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Sumario del 29/11/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

Papa e Santa Sé



Papa celebra em Mianmar: só o perdão cura as feridas da violência

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Yangun (RV) – “O caminho da vingança não é o caminho de Jesus”: num país ferido por conflitos internos, o Papa falou do perdão e da compaixão na missa desta quarta-feira (29/11), que marcou o tão aguardado encontro de Francisco com a comunidade católica de Mianmar.

Cerca de 150 mil fiéis participaram da celebração no complexo esportivo de Kyaikkasan Ground, a poucos quilômetros do Arcebispado de Yangun, para a primeira e única missa pública no país. 

Caravanas de inúmeras partes do país compareceram cedo ao local e, mesmo após horas de espera, saudaram calorosamente Francisco do papamóvel, antes do início da cerimônia.

Em sua homilia, comentando as leituras do dia, o Pontífice recordou que Jesus não nos ensinou a sua sabedoria com longos discursos ou por meio de grandes demonstrações de poder político ou terreno, mas com a oferta da sua vida na cruz. O Senhor crucificado é a nossa bússola segura.

E da cruz vem também a cura, acrescentou o Papa. “Sei que muitos em Mianmar carregam as feridas da violência, quer visíveis quer invisíveis. A tentação é responder a estas lesões com uma sabedoria mundana que, como a do rei na primeira leitura, está profundamente deturpada. Pensamos que a cura possa vir do rancor e da vingança. Mas o caminho da vingança não é o caminho de Jesus.”

O caminho de Jesus é radicalmente diferente, afirmou Francisco, pois quando o ódio e a rejeição conduziram Cristo à paixão e à morte, Ele respondeu com o perdão e a compaixão.

O Pontífice falou do empenho da Igreja em Myanmar, que faz o que pode para levar o “bálsamo salutar da misericórdia de Deus” aos outros, especialmente aos mais necessitados.

“Há sinais claros de que, mesmo com meios muito limitados, numerosas comunidades proclamam o Evangelho a outras minorias tribais, sem nunca forçar ou constringir, mas sempre convidando e acolhendo. No meio de tanta pobreza e inúmeras dificuldades, muitos de vocês prestam assistência prática e solidariedade aos pobres e aos doentes”, destacou o Papa.

Ressaltando a missão caritativa “sem distinções de religião ou de origem étnica” da Caritas local e das Pontifícias Obras Missionárias, Francisco encorajou os católicos a continuarem a partilhar com os demais “a inestimável sabedoria” de Deus, que brota do coração de Jesus.

A mensagem de perdão e misericórdia de Cristo, disse ainda Francisco, obedece a uma lógica que nem todos querem compreender e que encontra obstáculos. E concluiu usando mais uma de suas metáforas:

“Contudo, o seu amor é definitivamente inabalável. É como um GPS espiritual que nos guia infalivelmente rumo à vida íntima de Deus e ao coração do nosso próximo. Deus abençoe a Igreja em Mianmar! Abençoe esta terra com a sua paz!”

Após a celebração, o Papa regressou ao Arcebispado. Depois do almoço, Francisco tem oficialmente mais dois eventos: o encontro com o Conselho Supremo Budista e com os Bispos de Mianmar.

Confira aqui a presença do Embaixador brasileiro na missa celebrada pelo Papa em Yangun:

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Na missa do Papa em Yangun, peregrinos de todo o sudeste asiático

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Yangun (RV) - “Sentimo-nos felizes por acompanhar de perto o Papa Francisco durante sua viagem apostólica à Birmânia e rezamos intensamente a fim de que essa viagem possa constituir um momento especial e início de uma era duradoura de paz e reconciliação para a Birmânia.” 

Foi o que declarou à agência Fides o vigário apostólico de Phonm Penh, no Camboja, Dom Olivier Schmitthaeusler, anunciando que “a Igreja cambojana organizou uma peregrinação de quatro dias a Yangun para encontrar o Papa”: 126 cambojanos participaram da Eucaristia presidida pelo Santo Padre esta quarta-feira, entre os quais 10 seminaristas, 3 sacerdotes cambojanos, 4 sacerdotes missionários e 10 irmãs.

Entre outras, delegações do Camboja, Filipinas, Vietnã e Tailândia

A delegação cambojana é uma das muitas presentes estes dias em Mianmar provenientes de outros países do sudeste asiático como Filipinas, Vietnã e Tailândia: mais de 150 mil peregrinos estiveram presentes na missa solene que o Santo Padre celebrou esta quarta-feira (29/11) no Kyaikkasan Ground, em Yangun.

