerca de 5 milhões de habitantes e os problemas inerentes a todos grandes centros urbanos. Situada no continente asiático, é uma realidade desconhecida para a maioria dos brasileiros. Nossa enviada à ex-Birmânia, Bianca Fraccalvieri, caminhou pelas ruas da cidade e captou algumas imagens:

 

 

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Mianmar: Papa se reúne com Chefe das Forças Armadas

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Cidade do Vaticano (RV) – A Sala de Imprensa divulgou uma nota a respeito da visita de cortesia realizada pelo General Min Aung Hlaing ao Papa na sede do Arcebispado de Yangun - onde Francisco está alojado - na manhã desta segunda-feira (27/11), 17h55 no horário local.

De acordo com o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, em 15 minutos de encontro o Papa abordou "a responsabilidade das autoridades nesta época de transição no país".

Neste primeiro dia de viagem a agenda não contemplava compromissos e o encontro com o general estava previsto para 30 de novembro, tendo sido antecipado.

O General Min Aung Hlaing é o máximo responsável militar birmanês, sendo por isso o responsável pela ofensiva das forças birmanesas que provocou o êxodo dos rohingyas no estado de Rakhine (norte).

Participaram do encontro também de três generais do Serviço Especial de Operações e um tradutor da Igreja Católica da Birmânia.

A nota do Vaticano define a reunião como "uma visita de cortesia" ao Chefe do Exército birmanês, que controla os ministérios da Defesa, Administração Interna e Fronteiras. Eles trocaram presentes no final do encontro.

Confira aqui a situação das 88 famílias que vivem no campo de refugiados de Jan mai Kong, no estado de Kachin. O campo é administrado pela Igreja católica.

 

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Por que o Papa é bem-vindo em Mianmar: monja responde

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Yangun (RV) – “Fiéis mornos” – para usar uma terminologia do Papa Francisco – existem em qualquer religião, inclusive entre os budistas. 

Por isso, a monja birmanesa Keta Mala criou a “Fundação Escola Dhamma”, para resgatar entre os fiéis os valores tradicionais budistas. A finalidade, afirma ela em entrevista à Rádio Vaticano, é reaproximar as pessoas da religião, combatendo a indiferença e contribuindo para a formação de jovens e crianças. Uma nova geração para que seja mais consciente de sua fé, da profunda espiritualidade e não repita os preceitos “como papagaios”, como diria Francisco.

Assim como no Cristianismo, no Budismo há inúmeras tradições. Naquela birmanesa, somente os homens podem ser “ordenados”, diferentemente do que acontece em Sri Lanka, por exemplo. As monjas são relegadas a um papel secundário dentro e fora dos mosteiros. E esta também é uma luta para Keta Mala, bem ciente de que esta batalha durará ainda muitos anos.

Quanto ao diálogo inter-religioso, a monja afirma que os conflitos internos comprometeram sua eficácia. Atualmente, os ânimos estão muito acirrados, exaltados inclusive devido à pressão da comunidade internacional. Ela afirma que os birmaneses se sentem injustamente atacados, e é por isso que o Pontífice é bem-vindo:

“O Papa Francisco é realmente um grande líder para os cristãos, mas não só, também para todas as pessoas do mundo. O nosso país está enfrentando inúmeras dificuldades neste momento, mas com a vinda do Papa ao país nós sentimos que ele está conosco, nós sentimos que ele se preocupa com nosso país e será uma benção para nós. É por isso que me sinto muito feliz e muito grata com a sua vinda.”

No programa da visita, o Papa se reunirá com o Conselho Supremo Budista de Mianmar na tarde de quarta-feira. 

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Mianmar: oportunidade única de desenvolvimento

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Yangun (RV) – O desenvolvimento de Mianmar é agora: é o que defende Silvia Morimoto, que trabalha na Agência das Nações Unidas para o Desenvolvimento, PNUD.

Em entrevista ao Programa Brasileiro, Silvia afirma que o país está vivendo uma oportunidade única em termos de desenvolvimento, com o aumento dos investimentos, geração de empregos e, consequentemente, com o aumento do PIB.

