Cartum (RV) - Prossegue a violência no Sudão: um capacete azul das Nações Unidas
morreu e outros dois ficaram feridos domingo na região a sul do Darfour, na sequência
de um ataque perpetrado contra uma patrulha, anunciou a ONU num comunicado.
O
Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou o ataque que teve lugar perto de Nyala
e disse esperar que o Governo de Cartum “identifique rapidamente os responsáveis e
os apresente à justiça”.
Entretanto, os bispos do Sudão emitiram uma advertência
formal sobre a ameaça de uma nova guerra civil e pedem urgentemente doação de alimentos
e remédios, alegando que milhares de pessoas foram aterrorizadas pelos bombardeios
aéreos.
Em nota oficial, a Conferência Episcopal do Sudão - que inclui Sudão
e Sudão do Sul - descreve o conflito no estado do Nilo Azul, no Kordofan meridional
e no Equatoria Oriental em termos semelhantes ao do atual conflito no Darfur. Segundo
os bispos, “o conflito na região rica em petróleo do Abyei está se militarizando”.
O
comunicado expressa o temor do retorno a uma violência semelhante à da guerra civil
de 1983-2005, que causou dois milhões e meio de mortes e cinco milhões de refugiados.
Os
bispos do Sudão exortam a comunidade internacional - em especial a União Africana
– a participar na resolução dos conflitos, aderindo aos acordos do Tratado de Paz
de janeiro de 2005, que havia formalmente encerrado a guerra civil. E lançaram um
apelo por ajuda às milhares de pessoas que foram deslocadas ao longo da fronteira
do Sudão entre os dois Estados.
O UNICEF afirma que 2,7 milhões de pessoas
foram deslocadas com o conflito em Darfur, e os bispos defendem “a necessidade urgente
de abrir corredores humanitários para permitir a chegada de alimentos e remédios a
elas”.
O presidente sudanês, Omar Hassán al Bashir, que viajou à cidade de
Kormuk, retomada pelo exército, anunciou que prosseguirá a ofensiva militar até aniquilar
toda a insurgência ali.
Al Bashir exortou ontem os cidadãos a regressar à
cidade, de onde fugiram devido às operações militares em curso há um mês, e indicou
que enormes esforços serão indispensáveis para sua reconstrução.
A propósito
de construção, será uma sociedade chinesa a projetar a nova capital do Sudão do Sul,
Ramciel, que substituirá a atual e provisória, Juba. A decisão de transferir a capital
para Ramciel foi tomada no mês passado pelo governo, três meses após a independência
do mais jovem Estado africano, após a separação de Cartum. (CM)