Aumenta a violência contra moradores de rua no Brasil
Brasília (RV) - A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça
e Paz da CNBB divulgou, na manhã desta quarta-feira, uma nota relativa aos dados da
violência contra a população de rua em todo o país. O levantamento foi obtido pelo
Centro de Defesa e Proteção dos Direitos Humanos para a População de Rua e Catadores
de Material Reciclável (CDDH), uma parceria da Secretaria Nacional de Direitos Humanos,
CNBB e Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
Os dados revelam que o
índice de violência contra o Povo de Rua está crescendo a cada mês. Em todo o Brasil,
nos últimos 12 meses, foram 165 mortes e 35 tentativas de homicídio, além de 66 lesões
corporais contra moradores de rua. Apenas na cidade de Maceió (AL) foram 8 assassinatos.
“Preocupa-nos
a não implementação de políticas públicas em benefício desta população, deixando-a
ainda mais vulnerável”, afirma Dom Guilherme Werlang, presidente da Comissão e que
assina a nota. Ele também chama a atenção para a missão maior de toda a sociedade,
que é “a proteção e o cuidado com o nossos irmãos mais fragilizados para que tenham
vida em plenitude no tempo que Deus permitir”.
“Há uma situação de higienização
e de extermínio dessa população. Estão assumindo a postura da violência física, tentativa
de homicídio, o que culmina com assassinatos, com características de crueldade mesmo,
como é o caso mesmo de atear fogo nas pessoas ou jogar pedras”, relata a irmã Cristina
Bove, da Pastoral do Povo de Rua.
A religiosa afirma que os autores deste tipo
de violência são múltiplos, e que sinaliza a falta de resposta da sociedade para a
questão. “A população em geral discrimina, pois não quer viver perto de moradores
de rua. Recentemente, a imprensa noticiou que no Distrito Federal comerciantes pagaram
100 reais para matar moradores de rua”, conta Cristina, que também faz um alerta.
“Há informações de grupos com características neonazistas, que estão provocando estas
mutilações e mortes, além de denúncias de extermínios feitos por setores da área pública”.
De
acordo com a religiosa, a situação é mais grave nas capitais e nas cidades com mais
de 300 mil habitantes e tem causas múltiplas. “O nosso sistema econômico gera uma
mão de obra excedente. Este povo, sem trabalho, acaba caindo na situação de rua”,
afirma Cristina, que lembra a necessidade de uma política nacional para o tema. “Temos
que partir do pressuposto de que as pessoas não querem ficar na rua, e por isso, precisam
ter acesso aos equipamentos e serviços que possam ser oferecidos. E claro, que não
sejam somente serviços assistencialistas. Precisamos de políticas estruturantes, com
respeito a trabalho e habitação”, concluiu a religiosa. (CNBB/ED)