2016-09-05 17:23:00

500 mil crianças correram o risco de ser exploradas por traficantes


Novos dados revelam que, de Janeiro de 2015 até hoje, cerca de meio milhão de crianças refugiadas e migrantes tenham estado em contacto com traficantes durante as suas deslocações. A espera e o desespero atirou-as para as mãos de criminosos prontos a explorar a sua vulnerabilidade.

Os dados publicados a semana passada pelo Eurostat revelam que de Janeiro do ano passado até hoje, mais de 580 mil pedidos de asilo foram apresentados por crianças na Europa.

Segundo um recente relatório da Europol-Interpol, mais de 90% das deslocações efectuadas por refugiados e migrantes que chegam à EU foram favorecidas por traficantes que trabalham com redes criminais. Considera-se que pelo menos meio milhão de crianças se tenham dirigido a um dado momento a esses traficantes nas suas viagens. Os menores não acompanhado são cerca de 100 mil.

Para desvendar o mundo subterrâneo e obscuro do tráfico de migrantes na Europa, e para definir melhor as estratégias a adoptar, o UNICEF recolheu informações junto de uma série de fontes, entra as quais Europol e Interpol, testemunhos das próprias crianças, publicações de agências das Nações Unidas, ONG e insuspeitáveis publicações dos media.

“O encerramento das fronteiras oficiais foi como que ter fechado as portas, mas deixado as janelas abertas; isto leva as crianças, de modo particular as não acompanhadas, a enfrentar riscos maiores” – disse Marie-Pierre Poirier, Coordenadora especial do UNICEF para a crise dos refugiados e migrantes na Europa. “Os Estados deveriam constituir sistemas de protecção mais fortes para as crianças, não construir muros mais altos” – acrescentou Poirier.

Embora a vaga de migrantes e refugiados esteja a diminuir, o encerramento das fronteiras, políticas migratórias rígidas e o acordo EU-Turquia levaram esses grupos criminais a adoptar rotas tradicionais que utilizam os traficantes de droga e de armas para transferirem refugiados e migrantes.

“Políticas de controlo das migrações mais do que os direitos reais e urgentes e as exigências das crianças refugiadas e migrantes tomaram muitas vezes a dianteira na resposta dos Estados. Se houvessem alternativas seguras e legais, as crianças e as suas famílias não seriam obrigadas a seguir os caminhos dos contrabandistas e traficantes que levam muitos deles para perigos nas rotas irregulares”

Considera-se que o trafico de seres humanos chegue a render entre 5 e 6 biliões de dólares por ano. Dado que as pessoas que efectuam viagem perigosas está a diminuir, Euterpol é da opinião de que esses criminosos tenham triplicado os seus preços, levando muitos migrantes agora a pagar até três mil euros para uma simples etapa da viagem. As crianças endividam-se muitas vezes com esses criminosos para serem transportadas. E há notícias de que para enfrentar essas dívidas, são muitas vezes submetidas, em França e Itália, a explorações sexuais, a trabalhar e mesmo a cometer crimes.  

(LZ/DA)








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