Presentes também fiéis budistas e muçulmanos, segundo afirmou à agência missionária o responsável pelas comunicações na Conferência Episcopal de Mianmar, Pe. Mariano Soe Naing. A maioria dos presentes na missa era de “fiéis birmaneses de várias etnias, que de todo o país acorreram à antiga capital”, revela o porta-voz dos bispos.

Ação Católica presente em Mianmar desde os anos 60

Muitos deles pertencem à Ação Católica birmanesa: dias atrás a responsável pela coordenação interdiocesana da Ação Católica, Lei Lei Win, ocupou-se em organizar o acolhimento daqueles que chegariam à antiga capital para participar da celebração com o Pontífice.

A Ação Católica em Mianmar constituiu-se nos anos 60 graças à ação pastoral dos missionários do Pime (Pontifício Instituto Missões Exteriores) e, em particular, de Dom Giovanbattista Gobbato.

Experiência de promoção humana promovida pela Ação Católica

Uma das principais atividades promovidas pela Ação Católica birmanesa é uma experiência de promoção humana: os membros mais jovens da associação vão aos vilarejos remotos desenvolver atividades de educação à saúde, instrução e animação para as crianças.

São os chamados “zetaman”, ou seja, “pequenos evangelizadores”, figuras características da Igreja católica em Mianmar: jovens voluntários que vão aos vilarejos isolados, a áreas inacessíveis, às áreas rurais e montanhosas e chegam onde sacerdotes e religiosos não conseguem.

Estilo de presença marcado pelo amor e amizade

Durante alguns dias partilham a vida da comunidade, transcorrem muito tempo com as crianças, num estilo de presença marcado pelo amor e amizade. Se lhes é solicitado, dão testemunho de sua fé, contam quem são e como o encontro com Jesus mudou suas vidas.

“A visita do Santo Padre nos enche de alegria. É um sinal de proximidade importantíssimo para uma pequena comunidade como a nossa. Após o encontro com o Papa Francisco se reforça nosso compromisso com um testemunho de paz e de convivência harmonioso com todas as religiões e etnias do nosso maravilhoso país”, afirma Lei Lei Win.

(Fides)

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Papa aos bispos de Mianmar: cura, acompanhamento e profecia

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Yangun (RV) – O último compromisso do Papa Francisco nesta quarta-feira (29/11) foi à tarde, às 17h15, hora local de Yangun (8h45, no horário de Brasilia) quando recebeu os 22 bispos de Mianmar na Catedral de Saint Mary, que faz parte do complexo do arcebispado, onde está hospedado. 

O Papa fez um discurso em italiano e os bispos receberam um livreto com a tradução em inglês. Depois de agradecer a todos e especialmente ao Presidente da Conferência Episcopal, Dom Félix Lian Khen Thang pela recepção calorosa, o Papa sintetizou seus pensamentos em três palavras: cura, acompanhamento e profecia.

Cura

Sobre a primeira, cura, Francisco disse que o Evangelho é sobretudo uma mensagem de cura, reconciliação e paz e em Mianmar, esta mensagem tem uma ressonância especial, pois o país está empenhado em superar divisões profundamente radicadas e construir a unidade nacional.

“A comunidade católica do país, acrescentou, pode-se orgulhar do seu testemunho profético de amor a Deus e ao próximo, que se traduz no compromisso a favor dos pobres, daqueles que estão privados de direitos e sobretudo, nestes tempos, a favor dos inúmeros desalojados que, por assim dizer, jazem feridos na beira da estrada, sem olhar a religião nem etnia”.  

Acompanhamento

A segunda palavra é acompanhamento: “Como bispos, suas vidas e seu ministério são chamados a conformar-se ao espírito de envolvimento missionário, sobretudo através de visitas pastorais regulares às paróquias e comunidades que formam as suas Igrejas locais”, pediu Francisco, lembrando também “a essencial a contribuição dos catequistas em permear o laicado com o espírito missionário e procurar uma sábia inculturação da mensagem evangélica na vida diária e nas tradições das comunidades”. Alertou ainda para "o risco das colonizações culturais e ideológicas".  

