ARCEBISPO TOMASI SOBRE A FOME NO CHIFRE DA ÁFRICA: UM SILENCIOSO GENOCÍDIO
Genebra, 05 out (RV) - Durante a audiência geral desta quarta-feira, realizada
na Praça São Pedro, no Vaticano, o Papa lançou um novo apelo em favor das populações
do Chifre da África, onde cerca de 12 milhões de pessoas estão sendo atingidas pela
fome: encontram-se em situação de risco, sobretudo, as crianças.
De fato, o
Papa falou das "dramáticas notícias" que continuam chegando do Chifre da África e
lançou um novo apelo ao combate à fome naquela região do nordeste africano.
Já
nesta terça-feira, o Observador Permanente da Santa Sé no escritório da ONU em Genebra,
na Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, pronunciara-se na cidade helvécia sobre a dramática
situação humanitária naquela região. Eis o comentário do representante vaticano, após
o apelo do Papa:
Dom Silvano Maria Tomasi:- "A falta de alimento força
milhares e milhares de pessoas a abandonar a região em busca da sobrevivência, e muitas
morrem pelo caminho. Falamos de um silencioso genocídio, motivo pelo qual é realmente
urgente que a comunidade internacional expresse a sua solidariedade para com essas
pessoas. Muitas são mulheres e crianças que estão buscando sobreviver. Houve um caso
muito triste e doloroso de uma mãe que carregava duas crianças nos braços e não agüentava
mais caminhar, porque já não tinha forças, e teve que decidir qual das duas deixar
morrer e qual carregar consigo para o campo de refugiados. Não é admissível que essas
coisas terríveis aconteçam ainda hoje. Mas essa tragédia do Chifre da África é parte
de outras tragédias. Basta lembrar que ao menos 1.500 pessoas morreram na tentativa
de passar do Norte da África para a Europa, e outras morreram afogadas saindo da Somália
pelo Golfo de Áden. Portanto, estamos diante de uma emergência que deveria mexer com
a consciência de todos."
RV: A seu ver, o que a comunidade internacional
está fazendo?
Dom Silvano Maria Tomasi:- "Existem contribuições
que são dadas por diversos países utilizando os canais das várias agências da ONU.
É claro, seria melhor se houvesse uma maior coordenação. Foi iniciado um caminho positivo,
mas não é suficiente para responder a todas as necessidades." (RL)