“O que preocupa a ONU é que seja um desenvolvimento sustentável, ecológico, ajudando o máximo possível a população”, afirma a brasileira, acrescentando que a Agência da ONU promove transferência de tecnologia, conhecimento e capacitação junto aos funcionários do governo.

Ouça a entrevista completa, em que Silvia fala também da preocupação do PNUD com a condição de vida das mulheres: 

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Mianmar aprende com o Brasil a combater desmatamento

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Yangun (RV) – Desmatamento: este é um problema comum entre Brasil e Mianmar.

O país que acolhe Francisco tem cerca de 43% de sua extensão coberta por florestas e o ocupa o terceiro lugar no ranking das nações que mais desmatam, segundo o Forest Resource Assessment de 2015. Nesta lista, o Brasil aparece em primeiro lugar, embora tenha conseguido reduzir gradativamente o índice de desmatamento na Amazônia depois de 2008.

Durante 10 dias, uma delegação de Mianmar visitou nosso país em julho passado para estudar como instituições públicas e privadas têm trabalhado juntas para atingir o objetivo de reduzir os índices de desflorestamento.

“Nós aprendemos como o setor agrícola no Brasil manteve a produtividade sem incrementar o desmatamento e como o setor privado pode ajudar os agricultores a se adaptarem às mudanças climáticas”, declarou Ohn Winn, chefe da delegação birmanesa.

Em parceria com a Agência das Nações Unidas para o Desenvolvimento, os especialistas visitaram Brasília, Belém e Manaus.

Mianmar é um pouco maior que a França, com 676 mil quilômetros quadrados. Faz fronteira com Bangladesh, Índia, Tibete, China, Laos e Tailândia. Sua costa compõe o Golfo de Bengala e o Mar de Andaman. A teca é a madeira explorada para a exportação, mas as florestas também são abatidas para a produção de combustível e para os cultivos.    

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Papa em Mianmar: o programa da visita

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Yangon (RV) – O Papa Francisco chegou no início da tarde desta segunda-feira (27/11) em Yangun, Mianmar, primeira etapa desta sua nova viagem à Ásia.

Neste primeiro dia, Francisco descansa, em preparação aos encontros oficiais que terá na terça-feira, quando se deslocará para a capital Nay Pyi Taw. A única transmissão da Rádio Vaticano será o encontro com as autoridades, na terça-feira (28/11), com início às 8h45, horário de Brasília.

Eis a agenda do Papa na ex-Birmânia:

Terça-feira, 28 de novembro

No início da manhã o Santo Padre celebra de forma privada no Arcebispado, onde almoça. Logo após, se transfere ao Aeroporto de Yangun, distante 18,5 km.

Às 14 horas, o Papa parte para Nay Pyi Taw, onde será recebido às 15h10 pelo Ministro Delegado do Presidente e passa em revista a Guarda..

Às 15h50, a cerimônia de boas-vindas no Palácio Presidencial, com a visita de cortesia ao Presidente às 16 horas, o encontro com os Conselheiros de Estado e Ministros dos Assuntos Externos, às 16h30.

O encontro com as autoridades, com a sociedade civil e o Corpo Diplomático às 17h15 no International Convention Centre, conclui as atividades do Pontífice em Nay Pyi Taw, que retorna para Yangun às 18h20, transferindo-se então para o Arcebispado.

Quarta-feira, 29 de novembro

Às 9h30 o Papa Francisco preside a celebração da Santa Missa no Kyaikkasan Ground.

Às 16h15 encontra o Conselho Supremo “Sangha” dos monges budistas no Kaba Aye Centre e às 17h15 os Bispos de Mianmar na Catedral de St. Mary.

Quinta-feira, 30 de novembro

Às 10h15 o Papa celebra a Missa com os jovens na Catedral de Santa Maria e às 12h45 se despede de Mianmar no Aeroporto internacional de Yangon, de onde parte para a capital de Bangladesh, próxima etapa de sua viagem, às 13h05.