O Papa pediu ainda um envolvimento especial no acompanhamento dos jovens e a este respeito, recordou que o próximo Sínodo dos Bispos os interpelará diretamente.

Profecia

A terceira palavra do Papa aos bispos birmaneses é profecia: “Que a comunidade católica continue a ter um papel construtivo na vida da sociedade, fazendo ouvir a sua voz nas questões de interesse nacional, principalmente insistindo no respeito pela dignidade e os direitos de todos, particularmente dos mais pobres e vulneráveis”, afirmou.

Mencionando explicitamente a sua Encíclica Laudato si’, o Papa destacou a necessidade de proteger o meio ambiente e assegurar uma correta utilização dos ricos recursos naturais do país a bem das gerações futuras. A custódia do dom divino da criação não pode ser separada de uma saudável ecologia humana e social. “O cuidado autêntico da nossa própria vida e das nossas relações com a natureza é inseparável da fraternidade, da justiça e da fidelidade aos outros”.

Terminando, Francisco exortou o episcopado a manter o equilíbrio tanto na saúde física como na espiritual e a crescer todos os dias na oração e na experiência do amor reconciliador de Deus: "O primeiro dever do bispo é a oração", afirmou.

O final do segundo dia

Antes de se dirigir à sede do arcebispado, o Papa abençoou a pedra fundamental de 16 igrejas, do Seminário Maior e da Nunciatura Apostólica e ainda posou para fotos com os 300 seminaristas do país.

Na capela do arcebispado, o Papa se reuniu, em encontro fechado, com os 30 membros da Companhia de Jesus que trabalham no país.

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Papa em Mianmar: possam budistas e católicos caminharem juntos

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Yangun (RV) - O Papa Francisco encontrou-se, nesta quarta-feira (29/11), no Kaba Aye Center, em Yangun, com o Conselho Supremo Sangha dos Monges Budistas (Comissão Estatal Sangha Maha Nayaka), órgão mais elevado do budismo birmanês. 

O Kaba Aye Center é um dos mais venerados templos budistas do Sudeste Asiático, local símbolo do budismo Theravada.

Em seu discurso, o Papa agradeceu à referida Comissão pelos esforços na organização de sua visita ali. Este comitê é formado por 47 monges budistas nomeados pelo Ministério dos Assuntos Religiosos para um mandato de cinco anos, com a renovação de um terço dos membros a cada três anos. Foi instituído, em 1980, para regular o Sangha, clero budista, em Mianmar, certificar o respeito do Vinaya, regra conduzida pelos monges Theravada, e a exclusão de seu envolvimento nos assuntos seculares.

O nosso encontro é uma ocasião importante para renovar e fortalecer os laços de amizade e respeito entre budistas e católicos. É também uma oportunidade para afirmar o nosso compromisso pela paz, o respeito pela dignidade humana e a justiça para todo o homem e mulher. E não é só em Mianmar, mas em todo o mundo, que as pessoas precisam deste testemunho comum dos líderes religiosos. Com efeito, quando falamos numa só voz afirmando o valor perene da justiça, da paz e da dignidade fundamental de todo ser humano, oferecemos uma palavra de esperança. Ajudamos os budistas, os católicos e todas as pessoas a lutarem por uma maior harmonia em  suas comunidades.” 

Segundo o Papa, em toda fase, “a humanidade experimenta injustiças, momentos de conflito e desigualdade entre as pessoas. No nosso tempo, porém, estas dificuldades parecem ser particularmente graves. Embora a sociedade tenha conseguido um grande progresso tecnológico e, em todo o mundo, as pessoas estejam cada vez mais conscientes da sua humanidade e destino comuns, as feridas dos conflitos, da pobreza e da opressão persistem e criam novas divisões. Nunca devemos nos resignar diante desses desafios.”

O Papa manifestou a sua estima por todos aqueles que, em  Mianmar, vivem segundo as tradições religiosas do Budismo. “Através dos ensinamentos de Buda e do testemunho zeloso de tantos monges e monjas, o povo desta terra foi formado nos valores da paciência, tolerância e respeito pela vida, bem como numa espiritualidade solícita e profundamente respeitadora do meio ambiente. Estes valores são essenciais para um desenvolvimento integral da sociedade, começando pela família para depois se estender à rede de relações que nos põem em estreita conexão – relações essas arraigadas na cultura, na pertença étnica e nacional, e, em última análise, na pertença à humanidade comum. Numa verdadeira cultura do encontro, estes valores podem fortalecer as nossas comunidades e ajudar o conjunto da sociedade a irradiar a tão necessária luz.”

