ADVOGADA CHILENA QUER QUE PINOCHET SEJA PROCESSADO PELA MORTE DE UM SACERDOTE ESPANHOL
Santiago, 03 ago (RV) - A advogada chilena, Fabiola Letelier, solicitou à Justiça,
a renúncia dos privilégios jurídicos do ex-ditador chileno, general Augusto Pinochet,
para processá-lo pelo seqüestro e tortura do sacerdote espanhol, Pe. Antonio Llidó
Mengual, desaparecido em 1974.
Fabiola Letelier apresentou a petição ao juiz
encarregado do caso, Jorge Zepeda que, em maio de 2003, processou como autores do
seqüestro do sacerdote, o general da reserva, Manuel Contreras, ex-chefe da Direção
de Inteligência Nacional (DINA), o serviço secreto do regime, juntamente com mais
8 agentes.
A advogada argumenta que Pinochet, como chefe superior da DINA,
tinha conhecimento dos fatos políticos e penais perpetrados por seus subordinados
no organismo.
Na petição, Fabiola Letelier reporta alguns comentários atribuídos
a Pinochet, a um grupo de bispos que manifestava preocupação pela prisão de 11 pessoas,
entre elas Pe. Llidó. Na ocasião, Pinochet teria justificado a prisão do sacerdote
dizendo tratar-se de um "marxista e que, por isso, merecia ser torturado".
A
advogada apresentou também uma série de testemunhos sobre as torturas infligidas ao
sacerdote desde sua prisão, em 1º de outubro de 1974.
Pe. Antonio Llidó Mengual,
único sacerdote espanhol desaparecido durante a ditadura militar chilena, foi detido
por uma patrulha militar e imediatamente entregue à DINA.
O sacerdote, na época
com 38 anos, era membro do Movimento Cristão Socialista. Na época, o serviço secreto
chileno o acusou de ter ajudado militantes do Movimento da Esquerda Revolucionária
_ grupo armado que lutou contra a sanguinária ditadura chilena.
Pe. Llidó chegou
ao Chile em 1968 e desempenhou uma missão pastoral e social nas favelas de Quillota,
a 130 km de Santiago.
Pinochet enfrenta vários processos por violações dos
direitos humanos e foi também processado por sonegação fiscal e falsificação de passaportes.
(WM)