PONTIFÍCIA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS DEBATE CRISE ECONÔMICA GLOBAL
Cidade do Vaticano, 05 mai (RV) - "A crise numa economia global. Projetar novamente
o nosso caminho." Cerca de 50 personalidades internacionais do mundo eclesial, acadêmico,
empresarial, financeiro e da sociedade civil, reunidos durante quatro dias no Vaticano
– por ocasião da Assembléia plenária 2010 da Pontifícia Academia das Ciências Sociais
– debateram e refletiram sobre esse tema.
As conclusões do debate foram apresentadas
esta manhã, na Sala de Imprensa da Santa Sé, pela Presidente do referido organismo
vaticano, Dra. Mary Ann Glendon. Participaram da apresentação também o chanceler,
Dom Marcelo Sánchez Sorondo, e o coordenador dos trabalhos, José Raga, docente de
economia na Universidade Complutense, na Espanha.
Evidenciando a dificuldade
de resumir em poucos minutos as muitas horas de discussões e as centenas de páginas
de pronunciamentos, a Dra. Glendon enfatizou três aspectos que emergiram no complexo
debate em torno das razões da crise econômica, oriunda das graves turbulências financeiras,
com as suas conseqüências para a economia real.
Uma crise – ressaltou a Dra.
Glendon – vista como uma série de falências, falências financeiras, falências normativas,
mas também falências morais. Partimos – explicou – do que reiterou Bento XVI na audiência
de sexta-feira passada aos membros da Academia, ou seja, do errôneo pressuposto de
que o mercado é capaz de regular a si mesmo, prescindindo da intervenção pública e
da contribuição de normas éticas internas, e dedicamos grande parte dos trabalhos
a sobre como configurar essa intervenção e essas normas.
O primeiro aspecto
aprofundado foi a passagem de uma economia baseada na produção real de bens a uma
economia dominada pelas atividades especulativas, conduzidas pela avidez.
O
segundo aspecto estudado foram as conseqüências nos países pobres da instabilidade
nos países ricos. Tal situação tirou a atenção dos países ricos sobre as questões
urgentes, como a luta contra a fome, a promoção da saúde para todos, o desenvolvimento.
O
terceiro aspecto considerado foi a governança das atividades econômicas; e as notícias
destes dias sobre o caso da Grécia – referiu a Presidente do organismo vaticano –
ofereceu ulteriores elementos de análise.
Evocada a necessidade – indicada
na recente encíclica Caritas in veritate – de uma maior regulamentação das
finanças internacionais, fez-se também um debate sobre as medidas concretas necessárias
para garantir maior transparência aos instrumentos financeiros e, olhando para a crise
grega, foi cogitada a possibilidade de novas estruturas européias e de um novo tratado
para melhor assegurar os fundamentos da moeda única. (RL)