“O grande desafio dos nossos dias é ajudar as pessoas a abrir-se ao transcendente; ser capazes de olhar-se dentro em profundidade, conhecendo-se de tal modo a si mesmas que sintam a sua interconexão com todas as pessoas; dar-se conta de que não podemos permanecer isolados uns dos outros. Se devemos estar unidos, como é nosso propósito, ocorre superar todas as formas de incompreensão, intolerância, preconceito e ódio.” 

A esse propósito, o Papa citou as palavras de Buda: «Vence o rancor com o não-rancor, vence o malvado com a bondade, vence o avarento com a generosidade, vence o mentiroso com a verdade», e de São Francisco de Assis: «Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz. Onde houver ódio que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão, (...) onde houver trevas que eu leve a luz, e onde houver tristeza que eu leve a alegria».

“Que esta Sabedoria continue inspirando todos os esforços para promover a paciência, a compreensão e curar as feridas dos conflitos que, ao longo dos anos, dividiram pessoas de diferentes culturas, etnias e convicções religiosas. Tais esforços não são uma prerrogativa apenas de líderes religiosos, nem são de competência exclusiva do Estado, mas de toda a sociedade. Todos aqueles que estão presentes na comunidade devem partilhar o trabalho de superar o conflito e a injustiça.” 

Segundo Francisco, “é responsabilidade particular dos líderes civis e religiosos garantir que cada voz seja ouvida, de tal modo que os desafios e as necessidades deste momento possam ser claramente compreendidos e confrontados num espírito de imparcialidade e solidariedade recíproca”. 

A este propósito, o Papa congratulou-se com o trabalho que a Panglong Peace Conference que está fazendo, “e reza por aqueles que guiam este esforço para que possam promover uma participação cada vez maior de todos os que vivem no Mianmar. Isto contribuirá certamente para o compromisso de promover a paz, a segurança e uma prosperidade que seja inclusiva de todos”.

Segundo o Pontífice, para que estes esforços produzam frutos duradouros, tornar-se necessária uma maior colaboração entre os líderes religiosos. A este respeito, o Papa manifestou a disponibilidade da Igreja Católica.

“As oportunidades de encontro e diálogo entre os líderes religiosos são um elemento importante na promoção da justiça e da paz em Mianmar. Bem sei que, em abril passado, a Conferência dos Bispos Católicos organizou um encontro de dois dias sobre a paz, em que participaram os chefes de diferentes comunidades religiosas, juntamente com embaixadores e representantes de agências não-governamentais. Devendo aprofundar o nosso conhecimento mútuo e afirmar a nossa interligação e destino comum, são essenciais tais encontros. A verdadeira justiça e a paz duradoura só podem ser alcançadas, quando forem garantidas a todos.

“Queridos amigos, possam budistas e católicos caminharem juntos por esta senda de cura e trabalhar lado a lado pelo bem de cada habitante desta terra. Nas Escrituras cristãs, o Apóstolo Paulo desafia os seus ouvintes a alegrar-se com os que estão alegres, a chorar com os que choram, carregando humildemente os pesos uns dos outros. Em nome dos meus irmãos e irmãs católicos, expresso a nossa disponibilidade para continuar caminhando com vocês e a espalhar sementes de paz e de cura, de compaixão e de esperança nesta terra.”

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Papa presenteia budistas com escultura da pomba da paz

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Yangun (RV) – O Papa Francisco doou aos monges budistas do Conselho Supremo “Sangha”, uma escultura que representa a pomba da paz. O encontro foi realizado na tarde desta quarta-feira no Kaba Aye Center, em Yangun.

O estilo da  “Pomba da Paz” - realizada com uma liga de magnésio -  é inspirado na corrente futurista. As suas particulares formas aerodinâmicas devem-se ao fato de que a liga metálica de que é formada é utilizada sobretudo na indústria aeronáutica.

A escolha do material “não é casual  – explica uma nota da Sala de Imprensa – visto que com esta liga de magnésio, o autor quis sublinhar quão altos são os valores que levam à paz”.

Em seu discurso aos monges budistas, o Papa disse que o encontro “também é uma oportunidade para afirmar o nosso compromisso pela paz, o respeito pela dignidade humana e a justiça para todo o homem e mulher”.

