AUDIÊNCIA GERAL: PAPA REITERA A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NAS RELAÇÕES ECONÔMICAS
Cidade do Vaticano, 10 fev (RV) - Hoje, como todas as quartas-feiras, foi dia
de Audiência Geral no Vaticano: o momento em que o papa encontra os fiéis e peregrinos
provenientes de todo o mundo, que acorrem semanalmente a Roma, para ver e ouvir o
pontífice e conhecer mais sobre o seu magistério.
Devido à chuva que cai ininterrupta
desde a noite de ontem, sobre a capital italiana, o encontro de Bento XVI com os fiéis
realizou-se na monumental Sala Paulo VI.
Em sua catequese, o Santo Padre reiterou
que "a economia tem necessidade da ética", ao mesmo tempo em que recordou as milhares
de pessoas afetadas pela crise econômica e suas consequências.
O pontífice
retomou, assim, a reflexão sobre sua última encíclica – a Caritas in Veritate, de
2009 – dedicada principalmente à crise econômica mundial.
Na Caritas in Veritate,
além de afirmar que é necessária "uma ética amiga da pessoa" para o correto funcionamento
da economia, Bento XVI também fala sobre o "grande desafio" da era da globalização,
e sobre a necessidade de agir com transparência, honestidade, responsabilidade e ética.
O papa dedicou sua reflexão desta quarta-feira à figura de Santo Antônio
de Lisboa – ou como também era conhecido - Santo Antônio de Pádua, um dos santos mais
populares da Igreja Católica, nascido em Lisboa, em 1195, e falecido em Pádua, na
Itália, em 1231.
"Ele conhece bem os defeitos da natureza humana - disse
o papa - a nossa tendência a cair no pecado e, por isso, estimula continuamente a
combater nossa inclinação à avidez, ao orgulho e è impunidade, e a praticar as virtudes
da pobreza e da generosidade, da humildade e da obediência, da castidade e da pureza.
Nos primórdios do século XIII, no contexto do renascimento das cidades e do incremento
do comércio, aumentava o número de pessoas insensíveis às necessidades dos pobres."
Por
esse motivo – explicou o pontífice – Antonio reiterava seu convite aos fieis, para
que pensassem na verdadeira riqueza, na riqueza do coração. Aquela riqueza que, fazendo
com que nos tornemos bons e misericordiosos, nos faz acumular tesouros no Céu.
"Ó,
ricos – exortava Santo Antônio – façam amigos... acolham os pobres em suas casas,
pois serão estes últimos que lhes darão acolhida, na morada eterna - enfatizou o Santo
Padre - onde existe a beleza da paz, a confiança da segurança, e a opulenta tranquilidade
da eterna saciedade".
Não é este, caros amigos – perguntou Bento XVI – um ensinamento
muito importante mesmo nos dias de hoje, quando a crise financeira e os graves desequilíbrios
econômicos empobrecem não poucas pessoas e criam condições de miséria?
"Antônio
sempre colocava Cristo no centro de sua vida, de seu pensamento e de sua pregação",
e "nos convida a contemplar os mistérios da humanidade do Senhor" – acrescentou o
pontífice, ressaltando também, aos fieis e não-fieis, a imagem do Crucifixo, que pode
dar à vida de todos e de cada um "um significado enriquecedor".
Dirigindo-se
aos sacerdotes, no contexto do Ano Sacerdotal em andamento, Bento XVI exortou-os a
"atualizarem" suas homilias aos fieis, esclarecendo que o sermão é "como uma relação
de amor com o Senhor", que "precisa de uma atmosfera de silêncio, o que não significa
apenas a ausência de ruídos, mas sim uma experiência interior que afasta as distrações
do mundo".
Ao término de sua catequese, o Santo Padre fez um resumo de sua
reflexão em diversas línguas e antes de se despedir dos fieis e peregrinos reunidos
na Sala Paulo VI, concedeu a todos a sua bênção apostólica... Vamos ouvir suas palavras
em português e sua saudação...
"Queridos irmãos e irmãs, dotado de grande
inteligência, equilíbrio, zelo apostólico e fervor místico, Antônio de Pádua ou –
como também é conhecido – de Lisboa, contribuiu de modo significativo para o desenvolvimento
da espiritualidade franciscana, sendo um dos santos mais populares da Igreja Católica.
Começou sua vida religiosa entre os Cônegos Regulares de Santo Agostinho, dedicando-se
ao estudo da Bíblia e dos Padres da Igreja. Porém, atraído pelo exemplo dos primeiros
mártires franciscanos, fez-se discípulo de São Francisco de Assis e acabou por ser
destinado para a pregação do Evangelho ao povo simples e o ensino da teologia a seus
confrades, lançando as bases da teologia franciscana. No último período da sua vida,
Antônio escreveu os "Sermões", onde propõe um verdadeiro itinerário de vida cristã.
Neste Ano Sacerdotal, peçamos que os sacerdotes e diáconos cumpram sempre com solicitude
este ministério de anúncio e atualização da Palavra de Deus no meio do Povo de Deus." (AF/MJ)