Santa Sé pede uma acção em favor dos refugiados iraquianos. Comunidade internacional
chamada a prestar uma ajuda concreta e urgente.
(18/4/2007) D. Silvano Tomasi, representante da Santa Sé na conferência da ONU sobre
os refugiados iraquianos, que decorre em Genebra, utilizou o retrato oferecido pela
imprensa internacional para afirmar que hoje "é mais fácil morrer do que viver no
Iraque", por causa da "violência crescente e das atrocidades diárias". Com dois
milhões de deslocados internos e outros dois milhões de refugiados, o Iraque está
a tornar-se um factor de instabilidade no Médio Oriente, sobrecarregando os seus países
vizinhos. Por isso, referiu o Arcebispo Tomasi, "é urgente que a comunidade internacional
assuma a sua quota-parte de responsabilidade na protecção e assistência" aos refugiados.
Os países que estão a acolher estes iraquianos em fuga "não podem ser ignorados
e devem receber solidariedade urgente e concreta". Lamentando que não tenham sido
ouvidos os apelos de João Paulo II, que se opunha claramente a qualquer intervenção
militar no país, o representante da Santa Sé disse que "o mundo está a testemunhar
um nível de ódio e destruição sem precedentes no Iraque". Um olhar especial foi
lançado sobre a situação dos cristãos e de outras minorias religiosas, "alvos de limpeza
étnica e religiosa por parte de grupos radicais", estando agora numa espécie de "limbo",
sem perspectivas de regresso a casa e sem possibilidade de se instalarem noutro local.
Neste encontro, o Alto-Comissário da ONU para os Refugiados pediu à comunidade
internacional solidariedade “urgente e significativa” para os milhões de iraquianos
refugiados e deslocados vítimas do conflito no Iraque. "As necessidades consideráveis
dos iraquianos e os desafios que enfrentam os países que os acolhem requerem uma acção
urgente e significativa da comunidade internacional e um partilhar de um fardo que
esse acolhimento implica", afirmou António Guterres. Neste encontro de dois dias,
que hoje se encerra, marcam presença 450 delegados de 60 países, 37 organismos internacionais
e 64 organizações não-governamentais. A todos os presentes, a Santa Sé assinalou
que "o maior desafio é encontrar um caminho para a reconciliação, reconstruindo a
vontade de diálogo e esperando que a paz possa vencer". "Uma ajuda humanitária
generosa, atempada e coordenada para todas as vítimas desta violência horripilante
trar-lhes-á justiça e iniciará o indispensável processo de curar a sua trágica condição",
concluiu o Arcebispo Tomasi.