“O grande desafio dos nossos dias  - afirmou - é ajudar as pessoas a abrir-se ao transcendente; ser capazes de olhar-se dentro em profundidade, conhecendo-se de tal modo a si mesmas que sintam a sua interconexão com todas as pessoas; dar-se conta de que não podemos permanecer isolados uns dos outros. Se devemos estar unidos, como é nosso propósito, ocorre superar todas as formas de incompreensão, intolerância, preconceito e ódio.”

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Papa em Mianmar: uma preciosa contribuição das religiões para a paz

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Yangun (RV) - O diálogo inter-religioso é uma realidade em andamento e atuante em Mianmar e existem boas relações entre os líderes das várias comunidades de fé. 

"Religiões e Paz", organização internacional amplamente radicada em Mianmar

“Esses fatores promovem ativamente a harmonia social e a paz, com um impacto concreto nas dinâmicas sociais de reconciliação entre vários  grupos étnicos e religiosos”, explica à agência missionária Fides Luigi De Salvia, secretário geral de “Religiões para a Paz”, organização internacional amplamente radicada e desenvolvida em Mianmar, promotora do diálogo inter-religioso como instrumento para dirimir conflitualidades e construir justiça e paz no mundo.

Comentando os primeiros dias do Papa Francisco em Mianmar, após o encontro privado com líderes religiosos e o encontro entre o Pontífice e o Conselho Supremo Sangha  dos Monges Budistas, De Salvia afirma:

“Em Mianmar a seção de ‘Religiões para a Paz’ tem um conselho de presidentes que inclui Sitagu Sayadaw, o influente líder budista que o Papa encontrou, o Cardeal Charles Bo, um mufti islâmico e um líder hinduísta.”

Iniciativa inter-religiosa tem apoio das maiores comunidades de fé em Mianmar

Portanto, continua De Salvia, “a iniciativa inter-religiosa tem o apoio das maiores comunidades de fé no país e contribui para realizar programas de diálogo e conhecimento recíproco, bem como projetos comuns de assistência social, que ajudam a desenvolver harmonia e colaboração entre fiéis birmaneses de todas as religiões”.

“A força do diálogo e das boas relações entre os líderes religiosos é um componente fundamental, reconhecido por todos, inclusive pela política, para promover com eficácia a reconciliação nacional, que a presença do Papa Francisco pode ajudar a construir”, observa.

Reconciliação é ajudada espiritualmente por monjas beneditinas de clausura em Roma

Esta reconciliação, que é “o bem maior”, acrescenta ele, “hoje em Mianmar é apoiada e defendida espiritualmente pelas monjas beneditinas de clausura do Mosteiro de Santa Cecília, em Roma”.

Acolhendo proposta da organização internacional, as claustrais, no início de cada mês lunar (segundo o calendário budista), rezam de modo específico pela paz, a harmonia e a reconciliação em Mianmar; e nestes dias o fizeram de modo especial em apoio à missão do Papa Francisco, que confiam continuamente ao Altíssimo, a fim de que seus passos sejam guiados pela graça de Deus.

União profunda entre clausura e missão

“A vida e a oração delas é hoje a confirmação do laço estreito e forte que une clausura e missão”, conclui o secretário geral de “Religiões para a Paz”.

(Fides)

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A etapa do Papa em Mianmar tem um nome: unidade

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Yangun (RV) – Faltando a missa com os jovens para encerrar a visita do Papa Francisco a Mianmar, em Yangun já é tempo de balanços.

No início da noite, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke, realizou com o porta-voz da Conferência Episcopal Birmanesa, Pe. Mariano Naing, uma coletiva de imprensa com a participação da presidência dos bispos.

Na definição de Burke, esta viagem pode ser resumida com uma única palavra: unidade. “Unidade na diversidade, como disse o Papa Francisco tão bem com os líderes religiosos. Unidade no sentido de uma pequena Igreja que trabalha com os outros pelo bem do país, como ouvimos na missa desta manhã e na reunião muito bonita desta noite com os bispos: um dia muito importante para a Igreja em Mianmar, diria histórico. E, finalmente, unidade em trabalhar juntos, como disse no importante encontro com os budistas, como devemos trabalhar juntos pela paz e os direitos humanos.”

