Brasília (RV) - O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade ligada
à Igreja Católica, afirmou sexta-feira (20), que o número de mortes por suspeita de
rotavírus no interior do Acre é maior do que o divulgado oficialmente pela Secretaria
Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.
O Cimi diz que
16 crianças já morreram na região de Santa Rosa dos Purus com os mesmos sintomas.
O Ministério da Saúde declarou que eram apenas 12 mortes em processo de investigação.
Na quinta-feira, o Sesai chegou a falar em 13 óbitos.
A morte mais recente
ocorreu na manhã desta sexta-feira. Conforme informações do Cimi, um bebê de nove
meses da etnia Apurinã morreu na capital do Acre, Rio Branco.
A morte da criança
foi confirmada pelo Ministério da Saúde no final da tarde desta sexta-feira. Todas
as vítimas apresentavam os mesmos sintomas: diarreia, febre e vômito. Das 12 mortes
investigadas pelo Ministério, nove são de Doença Diarreica Aguda (DDA). A síndrome
pode ser causada por rotavírus.
O indígena Ninawá Huni Kuin, conselheiro de
saúde e integrante do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Purus,
afirma ao portal G1 que as outras mortes não foram notificadas pelo Ministério da
Saúde porque elas ocorreram dentro das aldeias e os bebês não tiveram como serem atendidas
na região.
“Apesar de não estarmos tão longe das cidades, o acesso às aldeias
ocorre apenas por barco. Por isso, nem sempre é possível salvar crianças em situação
mais grave”, afirmou Kuin.
Nas aldeias onde ocorreram estas mortes, conforme
os indígenas, não existem postos avançados de saúde indígena. O deslocamento de pessoas
com algum tipo de doença é feito de canoa e a viagem para as cidades mais próximas,
Manoel Urbano e Sena Madureira, dura pelo menos duas horas. (CM)