"Todos temos responsabilidade", afirma Card. Parolin na reunião de cúpula sobre mudanças
climáticas
Nova Iorque
(RV) – Nós todos temos “a responsabilidade” de custodiar e valorizar a Criação
para o bem da nossa e das futuras gerações. Foi o que afirmou o Cardeal Secretário
de Estado, Pietro Parolin, no encontro mundial sobre o clima que se realiza em Nova
Iorque, no âmbito da 69ª Assembléia da ONU.
Dom Parolin recordou de já existe
“um consenso científico consistente sobre o fato de que o aquecimento do sistema climático,
a partir da segunda metade do século passado, é inequívoco”. Estudos científicos salientam
“os grandes riscos e os custos socio-econômicos da inércia da ação humana diante de
tal problema”. Mas trinta anos de aprofundadas pesquisas fizeram emergir uma “consciência
sempre mais forte de que toda a comunidade internacional faz parte de uma única interdependente
família humana”:
“Não existe espaço para a globalização da indiferença,
para a economia da exclusão, para a cultura do descarte, como frequentemente denunciado
pelo Papa Francisco”.
O Purpurado traçou então um percurso a ser seguido
“se realmente queremos ser eficientes” nas ações para enfrentar as mudanças climáticas:
“É
necessário implementar uma resposta coletiva baseada na cultura da solidariedade,
do encontro e do diálogo, que deveria estar na base das normais interações dentro
de cada família e que requer a plena, responsável e comprometida colaboração por parte
de todos, segundo as próprias possibilidades e circunstâncias”.
“Os Estados
membros das Nações Unidas – sublinhou o Cardeal Secretário de Estado – tem uma responsabilidade
comum” de adotar medidas de adaptação, mitigação e de partilha de ‘tecnologias e know-how’”.
Por outro lado – acrescentou – as bases tecnológicas e operativas necessárias “já
estão disponíveis ou ao nosso alcance”, para “atenuar os efeitos das mudanças climáticas”
e lutar contra a pobreza, objetivos estes “concatenados entre eles”:
“As
forças do mercado por si só, especialmente se privadas de uma adequada orientação
técnica, não podem, porém, resolver as crises interdependentes concernentes ao aquecimento
global, a pobreza e a exclusão. O maior desafio reside na esfera dos valores humanos
e da dignidade humana”.
“Na base de cada resposta política complexa – disse
ainda o Cardeal Parolin – devem estar claras as motivações éticas que a orientam”,
consolidando “uma profunda e visionária reimpostação dos modelos de desenvolvimento
e dos estilos de vida, para corrigir as numerosas disfunções e distorções: isto –
recordou – “é pedido também pelas numerosas crises que a atual sociedade está vivendo
no âmbito econômico, financeiro, social, cultural e ético”. Solicitada, portanto,
“uma autêntica reviravolta cultural”.“ O Estado da Cidade do Vaticano, mesmo pequeno,
está realizando esforços significativos para reduzir o seu consumo de combustíveis
fósseis, realizando projetos de diversificação e de eficiência energética”, observou.
“E
– assegurou o Purpurado – são muitas as instituições educativas católicas - assim
como as Conferências Episcopais, as dioceses, as paróquias e as ONGs de inspiração
católica - comprometidas” em tal campo, “na convicção de que a degradação da natureza
está diretamente ligada à cultura que plasma a coexistência humana”: o respeito pela
ecologia ambiental, por outro lado, está estritamente ligado ao “respeito pela ecologia
humana na sociedade”:
“A Santa Sé atribui grande importância à necessidade
de divulgar uma educação para a responsabilidade ambiental que busque também tutelar
as condições morais para uma autêntica ecologia humana”.
O empenho, portanto,
é aquele de “uma profunda renovação cultural e uma redescoberta dos valores fundamentais
sobre os quais edificar um futuro melhor de toda família humana”. A Santa Sé – concluiu
o Cardeal Parolin – “empenha-se em tal direção, para que, neste âmbito, a comunidade
internacional seja guiada pelo imperativo ético do agir, inspirado por princípios
de solidariedade e de promoção do bem comum, na consciência - como escreveu o Papa
Francisco na Exortação Apostólica Evangelii gaudium – ‘a dignidade de cada
pessoa humana e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda a política econômica’”.
Dos
pronunciamentos no encontro emergiu um apelo à comunidade internacional para que assuma
a responsabilidade em relação ao aquecimento global em andamento. Um convite aos 120
líderes mundiais (ausentes China e Índia) para agir no combate à emergência, partiu
do Secretário Geral da ONU Ban Ki-moon: “peço a todos os governos para empenharem-se
por uma acordo universal sobre o clima em paris, em 2015, e de fazer a sua parte em
limitar o aumento da temperatura global em menos 2 graus”, afirmou.
“O nosso
clima está mudando muito mais rapidamente do que os nossos esforços em enfrentá-lo.
É a ameaça número um do século”, sublinhou por sua vez o Presidente estadunidense
Barack Obama, recordando que nenhum país está imune às mudanças: “Estados Unidos e
China – acrescentou – têm a responsabilidade de guiar o mundo na luta” ao aquecimento.
(JE)