Cada um dos bispos presente tomou a palavra para expressar o seu momento mais significativo desta visita, mas a coletiva de imprensa foi em grande parte dominada pela questão dos muçulmanos na fronteira com Bangladesh, próxima etapa da viagem.

Os jornalistas perguntaram se o Papa solicitou explicitamente visitar a região da crise e por qual motivo ele não citou a minoria muçulmana. Seja o Pe. Mariano, seja Greg Burke responderam que a viagem não foi planejada sobre o tema dos refugiados.

Burke acrescentou que a diplomacia vaticana “não é infalível”, mas que somente metade da viagem foi cumprida, portanto é preciso esperar pelos demais eventos e reiterou: “O Papa constrói pontes”.

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Igreja em Mianmar vive dia histórico com o Papa Francisco

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Yangun (RV) – Proximidade e colaboração: se ontem o dia do Papa foi marcado pela diplomacia, a quarta-feira de Francisco em Yangun foi de contato com a comunidade católica de Mianmar.

Para evitar o forte calor, a missa foi realizada logo cedo, com a participação de uma multidão atenta às palavras e aos gestos do seu pastor. Francisco foi diretamente ao ponto, citando as feridas e as dores da nação, às quais a vingança não pode ser a reposta. Para superar este momento, só há uma receita: perdão e misericórdia, guiados pelo “GPS” espiritual de Cristo.

O Arcebispo de Yangun, Card. Charles Bo, afirmou que a vida jamais será a mesma para os católicos em Mianmar depois desta vista, “um sonho” apenas alguns anos atrás.

“Somos um pequeno rebanho, somos como Zaqueu. Em meio às nações, nós não podíamos ver o nosso pastor. Como Zaqueu, fomos chamados: ‘desça, quero ir à sua casa’. Este é o nosso Santo Padre: o bom pastor que vai atrás dos mais fracos e dos que estão à margem.”

Com os bispos, na sede do Arcebispado, a conversa foi franca: a Igreja é acima de tudo um hospital de campanha; o sacerdote é a pessoa mais próxima do bispo; este, por sua vez, tem que se dedicar à oração e ao anúncio (ter o cheiro das ovelhas, mas também o cheiro de Deus; o catequista é o pilar da evangelização. Falando dos jovens, repetiu uma expressão já utilizada em Mianmar: cuidado com a colonização cultural e a colonização ideológica.

O Papa ainda teve tempo para a foto de grupo com os seminaristas, com freiras e o encontro com os jesuítas do país. A eles, disse que estava comovido com a disposição dos fiéis em enfrentar longas viagens para participar dos eventos em Yangun. E abençoou 16 placas em mármore para a futura nunciatura, igrejas e seminários.

Esses encontros com a comunidade católica local foram intercalados por outro momento inter-religioso desta visita: Francisco esteve no “Kaba Aye Centre”, local símbolo do budismo Theravada e um dos templos mais venerados do sudeste asiático.

Ali, Francisco ouviu o Presidente do Conselho Supremo “Sangha”, um comitê formado por 47 monges de alto escalão nomeados pelo Ministério dos Assuntos Religiosos.

O Dr. Bhaddanta Kumarabhivamsa reafirmou a importância de as religiões contribuírem para a paz mundial, manifestando preocupação com o extremismo e o terrorismo. Por sua vez, o Pontífice falou de colaboração e respeito mútuo.

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"Efeito Francisco": governo birmanês anuncia conferência sobre minorias étnicas

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Nay Pyi Taw (RV) – O governo birmanês anunciou para a última semana de janeiro a terceira sessão da Conferência sobre a paz com as minorias étnicas, denominada “Conferência de Panglong”. 

A decisão de dar continuidade a um percurso de encontro e negociação com os grupos étnicos armados, contra os quais o governo birmanês combate há mais de 60 anos, foi anunciada em concomitância com a visita do Papa Francisco ao país.

“O futuro de Mianmar deve ser a paz, uma paz fundada no respeito pela dignidade e os direitos de cada membro da sociedade, no respeito por cada grupo étnico e sua identidade, no respeito pelo Estado de Direito e uma ordem democrática que permita a cada um dos indivíduos e a todos os grupos – sem excluir nenhum – oferecer a sua legítima contribuição para o bem comum”, havia afirmado o Papa no discurso às autoridades na tarde de terça-feira, no Centro Internacional de Convenções na capital Nay Pyi Taw.

