REPRESENTANTE VATICANO PEDE NA ONU COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA CRIAÇÃO DE NOVOS
POSTOS DE TRABALHO
Genebra, 11 jun (RV) - Uma cooperação mundial para relançar a criação de postos
de trabalho no mundo: foi o que pediu ontem, terça-feira, o observador permanente
da Santa Sé no escritório da ONU em Genebra, na Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, durante
a 97ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho.
Dom Tomasi expressou
a preocupação da Santa Sé pela atual fase de desaceleração da economia mundial: aumento
dos preços do petróleo e dos gêneros alimentares, crescimento do desemprego, elevados
preços da moradia e instabilidade dos mercados financeiros.
Uma situação que
atinge os trabalhadores do mundo inteiro, mas, em particular, os trabalhadores dos
países pobres. Ao invés, nos países desenvolvidos preocupa o envelhecimento da população,
com o conseqüente risco para as pensões das jovens gerações.
O prelado recordou
que no mundo existem mais de 486 milhões de trabalhadores pobres que não ganham mais
que um dólar ao dia. Um bilhão e trezentos milhões de trabalhadores não ganham mais
do que dois dólares por dia.
Segundo Dom Tomasi, deve ser dada atenção particular
aos jovens, às mulheres, aos pequenos agricultores e aos portadores de deficiência,
que não devem ser discriminados.
O representante vaticano pediu que sejam respeitados
os direitos dos migrantes, cujo trabalho dá uma contribuição positiva para a economia
local e para o desenvolvimento dos países de origem. Pediu respeito também pela unidade
das famílias, que comporta a reunificação familiar.
Em seguida, Dom Tomasi
falou da flexibilidade do trabalho que, disse ele, parece uma das características
da fase atual da globalização e que é muitas vezes fonte de graves problemas e preocupações.
Em
alguns setores da economia, a flexibilidade, acrescentou, oferece vantagens tanto
aos empregadores quanto aos funcionários, enquanto em outros casos poderia se tornar
em uma forma inaceitável de precariedade e de exploração do trabalho. Aquilo que pede
Dom Tomasi é o primado da dignidade da pessoa acima de todo e qualquer outro interesse.
Por
fim, falando da globalização e dos desequilíbrios econômicos internacionais, o prelado
ressaltou, citando a Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz 2008, que "não
faltam... situações nas quais o fraco deve abaixar a cabeça diante não das exigências
da justiça, mas da nua e crua força de quem dispõe de mais meios do que ele. (...)
a força deve ser sempre disciplinada pela lei e isso deve ocorrer também nas relações
entre Estados soberanos". (RL/BF)