Bento XVI louva "serviço desinteressado e equânime" da Biblioteca e do Arquivo do
Vaticano, "sem preclusões nem preconceitos" .O Papa anunciou a nomeação do Cardeal
Jean-Louis Tauran como Presidente do Conselho Pontificio para o Diálogo Inter-religioso.
(25/6/2007) "Acolhedora casa de ciência, de cultura e de humanidade, que abre as
portas a estudiosos provenientes de todas as partes do mundo, sem distinção de proveniência,
religião e cultura”: foi com estas palavras que Bento XVI definiu a Biblioteca Apostólica
do Vaticano, ao visitá-la, nesta segunda-feira de manhã. Ao Papa foi exposto o plano
dos trabalhos de reestruturação que ali estão para ter início, implicando o encerramento
por um período de três anos.
Agradecendo a todos os que trabalham nesta importante
instituição cultural da Santa Sé, assim como no Arquivo Secreto do Vaticano pelo “singular
serviço” que prestam “à Igreja e em especial ao Papa”, Bento XVI recordou que estão
chamados a “conservar a síntese entre cultura e fé”, com “humilde e quase escondido
empenho quotidiano”.
O Papa evocou a “sapiente largueza de vistas” de Leão
XIII, ao predispor, em 1881, a consulta, da parte de estudiosos, do “Arquivo Secreto
do Vaticano”, que passou assim a constituir um “ponto de referência para inteiras
gerações de historiadores e mesmo das próprias Nações europeias”: Recordou ter ele
próprio decidido estender a abertura deste Arquivo à investigação ao pontificado de
Pio XI, o que suscitou já um florescer de estudos e publicações, de interesse sobretudo
histórico. Reconhecendo que tal suscitou por vezes polémicas, Bento XVI elogiou a
atitude de total equidade e serviço da parte desta instituição da Sé Apostólica:
A
este propósito, não posso deixar de louvar a atitude de serviço desinteressado e equânime
prestado pelo Arquivo Secreto Vaticano, mantendo-se alheio a estéreis e muitas vezes
débeis visões históricas de parte, oferecendo aos investigadores, sem preclusões ou
preconceitos, o material documentário em sua posse, ordenado com seriedade e competência.
O
Papa referiu com satisfação “os sinais de apreço e estima” (em relação ao Arquivo
Secreto e à Biblioteca Apostólica), que chegam de variadas proveniências, “da parte
de Institutos culturais e de estudiosos de diversas nações”. “É o melhor reconhecimento”
que se pode esperar, observou. Bento XVI confidenciou que teria desejado, a partir
dos seus setenta anos, dedicar-se ao “estudo e à investigação de interessantes documentos”
conservados no Vaticano, “verdadeiras obras-primas que nos ajudam a percorrer de novo
a história da humanidade e do Cristianismo”.
Nos seus desígnios providenciais
o Senhor estabeleceu outros programas para a minha pessoa, e eis-me aqui hoje … como
Pastor chamado a encorajar todos os fiéis a cooperar na salvação do mundo, realizando
cada um a vontade de Deus ali onde o Senhor nos põe a trabalhar.
Dirigindo-se
de novo directamente a todos os que trabalham na Biblioteca Apostólica e no Arquivo
Secreto do Vaticano, desenvolvendo a sua “vocação cristã em contacto com ricos testemunhos
de cultura, ciência e espiritualidade, o Papa concluiu com uma recomendação:
Exorto-vos
a considerar sempre este vosso trabalho como uma autêntica missão a realizar com
paixão e paciência, cortesia e espírito de fé. Preocupai-vos em oferecer sempre uma
imagem acolhedora da Sé Apostólica, consciente de que a mensagem evangélica passa
também através do vosso testemunho evangélico coerente.
O próprio Papa anunciou,
nesta circunstância, a nomeação do Cardeal Jean-Louis Tauran, até agora Arquivista
e Bibliotecário da Santa Igreja Romana, como Presidente do Conselho Pontifício para
o Diálogo Inter-religioso (a partir de Setembro próximo), sendo substituído por Mons.
Raffaele Farina, até agora Prefeito da Biblioteca Apostólica do Vaticano. Sucede-lhe
Mons. Cesare Pasini, que era Vice-Prefeito da Biblioteca Ambrosiana.