Já na tarde de segunda-feira, 27, dia em que chegou a Mianmar, o Santo Padre encontrou na sede do Arcebispado em Yangun, o Chefe do Exército de Mianmar, o General Aung Hlaing.

O líder militar afirmou após o encontro em nota divulgada na web, ter dito ao Pontífice que “não existem discriminações religiosas e étnicas no país”.

O governo birmanês assinou um acordo de cessar-fogo com oito grupos armados, expressão dos grupos étnicos, também graças ao esforço da Conselheira de Estado Aung San Suu Kyi, promotora da Conferência de Paz com as minorias étnicas.

O objetivo da Conferência é encontrar um acordo quadro que funcione para todas as minorias armadas e dar início assim a uma paz estável no país.

Os temas que serão discutidos no encontro de janeiro incluem alguns aspectos e progressos do diálogo político em nível nacional com os grupos pertencentes, entre outros, às minorias Shan, e também aos grupos muçulmanos presentes no Estado Rakhine, como o Arakan Liberation Party, que aceita dialogar com o governo e que representa o povo rohingya.

Nas últimas semanas, a ONU acusou os militares birmaneses de “limpeza étnica” na campanha desencadeada contra o povo rohingya.

A notícia da Conferência foi acolhida com favor na sociedade civil birmanesa e nas comunidades católicas.

A organização internacional de inspiração cristã “Christian Solidarity Worldwide”, afirmou em uma nota enviada à Agência Fides, ter pedido ao governo de Myanmar “para permitir o acesso das organizações internacionais de ajuda humanitária ao Estado de Rakhine e de colocar fim às graves violações dos direitos humanos nos Estados de Kachin e de Shan, combatendo seriamente a campanha de nacionalismo religioso, a intolerância e o ódio que se registra em todo o país”.

(Ag. Fides)

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Rivlin: ficaria feliz com a visita do Papa pelos 70 anos de Israel

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Tel Aviv (RV) – O Presidente israelense Reuven Rivlin fez votos de que o Papa Francisco possa estar em Israel em abril do próximo ano, por ocasião dos festejos dos 70 anos de criação do Estado de Israel.

“Ficaria muito feliz se o Pontífice – disse Rivlin ao receber em sua residência em Jerusalém o novo Núncio Apostólico Dom Leopoldo Girelli para a entrega das cartas credenciais – pudesse visitar novamente Israel, especialmente pelas celebrações do 70º aniversário do Estado judaico”, ressaltando os esforços do Pontífice contra o antissemitismo no mundo.

“O Papa – sublinhou  Rivlin – tem uma mensagem para todos os povos do mundo. Está fazendo muito na luta contra o antissemitismo”.

O Presidente recordou a seguir ter falado recentemente com o Papa no Vaticano sobre “os esforços para aumentar a cooperação entre as diversas comunidades da Terra Santa e os esforços para desenvolver a “Terra dos Mosteiros”, na margem do Jordão, para assim poder acolher um maior número de peregrinos do mundo”.

O Arcebispo Girelli - segundo um comunicado do escritório do Presidente – levou a Rivlin a bênção do Pontífice.

“O Papa Francisco – acrescentou – insiste na importância do diálogo, da tolerância, da compreensão recíproca. Por meio do diálogo – concluiu – se pode realmente alcançar a paz e a segurança”.

Dom Girelli foi nomeado pelo Santo Padre Núncio Apostólico em Israel e Delegado Apostólico em Jerusalém e na Palestina em setembro.

Precedentemente, foi Núncio Apostólico junto à Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) e representante pontifício não-residente para o Vietnã.

(Ansa)

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Igreja no Brasil



Há 30 anos de seu martírio, Vicente Cañas terá justiça?

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Cidade do Vaticano (RV) – Depois de 30 anos do assassinato do irmão Vicente Cañas, um júri popular deve fazer finalmente justiça ao irmão jesuíta morto aos 48 anos de idade, defendendo a vida e o território dos índios Enawenê Nawê da ganância de fazendeiros que queriam avançar sobre a terra dos nativos. Segundo o laudo médico-legal, ele foi morto a golpes de porrete e de uma peixeira.

A morte só foi descoberta porque a ausência de contatos por rádio chamou a atenção dos companheiros de missão. Seu corpo foi encontrado mumificado, em maio de 1987, 40 dias depois do último contato, junto ao barraco de apoio que havia construído próximo ao Rio Juruena, a 60 km da aldeia.