* Os horários indicados são sempre os locais

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Bengaleses aguardam o Papa: sabemos alegrar-nos com o pouco que temos

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Daca (RV) - Enquanto a visita do Papa Francisco tem início em Mianmar, nosso olhar se volta brevemente para a segunda etapa desta 21ª viagem apostólica internacional: Bangladesh, onde chegará na tarde desta quinta-feira, 30 de novembro. 

“A visita do Santo Padre é ocasião para mostrar ao mundo a riqueza de Bangladesh, onde diferentes comunidades por confissão religiosa e tradições sociais e culturais conseguem conviver.”

É o que afirma à agência missionária Fides o encarregado pelos bispos bengaleses do Comitê para a mídia criado para a visita pontifícia, Pe. Kamal Corraya.

Igreja do Santo Rosário, 1ª catedral de Bangladesh

Originário da cidade de Gazipur, onde é particularmente significativa a presença de católicos – num país onde os cristãos são exígua minoria –, Pe. Corraya encontra-se no complexo da Igreja do Santo Rosário de Daca, “a primeira catedral instituída em Bangladesh, um prédio do Séc. XVII, várias vezes reestruturado, que acolhe também as lápides dos missionários portugueses.

Na manhã de sábado, 2 de dezembro – após ter visitado a adjacente Casa Madre Teresa de Tejgon –, o Papa Francisco encontrará nesta Igreja “cerca de dois mil sacerdotes, religiosos, consagrados, seminaristas e noviças”, antes da visita ao cemitério paroquial e do encontro com os jovens no Colégio Notre Dame.

Riqueza do país do sudeste asiático: saber conviver com a diversidade

“Cerca dez mil estudantes provenientes de todos os cantos do país, de todas as culturas e religiões, estarão no Colégio. Essa é a riqueza de Bangladesh: a sua diversidade, a capacidade de saber conviver, apesar das dificuldades”, observa o sacerdote.

“O Santo Padre, com a sua mensagem de paz e harmonia, nos ajudará a fazer com que seja melhor conhecido o riquíssimo patrimônio cultural do nosso país, do qual somos orgulhosos, mas que muitas vezes é ofuscado pelos estereótipos sobre pobreza, extremismo, desastres ambientais”, explica o presbítero, enquanto alguns operários concluem a pavimentação e outros dão o acabamento nos canteiros.

Muitos na Comunidade islâmica apreciam mensagem do Papa

“São trabalhos que fazemos para acolher o Papa da melhor forma possível. A Igreja financia apenas uma parte. O restante provem de muitas doações privadas. Entre os benfeitores encontram-se também vários muçulmanos: na comunidade islâmica muitos reconhecem o papel da Igreja, sobretudo no campo da educação. E são ainda em maior quantidade os que apreciam a mensagem do Papa.”

Os católicos em Bangladesh são uma exígua minoria: são cerca de 370 mil segundo estimativas governamentais, numa população de quase 170 milhões de pessoas.

“O Santo Padre começou a ser conhecido e mais apreciado após a tragédia de Rana Plaza”, o edifício onde funcionavam empresas têxteis que desabou em 2013, causando a morte de mais de mil pessoas.

Naquela ocasião o “Papa Francisco condenou quem explorava os ‘novos escravos’, referindo-se aos trabalhadores, e isso impressionou muito as pessoas, que sentiram sua proximidade”, recorda Pe. Corraya.

Mensagem do Papa acessível a todos

Mesmo num país de maioria islâmica, há consonância entre as palavras do Papa e os sentimentos da população: “A mensagem do Papa é uma mensagem acessível a todos”.

“Simples, mas forte. Nós bengaleses somos assim. Simples, pobres, mas fortes. Porque sabemos alegrar-nos com o pouco que temos. É uma felicidade muitas vezes incompreensível para quem vem de países ricos. Mas temos essa capacidade. E com a visita do Papa Francisco conseguiremos consolidá-la e torná-la conhecida ao mundo”, acrescenta ele.

