Cidade do Vaticano, 23 mar (RV) - “A nossa época precisa de filosofia”: foi
o que disse o Prefeito da Congregação para a Educação Católica. Cardeal Zenon Grocholewski,
apresentando ontem na Sala de Imprensa da Santa Sé o Decreto de reforma dos estudos
eclesiásticos de filosofia. Estiveram presentes no encontro com os jornalistas Dom
Jean-Louis Bruguès, secretário do Dicastério, e o Reitor Magnífico da Pontifícia Universidade
de São Tomás de Aquino, Charles Morerod.
Durante a coletiva de imprensa, o
Cardeal Grocholewski explicou que a reforma se deve “por uma parte à debilidade da
formação filosófica em muitas instituições eclesiásticas com a ausência de pontos
precisos de referência, sobre tudo sobre as matérias de ensino e a qualidade dos docentes”.
“Por outra, está a convicção manifestada na encíclica 'Fides et ratio' de João Paulo
II (1998), da importância da filosofia em seu componente metafísico, e o conhecimento
de que a filosofia é indispensável para a formação teológica".
Por isso, disse
o Cardeal, o Decreto da Congregação “pretende revalorizar a filosofia sobre tudo à
luz da 'Fides et ratio' recuperando sua vocação originária, ou seja a busca da verdade
e sua dimensão sapiencial e metafísica”.
O Prefeito da Congregação para a Educação
Católica, explicou em seguida que os documentos normativos sobre os estudos eclesiásticos,
e portanto, sobre a filosofia, são a Constituição apostólica de João Paulo II Sapientia
christiana (1979) e as relativas normas aplicativas da Congregação para a Educação
Católica emanadas esse mesmo ano. “Não obstante temos – prosseguiu - 'Ecclesia semper
est reformanda' (a Igreja sempre se renova) para responder às novas exigências da
vida eclesiástica nas diversas circunstâncias histórico-culturais. E isto corresponde
também à realidade acadêmica”.
O texto final do decreto foi ratificado durante
encontro ordinário da Congregação em 2010 e o Papa Bento XVI aprovou “de forma específica”
no último mês de janeiro as modificações à constituição apostólica "Sapientia Christiana"
confirmando “em forma comum” o resto do texto.
Na conferência de apresentação
da reforma também participou Dom Jean-Louis Brugues, Secretário da Congregação para
a Educação Católica, que assinalou que com essas modificações os estudos teológicos
durarão a partir de agora três anos para o bacharelado, e se acrescenta ao currículo
de estudos o curso de lógica. A reforma corresponde também ao corpo docente que deve
ser estável e adequadamente qualificado.
A reforma também abrange o primeiro
ciclo das faculdades eclesiásticas de teologia e dos Institutos filiados em teologia
e se centra na duração da formação precisando que “as disciplinas estritamente filosóficas
devem constituir pelos menos 60% do número de créditos dos dois primeiros anos”. Este
pressuposto é válido também para os Seminários Maiores afiliados. (SP)