O delegado de polícia aposentado Ronaldo Antônio Osmar, único acusado que ainda vive, será levado a julgamento em mais um capítulo dessa história que se arrasta há anos.  

Vicente deu a sua vida pelos Enawenê Nawê, encarnando aquela Igreja que procura ser “companheira de caminho” (DAp 396) dos índios e “casa dos pobres” (DAp 8, 524), segundo a proposta do “Documento de Aparecida” (2007).

Nascido em Alborea, Espanha, em 1939, ele entrou no Noviciado São Pedro Claver da Companhia de Jesus aos 21 anos, no dia 21 de abril de 1961. Em 1966 chegou ao Brasil, em 1969 teve seu primeiro contato com os povos indígenas, e a partir daí, salvando a vida destes seus amigos, a sua também mudou.

Pe. Paulo Suess, doutor em Teologia Fundamental e  assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário - Cimi - e professor no ciclo de Pós-Graduação em Missiologia, no Instituto Teológico de São Paulo – ITESP. É o autor do livro “Provocar rupturas, construir o Reino. Vicente Cañas SJ: Fragmentos de seu martírio”.

Entrevistado pela RV, ele começa explicando precisamente como se deu a conversão de Vicente, narrando o seu batismo de fogo e sangue, por ocasião de uma expedição da Funai aos índios chamados ‘Beiço de Pau’  que habitavam entre os rios do Sangue e Arinos, no norte de Mato Grosso. 

Esse grupo indígena, que contava com mais de 600 índios, ficou reduzido a 41 devido a uma gripe transmitida pela equipe da Funai. O Padre Antonio Iasi, da Missão Anchieta, que havia iniciado os primeiros contatos com os Beiço de Pau, foi chamado às pressas para salvar o restante daquele povo. Iasi convidou Vicente para ajudá-lo a cuidar da saúde dos sobreviventes. E meses depois, em abril de 1970, ele estava convertido. “Missão não é salvar almas, mas salvar vidas”.

Depois de sua morte, Kiwxi, como era chamado pelos Enawenê, passou a fazer parte das histórias, ou mitos, deste povo. Os indígenas falam do missionário como se ele fosse um seu integrante nato. Para conhecer quem foi o Irmão Vicente, assista o vídeo produzido pelo CIMI, Conselho Inddigenista Missionário.

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Igreja na América Latina



Bolívia sedia encontro sobre Rota Jesuítica internacional para a América do Sul

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La Paz (RV) –  O “II Encontro de Governadores e Prefeitos das Missões Jesuíticas da América do Sul”, reuniu na terça-feira, 28, na cidade boliviana de San Ignacio de Velasco (região de Santa Cruz), autoridades regionais e municipais da Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai, com o objetivo de elaborar um plano conjunto de promoção turística da Rota das Missões Jesuíticas.

Segundo declarou à Ag. Efe a Secretária de Desenvolvimento Humano do Estado de Santa Cruz, Paola Parada, este segundo encontro do Conselho Diretivo da “Rota Jesuítica Internacional” tem por objetivo “articular esforços para consolidar uma Rota Jesuítica internacional para a América do Sul, com Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia”.

Após terem percorrido o circuito das missões jesuíticas da região, os participantes do evento trataram de temas como a elaboração de um estudo de mercado para identificar os locais em que irá se promover a rota.

Também foram analisados outros projetos, como a criação de “uma só marca” e um mesmo plano de marketing para a promoção turística das Missões em nível mundial, e a possibilidade de fazer uma visita conjunta ao Vaticano, para apresentar ao Papa Francisco o projeto, indicou Parada.

Segundo ela, atualmente a Bolívia não faz parte das promoções das Missões Jesuíticas realizadas pela agência oficial do Vaticano, motivo pelo qual a possível inclusão do país andino na iniciativa será pleiteada durante a visita.

O Uruguai não pode participar do encontro, mas faz parte do projeto.

A primeira reunião foi realizada no Paraguai em novembro do ano passado. A segunda edição, conclui-se esta quarta-feira.

Na região de Chiquitania, Bolívia, existem seis missões reconhecidas em 1990 como Patrimônio da Humanidade pela Unesco: Concepción, Santa Ana, San Javier, San Miguel, San Rafael e San José de Chiquitos.

Age. Efe

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