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Card. Parolin: a doutrina social deve ser conhecida e testemunhada

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Cidade do Vaticano (RV) - “A doutrina social fornece, num contexto caracterizado pelo déficit de uma política amiga da pessoa – muitas vezes distante das necessidades do povo – e pela ausência de uma visão de longo alcance, uma plataforma de bens e valores. Os fiéis e todos os homens de boa vontade são chamados a convergir para esta plataforma.” 

Foi o que disse o secretário de Estado vaticano, Cardeal Pietro Parolin, durante a homilia da celebração eucarística de conclusão do Festival da Doutrina social da Igreja, presidida este domingo (26/17) em Verona, norte da Itália.

Tomar consciência da dimensão social da fé

“O fiel é chamado a tomar consciência da dimensão social da sua fé. Como evidenciou o Papa Francisco na Evangelii Gaudium, o fiel não pode ignorar as razões profundas de seu compromisso missionário em toda realidade terrena”, acrescentou o purpurado.

É, portanto, chamado “a viver um amor pleno de verdade em todo âmbito da sua vida e das suas relações, incluindo a atividade financiaria e econômica”.

Toda ação social e política deve ser finalizada ao bem comum

Daí, o convite a testemunhar “o amor de Cristo com a defesa da vida nascente e da vida que chega a seu ocaso, com a inclusão social dos pobres, com a instauração de uma sadia economia mundial, ajudando as pessoas que são chamadas a trabalhar, em nível social e político, a preparar-se para sua tarefa, não esquecendo que tudo deve ser finalizado ao bem comum”.

O Cardeal Parolin reconheceu quer o contexto em que essa tarefa deve realizar-se, ou seja, de “uma sociedade dominada por um novo individualismo radical e por uma prevalente indiferença em relação ao outro”, quer o período histórico, “em que se propagam ondas oligárquicas e populistas”.

Semear sinais de esperança que podem germinar e dar fruto

Apesar disso, observou a exigência de “semear – onde há sinais de desespero e de desencorajamento – sinais de esperança que podem germinar e dar fruto”.

Por este motivo, “a doutrina social precisa ser conhecida, estudada, comunicada, experimentada e, por conseguinte, testemunhada quer mediante a formação dos quadros das associações, das organizações e dos movimentos, quer mediante realizações exemplares”.

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Primeiro o gesto, depois a palavra: eis o pontificado de Francisco

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Cidade do Vaticano (RV) – O Pontificado de Papa Francisco recupera a força da mensagem evangélica através de um binômio vencedor: primeiro o gesto, depois a palavra. Segundo Pe. Rocco d’Ambrosio, professor italiano da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Pontifícia Gregoriana, de Roma, é muito importante ligar as palavras de Francisco ao seu testemunho quotidiano: 

“Um homem que deixa o Palácio Apostólico para morar numa pequena pensão junto aos outros é um testemunho. Como aquele lindo testemunho na Ilha de Lesbos, junto ao Patriarca Bartolomeu e aos bispos católico e ortodoxo, quando saudou durante três horas e meia, pessoa por pessoa, os quatro mil refugiados. São os sinais de quem consegue dizer, concretamente: podemos viver das pobrezas. Os pequenos sinais constróem, então, as grandes escolhas deste Pontificado. Mas, se esse testemunho consegue chegar nas igrejas locais, essa é uma coisa mais difícil.”

O Pe. Rocco lançou um livro, disponível também em português, que questiona esse modelo de Igreja proposto pelo Papa Francisco, através de uma análise institucional. “Francisco vai conseguir?” é o título da obra que estuda os movimentos atuais para tentar entender se a reforma do Pontífice terá ou não sucesso.

“O Papa Francisco é conhecido não somente dentro da Igreja, mas consegue falar inclusive para fora dela. E como aborda temas muito importantes, que são aqueles do Concílio Vaticano II, a pergunta do livro é sobre isso: se conseguirá trabalhar nesse tipo de reforma, que naturalmente é uma continuidade aos pontificados anteriores.”

