Editorial. Um ano saudável


Cidade do Vaticano (RV) – Passou o Natal e agora o nosso olhar se dirige junto com o Menino que nasceu em Belém, para o novo ano que está para nascer. Já é costume cada um fazer o seu balanço de vida, seja pessoal, seja profissional, seja familiar, projetando para o ano que virá novos sonhos, novos ideais, novos desejos. Neste ano quem nos ajuda a fazer essa reflexão de fim de ano e de modo diferente é o Papa Francisco, que nesta semana encontrou os membros da Cúria Romana e os funcionários do Vaticano para as felicitações de Natal. Ele abriu o seu coração para nos falar com simplicidade das tentações e desafios que cada um de nós tem, nos ajudando assim a fazer uma espécie de “exame de consciência”. No encontro com a Cúria nos apresentou 15 doenças que nos desafiam no caminho e no serviço à Igreja e ao Senhor. Interessante que o Papa use o termo doenças e não atitudes negativas ou comportamentos desviados. Fala de doenças e doenças que nascem nas atitudes do dia a dia de cada um. Já me perguntaram aí do Brasil. Alguém já vestiu a carapuça?. O Papa fazendo este “catálogo de doenças” não se dirigia somente aos seus mais estreitos colaboradores, mas a todos nós, que somos Igreja, Povo de Deus. Francisco somente nos recordou que podemos falar dessas doenças porque a percebemos muitas vezes nas nossas realidades e não fazemos nada para curá-las. Percebemos e fechamos os olhos. Agimos assim e pensamos que fazemos o bem, sem olhar as consequências. No elenco de doenças o Santo Padre toca quase todos aqueles comportamentos que poderíamos ter dentro da nossa família, do nosso trabalho, da nossa Igreja. E esse “exame de consciência” serve para “curar” as doenças e tentações que enfraquecem «o serviço ao Senhor».

 

Trata-se daquelas típicas “doenças curiais” que constituem “um perigo” para todos nós, porque podem atingir seja o indivíduo seja a comunidade. O Papa convidou a iniciar um sincero esforço de purificação e de conversão com o apoio do Espírito Santo. Sem esquecer, acrescentou, que “a cura é também fruto da consciência da doença e da decisão pessoal e comunitária de se curar suportando pacientemente e com perseverança a cura”.

O Pontífice fez então um elenco das doenças iniciando pela doença do sentir-se “imortal”, “imune” ou até mesmo “indispensável”, descuidando dos necessários e habituais controles. Uma visita aos cemitérios – disse - nos poderia ajudar a ver os nomes de tantas pessoas, que talvez pensassem serem imortais, imunes e indispensáveis!  Em seguida o Papa falou de outra doença, a doença do “martalismo” (que vem de Marta), da excessiva laboriosidade: ou seja, daqueles que se afundam no trabalho, descuidando, inevitavelmente, “a parte melhor”: sentar-se aos pés de Cristo. Há também a doença da “petrificação” mental e espiritual: ou seja daqueles que possuem um coração de pedra e uma “pescoço duro”, tornam-se “maquinas de documentos” e não “homens de Deus”.

Tem também a doença do excessivo planejamento e do funcionalismo. Quando o apóstolo planeja tudo minunciosamente e acredita que está fazendo um perfeito planejamento das coisas, de fato progridem, tornando-se assim um contabilista ou contador.

Outra doença – destacou o Papa Francisco – é a doença da má coordenação: quando os membros perdem a comunhão entre eles e o corpo perde a sua harmoniosa funcionalidade e temperança, tornando-se uma orquestra que produz rumor. Há também a doença do Alzheimer espiritual: ou seja, esquecer a “história da Salvação”, da história pessoal com o Senhor, do “primeiro amor”. Trata-se de um declínio progressivo das faculdades espirituais.

A doença da rivalidade e da vanglória: quando a aparência, as cores das vestes e as insígnias de honra tornam-se o principal objetivo de vida. É a doença que nos leva a sermos homens e mulheres falsos e viver um falso "misticismo” e um falso “quietismo”.

A doença da esquizofrenia existencial: é a doença de quem vive uma vida dupla, fruto da hipocrisia típica do medíocre e do progressivo vazio espiritual que láureas ou títulos acadêmicos não podem preencher.

A doença das fofocas, das conversas fiadas e mexericos: é uma doença grave que começa simplesmente, com uma conversa fiada e toma conta da pessoa tornando-a "semeadora de discórdia", e em muitos casos "assassino a sangue frio" da fama dos próprios colegas e coirmãos. É a doença de pessoas covardes que não tendo a coragem de falar diretamente falam pelas costas.

A doença de divinizar os chefes: é a doença dos que estão cortejando os Superiores, na esperança de obter a sua benevolência.

A doença da indiferença para com os outros: quando cada um pensa só em si mesmo e perde a sinceridade e o calor das relações humanas.

A doença de rosto de funeral: ou seja, das pessoas rudes e carrancudas, que consideram que para ser sérias é necessário pintar o rosto de melancolia, de severidade e tratar os outros, - especialmente aquelas pessoas consideradas inferiores -, com rigidez, dureza e arrogância.

A doença do acumular: quando o apóstolo procura preencher um vazio existencial em seu coração acumulando bens materiais, não por necessidade, mas apenas para se sentir seguro.

A doença dos círculos fechados: onde pertencer a um pequeno grupo torna-se mais forte do que pertencer ao Corpo e, em algumas situações, ao próprio Cristo. E a última: a doença do lucro mundano, dos exibicionismos: quando o apóstolo transforma o seu serviço em poder, e o seu poder em uma mercadoria para obter lucros mundanos ou mais poderes.

O Papa fez uma longa meditação indicando e estimulando um caminho para viver o serviço à Santa Sé e à Igreja com alegria e entrega, com um dever de ser autêntico cristão. E com esses votos de sermos realmente cristãos desejamos a todos os amigos e ouvintes da Rádio do Papa, um Feliz Ano Novo, repleto de paz e harmonia. Que todos olhando para as suas doenças possam se curar e ter um ano saudável. E ao Papa Francisco nosso agradecimento pelo generoso serviço apostólico para a difusão da mensagem do Evangelho ao mundo todo. Nós o apoiamos em sua missão, seja através do nosso trabalho, seja através da oração que ele tanto nos pede. Por isso concluímos pedindo a todos que rezem por Francisco e pela sua missão de Sucessor de Pedro. Um Feliz Ano Novo! (Silvonei José)








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