2007-10-20 19:08:33

PAPA FARÁ VISITA PASTORAL À CIDADE DE NÁPOLES, NESTE DOMINGO


Cidade do Vaticano, 20 out (RV) - Amanhã, domingo, Bento XVI irá a Nápoles para uma visita de poucas horas, mas de intenso significado pastoral. Um encorajamento para uma cidade que vive momentos de extrema dificuldade social, e que se tornará lugar símbolo de condenação de toda violência, também pela abertura, neste domingo, do encontro anual de oração pela paz, organizado pela Comunidade de Santo Egidio. Nessa ocasião, estarão reunidos líderes das religiões mundiais que, na parte da tarde, encontrarão o Santo Padre.

O desafio é importante: Nápoles deverá ser capaz de adquirir _ da presença do papa e de suas palavras _ aquela coragem e aquele otimismo que muitos dizem ter perdido. Desemprego, degradação, criminalidade organizada, caminham juntas à esperança e a uma forte vontade de sair dessa situação: uma contradição evidente, tanto que basta lançar um olhar sobre essa cidade de mil faces para se dar conta.

Do esplêndido golfo se passa ao centro limpo e ornamentado para a visita do Santo Padre. A acolhê-lo em seu percurso, orquídeas, cartazes de boas-vindas, e na praça do Plebiscito _ onde será celebrada a missa na manhã deste domingo _ um presépio para a ocasião, o maior presépio dos últimos 60 anos, com quase 4 metros de altura por dez de largura _ em estilo do Séc. XVIII _ montado na Basílica de São Francisco de Paula.

A poucos quilômetros dali, a periferia mais abandonada, onde se verificam as guerras de camorra, onde crescem as gangs juvenis, e onde _ em apenas meio quilômetro _ se contam oito pontos de distribuição de drogas. A periferia norte da cidade é zona importante para o tráfico internacional de entorpecentes: entre 100 redes de criminalidade, 66 estão ligadas ao tráfico de drogas. O supermercado da droga _ como são chamadas essas zonas _ é meta dos jovens de Nápoles e de toda a região. E ali a camorra, que se faz presente em todos os ângulos, parece gozar de uma imoral impunidade.

É nesse cenário que a Igreja se encontra combatendo na linha de frente. Os párocos _ baluarte isolado do bem _ salvam os meninos de rua. Ao sangue e à violência opõem o Evangelho, seguem as palavras de João Paulo II que, em 1990, falando justamente à população norte da cidade, os exortou a jamais se resignarem ao mal, e hoje esperam Bento XVI a fim de que a sua exortação desperte a consciência de uma cidade que pode parecer resignada.

Mas Nápoles certamente não deixará de mostrar também aquele romantismo e aquela paixão que a tornam única, a sua capacidade de saber-se doar.

O arcebispo de Nápoles, Cardeal Crescenzio Sepe, ilustrou esta manhã, numa coletiva de imprensa, o programa da visita de Bento XVI. Foi também divulgada a mensagem do purpurado à sua arquidiocese: “Nápoles _ lê-se no texto _ está pronta para receber o papa”; “Nápoles _ escreve o cardeal _ está finalmente pronta para ressurgir”.

”O Santo Padre _ afirma em seguida o purpurado _ vem a nossa terra para confortar-nos na fé, para sustentar-nos no exaltante e cansativo trabalho do Evangelho.”

Sobre as expectativas da Igreja e da cidade de Nápoles por essa visita pastoral, eis o que disse o próprio Cardeal Sepe:

Cardeal Crescenzio Sepe:- ”As expectativas são grandes, em todos os níveis. A Igreja fez uma preparação maravilhosa, sobretudo com a oração e com a reflexão sobre o nosso ser cristãos, sobre o nosso ser inseridos na Igreja. Trata-se de expectativas e de esperanças que devem ser reforçadas com o ensinamento que o papa nos dará. O papa certamente nos impelirá, nos ajudará também a transformar as nossas esperanças em energia e nos ajudará, sobretudo, a fazer-nos identificar um percurso original ao qual confiar o futuro das nossas cidades e da nossa região.”

A visita do papa coincide com a abertura do Encontro inter-religioso organizado pela Comunidade de Santo Egidio que, este ano, tem como tema “Por um mundo sem violência”.

P. Cardeal Sepe, como esse importante encontro pode dar impulso e esperança a uma Região atingida pela violência, pelas dificuldades sociais, pelo desemprego, reiteradas vezes indicada pelo senhor como a “questão do sul”?

Cardeal Crescenzio Sepe:- ”A questão do sul representa uma emergência que na realidade diz respeito a uma inteira nação; trata-se de criar a hipótese de uma nova cultura política, econômica, social, que saiba, porém, partir da identidade própria do sul e de todas as realidades que constituem essa região. Isso porque o sul é rico de tantos elementos extraordinários: a ética do trabalho, o valor da família, da amizade, da lealdade, do acolhimento da diversidade. Representam recursos humanos que devem ser cultivados para poder dar um desenvolvimento que seja autônomo, mas também baseado no crescimento moral e civil do nosso sul. O compromisso que juntos todos nós bispos do sul assumimos e o incentivo que o Santo Padre nos dará representam um motivo de força e de encorajamento para seguir avante no caminho que tomamos.” (RL)







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