A reforma tem origem nos encontros das Congregações, feitos antes mesmo do conclave que elegeu Francisco, e é direcionada em dois importantes pontos: a referência ao Concílio Vaticano II (novo estilo de presença da Igreja no mundo, a missão, a opção preferencial pelos pobres, novo movimento ecumênico e a reforma da Cúria) e o problema dos escândalos (desde aquele pior para a Igreja, como a pedofilia, àquele da administração econômica da Santa Sé – mas também das dioceses e das Ordens Religiosas; e do “carreirismo”, a relação com o poder).

O Pe. Rocco comenta que, apesar da reforma dentro da Igreja ser evangélica, isto é, tentar nos tornar “mais fiéis ao Evangelho”, ainda existe muita resistência à inovação – como acontece em todas as instituições: de um lado por causa do tempo natural e necessário para a adaptação à mudança, do outro pelo discurso de poder, porque “quem comanda acaba colocando o dedo na ferida”.

No entanto, o coração da reforma de Papa Francisco não enaltece as resistências, mas as perspetivas e aquelas que vêm de baixo, intrínsecas inclusive nas diversas expressões usadas pelo Pontífice como “Igreja em saída”.

“Acredito que isso seja o ponto fundamental. É como se o Papa dissesse: tentemos enfrentar um problema, colocando de lado a perspetiva, isto é, os problemas econômicos, de poder, de desenvolvimento. A gente sempre viu do lado de quem comanda e tem responsabilidade. Tentemos ver esses problemas do lado de quem não há responsabilidade, lá de baixo. Gosto sempre de citar uma passagem da Encíclia Laudato Si’, em que o Papa diz: ‘quem é mais atingido pelos desastres ecológicos?’. São as pessoas pobres. E ele dá um exemplo simples: se no meu bairro a água não é boa e tenho problemas com o ambiente ao meu redor, se eu tiver condições financeiras, eu mudo de casa. Se não puder, ao contrário, vivo no bairro degradado. E do ponto de vista de quem está por baixo, dá pra se compreender muita coisa.”

Como poder agir, então? Segundo Pe. Rocco é importante começar no dia a dia, de passo em passo, e o professor nos dá o exemplo de um pároco da diocese de Roma pra entender melhor:

“Ele disse que, no início, o Papa dava um certo tipo de desconforto. Depois, acabou se questionando: ‘mas é o meu bispo, é o Papa, devo entender porque me causa desconforto’. O padre deu esse testemunho publicamente e disse que chegou a compreender esse incômodo porque colocava em cheque um modelo de Igreja que lhe era muito confortável. E o modelo de Igreja de Francisco incomoda. Então, os outros padres lhe disseram: ‘depois desse discernimento, o que o senhor fez?’. Ele disse: ‘fiz uma coisa muito simples. Convoquei o conselho econômico e pedi o que estávamos fazendo para os pobres e o que poderíamos fazer a mais por eles. Era o modo mais concreto para dizer que estava compreendendo o que o Papa dizia para mim’.”

O livro “Francisco vai conseguir? O desafio da reforma da Igreja”, de Rocco d’Ambrosio, pode ser adquirido através da Editora católica das Livrarias Paulinas (www.paulinas.org.br).

(SP/AC)

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Igreja no Brasil



Morre em Paris o frei Henri des Roziers, defensor dos direitos humanos

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Paris (RV) - Frei Henri des Roziers faleceu na tarde deste domingo, 26, de novembro em Paris, aos 87 anos. Advogado de formação e dominicano por vocação, tornou-se um dos maiores defensores dos direitos dos trabalhadores rurais e camponeses da Amazônia.

Segundo o colunista Leonardo Sakamoto, a morte de Henri ocorreu devido o agravamento de seu estado de saúde (ele havia sofrido acidentes vasculares cerebrais e tinha uma miopatia congênita, que paralisava seus músculos).

Combativo, formou-se em Direito e era doutor em Direito Comparado, pela Universidade de Cambridge. Henri foi ordenado sacerdote em 1963 – cinco anos antes de participar dos protestos de estudantes e trabalhadores em Maio de 1968 nas ruas da capital francesa.

Henri vem ao Brasil em dezembro de 1978, quatro anos após a morte de frei Tito durante seu exílio, na França, em consequência da tortura que sofreu do delegado Sérgio Paranhos Fleury. Desde então, os laços com o Brasil e a Amazônia só se intensificaram.

Faleceu neste domingo, em Paris, aos 87 anos, o frade dominicano Henri des Roziers, que viveu no Brasil de 1979 a 2013. Formado em Direito, atuou como advogado da Comissão Pastoral da Terra em Goiás e no Pará. Por defender os pequenos agricultores e os sem-terra do Pará, frei Henri foi ameaçado de morte na região de Xinguara (PA), onde residia, pelos fazendeiros locais. Na lista dos “marcados para morrer”, a sua cabeça valia R$ 100 mil. A da irmã Dorothy Stang, assassinada em 2005, R$ 50 mil.

Frei Henri atuou na condenação dos assassinos dos líderes sindicais João Canuto, morto em Rio Maria (PA) em 1985, e de seu sucessor, Expedito Ribeiro de Sousa, assassinado em 1991.

Em 1994, o dominicano foi condecorado com a Legião de Honra da França, e recebeu vários prêmios nacionais e internacionais por sua atuação em prol dos direitos humanos.

Devido a graves problemas de saúde, que dificultaram sua mobilidade, frei Henri retornou a Paris em 2013.

Em 2016 a editora Du Cerf, de Paris, lançou o livro de Sabine Rousseau, ainda inédito no Brasil, “Apaixonado por justiça”, que retrata a trajetória de frei Henri des Roziers.

(POM)

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Entrevistas



Murilo Mendes e Alceu Amoroso tema de conferência na Gregoriana

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Cidade do Vaticano (RV) – Realiza-se nesta terça-feira (28), na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma a conferência “Murilo Mendes Garcia e Alceu Amoroso Lima – Cultura, Religião e Vida Literária”. Organizada pela Embaixada do Brasil junto à Santa Sé o evento contará com a participação do Professor Leandro Garcia, da Universidade de Minas Gerais e do Professor Ettore Finazzi-Agró, da Universidade “La Sapienza”, de Roma.

O Professor Leandro Garcia visitou a Rádio Vaticano e conversou sobre o evento e sobre Padre Antônio Vieira… Confira. 

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Formação



Bispo de Coroatá - MA: ninguém se sinta esquecido ou abandonado

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de Raimundo de Lima

Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, o quadro semanal “O Brasil na Missão Continental” dá hoje continuidade à edição precedente na qual nosso convidado destes dias, o bispo da Diocese de Coroatá, Dom Sebastião Bandeira Coêlho, falou-nos desta circunscrição eclesiástica da Região dos Cocais, no nordeste do Maranhão, qual Igreja em saída missionária, comprometida com os últimos da nossa sociedade. 

Tendo abraçado plenamente a “Missão Continental” oriunda da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe e tendo assumido concretamente o compromisso de testemunhar Jesus Cristo em todos os lagares da sociedade, esta Igreja particular esforça-se para que “ninguém se sinta esquecido ou abandonado”, destaca.

Numa realidade em que nas mais de 600 comunidades espalhadas pelo território diocesano o povo no campo, no interior, “se sente muito abandonado pelo Estado, pelas autoridades” – ressaltava na edição passada nosso convidado –, “pelo menos a Igreja marca presença nessas comunidades rurais afastadas”.

Nesta edição Dom Sebastião reitera essa preocupação com as periferias, ressaltando ser um desafio estar presentes também nas periferias das cidades. Destaca ainda situações de periferias existenciais em realidades de prostituição de menores e de violência juvenil.

O bispo de Coroatá evidencia a valorização dos meios de comunicação qual instrumento fundamental para se fazer chegar aos distantes, com um programa diário transmitido em quase toda a diocese fazendo chegar a todos a sua voz de pastor. Vamos ouvir (ouça na íntegra clicando acima).

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